31/10/2015

Pequena agenda do cristão



SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



NUNC COEPI o que pode ver em 31 de Out

Publicações em Out 31

São Josemaria – Textos

Hom (São João Crisóstomo), Obediência, São João Crisóstomo, Trabalho

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 14 1 7-11, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)

Inquisição


Agenda Sábado

Inquisição: uma breve história - 1


Quando falamos das culpas passadas dos membros da Igreja católica, a primeira coisa que nos vem à mente é a Inquisição, o tribunal eclesiástico instituído a partir do século XIII para julgar os casos de heresia.
Apesar de estarmos séculos de distância dos acontecimentos, é natural que o tema suscite polémicas e o afloramento das paixões, podendo as pessoas identificarem-se com um ou outro lado dos conflitos de outrora.
Julgando ser necessário colocar o dedo nessa “ferida” histórica, o papa João Paulo II apontou a necessidade de um juízo com objectividade crítica, motivo pelo qual o Vaticano organizou no ano de 1998 um simpósio com diversos pesquisadores e estudiosos, católicos e não-católicos, para que juntos debatessem questões históricas acerca da Inquisição.

O que pretendo nestas linhas é fazer uma síntese dos aspectos históricos da Inquisição. Não procuro fazer uma apologia nem um revanchismo. Faz parte da maturidade de posicionamento reconhecer que aqueles com os quais nos identificamos em matéria de crenças e valores são também passíveis de erro.


Aspectos históricos

Primeiramente, é preciso estabelecer uma precisão de termos:
seria mais correcto falarmos de Inquisições, no plural, haja em vista que, depois do século XV, havia na Europa três inquisições em funcionamento:
a Inquisição Portuguesa, a Inquisição Espanhola e o Tribunal do Santo Ofício Romano.
Esses três tribunais originam-se, contudo, de um tribunal eclesiástico instituído pelo papado no século XIII.
Para entendermos melhor toda a questão, é preciso regressar aos tempos do Império Romano.

Quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e deu liberdade de culto aos cristãos, no ano 313, a sua política religiosa não diferia muito dos antecessores.


(cont)

Santificar o nosso trabalho não é uma quimera

Santificar o nosso trabalho não é uma quimera; é missão de todos os cristãos... – tua e minha. Foi o que descobriu aquele torneiro, que comentava: – "Põe-me louco de contente essa certeza de que eu, manejando o torno e cantando, cantando muito – por dentro e por fora –, posso fazer-me santo... Que bondade a do nosso Deus!". (Sulco, 517)

Nesta hora de Deus, a da tua passagem por este mundo, decide-te a sério a realizar alguma coisa que valha a pena. O tempo urge, e é tão nobre, tão heróica, tão gloriosa a missão do homem e da mulher sobre a Terra quando abrasa no fogo de Cristo os corações murchos e apodrecidos!

Vale a pena levar aos outros a paz e a felicidade de uma corajosa e alegre cruzada! (Sulco, 613)

Umas vezes deixas explodir o teu mau génio, que em mais de uma ocasião aflora com uma dureza disparatada. Outras, não preparas o teu coração e a tua cabeça para servirem de aposento confortável à Santíssima Trindade... E acabas sempre por ficar um tanto afastado de Jesus, que conheces pouco.

Assim nunca terás vida interior. (Sulco, 651)


Remédio para tudo: santidade pessoal! Por isso, os Santos estavam cheios de paz, de fortaleza, de alegria, de segurança. (Sulco, 653)

Temas para meditar - 530

Trabalho



Deus não necessita do nosso trabalho, mas sim da nossa obediência.




(são joão crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de S. Mateus, 56, 5)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXX Semana


Evangelho: Lc 14, 1. 7-11

1 Entrando Jesus, um sábado, em casa de um dos principais fariseus, para comer, eles estavam a observá-l'O. 7 Disse também uma parábola, observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares à mesa: 8 «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não te coloques no primeiro lugar, porque pode ser que outra pessoa de mais consideração do que tu tenha sido convidada pelo dono da casa, 9 e que venha quem te convidou a ti e a ele e te diga: Cede o lugar a este; e tu, envergonhado, vás ocupar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier quem te convidou, te diga: Amigo, vem mais para cima. Então terás com isto glória na presença de todos os convidados; 11 porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado».

