16/10/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXVIII Semana


Evangelho: Lc 12, 1-7

1 Tendo-se juntado à volta de Jesus milhares e milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Ele a dizer aos Seus discípulos: «Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 Nada há oculto que não venha a descobrir-se e nada há escondido que não venha a saber-se. 3 Por isso as coisas que dissestes nas trevas serão ouvidas às claras, e o que falastes ao ouvido no quarto será apregoado sobre os telhados. 4 «A vós, pois, Meus amigos, digo-vos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. 5 Eu vou mostrar-vos a quem haveis de temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, Eu vos digo, temei Este. 6 Não se vendem cinco passarinhos por dois asses?; contudo nem um só deles está em esquecimento diante de Deus . 7 Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; vós valeis mais que muitos passarinhos.

Comentário:

O cristão sabe muito bem, porque a sua Fé assim lho ensina, que Deus Nosso Senhor vê e ouve absolutamente tudo e, mais, os próprios pensamentos que possamos ter são do Seu conhecimento imediato.

Em vez de assustar-nos esta realidade devemos é fazer e pensar, desejar e ansiar por fazer o que Deus quer em cada momento.
Talvez não seja fácil mas é seguramente muito mais conveniente.

(ama, comentário sobre Lc 12, 1-7, 2014.10.17)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo



41
                  
pergunta:

Qual é a situação actual do desenvolvimento da Obra em França?

Resposta:

Como lhe dizia, o governo da Obra em cada país é autónomo.
A melhor informação sobre o trabalho do Opus Dei em França, pode obtê-la perguntando-o aos directores da Obra nesse país.

Entre as actividades que o Opus Dei realiza corporativamente e pelas quais responde como tal, há residências de estudantes - como a Résidence lnternationale de Rouvray, em Paris; a Résidence Universitaire de L'Ile-Verte, em Grenoble -, centros de reuniões e convívios - como o Centre de Rencontre de Couvrelles, no departamento de L'Aisne - etc.
Mas recordo-lhe que as obras corporativas são o que menos importa; o trabalho principal do Opus Dei é o testemunho pessoal, directo, que os seus sócios dão no ambiente do seu trabalho.
E para isso a enumeração não serve.
Não pense no fantasma do segredo.
Não!
As aves que sulcam o céu não são segredo e a ninguém passa pela cabeça contá-las.

42
                  
pergunta:

Qual é a situação actual da Obra no resto do Mundo, especialmente no mundo anglo-saxónico?

resposta:

O Opus Dei encontra-se tão à vontade na Inglaterra como no Quénia, na Nigéria, como no Japão, nos Estados Unidos como na Áustria, na Irlanda como no México ou na Argentina: em cada lugar é o mesmo fenómeno teológico e pastoral, enraizado nas almas do país.
Não se baseia numa cultura determinada nem numa época concreta da História.
No mundo anglo-saxónico, o Opus Dei tem, graças à ajuda de Deus e à colaboração de grande número de pessoas, obras apostólicas de diversas espécies: Netherhall House, em Londres, que presta especial atenção aos estudantes afro-asiáticos; Hudson Center, em Montreal, para a formação humana e intelectual de raparigas; Nairana Cultural Center, que se dirige aos estudantes de Sydney...
Nos Estados Unidos, onde o Opus Dei começou a trabalhar em 1949, podem mencionar-se: Midtown, centro para operários num bairro do coração de Chicago; Stonecrest Community Center, em Washington, destinado à formação de mulheres que carecem de preparação profissional; Trimount House, residência universitária, em Boston, etc. Uma advertência: a influência da Obra, na medida em que exista em cada caso, será sempre espiritual e de carácter religioso, nunca temporal.

43
                  
pergunta:

Fontes diversas pretendem que uma inimizade profunda oporia a maior parte das ordens religiosas, e singularmente a Companhia de Jesus, ao Opus Dei.
Estes boatos têm algum fundamento ou fazem parte desses mitos que o público alimenta quando não conhece bem algum assunto?

resposta:

Embora não sejamos religiosos nem nos pareçamos com os religiosos - nem há autoridade no Mundo que nos possa obrigar a sê-lo - no Opus Dei veneramos e amamos o estado religioso.
Todos os dias rezo para que todos os veneráveis religiosos continuem a oferecer à Igreja frutos de virtudes, de obras apostólicas e de santidade.
Os boatos de que se falou são... boatos.
O Opus Dei teve sempre a admiração e a simpatia de inúmeras ordens e congregações, particularmente dos religiosos e das religiosas de clausura, que rezam por nós, nos escrevem com frequência e dão a conhecer a nossa Obra de mil e uma maneiras, porque se dão conta da nossa vida de contemplação no meio dos afazeres da rua.
O secretário geral do Opus Dei, Dr. Alvaro del Portillo, conhecia e estimava o anterior Geral da Companhia de Jesus.
O actual Geral, o Padre Arrupe, conheço-o eu e estimo-o, e ele a mim. As incompreensões, se as houvesse, demonstrariam pouco espírito cristão, porque a nossa fé é de unidade, não de rivalidade e divisões.

