Tempo comum XXVIII Semana
Evangelho:
Lc 12, 1-7
1 Tendo-se juntado à volta de Jesus
milhares e milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros,
começou Ele a dizer aos Seus discípulos: «Guardai-vos do fermento dos fariseus,
que é a hipocrisia. 2 Nada há oculto que não venha a descobrir-se e
nada há escondido que não venha a saber-se. 3 Por isso as coisas que
dissestes nas trevas serão ouvidas às claras, e o que falastes ao ouvido no
quarto será apregoado sobre os telhados. 4 «A vós, pois, Meus amigos,
digo-vos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois nada mais podem
fazer. 5 Eu vou mostrar-vos a quem haveis de temer; temei Aquele
que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, Eu vos digo, temei
Este. 6 Não se vendem cinco passarinhos por dois asses?; contudo nem
um só deles está em esquecimento diante de Deus . 7 Até os cabelos
da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; vós valeis mais que
muitos passarinhos.
Comentário:
O cristão sabe muito bem, porque a sua Fé assim lho
ensina, que Deus Nosso Senhor vê e ouve absolutamente tudo e, mais, os próprios
pensamentos que possamos ter são do Seu conhecimento imediato.
Em vez de assustar-nos esta realidade devemos é fazer
e pensar, desejar e ansiar por fazer o que Deus quer em cada momento.
Talvez não seja fácil mas é seguramente muito mais
conveniente.
(ama,
comentário sobre Lc 12, 1-7, 2014.10.17)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do cristianismo
41
pergunta:
Qual
é a situação actual do desenvolvimento da Obra em França?
Resposta:
Como
lhe dizia, o governo da Obra em cada país é autónomo.
A
melhor informação sobre o trabalho do Opus Dei em França, pode obtê-la
perguntando-o aos directores da Obra nesse país.
Entre
as actividades que o Opus Dei realiza corporativamente e pelas quais responde
como tal, há residências de estudantes - como a Résidence lnternationale de
Rouvray, em Paris; a Résidence Universitaire de L'Ile-Verte, em Grenoble -,
centros de reuniões e convívios - como o Centre de Rencontre de Couvrelles, no
departamento de L'Aisne - etc.
Mas
recordo-lhe que as obras corporativas são o que menos importa; o trabalho
principal do Opus Dei é o testemunho pessoal, directo, que os seus sócios dão
no ambiente do seu trabalho.
E
para isso a enumeração não serve.
Não
pense no fantasma do segredo.
Não!
As
aves que sulcam o céu não são segredo e a ninguém passa pela cabeça contá-las.
42
pergunta:
Qual
é a situação actual da Obra no resto do Mundo, especialmente no mundo
anglo-saxónico?
resposta:
O
Opus Dei encontra-se tão à vontade na Inglaterra como no Quénia, na Nigéria,
como no Japão, nos Estados Unidos como na Áustria, na Irlanda como no México ou
na Argentina: em cada lugar é o mesmo fenómeno teológico e pastoral, enraizado
nas almas do país.
Não
se baseia numa cultura determinada nem numa época concreta da História.
No
mundo anglo-saxónico, o Opus Dei tem, graças à ajuda de Deus e à colaboração de
grande número de pessoas, obras apostólicas de diversas espécies: Netherhall
House, em Londres, que presta especial atenção aos estudantes afro-asiáticos;
Hudson Center, em Montreal, para a formação humana e intelectual de raparigas;
Nairana Cultural Center, que se dirige aos estudantes de Sydney...
Nos
Estados Unidos, onde o Opus Dei começou a trabalhar em 1949, podem
mencionar-se: Midtown, centro para operários num bairro do coração de Chicago;
Stonecrest Community Center, em Washington, destinado à formação de mulheres
que carecem de preparação profissional; Trimount House, residência universitária,
em Boston, etc. Uma advertência: a influência da Obra, na medida em que exista
em cada caso, será sempre espiritual e de carácter religioso, nunca temporal.
43
pergunta:
Fontes
diversas pretendem que uma inimizade profunda oporia a maior parte das ordens
religiosas, e singularmente a Companhia de Jesus, ao Opus Dei.
Estes
boatos têm algum fundamento ou fazem parte desses mitos que o público alimenta
quando não conhece bem algum assunto?
resposta:
Embora
não sejamos religiosos nem nos pareçamos com os religiosos - nem há autoridade
no Mundo que nos possa obrigar a sê-lo - no Opus Dei veneramos e amamos o
estado religioso.
Todos
os dias rezo para que todos os veneráveis religiosos continuem a oferecer à
Igreja frutos de virtudes, de obras apostólicas e de santidade.
Os
boatos de que se falou são... boatos.
O
Opus Dei teve sempre a admiração e a simpatia de inúmeras ordens e
congregações, particularmente dos religiosos e das religiosas de clausura, que
rezam por nós, nos escrevem com frequência e dão a conhecer a nossa Obra de mil
e uma maneiras, porque se dão conta da nossa vida de contemplação no meio dos
afazeres da rua.