Comentário:

Os que sabem quem são, que verdadeiramente se conhecem a si próprios, sabem muito bem como resguardar-se destas cedências à vaidade pessoal, aos desejos de proeminência e protagonismo. Sabem que o segredo reside no exame privado, concreto, profundo, detalhado.
Só com este exame diário se descobrem, põem a nu os pontos fracos do carácter e se pode assim, tomar as medidas de correcção necessárias.
Exame, pois, sem titubeios ou falsas desculpas, com regularidade diária.
Daí nascerão os propósitos de corrigir, de melhoria e, então, deixaremos, entre outras coisas, de andar em ‘bicos dos pés’ na ânsia de sermos notados e adquirindo modéstia e contenção naturais seremos mais atraentes para os outros e despertaremos a sua simpatia.
                                                               
(ama, comentário sobre Lc 14, 1, 7-11, 2011.11.29)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo

89
                  
pergunta:

Perdoe que insista no mesmo tema. Através de cartas que chegam à Redacção, sabemos que algumas mães de família numerosa se queixam por se verem reduzidas ao papel de trazer filhos ao mundo e sentem uma grande insatisfação por não poderem dedicar a vida a outros campos: trabalho profissional, acesso à cultura, projecção social...
Que conselhos daria a essas pessoas?

resposta:

Mas, vamos a ver: que é a projecção social senão dar-se aos outros com sentido de entrega e de serviço e contribuir eficazmente para o bem de todos?
O trabalho da mulher na sua casa não só é, já de si, uma função social, como também pode ser facilmente a função social de maior projecção.

Imagine-se uma família numerosa: o trabalho da mãe e então comparável - e em muitos casos ganha na comparação - ao dos educadores profissionais.
Um professor consegue, talvez ao longo de uma vida inteira, formar mais ou menos bem uns tantos rapazes ou raparigas. Uma mãe pode formar os seus filhos em profundidade, nos aspectos mais básicos, e pode fazer deles, por sua vez, outros formadores, de maneira que se origina uma cadeia ininterrupta de responsabilidade e de virtudes.

Também nestes temas é fácil deixar-se seduzir por critérios meramente quantitativos, e pensar: é preferível o trabalho de um professor, que vê passar pelas suas aulas milhares de pessoas, ou o de um escritor, que se dirige a milhares de leitores?
Bem, mas a quantos dá realmente formação esse professor e esse escritor?
Uma mãe tem ao seu cuidado três, cinco, dez ou mais filhos, e pode fazer deles uma verdadeira obra de arte, uma maravilha de educação, de equilíbrio, de compreensão, de sentido cristão da vida, de modo que sejam felizes e consigam ser realmente úteis aos outros.

Por outro lado, é natural que os filhos e as filhas ajudem nos trabalhos da casa.
Uma mãe que saiba orientar bem os seus filhos, pode consegui-lo, e dispor assim de oportunidades, de tempo que - bem aproveitado - lhe permita cultivar as suas tendências e talentos pessoais e enriquecer a sua cultura.
Felizmente, não faltam hoje meios técnicos, que, como sabeis muito bem, economizam muito trabalho, se forem convenientemente utilizados e se deles se tirar todo o partido possível.
Nisto, como em tudo, são determinantes as condições pessoais.
Há mulheres que têm uma máquina do último modelo e demoram mais tempo a lavar - e fazem-no pior - do que quando o faziam à mão.
Os instrumentos só são úteis quando se sabem empregar.

Sei de muitas mulheres casadas e com bastantes filhos que dirigem muito bem o seu lar e além disso encontram tempo para colaborar em outros trabalhos apostólicos, como fazia aquele casal da primitiva cristandade: Áquila e Priscila.
Os dois trabalhavam em casa e no seu ofício, e foram além disso esplêndidos cooperadores de S. Paulo; com a sua palavra e com o seu exemplo levaram a fé de Jesus Cristo a Apolo, que depois foi um grande pregador da Igreja nascente.
Como já disse, se verdadeiramente se quer, podem-se superar muitas das limitações, sem deixar de se cumprir nenhum dever.
Na realidade, há tempo para fazer muitas coisas: para dirigir o lar com sentido profissional, para se dar continuamente aos outros, para melhorar a sua própria cultura e para enriquecer a dos outros, para realizar muitas tarefas eficazes.

