Como
tantas vezes me acontece, lá acordei às 6 horas da manhã, (nunca consigo
perceber se sou eu que acordo ou é Ele que me acorda), e lá veio mais uma
história ao meu coração.
Aqui
a deixo.
Chegou
à esplanada do café, sentou-se e abrindo o jornal começou a ler as notícias.
Percebeu
que o empregado se aproximava, mas não deixou de ler o jornal. Ouviu então uma
voz alegre e jovem perguntar:
O
que deseja?
Respondeu
secamente:
Um
café!
A
voz, ainda sem rosto, retorquiu-lhe:
Com
sorriso ou sem sorriso?
Admirado
levantou os olhos do jornal, e olhando viu a cara de um jovem, indelevelmente
marcada pelo Síndrome de Down, que lhe sorria esperando a resposta.
Não
pode deixar de sorrir e disse:
Com
um sorriso, claro!
Viu
o rapaz partir “saltitando” ligeiro entre as mesas, dirigindo-se ao balcão para
ir buscar o seu café.
Quando
ele regressou à sua mesa com o café, disse-lhe:
Vê-se
que gostas do que fazes!
O
rapaz respondeu, sem deixar de sorrir:
Pois,
deram-me este emprego, assim sirvo às mesas, sinto-me útil e posso falar com as
pessoas, sorrir-lhes, e elas gostam.
Arriscou
e perguntou-lhe:
E
fazes mais alguma coisa, para além disto?
A
cara iluminou-se, espelhando uma muito sincera e incontida gargalhada e ouvi-o
dizer:
Ah,
e sobretudo amo os outros.
E
lá foi ele deslizando por entre as mesas distribuindo e arrancando sorrisos de
cada cliente do café.
Colocou
o jornal na cadeira ao lado e decidiu saborear aquele café com um verdadeiro
sorriso.
Um
pensamento lhe veio ao coração e à cabeça:
Oh
meu Deus, afinal é tão simples e nós complicamos tanto! "Fazei-vos
pequeninos e de vós será o Reino dos Céus, a começar já", pensou ele, numa
frase que com certeza Jesus diria também com o Seu rosto a sorrir.
Levantou-se,
pagou deixando uma generosa gorjeta, procurou o olhar do jovem empregado e
acenou-lhe um adeus a sorrir, imediatamente retorquido com um sorriso ainda
maior.
Ao
caminhar pela rua apenas uma frase tomava conta de si:
Ah,
e sobretudo amo os outros; ah, e sobretudo amo os outros; ah, e sobretudo amo
os outros….
Marinha
Grande, 4 de Outubro de 2015
Joaquim
Mexia Alves
Dedico
esta história à minha sobrinha Rita, ao Zé Alberto, seu marido, e aos seus
filhos, o Lourenço, meu afilhado, e o João.
Dedico-a
também à nossa família, a todas as famílias.
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