15/10/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXVIII Semana

Santa Teresa de Jesus Doutora da Igreja

Evangelho: Lc 11, 47-54

47 Ai de vós, que edificais sepulcros aos profetas, e foram vossos pais que lhes deram a morte! 48 Assim dais a conhecer que aprovais as obras de vossos pais; porque eles os mataram, e vós edificais os seus sepulcros. 49 Por isso disse a sabedoria de Deus: Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos, e eles darão a morte a uns e perseguirão outros, 50 para que a esta geração se peça conta do sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo, 51 desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo. Sim, Eu vos digo que será pedida conta disto a esta geração. 52 Ai de vós, doutores da lei, que usurpastes a chave da ciência, e nem entrastes vós, nem deixastes entrar os que queriam entrar!». 53 Dizendo-lhes estas coisas, os fariseus e doutores da lei começaram a insistir fortemente e a importuná-Lo com muitas perguntas, 54 armando-Lhe ciladas, e buscando ocasião de Lhe apanharem alguma palavra da boca para O acusarem.

Comentário:

Podemos perfeitamente aceitar que as palavras do Senhor são duras e mostram com perfeita clareza os erros e as responsabilidades dos chefes do povo do Seu tempo.
Temos de convir que, não obstante ser um Senhor de Misericórdia e Perdão é, também sumamente justo e é essa Justiça que está implícita no Seu discurso.
E, o facto é que assim o compreenderam a quem as dirigia.

(ama, comentário sobre Lc 11 47-54, 2014.10.16)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá



Temas actuais do cristianismo


34             

pergunta:

Algumas pessoas têm afirmado às vezes que o Opus Dei é organizado internamente segundo as normas das sociedades secretas.
Que se deve pensar de tal afirmação?
Poderia dar-nos, a propósito dista, uma ideia da mensagem que desejou dirigir aos homens do nosso tempo ao fundar a Obra em 1928?

resposta:

Desde 1928 não tenho deixado de pregar que a santidade não está reservada a privilegiados, que todos os caminhos da Terra podem ser divinos, porque o cerne da espiritualidade específica do Opus Dei é a santificação do TRABALHO.
É preciso acabar com o preconceito de que os fiéis correntes não podem senão limitar-se a ajudar o clero, em apostolados eclesiásticos; e fazer notar que, para alcançar esse fim sobrenatural, os homens têm necessidade de ser e de se sentir pessoalmente livres, com a liberdade que Jesus Cristo ganhou para nós.
Para pregar e ensinar a praticar esta doutrina, nunca tive necessidade de segredo algum.
Os membros da Obra detestam o segredo, porque são fiéis correntes, pessoas exactamente iguais às outras: ao entrarem para o Opus Dei não mudam de estado.
Repugnar-lhes-ia trazer um letreiro nas costas que dissesse: “Reparem que estou dedicado ao serviço de Deus”.
Isto não seria nem laical nem secular.
Mas os conhecidos e amigos dos sócios do Opus Dei sabem que eles fazem parte da Obra, porque o não dissimulam, ainda que o não apregoem.

35             

pergunta:

Poderia traçar um rápido esquema da estrutura do Opus Dei à escala mundial e da sua articulação com o Conselho Geral a que preside em Roma?

resposta:

O Conselho Geral tem o seu domicílio em Roma, independente para cada Secção: a de homens e a de mulheres (“Anuário Pontifício” de 1966, págs. 885 e 1226); e em cada país existe um organismo análogo, presidido pelo Conselheiro nessa nação [i].

Não pense numa organização poderosa, estendida capilarmente até ao último recanto do Mundo.
Imagine antes uma organização desorganizada, pois o trabalho dos directores do Opus Dei destina-se principalmente a fazer com que chegue a todos os seus membros o espírito genuíno do Evangelho - espírito de caridade, de convivência, de compreensão, absolutamente alheio ao fanatismo - mediante uma sólida e adequada formação teológica e apostólica.
Depois, cada um actua com inteira liberdade pessoal e, formando de modo autónomo a sua própria consciência, esforça-se por procurar a perfeição cristã e cristianizar o seu ambiente, santificando o seu próprio trabalho intelectual ou manual, em todas as circunstâncias da sua vida e no seu próprio lar.

Por outro lado, a direcção da Obra é sempre colegial.
Detestamos a tirania, especialmente neste governo exclusivamente espiritual do Opus Dei.
Amamos a pluralidade: o contrário não conduziria senão à ineficácia, a não fazer nem deixar fazer, a não progredir.

