Jesus ora no horto: Pater mi[i] Abba,
Pater![ii] Deus é
meu Pai, ainda que me envie sofrimento. Ama-me com ternura, mesmo quando me
bate. Jesus sofre, para cumprir a Vontade do Pai... E eu, que também quero
cumprir a Santíssima Vontade de Deus, seguindo os passos do Mestre, poderei
queixar-me, se encontro por companheiro de caminho o sofrimento? Constituirá um
sinal certo da minha filiação, porque me trata como ao Seu Divino Filho. E,
então, como Ele, poderei gemer e chorar... sozinho no meu Getsemani; mas, prostrado
por terra, reconhecendo O meu nada, subirá ao Senhor um grito saído do íntimo
da minha alma: Pater mi, Abba, Pater, ... fiat! (Via Sacra, 1ª Estação,
n. 1)
Por motivos que não vem a propósito
referir – mas que são bem conhecidos de Jesus, que aqui temos a presidir no
Sacrário – a vida tem-me levado a sentir-me de um modo muito especial filho de
Deus. Tenho saboreado a alegria de me meter no coração de meu Pai, para
rectificar, para me purificar, para o servir, para compreender e desculpar a
todos, tendo como base o seu amor e a minha humilhação.
Por isso, desejo agora insistir na
necessidade de nos renovarmos, vós e eu, de despertarmos do sono da tibieza que
tão facilmente nos amodorra e de voltarmos a entender, de maneira mais profunda
e ao mesmo tempo mais imediata, a nossa condição de filhos de Deus.
O exemplo de Jesus, toda a vida de
Cristo por aquelas terras do Oriente ajuda-nos a deixarmo-nos penetrar por essa
verdade. Se admitimos o testemunho dos homens – lemos na Epístola – de maior
autoridade é o testemunho de Deus. E em que consiste o testemunho de Deus? De
novo fala S. João: Considerai o amor que nos mostrou o Pai em querer que nos
chamemos filhos de Deus, e que o sejamos... Caríssimos, agora já somos filhos
de Deus.
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