Tempo comum XXX Semana
Evangelho:
Lc 13, 31-35
31 No mesmo dia
alguns dos fariseus foram dizer-Lhe: «Sai e vai-Te daqui porque Herodes quer
matar-Te». 32 Ele respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Eis que
Eu expulso os demónios e faço curas hoje e amanhã, e ao terceiro dia atinjo o
Meu termo.33 Importa, contudo, que Eu caminhe ainda hoje, amanhã e
no dia seguinte; porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. 34
«Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados,
quantas vezes quis juntar os teus filhos como a galinha recolhe os seus
pintainhos debaixo das asas, e tu não quiseste! 35 Eis que a vossa
casa vos será deixada deserta. Digo-vos que não Me vereis, até que venha o dia
em que digais: “Bendito O que vem em nome do Senhor”».
Comentário:
Os profetas só falavam de
desgraças, morte, cataclismos, guerras?
Não!
De facto falavam disso mas com o
objectivo de levar as gentes à correcção de vida e costumes a única forma de
não perecer na impiedade.
Os que constantemente falam nas “tragédias”
provocadas por fenómenos da natureza esquecem muitas vezes que as guerras são a
maior causa de morte e angústia e têm consequências devastadoras para a
humanidade em geral mas, sobretudo para os mais fracos e desprotegidos, e, sendo
exclusivamente obra do homem só a este podem ser atribuídas responsabilidades.
(ama, comentário sobre Lc
13, 31-35, 2011.11.27)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do cristianismo
83
pergunta:
Algumas
pessoas escreveram que a Universidade de Navarra é uma Universidade para ricos
e que, ainda por cima, recebe subsídios avultados do Estado. Quanto ao primeiro
ponto, sabemos que não é assim, porque somos também estudantes e conhecemos os
nossos companheiros; quais são, na realidade, esses subsídios estatais?
resposta:
Existem
dados concretos, ao alcance de toda a gente, porque foram difundidos pela
imprensa, que permitem ver como - sendo o custo aproximadamente o mesmo das
restantes universidades - o número de universitários que recebem ajuda
económica para os seus estudos na Universidade de Navarra é superior ao de
qualquer outra Universidade do país.
Posso
dizer-vos que este número irá aumentar para procurar alcançar uma percentagem
mais alta ou, pelo menos, semelhante à da Universidade não espanhola que mais
se distinguir pelo seu trabalho de promoção social.
Compreendo
que desperte as atenções ver a Universidade de Navarra como um organismo vivo
que funciona admiravelmente e que isto faça pensar na existência de ingentes
meios económicos.
Mas
não se tem em conta, ao discorrer assim, que não bastam os recursos materiais
para que uma iniciativa progrida com garbo: a vida deste centro deve-se
principalmente à dedicação, ao entusiasmo e ao trabalho que professores,
alunos, empregados, contínuos, estas benditas e queridíssimas mulheres navarras
que fazem a limpeza, todos, enfim, consagram à sua Universidade.
Não
fora isto e a Universidade não teria podido aguentar-se.
A
Universidade tem sido financiada mediante subsídios.
Em
primeiro lugar, o da Deputação Foral de Navarra, para despesas de manutenção.
É
preciso mencionar também a cedência de terrenos por parte do Município de
Pamplona, para a construção dos edifícios, como é prática habitual dos
municípios de tantos países.
Sabeis
por experiência o interesse moral e económico que tem para uma região como
Navarra, e concretamente para Pamplona, contar com uma Universidade moderna que
abre, a todos, a possibilidade de receber um bom ensino superior.
Perguntais-me
por subsídios do Estado.
O
Estado espanhol não ajuda a cobrir as despesas de sustentação da Universidade
de Navarra.
Concedeu
apenas alguns subsídios para a criação de novos postos escolares, os quais
aliviam o grande esforço económico requerido pelas novas instalações.
Outra
fonte de receitas, concretamente para a Escola Técnica Superior de Engenheiros
Industriais, são os subsídios da "Caja de Ahorros Provincial de
Guipúzcoa".
Tiveram
especial importância, desde os começos da Universidade, as ajudas prestadas por
fundações espanholas ou estrangeiras, estatais e privadas: assim, um vultoso
donativo oficial dos Estados Unidos, para dotar de aparelhagem científica a
Escola de Engenheiros Industriais; a contribuição da obra assistencial alemã
Misereor para o plano dos novos edifícios; a da Fundação Huarte para a
investigação sobre o cancro; as da Fundação Gulbenkian, etc.
Depois,
a ajuda que, se é possível, mais se agradece: a de milhares de pessoas de todas
as classes sociais, muitas delas de escassos recursos económicos, que em
Espanha e fora de Espanha, estão a colaborar, na medida das suas
possibilidades, na sustentação da Universidade.
Finalmente,
é preciso não esquecer as empresas que se interessam e cooperam nas tarefas de
investigação da Universidade, ou a ajudam de qualquer modo.
Talvez
penseis que, com tudo isto, o dinheiro acabe por sobrar.
Não
é assim: a Universidade de Navarra continua a ser deficitária. Desejava que nos
ajudassem ainda mais pessoas e mais fundações, para podermos continuar com mais
extensão esta tarefa de serviço e de promoção social.
84
pergunta:
Como
fundador do Opus Dei e impulsionador de uma ampla gama de instituições
universitárias em todo o Mundo, poder-nos-ia descrever que motivações levaram o
Opus Dei a criá-las e quais são os traços principais do contributo do Opus Dei
para este nível de ensino?
resposta:
O
fim do Opus Dei é fazer com que muitas pessoas em todo o Mundo saibam, na
teoria e na prática, que é possível santificar a sua actividade corrente, o
trabalho de cada dia; que é possível buscar a perfeição cristã no meio da rua,
sem abandonar as actividades a que Nosso Senhor nos quis chamar.