90
                  
pergunta:

Aludiu à presença da mulher na vida pública, na política. Actualmente, estão-se a dar importantes passos neste sentido.
Qual é, em sua opinião, a tarefa específica que a mulher deve cumprir nesse terreno?

resposta:

A presença da mulher no conjunto da vida social é um fenómeno natural e totalmente positivo, parte desse outro facto mais amplo a que antes me referi.
Uma sociedade moderna, democrática, tem de reconhecer à mulher o direito a participar activamente na vida política, e tem de criar as condições favoráveis para que exerçam esse direito todas as que o desejarem.

A mulher que se quer dedicar activamente à direcção dos negócios públicos, tem obrigação de se preparar convenientemente, para que a sua actuação na vida da comunidade seja responsável e positiva. Todo o trabalho profissional exige uma formação prévia, e depois um esforço constante para melhorar esta preparação e adaptá-la às novas circunstâncias que surjam.
Esta exigência constitui um dever particularíssimo para os que aspiram a ocupar postos directivos na sociedade, visto que são chamados a um serviço também muito importante, do qual depende o bem-estar de todos.

Uma mulher com preparação adequada deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis.
Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas.

A mulher pode enriquecer muito a vida da sociedade em virtude dos dotes naturais que lhe são próprios.
Isto salta à vista quando reparamos no vasto campo da legislação familiar e social.
As qualidades femininas darão a melhor garantia de que serão respeitados os autênticos valores humanos e cristãos no momento de tomar decisões que afectem de alguma maneira a vida da família, o ambiente educativo, o futuro dos jovens.

Acabo de mencionar a importância dos valores cristãos para a solução dos problemas sociais e familiares, e quero sublinhar aqui a sua transcendência em toda a vida pública.
Da mesma maneira que o homem, quando a mulher tem de se ocupar numa actividade política, a sua fé cristã confere-lhe a responsabilidade de realizar um autêntico apostolado, quer dizer, um serviço cristão a toda a sociedade.
Não se trata de representar oficial e oficiosamente a Igreja na vida pública, e menos ainda de se servir da Igreja para a sua carreira pessoal ou para os interesses do seu partido.
Pelo contrário, trata-se de formar com liberdade as próprias opiniões, em todos estes assuntos temporais em que os cristãos são livres, e de assumir a responsabilidade pessoal do seu pensamento e da sua actuação, sendo sempre consequente com a fé que se professa.

91             

pergunta:

Na homilia que proferiu em Pamplona no passado mês de Outubro, durante a Missa que celebrou por ocasião da Assembleia dos Amigos da Universidade de Navarra, falou do amor humano com palavras que nos comoveram. Muitas leitoras nos escreveram comentando a impressão que experimentaram ao ouvir falar assim.
Poderia dizer-nos quais são os valores mais importantes do matrimónio cristão?

resposta:

Vou falar de algo que conheço bem e que é da minha experiência de sacerdote, de muitos anos e em muitos países.
A maior parte dos sócios do Opus Dei vivem no estado matrimonial e, para eles, o amor humano e os deveres conjugais fazem parte da vocação divina.
O Opus Dei fez do matrimónio um caminho divino, uma vocação, e isto tem muitas consequências para a santificação pessoal e para o apostolado.
Há quase quarenta anos que prego o sentido vocacional do matrimónio.
Que olhos cheios de luz vi mais de uma vez, quando - e pensando eles e elas que eram incompatíveis na sua vida a entrega a Deus e um amor humano nobre e limpo - me ouviam dizer que o matrimónio é um caminho divino na Terra!

O matrimónio existe para que aqueles que o contraem se santifiquem nele e através dele.
Para isso, os cônjuges têm uma graça especial que o sacramento instituído por Jesus Cristo confere.
Quem é chamado ao estado matrimonial, encontra nesse estado - com a graça de Deus - tudo o que é necessário para ser santo, para se identificar cada dia mais com Jesus Cristo e para levar ao Senhor as pessoas com quem convive.

