Evangelho:
Lc 7, 11-17
11 No dia seguinte
foi para uma cidade, chamada Naim. Iam com Ele os Seus discípulos e muito povo.
12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que era levado a
sepultar um defunto, filho único de uma viúva; e ia com ela muita gente da
cidade. 13 Tendo-a visto, o Senhor, movido de compaixão para com
ela, disse-lhe: «Não chores». 14 Aproximou-Se, tocou no caixão, e os
que o levavam pararam. Então disse: «Jovem, Eu te ordeno, levanta-te». 15
E o que tinha estado morto sentou-se, e começou a falar. Depois, Jesus,
entregou-o à sua mãe. 16 Todos ficaram possuídos de temor e
glorificavam a Deus, dizendo: «Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus visitou
o Seu povo». 17 Esta opinião a respeito d'Ele espalhou-se por toda a
Judeia e por toda a região circunvizinha.
Comentário:
Constantemente, o Senhor diz-nos: «Não chores»!
Tu que estás aí, esmagado pela dor
física ou moral, sem saber o que fazer ou a quem recorrer; tu que de deixas
vencer pelos infortúnios da vida, atordoado pelas dificuldades, sim tu… «Não chores»!
Eu, o teu Senhor e teu Deus, estou
aqui, pronto a socorrer-te, desejoso de te ajudar a levantares-te, a prosseguir
a tua vida!
Confia em Mim!
(ama, comentário sobre Lc 7, 11-17, V.
Moura, 2013.09.17)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
INSTRUÇÃO
SOBRE ALGUNS ASPECTOS DA
«TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO”
XI – ORIENTAÇÕES
10.
A queda, por meio da violência revolucionária, de estruturas geradoras de
injustiças não é pois ipso facto o começo da instauração de um regime justo. Um
facto marcante da nossa época deve ocupar a reflexão de todos aqueles que
desejam sinceramente a verdadeira libertação dos seus irmãos. Milhões de nossos
contemporâneos aspiram legitimamente a reencontrar as liberdades fundamentais
de que estão privados por regimes totalitários e ateus, que tomaram o poder por
caminhos revolucionários e violentos, exactamente em nome da libertação do
povo. Não se pode desconhecer esta vergonha do nosso tempo: pretendendo
proporcionar-lhes liberdade, mantêm-se nações inteiras em condições de
escravidão indignas do homem. Aqueles que, talvez por inconsciência, se tornam
cúmplices de semelhantes escravidões, traem os pobres que eles quereriam
servir.
11.
A luta de classes como caminho para uma sociedade sem classes é um mito que
impede as reformas e agrava a miséria e as injustiças. Aqueles que se deixam
fascinar por este mito deveriam reflectir sobre as experiências históricas
amargas às quais ele conduziu. Compreenderiam então que não se trata, de modo
algum, de abandonar uma via eficaz de luta em prol dos pobres em troca de um
ideal desprovido de efeito. Trata-se, pelo contrário, de libertar-se de uma
miragem para se apoiar no Evangelho e na sua força de realização.
12.
Uma das condições para uma necessária rectificação teológica é a revalorização
do magistério social da Igreja. Este magistério não é, de modo algum, fechado.
É, ao contrário, aberto a todas as novas questões que não deixam de surgir no
decorrer dos tempos. Nesta perspectiva, a contribuição dos teólogos e dos
pensadores de todas as regiões do mundo para a reflexão da Igreja é hoje
indispensável.
13.
Do mesmo modo, a experiência daqueles que trabalham directamente na
evangelização e na promoção dos pobres e dos oprimidos é necessária à reflexão
doutrinal e pastoral da Igreja. Neste sentido é preciso tomar consciência de
certos aspectos da verdade a partir da praxis, se por praxis se entende a
prática pastoral e uma prática social que conserva sua inspiração evangélica.
14.
O ensino da Igreja em matéria social proporciona as grandes orientações éticas.
Mas para que possa atingir directamente a acção, precisa de pessoas
competentes, do ponto de vista científico e técnico, bem como no domínio das
ciências humanas e da política. Os pastores estarão atentos à formação destas
pessoas competentes, profundamente impregnadas pelo Evangelho. São aqui
visados, em primeiro lugar, os leigos, cuja missão específica é a de construir
a sociedade.
15.
As teses das “teologias da libertação” estão sendo largamente difundidas, sob
uma forma ainda simplificada, nos cursos de formação ou nas comunidades de
base, que carecem de preparação catequética e teológica e de capacidade de
discernimento. São assim aceites, por homens e mulheres generosos, sem que seja
possível um juízo crítico.
16.