Por
isso, o apostolado mais importante do Opus Dei é aquele que é realizado
individualmente pelos seus sócios, através da sua actuação profissional
exercida com a maior perfeição humana - apesar dos meus erros pessoais e dos
que cada um possa ter - em todos os ambientes e em todos os países: porque
pertencem ao Opus Dei pessoas de umas setenta nações, de todas as raças e
condições sociais.
Além
disso, o Opus Dei, como corporação, promove, com o concurso de um grande número
de pessoas que não estão associadas à Obra - e que muitas vezes não são cristãs
- trabalhos corporativos, com que procura contribuir para a resolução dos
problemas que o mundo actual enfrenta: centros educativos, assistenciais, de
promoção e habilitação profissional, etc.
As
instituições universitárias são apenas um aspecto destas actividades.
As
linhas que as caracterizam podem resumir-se assim: educação na liberdade
pessoal e na responsabilidade também pessoal.
Com
liberdade e responsabilidade trabalha-se com gosto, rende-se, não há
necessidade de controlos nem de vigilância, porque todos se sentem em sua casa
e basta um simples horário.
Depois,
o espírito de convivência, sem discriminações de nenhuma espécie.
É
na convivência que se formam as pessoas, até que cada qual aprenda que, para
poder exigir que respeitem a sua liberdade, deve saber respeitar a liberdade
dos outros.
Finalmente,
o espírito de fraternidade humana: os talentos próprios devem ser postos ao
serviço dos outros, pois sem isso de pouco valem.
As
obras corporativas que o Opus Dei promove em todo o Mundo estão sempre ao
serviço dos outros, porque são um serviço cristão.
85
pergunta:
Em
Maio, numa reunião que teve com os estudantes da Universidade de Navarra,
prometeu um livro sobre temas estudantis e universitários.
Poder-nos-
-ia dizer se demorará muito a aparecer?
resposta:
Permiti
a um velho de mais de sessenta anos esta pequena vaidade: confio em que o livro
sairá e poderá ser útil a professores e alunos. Pelo menos porei nele todo o
carinho que tenho pela Universidade, um carinho que nunca perdi desde que nela pus
os pés pela primeira vez há... tantos anos!
Talvez
demore ainda um pouco a aparecer, mas chegará.
Prometi
noutra ocasião, aos estudantes de Navarra uma imagem da Santíssima Virgem para
a colocar no meio do campus, donde abençoasse o amor limpo, são, da vossa
juventude.
A
estátua demorou um pouco a chegar, mas chegou por fim: Santa Maria, Mãe do Amor
Formoso, benzida expressamente pelo Santo Padre para vós.
Acerca
do livro, devo dizer-vos que não espereis que agrade a todos. Exporei nele as
minhas opiniões, confiando em que serão respeitadas pelos que pensem o
contrário, como eu respeito todas as opiniões diferentes da minha, como
respeito aqueles que têm um coração grande e generoso, ainda que não
compartilhem comigo a fé de Cristo.
Vou
contar-vos uma coisa que me tem sucedido muitas vezes, a última delas aqui, em
Pamplona.
Aproximou-se
de mim um estudante que queria cumprimentar-me.
-
"Monsenhor, eu não sou cristão" - disse-me - "sou
maometano" - "És filho de Deus como eu" - respondi- -lhe. E
abracei-o com toda a minha alma.
86
pergunta:
Finalmente,
pode dizer-nos alguma coisa a nós, que trabalhamos na imprensa universitária?
resposta:
O
jornalismo é uma grande coisa, também o jornalismo universitário. Podeis
contribuir muito para promover entre os vossos companheiros o amor aos ideais
nobres, o afã de superação do egoísmo pessoal, a sensibilidade ante os afazeres
colectivos, a fraternidade.
E
agora, uma vez mais, não posso deixar de vos convidar a amar a verdade.
Não
vos oculto que me repugna o sensacionalismo de alguns jornalistas que dizem a
verdade a meias.
Informar
não é ficar a meio caminho entre a verdade e a mentira. Isso nem se pode chamar
informação, nem é moral, nem se podem chamar jornalistas aqueles que misturam,
com poucas meias verdades, bastantes erros e mesmo calúnias premeditadas; não
se podem chamar jornalistas porque não são mais do que as engrenagens - mais ou
menos lubrificadas - de qualquer organização propaladora de falsidades, que
sabe que serão repetidas até à saciedade sem má fé, pela ignorância e estupidez
de muitos.
Tenho
de confessar-vos que, pela minha parte, esses falsos jornalistas ficam a
ganhar, porque não há dia em que não reze carinhosamente por eles, pedindo a
Nosso Senhor que lhes esclareça as consciências.
Rogo-vos,
pois, que difundais o amor ao bom jornalismo, que é aquele que não se contenta
com rumores infundados, com os boatos inventados por imaginações febris.
lnformai
com factos, com resultados, sem julgar as intenções, mantendo a legítima
diversidade de opiniões, num plano equânime, sem descer ao ataque pessoal.
É
difícil que haja verdadeira convivência onde falte a verdadeira informação; e a
informação verdadeira é aquela que não tem medo à verdade e que não se deixa
levar por desejos de subir, de falso prestígio ou de vantagens económicas.
Entrevista
realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de
1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.
(cont)
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