Nas Catacumbas de São Calisto se
encontra o testemunho mais antigo do uso da palavra "papa" referida
ao Bispo de Roma
Quando se visitam as Catacumbas de São
Calisto, o guia turístico informa que lá se encontra o primeiro testemunho
arqueológico do uso da palavra "papa", que seria o pitoresco acrónimo
da frase "do apóstolo Pedro tomou o poder" ("Petri Apostoli
Potestatem Accipiens").
Certamente, esta interpretação está
longe de ser correta, assim como a interpretação do jogo de palavras
"Pater Patrum" ("padre dos padres"), que seria uma
descrição e releitura posterior do ofício papal.
Do ponto de vista
histórico-etimológico, o termo "papa", no entanto, não é um acrónimo,
mas uma palavra de origem grega, que significa "pai",
"papai", em sentido familiar e carinhoso. É o termo usado nos
primeiros séculos do cristianismo para dirigir-se ao clero, sobretudo aos
bispos. Foi a partir dos séculos IX-X que se tornou exclusiva do Bispo de Roma:
de "pai" em sentido específico a "pai" de Roma.
Nas Catacumbas de São Calisto está o
testemunho mais antigo em Roma do uso da palavra "papa" referida ao
Bispo de Roma. O diácono Severo declara haver recebido a ordem do bispo romano
Marcelino (296-304) de construir um nicho sepulcral familiar dentro de tais
catacumbas: “iussu pp. sui Marcellini diaconus iste Severus fecit...”
[1]. Resumindo: é a história de um termo genérico que, com
o passar do tempo, assume um significado cada vez mais específico, até tornar-se
exclusivo.
O documento "Dictatus
Papae", nascido no ambiente gregoriano durante a luta das investiduras, os
termos "sumo pontífice" e "papa" são usados como sinónimos.
Desde cerca de dez séculos antes, a palavra "papa" indicava apenas o
Bispo de Roma.
Apesar de existirem vários títulos do
papa (Sumo Pontífice, Bispo de Roma, sucessor de Pedro, Patriarca do Ocidente
(este último deixado de usar por Bento XVI), Primaz da Itália etc.), o
teologicamente mais verdadeiro e do qual derivam todos os outros é "Bispo
de Roma" e, portanto, herdeiro e sucessor de Pedro e cabeça do colégio
apostólico.
Dois textos, um da antiguidade e outro
dos nossos dias, falam da importância do título romano:
"Dado que seria demasiado longo
enumerar as sucessões de todas as Igrejas, tomaremos a máxima igreja, muito
antiga e conhecida de todos, fundada e construída em Roma pelos dois
gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo; mostraremos que a tradição que ela tem,
dos mesmos, e a fé que anunciou aos homens, chegaram até nós por sucessões de
bispos… Porque, é com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa
autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja… na
qual sempre se conservou a tradição que vem dos Apóstolos" [2].
"Na comunhão eclesial existem
legitimamente igrejas particulares com tradições próprias, sem detrimento do
primado da cátedra de Pedro, que preside à universal assembleia da caridade,
protege as legítimas diversidades e vigia para que as particularidades ajudem a
unidade e de forma alguma a prejudiquem" [3].
Pe. Giovanni Roncari, professor de
História da Igreja.
Fonte: NOVENA
Revisão da versão portuguesas por AMA
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