É por isso que os pastores devem vigiar sobre a qualidade e o conteúdo da
catequese e da formação que devem sempre apresentar a integralidade da mensagem
da salvação e os imperativos da verdadeira libertação humana, no quadro desta
mensagem integral.
17.
Nesta apresentação integral do mistério cristão, será oportuno acentuar os
aspectos essenciais que as “teologias da libertação” tendem especialmente a
desconhecer ou eliminar: transcendência e gratuidade da libertação em Jesus
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; soberania de sua graça; verdadeira
natureza dos meios de salvação, e especialmente da Igreja e dos sacramentos.
Tenham-se
presentes o verdadeiro significado da ética, para a qual a distinção entre o
bem e o mal não pode ser relativizada; o sentido autêntico do pecado; a
necessidade da conversão e a universalidade da lei do amor fraterno.
Chame-se
a atenção contra uma politização da existência, que, desconhecendo ao mesmo
tempo a especificidade do Reino de Deus e a transcendência da pessoa, acaba
sacralizando a política e abusando da religiosidade do povo em proveito de
iniciativas revolucionárias.
18.
É frequente dirigir aos defensores da «ortodoxia» a acusação de passividade, de
indulgência ou de cumplicidade culpáveis frente a situações intoleráveis de
injustiça e de regimes políticos que mantêm estas situações. A conversão
espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e
pela paz, o sentido evangélico dos pobres e da pobreza, são exigidos a todos,
especialmente aos pastores e aos responsáveis.
A
preocupação pela pureza da fé não subsiste sem a preocupação de dar a resposta
de um testemunho eficaz de serviço ao próximo e, em especial, ao pobre e ao
oprimido, através de uma vida teologal integral. Pelo testemunho de sua
capacidade de amar, dinâmica e construtiva, os cristãos lançarão, sem dúvida,
as bases desta «civilização do amor» de que falou, depois de Paulo VI, a
Conferência de Puebla. [34] De resto, são numerosos os sacerdotes, religiosos
ou leigos, que se consagram de um modo verdadeiramente evangélico à criação de
uma sociedade justa.
CONCLUSÃO
As
palavras de Paulo VI, na Profissão de fé do povo de Deus, exprimem, com
meridiana clareza, a fé da Igreja, da qual ninguém pode afastar-se sem
provocar, juntamente com a ruína espiritual, novas misérias e novas
escravidões.
«Nós
professamos que o Reino de Deus iniciado aqui na terra, na Igreja de Cristo,
não é deste mundo, cuja figura passa, e que o seu crescimento próprio não se
pode confundir com o progresso da civilização, da ciência ou da técnica
humanas, mas consiste em conhecer cada vez mais profundamente as insondáveis
riquezas de Cristo, em esperar cada vez mais corajosamente os bens eternos, em
responder cada vez mais ardentemente ao amor de Deus e em difundir cada vez
mais amplamente a graça e a santidade entre os homens.
Mas
é este mesmo amor que leva a Igreja a preocupar-se constantemente com o bem
temporal dos homens. Não cessando de lembrar aos seus filhos que eles não têm
aqui na terra uma morada permanente, anima-os também a contribuir, cada qual
segundo a sua vocação e os meios de que dispõem, para o bem de sua cidade
terrestre, a promover a justiça, a paz e a fraternidade entre os homens, a prodigalizar-se
na ajuda aos irmãos, sobretudo aos mais pobres e mais infelizes.
A
intensa solicitude da Igreja, esposa de Cristo, pelas necessidades dos homens, as
suas alegrias e esperanças, os seus sofrimentos e os seus esforços, não é mais
que o seu grande desejo de estar presente para os iluminar com a luz de Cristo
e reuni-los todos nele, seu único Salvador.
Esta
solicitude não pode, em hipótese alguma, comportar que a própria Igreja se
conforme às coisas deste mundo, nem que diminua o ardor da espera pelo seu
Senhor e pelo Reino eterno ». [35]
O
Sumo-Pontífice João Paulo 11, no decorrer de uma Audiência concedida ao Cardeal
Prefeito que subscreve este documento, aprovou a presente Instrução, deliberada
em reunião ordinária da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, e ordenou
que a mesma fosse publicada.
Roma,
Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de Agosto de 1984, na
Festa da Transfiguração do Senhor.
Joseph
Card. Ratzinger
Prefeito
SB
Alberto Bovone
Arcebispo
tit. de Cesárea de Numidia
Secretário
(revisão
da versão portuguesa por ama)
______________________________________________
Notas:
[34]
Cf. Doc. de Puebla, IV, 2, n. 2. 4.
[35]
Paulo PP. VI, Profissão de Fé do Povo de Deus, 30 de Junho de 1968: AAS 60,
1968, pp. 443-444.
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