44
                  
pergunta:

Qual é a posição da Obra acerca da declaração conciliar em favor da liberdade religiosa, e de modo especial acerca da sua aplicação em Espanha, onde o “projecto Castiella” continua suspenso?
E que dizer desse famoso “integrismo” atribuído alguma vez ao Opus Dei?

resposta:

lntegrismo?
O Opus Dei não está à direita, nem à esquerda, nem ao centro.
Pessoalmente, como sacerdote, procuro estar com Cristo, que na Cruz estendeu os dois braços, e não apenas um deles.
Tomo com liberdade, de cada grupo, aquilo que me convence, e que me torna o coração e os braços acolhedores para com toda a gente. Por sua vez, cada um dos sócios da Obra é libérrimo de fazer as opções que quiser, no âmbito da fé cristã.

Quanto à liberdade religiosa, o Opus Dei, desde a sua fundação, nunca fez discriminações: trabalha e convive com todos, porque vê, em cada um, uma alma que é preciso respeitar e amar.
Não são meras palavras: a nossa Obra foi a primeira organização católica a admitir, com autorização da Santa Sé, como Cooperadores os não católicos, sejam ou não cristãos.
Defendi sempre a liberdade das consciências.
Não compreendo a violência: não me parece apta para convencer nem para vencer.
O erro supera-se com a oração, com a graça de Deus, com o estudo; nunca com a força, sempre com a caridade.
Compreenderá que, sendo este o espírito que temos vivido desde o princípio, só me podem ter causado alegria os ensinamentos que o Concílio promulgou sobre este tema.
Acerca do projecto concreto a que se refere, não é questão da minha competência, mas da hierarquia da Igreja em Espanha e dos católicos desse país, aplicando ao caso concreto o espírito do Concílio.

45
                  
pergunta:

Alguns leitores de Caminho manifestam estranheza perante a afirmação contida no ponto 28 desse livro: “O matrimónio é para os soldados e não para o estado-maior de Cristo”.
Poderá ver-se nisto uma apreciação pejorativa do matrimónio, oposta ao desejo da Obra de inserir-se nas realidades vivas do mundo moderno?

resposta:

Aconselho-o a ler o número anterior de Caminho, onde se diz que o matrimónio é uma vocação divina.
Não era nada frequente ouvir afirmações como essa à roda de 1935. Tirar as conclusões de que fala é não entender as minhas palavras. Com essa metáfora quis recolher o que sempre ensinou a Igreja acerca da excelência e valor sobrenatural do celibato apostólico, e recordar ao mesmo tempo a todos os cristãos que, com palavras de São Paulo, devem sentir-se milites Christi, soldados de Cristo, membros desse Povo de Deus que realiza na Terra uma luta divina de compreensão, de santidade e de paz.
Há em todo o Mundo muitos milhares de casais que pertencem ao Opus Dei, ou que vivem de acordo com o seu espírito, sabendo bem que um soldado pode ser condecorado na mesma batalha em que o general fugiu vergonhosamente.

46             

pergunta:

Em 1946, fixou residência em Roma.
Dos Pontífices que conheceu, que traços se destacam nas suas recordações?

resposta:

Para mim, depois da Santíssima Trindade e de nossa Mãe a Virgem, vem logo o Papa, na hierarquia do amor.
Não posso esquecer que foi S.S. Pio XIl quem aprovou o Opus Dei, quando este caminho de espiritualidade parecia a alguns uma heresia; mas também não esqueço que as primeiras palavras de carinho e afecto que recebi em Roma, em 1946, disse-mas o então Mons. Montini.
Tenho também muito presente o encanto afável e paternal de João XXIII, de todas as vezes que tive ocasião de o visitar.
Uma vez disse-lhe: “Todos, católicos ou não, têm encontrado na nossa Obra um lugar acolhedor: não tive de aprender o ecumenismo com Vossa Santidade ...”.
E o Santo Padre João sorriu emocionado.
Que quer que lhe diga?
Todos os Romanos Pontífices têm tido compreensão e carinho para com o Opus Dei.

Entrevista realizada por Jacques-Guillemé-Brûlon, publicada em Le Figaro (Paris) em 16 de Maio de 1966.

(cont)



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