É por isso que penso sempre com esperança e com carinho nos lares cristãos, em todas as famílias que brotaram do Sacramento do Matrimónio, que são testemunhos luminosos desse grande mistério divino - sacramentum magnum! [i], grande sacramento - da união e do amor entre Cristo e a sua Igreja.
Devemos trabalhar para que essas células cristãs da sociedade nasçam e se desenvolvam com afã de santidade, com a consciência de que o sacramento inicial - o Baptismo - confere já a todos os cristãos uma missão divina, que cada um deve cumprir no caminho que lhe é próprio.

Os esposos cristãos têm de ter consciência de que são chamados a santificar-se santificando, a ser apóstolos, e de que o seu primeiro apostolado está no lar.
Devem compreender a obra sobrenatural que significa a fundação de uma família, a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade. Desta consciência da própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida, a sua felicidade.

Mas não esqueçam que o segredo da felicidade conjugal está no quotidiano, não em sonhos.
Está em encontrar a alegria íntima que dá a chegada ao lar; está no convívio carinhoso com os filhos; no trabalho de todos os dias, em que colabora toda a família; no bom humor perante as dificuldades, que é preciso encarar com desportivismo; e também no aproveitamento de todos os progressos que nos proporciona a civilização para tornar a casa agradável, a vida mais simples, a formação mais eficaz.

Nunca deixo de dizer aos que foram chamados por Deus a formar um lar que se amem sempre, que se queiram com o amor cheio de entusiasmo que tinham quando eram noivos.
Pobre conceito tem do matrimónio - que é um sacramento, um ideal e uma vocação - quem pensa que o amor acaba quando começam as penas e os contratempos que a vida traz sempre consigo.
É então que o amor se fortalece.
As torrentes dos desgostos e das contrariedades não são capazes de submergir o verdadeiro amor.
O sacrifício partilhado generosamente une mais.
Como diz a Escritura, aquae multae - as muitas dificuldades, físicas e morais - non potuerunt extinguere caritatem [ii], não poderão apagar o amor.

Entrevista realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de 1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.

(cont)





[i] (Ef. 5, 32)
[ii] (Cant. 8,7)

30/10/2015

NUNC COEPI o que pode ver em 30 de Out

Publicações em Out 30

São Josemaria – Textos

AMA (Reflectindo - Aprender a dizer não)

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 14 1-6, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)


Agenda Sexta-Feira

Pequena agenda do cristão


Sexta-Feira




(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Ajuda-os sem que o notem

O pensamento da morte ajudar-te-á a cultivar a virtude da caridade, porque talvez esse instante concreto de convivência seja o último em que estás com este ou com aquele... Eles, ou tu, ou eu, podemos faltar em qualquer momento. (Sulco, 895)

Dir-me-ás talvez: e porque havia eu de me esforçar? Não sou eu quem te responde, mas S. Paulo: o amor de Cristo urge-nos. Todo o espaço de uma existência é pouco para alargar as fronteiras da tua caridade. Desde os primeiríssimos começos do Opus Dei, manifestei o meu grande empenho em repetir sem cessar, para as almas generosas que se decidam a traduzi-lo em obras, aquele grito de Cristo: nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Conhecer-nos-ão precisamente por isso, porque a caridade é o ponto de arranque de qualquer actividade de um cristão. (…)


Queria fazer-vos notar que, após vinte séculos, ainda aparece com toda a pujança de novidade o Mandato do Mestre, que é uma espécie de carta de apresentação do verdadeiro filho de Deus. Ao longo da minha vida sacerdotal, tenho pregado com muitíssima frequência que, desgraçadamente para muitos, continua a ser novo, porque nunca ou quase nunca se esforçaram por praticá-lo. É triste, mas é assim. E não há dúvida nenhuma de que a afirmação do Messias ressalta de modo terminante: nisto vos conhecerão, que vos amais uns aos outros! Por isso, sinto a necessidade de recordar constantemente essas palavras do Senhor. S. Paulo acrescenta: levai os fardos uns dos outros e, desta maneira, cumprireis a lei de Cristo. Momentos perdidos, talvez com a falsa desculpa de que te sobra tempo... Se há tantos irmãos, amigos teus, sobrecarregados de trabalho! Com delicadeza, com cortesia, com um sorriso nos lábios, ajuda-os, de tal maneira que se torne quase impossível que o notem; e que nem se possam mostrar agradecidos, porque a discreta finura da tua caridade fez com que ela passasse inadvertida. (Amigos de Deus, 43–44)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXX Semana