O
secretário geral do Opus Dei, Dr. Alvaro del Portillo, conhecia e estimava o
anterior Geral da Companhia de Jesus.
O
actual Geral, o Padre Arrupe, conheço-o eu e estimo-o, e ele a mim. As
incompreensões, se as houvesse, demonstrariam pouco espírito cristão, porque a
nossa fé é de unidade, não de rivalidade e divisões.
44
pergunta:
Qual
é a posição da Obra acerca da declaração conciliar em favor da liberdade
religiosa, e de modo especial acerca da sua aplicação em Espanha, onde o
“projecto Castiella” continua suspenso?
E
que dizer desse famoso “integrismo” atribuído alguma vez ao Opus Dei?
resposta:
lntegrismo?
O
Opus Dei não está à direita, nem à esquerda, nem ao centro.
Pessoalmente,
como sacerdote, procuro estar com Cristo, que na Cruz estendeu os dois braços,
e não apenas um deles.
Tomo
com liberdade, de cada grupo, aquilo que me convence, e que me torna o coração
e os braços acolhedores para com toda a gente. Por sua vez, cada um dos sócios
da Obra é libérrimo de fazer as opções que quiser, no âmbito da fé cristã.
Quanto
à liberdade religiosa, o Opus Dei, desde a sua fundação, nunca fez
discriminações: trabalha e convive com todos, porque vê, em cada um, uma alma
que é preciso respeitar e amar.
Não
são meras palavras: a nossa Obra foi a primeira organização católica a admitir,
com autorização da Santa Sé, como Cooperadores os não católicos, sejam ou não
cristãos.
Defendi
sempre a liberdade das consciências.
Não
compreendo a violência: não me parece apta para convencer nem para vencer.
O
erro supera-se com a oração, com a graça de Deus, com o estudo; nunca com a
força, sempre com a caridade.
Compreenderá
que, sendo este o espírito que temos vivido desde o princípio, só me podem ter
causado alegria os ensinamentos que o Concílio promulgou sobre este tema.
Acerca
do projecto concreto a que se refere, não é questão da minha competência, mas
da hierarquia da Igreja em Espanha e dos católicos desse país, aplicando ao
caso concreto o espírito do Concílio.
45
pergunta:
Alguns
leitores de Caminho manifestam estranheza perante a afirmação contida no ponto
28 desse livro: “O matrimónio é para os soldados e não para o estado-maior de
Cristo”.
Poderá
ver-se nisto uma apreciação pejorativa do matrimónio, oposta ao desejo da Obra
de inserir-se nas realidades vivas do mundo moderno?
resposta:
Aconselho-o
a ler o número anterior de Caminho, onde se diz que o matrimónio é uma vocação
divina.
Não
era nada frequente ouvir afirmações como essa à roda de 1935. Tirar as
conclusões de que fala é não entender as minhas palavras. Com essa metáfora
quis recolher o que sempre ensinou a Igreja acerca da excelência e valor
sobrenatural do celibato apostólico, e recordar ao mesmo tempo a todos os
cristãos que, com palavras de São Paulo, devem sentir-se milites Christi,
soldados de Cristo, membros desse Povo de Deus que realiza na Terra uma luta
divina de compreensão, de santidade e de paz.
Há
em todo o Mundo muitos milhares de casais que pertencem ao Opus Dei, ou que
vivem de acordo com o seu espírito, sabendo bem que um soldado pode ser
condecorado na mesma batalha em que o general fugiu vergonhosamente.
46
pergunta:
Em
1946, fixou residência em Roma.
Dos
Pontífices que conheceu, que traços se destacam nas suas recordações?
resposta:
Para
mim, depois da Santíssima Trindade e de nossa Mãe a Virgem, vem logo o Papa, na
hierarquia do amor.
Não
posso esquecer que foi S.S. Pio XIl quem aprovou o Opus Dei, quando este
caminho de espiritualidade parecia a alguns uma heresia; mas também não esqueço
que as primeiras palavras de carinho e afecto que recebi em Roma, em 1946,
disse-mas o então Mons. Montini.
Tenho
também muito presente o encanto afável e paternal de João XXIII, de todas as
vezes que tive ocasião de o visitar.
Uma
vez disse-lhe: “Todos, católicos ou não, têm encontrado na nossa Obra um lugar
acolhedor: não tive de aprender o ecumenismo com Vossa Santidade ...”.
E
o Santo Padre João sorriu emocionado.
Que
quer que lhe diga?
Todos
os Romanos Pontífices têm tido compreensão e carinho para com o Opus Dei.
Entrevista realizada por
Jacques-Guillemé-Brûlon, publicada em Le Figaro (Paris) em 16 de Maio de 1966.
(cont)
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