36             

pergunta:

O ponto 484 do seu código religioso, Caminho, precisa: “Sê instrumento”.
Que sentido se deve atribuir a esta afirmação dentro do contexto das perguntas precedentes?

resposta:

Caminho, um código?
Não!
Escrevi em 1934 uma boa parte deste livro, resumindo para todas as almas que dirigia - do Opus Dei ou não - a minha experiência sacerdotal.
Não suspeitei que trinta anos mais tarde alcançaria uma difusão tão ampla - milhões de exemplares - em tantas línguas.
Não é um livro somente para os sócios do Opus Dei; é para todos, mesmo para os não cristãos.
Caminho deve ser lido com um mínimo de espírito sobrenatural, de vida interior e de preocupação apostólica.
Não é um código do homem de acção.
Pretende ser um livro que leva a viver na intimidade de Deus e a amá-lo, e a servir todas as almas: a ser um instrumento - era esta a sua pergunta - como o Apóstolo Paulo queria sê-lo de Cristo.
Instrumento livre e responsável; aqueles que querem ver nas suas páginas uma finalidade temporal, enganam-se.
Não se esqueça que é corrente, nos autores espirituais de todos os tempos, considerar as almas como instrumentos nas mãos de Deus.

37             

pergunta:

A Espanha ocupa um lugar de preferência na Obra?
Pode considerar-se como ponto de partida dum programa mais ambicioso, ou um simples sector de actividade entre muitos outros?

resposta:

A Espanha não é senão um dos 65 países em que há sócios do Opus Dei, e os espanhóis são uma minoria.
Geograficamente, o Opus Dei nasceu na Espanha; mas o seu fim é universal desde o princípio.
De resto, eu resido em Roma há vinte anos.

38             

pergunta:

O facto de alguns membros da Obra estarem presentes na vida pública do país, não politizou, de certo modo, o Opus Dei em Espanha? Não comprometem, assim, a Obra e a própria Igreja?

resposta:

Nem em Espanha, nem em nenhum outro sítio!
Insisto em que os sócios do Opus Dei trabalham com plena liberdade e sob a sua responsabilidade pessoal, sem comprometer nem a Igreja nem a Obra, porque não se apoiam nem na Igreja nem na Obra para realizarem as suas actividades pessoais.

Pessoas formadas numa concepção militar do apostolado e da vida espiritual tenderão a ver no trabalho livre e responsável dos cristãos um modo de actuar colectivo.
Mas digo-lhe, como não me tenho cansado de repetir desde 1928, que a diversidade de opiniões e de comportamentos no terreno temporal e no campo teológico opinável não constitui problema algum para a Obra: a diversidade que existe e existirá sempre entre os sócios do Opus Dei é, pelo contrário, uma manifestação de bom espírito, de vida honesta, de respeito pelas opiniões legítimas de cada um.

39             

pergunta:

Não lhe parece que em Espanha, e em virtude do particularismo inerente à raça ibérica, um certo sector da Obra poderia ser tentado a utilizar o seu poder para satisfazer interesses particulares?

resposta:

Levanta uma hipótese que me atrevo a garantir que nunca se apresentará na nossa Obra, não só porque nos associamos exclusivamente para fins sobrenaturais, mas ainda porque, se alguma vez um membro do Opus Dei quisesse impor, directa ou indirectamente, um critério temporal aos outros, ou servir-se deles para fins humanos, seria expulso sem contemplações, porque os outros sócios se revoltariam legitimamente, santamente.

40             

pergunta:

Em Espanha, o Opus Dei orgulha-se de reunir pessoas de todas as classes sociais.
Esta afirmação é válida também para o resto do Mundo, ou deve admitir-se que nos outros países os sócios do Opus Dei procedem antes de meios ilustrados, como os estados-maiores da Indústria, da Administração, da Política e das Profissões Liberais?

resposta:

De facto, pertencem ao Opus Dei, tanto em Espanha como em todo o mundo, pessoas de todas as condições sociais: homens e mulheres, velhos e jovens, operários, industriais, empregados, camponeses, representantes das profissões liberais, etc.
A vocação é Deus quem a dá e para Deus não há acepção de pessoas.

Mas o Opus Dei não se orgulha de coisa nenhuma: não e às forças humanas que as obras de apostolado devem o seu crescimento, é ao sopro do Espírito Santo.
Numa associação com fins temporais, é lógico publicar estatísticas que ostentem o número, a condição e as qualidades dos sócios, e assim costumam fazer as organizações que buscam prestígio temporal; mas este modo de actuar, quando se procura a santificação das almas, favorece a soberba colectiva: ora Cristo quer a humildade para cada um dos cristãos e para todos os cristãos.

Entrevista realizada por Jacques-Guillemé-Brûlon, publicada em Le Figaro (Paris) em 16 de Maio de 1966.

(cont)






[i] Cfr. nota ao n.º 19. A erecção do Opus Dei como Prelatura pessoal reforçou juridicamente a unidade do Opus Dei, ficando muito claro que toda a Prelatura - homens e mulheres, sacerdotes e leigos, casados e solteiros - constitui uma unidade pastoral orgânica e indivisível, que realiza os seus apostolados por meio da Secção de varões e da Secção feminina, sob o governo e a direcção do Prelado que, ajudado pelos seus Vigários e pelos seus Conselhos, dá e assegura a unidade fundamental de espírito e de jurisdição entre as duas Secções.

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