Evangelho: Lc 14, 1-6

1 Entrando Jesus, um sábado, em casa de um dos principais fariseus, para comer, eles estavam a observá-l'O. 2 Encontrava-se diante d'Ele um homem hidrópico. 3 Jesus, dirigindo a palavra aos doutores da lei e aos fariseus, disse-lhes: «É lícito ou não fazer curas ao sábado?». 4 Eles ficaram calados. Então Jesus, pegando no homem pela mão, curou-o e mandou-o embora. 5 Dirigindo-se depois a eles, disse: «Qual de vós, se o seu filho ou seu boi cair num poço, não o tirará imediatamente ainda que seja em dia de sábado?». 6 Eles não sabiam que replicar a isto.

Comentário:

O Evangelista sublinha que, Jesus estava em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição.
Nada, no Evangelho, é escrito por acaso, tem uma finalidade; aqui parece claro que S. Lucas quis sublinhar que não eram só os pobres e desamparados que andavam com o Senhor, Jesus não recusava o convívio com os ricos e importantes e, por outro lado, como este fariseu, todos procuravam a Sua companhia.
Por curiosidade?
Talvez… mas no coração dos homens – todos – há um secreto desejo de estar próximo do Senhor, de O ouvir directamente pronunciar as Suas palavras de vida eterna, de olhar os Seus olhos límpidos e puros, de observar o Seu comportamento atencioso e amável para com todos.
O facto é, que, Jesus, atrai TODOS a Si como íman poderoso e irresistível.

(ama, comentário sobre Lc 14, 1-6, Junho de 2009)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo

87             

pergunta:

Monsenhor, é cada vez maior a presença da mulher na vida social, para além do âmbito familiar, em que se tinha movido quase exclusivamente até agora. Que lhe parece esta evolução?
E quais são, em seu entender, as características gerais que a mulher tem de alcançar para cumprir a missão que lhe está confiada?

resposta:

Em primeiro lugar, parece-me oportuno não contrapor esses dois âmbitos que acaba de mencionar.
Como na vida do homem, mas com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher.
É evidente que a dedicação às tarefas familiares representa uma grande função humana e cristã.
Contudo, isto não exclui a possibilidade de se ocupar em outros trabalhos profissionais - o do lar também o é -, em qualquer dos ofícios e EMPREGOS honestos que há na sociedade em que se vive.
Compreende-se bem o que se quer dizer ao pôr assim o problema, mas penso que insistir na contraposição sistemática - mudando só o tom - levaria facilmente, do ponto de vista social, a um erro maior do que aquele que se pretende corrigir, porque seria mais grave que a mulher abandonasse o TRABALHO com os seus.

Também no plano pessoal se não pode afirmar unilateralmente que a mulher deva alcançar a perfeição apenas fora do lar, como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade da sua personalidade.
O lar - qualquer que seja, porque também a mulher solteira deve ter um lar - é um âmbito particularmente propício para o desenvolvimento da personalidade.
A atenção prestada à família constituirá sempre para a mulher a sua maior dignidade; no cuidado com o marido e com os filhos, ou, para falar em termos mais gerais, no trabalho para criar à sua volta um ambiente acolhedor e formativo, a mulher realiza o mais insubstituível da sua missão e, consequentemente, pode atingir aí a sua perfeição pessoal.

Como acabo de dizer, isso não se opõe à participação em outros aspectos da vida social e até da política.
Também nesses sectores a mulher pode dar uma valiosa contribuição, como pessoa, e sempre com as peculiaridades da sua condição feminina.
Fá-lo-á na medida em que estiver humana e profissionalmente preparada. Não há dúvida que tanto a família como a sociedade necessitam dessa contribuição especial, que não é de modo algum secundária.

Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher, não devem significar uma pretensão de igualdade - de uniformidade - com o homem, uma imitação do modo de agir varonil.
Isso não seria uma aquisição, seria uma perda para a mulher, não porque ela seja mais ou menos que o homem, mas porque é diferente.
Num plano essencial - que deve ser objecto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico - pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exactamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus.
Mas, a partir desta igualdade fundamental, cada um deve alcançar o que lhe é próprio, e, neste plano, emancipação é o mesmo que possibilidade real de desenvolver plenamente as próprias virtualidades: as que tem na sua singularidade e as que tem como mulher.
A igualdade em face do direito, a igualdade de oportunidades perante a lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza para todos.

