Tempo comum XXVIII Semana
Evangelho:
Lc 11, 37-41
37
Enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-O para comer com ele. Tendo entrado,
pôs-Se à mesa. 38 Ora o fariseu estranhou que Ele não Se tivesse
lavado antes de comer. 39 Mas o Senhor disse-lhe: «Vós os fariseus
limpais o que está por fora do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio
de rapina e de maldade. 40 Néscios, quem fez o que está fora não fez
também o que está por dentro? 41 Dai antes o que tendes em esmola, e
tudo será puro para vós
Comentário:
Viver em
sociedade obriga a proceder de forma a não chocar os outros com o nosso
comportamento.
É verdade!
Mas muito mais importante é que esse comportamento não tenha apenas essa preocupação mas e principalmente agradar a Deus fazendo o que Ele desejar em cada momento
(ama,
comentário sobre Lc 11 37-41 2014.10.14)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do cristianismo
29
pergunta:
A
Associação insiste na liberdade dos seus sócios para exprimir as convicções que
nobremente defendem.
Se
encararmos, no entanto, o tema numa outra perspectiva, até que ponto pensa V.
Rev.ª que estará o Opus Dei, como associação, moralmente obrigado a exprimir,
em público ou em privado, opiniões sobre problemas nevrálgicos, quer seculares
quer espirituais?
Haverá
situações em que o Opus Dei exerça a sua influência e a dos seus sócios, em
defesa de princípios que considere sagrados, como, num exemplo recente, para
apoiar a legislação sobre liberdade religiosa em Espanha?
resposta:
No
Opus Dei, procuramos, sempre e em tudo, sentir com a Igreja de Cristo: não
temos outra doutrina senão a que a Igreja ensina a todos os fiéis.
A
única coisa que nos é peculiar é que temos um espírito próprio, característico
do Opus Dei; a saber, um modo concreto de viver o Evangelho, santificando-nos
no mundo e fazendo apostolado com a profissão.
Daí
resulta directamente que todos os sócios do Opus Dei têm a mesma liberdade que
os outros católicos para formarem as suas opiniões e para actuarem em coerência
com elas.
Por
isso o Opus Dei como tal não deve nem pode exprimir uma opinião própria, nem a
pode ter.
Se
se trata de uma questão sobre a qual há doutrina definida pela Igreja, a
opinião de cada um dos membros da Obra será essa.
Se,
pelo contrário, se trata de uma questão sobre a qual o Magistério - o Papa e os
Bispos - não se pronunciou, cada um dos sócios do Opus Dei terá e defenderá
livremente a opinião que lhe pareça melhor, e actuará de acordo com isso.
Por
outras palavras, o princípio que regula a atitude dos directores do Opus Dei
neste campo é o do respeito da liberdade de opção no temporal.
O
que é muito diferente do abstencionismo, pois cada membro da Obra é colocado
diante das suas próprias responsabilidades e convidado a assumi-las de acordo
com a sua consciência, agindo em liberdade.
Por
isso mesmo é incongruente falar do Opus Dei quando se trata de partidos, grupos
ou tendências políticas, ou, em geral, de tarefas e empreendimentos humanos.
Mais
ainda: é injusto e quase calunioso, visto poder induzir ao erro de deduzir
falsamente que os membros da Obra têm, em comum, alguma ideologia, mentalidade
ou interesse temporal.
Certamente
que os sócios da Obra são católicos, e católicos que procuram ser consequentes
com a sua fé.
Podem
ser classificados como católicos, se se quiser.
Mas
tendo em conta que o facto de ser católico não significa formar grupo, nem
mesmo no terreno cultural ou ideológico, e, com razão maior, no político.
Desde
o princípio da Obra - não só depois do Concílio - se tem procurado viver um
catolicismo aberto, que defende a legítima liberdade das consciências, que leva
a tratar com caridade fraterna todos os homens, católicos ou não, e a colaborar
com todos, participando dos diversos ideais nobres que movem a humanidade.
Consideremos
um exemplo.
Em
face do problema racial nos Estados Unidos, cada um dos sócios do Opus Dei terá
em conta os claros ensinamentos da doutrina cristã sobre a igualdade de todos
os homens e sobre a injustiça de qualquer discriminação.
Também
há-de conhecer as indicações concretas dos Bispos norte-americanos sobre este
problema e sentir-se-á instado por elas. Defenderá, pois, os legítimos direitos
de todos os cidadãos e opor-se-á a qualquer situação ou projecto
discriminatório.
Terá
também em conta que, para um cristão, não basta respeitar os direitos dos
outros, mas em qualquer homem se deve ver um irmão, a quem é devido um amor
sincero e um serviço desinteressado.
Na
formação que o Opus Dei dá aos seus sócios, insistir-se-á mais nestas ideias no
vosso País do que em outros onde esse problema concreto não se apresenta ou se
apresenta com menor urgência.
O
que o Opus Dei nunca fará é ditar, ou sugerir sequer, uma solução concreta para
o problema.
A
decisão de apoiar, este ou aquele projecto de lei, de inscrever-se numa
associação ou noutra associação, ou em nenhuma, de participar ou não participar
em determinada manifestação, é coisa que fica à decisão de cada um dos sócios.
E,
de facto, em toda a parte se vê que os sócios do Opus Dei não actuam em bloco,
mas com um natural pluralismo.
Estes
mesmos critérios explicam o facto de tantos espanhóis que pertencem ao Opus Dei
serem favoráveis ao projecto de lei sobre a liberdade religiosa no seu país,
tal como foi recentemente redigido. Trata-se, como é óbvio, de uma opção
pessoal, como pessoal é também a opinião de quem critique esse projecto.
Todos,
porém, aprenderam com o espírito da Obra a amar a liberdade e a compreender os
homens de todas as crenças.
O
Opus Dei é a primeira associação católica que, desde 1950, com autorização da
Santa Sé, admite como cooperadores os não-católicos e os não-cristãos, sem
discriminação alguma, com amor por todos.
30
pergunta:
É
claro que V. Rev.ª não ignora que, em certos sectores da opinião pública, o
Opus Dei tem fama de ser de certo modo discutido. Poderia dar-me a sua opinião
sobre a origem deste facto, e, em especial, dizer-me como se pode responder à
acusação sobre “o segredo de conspiração” e “a secreta conspiração”, que
frequentemente se faz ao Opus Dei?
resposta:
lncomoda-me
profundamente tudo o que possa ter um tom de auto-elogio.
Mas,
já que V. me propõe este tema, não posso deixar de lhe dizer que me parece que
o Opus Dei é uma das organizações católicas que mais amigos conta no mundo
inteiro.
Milhões
de pessoas, incluindo muitos não-católicos e não-cristãos, a estimam e ajudam.
Por
outro lado, o Opus Dei é urna organização espiritual e apostólica. Quem
esquecer este facto fundamental, ou se negar a acreditar na boa-fé dos sócios
da Obra que assim o afirmam, não poderá entender o que estes fazem.
Ora,
na impossibilidade de compreender, inventam-se versões complicadas e segredos
que nunca existiram.
Refere-se
à acusação de segredo.
É
história já antiga.
Poderia
dizer-lhe, ponto por ponto, qual a origem histórica dessa acusação caluniosa.
Durante
muitos anos, uma poderosa organização, da qual prefiro não falar (amamo-la e
sempre a amámos), entreteve-se a falsear o que não conhecia.
Insistiam
em considerar-nos como religiosos e interrogavam-se: por que não pensam todos
da mesma maneira?
Por
que não usam hábito ou distintivo?
E,
ilogicamente, concluíam que constituíamos uma sociedade secreta.
Hoje,
isso passou, e qualquer pessoa medianamente informada sabe que não há segredo
nenhum.
Sabe
que não usamos distintivo porque não somos religiosos, mas cristãos como
quaisquer outros.
Que
não pensamos da mesma maneira, porque admitimos o máximo pluralismo em tudo
quanto é temporal e nas questões teológicas opináveis.
O
melhor conhecimento da realidade e a superação de infundados ciúmes permitiram
que se encerrasse essa triste e caluniosa situação.
No
entanto, não se estranhe que, de vez em quando, alguém renove os velhos mitos:
porque procuramos trabalhar por Deus, defendendo a liberdade pessoal de todos
os homens, sempre havemos de ter contra nós os sectários, inimigos dessa
liberdade pessoal, sejam de que campo forem, e tanto mais agressivos quanto
mais se tratar de pessoas incapazes de suportar a simples ideia de religião,
ou, pior ainda, se se apoiarem num pensamento religioso de tipo fanático.
Apesar
de tudo, são, felizmente, em maior número as publicações que não se contentam
com repetir coisas velhas e falsas, e que têm clara consciência de que ser
imparcial não é difundir uma coisa que fique a meio caminho entre a realidade
objectiva e a calúnia, sem um esforço por reflectir a verdade objectiva.
Por
mim, penso que também é notícia dizer a verdade, especialmente quando se trata
de informar sobre a actividade de tantas pessoas que, pertencendo ao Opus Dei
ou colaborando com ele, se esforçam, apesar dos erros pessoais (assim como eu
erro, não me espanto de que os outros errem), por realizar uma tarefa de
serviço a todos os homens.
Desfazer
um falso mito é sempre interessante.
Considero
que é um grave dever do jornalista documentar-se bem e manter actualizada a sua
informação, embora, algumas vezes, isso implique modificar os juízos
anteriormente feitos.
Será
assim tão difícil admitir que alguma coisa seja límpida, nobre e boa, sem
misturar absurdas, velhas e desacreditadas falsidades?
Informar-se
sobre o Opus Dei é bem simples. Em todos os países a Obra trabalha à luz do
dia, juridicamente reconhecida pelas autoridades civis e eclesiásticas.
São
perfeitamente conhecidos os nomes dos seus directores e das suas obras
apostólicas.
Quem
quer que deseje informações sobre a nossa Obra pode obtê-las sem dificuldade,
pondo-se em contacto com os seus directores ou visitando alguma das nossas
obras próprias.
O
meu amigo, se quiser, pode ser testemunha de que nunca nenhum dos dirigentes do
Opus Dei, ou os que recebem os jornalistas, deixaram de lhes facilitar a tarefa
informativa, respondendo às suas perguntas ou dando a documentação adequada.
Nem
eu nem nenhum dos membros do Opus Dei pretendemos que toda a gente nos
compreenda ou compartilhe connosco os mesmos ideais espirituais.
Sou
muito amigo da liberdade e gosto muito de que cada um siga o seu próprio
caminho.
Mas
é evidente que temos o direito elementar de ser respeitados.
Entrevista realizada por Peter
Forbarth, correspondente de Time (New York), em 15 de Abril de 1967.
(cont)
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