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade...
A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que - em geral - a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais.
Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for.
A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas.
Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina.
Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo.

88             

pergunta:

Em algumas ocasiões, porém, a mulher não está segura de se encontrar realmente no lugar que lhe corresponde e a que é chamada. Muitas vezes, quando realiza um trabalho fora de casa, pesam sobre ela as solicitações do lar, e, quando permanece completamente dedicada à família, sente as suas possibilidades limitadas. Que diria às mulheres que sentem essas contradições?

resposta:

Esse sentimento, que é muito real, procede com frequência, mais do que das limitações efectivas - que todos temos, porque somos humanos -, da falta de ideias bem determinadas, capazes de orientar a vida inteira, ou também de uma soberba inconsciente.
Às vezes, desejaríamos ser os melhores em qualquer aspecto e em qualquer nível.
Como isso não é possível, origina-se um estado de desorientação e de ansiedade, ou, inclusivamente, de desânimo e de tédio.
Não se pode estar em toda a parte ao mesmo tempo, não se sabe a que se há-de atender e não se atende eficazmente a coisa nenhuma. Nesta situação, a alma fica exposta à inveja e é natural que a imaginação se solte e procure um refúgio na fantasia, que afastando-nos da realidade, acaba por adormecer a vontade.
É a isso que tenho chamado repetidas vezes mística ojalatera - mística do oxalá - feita de sonhos vãos e de idealismos falsos: oxalá não me tivesse casado, oxalá não tivesse esta profissão, oxalá tivesse mais saúde, ou menos anos ou mais tempo!

O remédio - custoso, como é tudo o que tem valor - está em procurar o verdadeiro centro da vida humana, o que pode dar uma hierarquia, uma ordem e um sentido a tudo: a intimidade com Deus, mediante uma vida interior autêntica.
Se, vivendo em Cristo, tivermos n'Ele o nosso centro, descobriremos o sentido da missão que se nos confiou, teremos um ideal humano que se torna divino, novos horizontes de esperança se abrirão à nossa vida e chegaremos a sacrificar com gosto, já não este ou aquele aspecto da nossa actividade, mas a vida inteira, dando-lhe assim, paradoxalmente, a sua mais profunda realização.

O problema que levanta acerca da mulher não é extraordinário. Com outras particularidades, muitos homens experimentam algumas vezes algo de semelhante.
A raiz costuma ser a mesma: falta de um ideal profundo, que só à luz de Deus se descobre.

Em todo o caso, é necessário também pôr em prática pequenos remédios, que parecem banais, mas que não o são: quando há muitas coisas a fazer, é preciso estabelecer uma ardem, é necessário organizar-se.
Muitas dificuldades provêm da falta de ordem, da carência deste hábito.
Há mulheres que fazem mil e uma coisas e todas bem, porque se organizam, porque, com fortaleza de ânimo, submetem a uma ordem as suas múltiplas tarefas.
Souberam estar em cada momento no que deviam fazer, sem se perturbarem pensando no que viria depois ou no que talvez pudessem ter feito antes.
A outras, pelo contrário, domina-as o muito que têm a fazer, e, assim dominadas, não fazem nada.

Sem dúvida que haverá sempre muitas mulheres que não tenham outra ocupação além de dirigir o seu lar.
Digo-vos que esta é uma grande ocupação, que vale a pena. Através desta profissão - porque o é, verdadeira e nobre - influem positivamente, não só na família, como também em muitos amigos e conhecidos, em pessoas com as quais de um modo ou de outro se relacionam, realizando uma tarefa às vezes muito mais extensa que a de outros profissionais.
E, se põem essa experiência e essa ciência ao serviço de centenas de pessoas, em centros destinados à formação da mulher, como os que dirigem em todos os países do Mundo as minhas filhas do Opus Dei, então convertem-se em professoras do lar, com mais eficácia educativa, diria eu, que muitos catedráticos da Universidade.

Entrevista realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de 1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.

(cont)