São Tiago – Apóstolo
Evangelho:
Mt 20, 20-28
20 Então, aproximou-se d'Ele a mãe dos filhos de
Zebedeu com seus filhos, prostrando-se, para Lhe fazer um pedido. 21
Ele disse-lhe: «Que queres?». Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos
se sentem no Teu reino, um à Tua direita e outro à Tua esquerda». 22
Jesus disse: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu hei-de
beber?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». 23 Disse-lhes:
«Efectivamente haveis de beber o Meu cálice, mas, quanto a sentar-se à Minha
direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo; será para aqueles
para quem está reservado por Meu Pai». 24 Os outros dez, ouvindo
isto, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os e
disse-lhes: «Vós sabeis que os príncipes das nações as subjugam e que os
grandes as governam com autoridade. 26 Não seja assim entre vós, mas
todo aquele que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo, 27 e
quem quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso escravo. 28 Assim
como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua
vida para resgate de todos».
Comentário:
O que uma mãe não faz pelos seus filhos!
Sem receio de pedir o impossível, medo,
até, do ridículo da petição, a mãe pede, solicita, implora o que pensa pode
contribuir para o bem, a felicidade do filho.
Imaginemos como a nossa Mãe do Céu que, conhecendo as nossas fragilidades e carências, não há-de interceder por nós junto do seu Filho.
E, Ele, não resiste aos apelos da Sua a Mãe Santíssima e, não por nosso mérito, que não temos, mas pela sua intercessão, dar-nos-á o que possamos precisar.
(ama, comentário sobre Mt 20,
20-28, 2013.07.25)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA
FÉ
INSTRUÇÃO SOBRE O RESPEITO
À VIDA HUMANA NASCENTE
E A DIGNIDADE DA PROCRIAÇÃO
RESPOSTA A ALGUMAS QUESTÕES ACTUAIS
PREÂMBULO
A Congregação para a
Doutrina da Fé foi interpelada por diversas Conferências episcopais e,
individualmente, por bispos, teólogos, médicos e cientistas, acerca da
conformidade com os princípios da moral católica das técnicas biomédicas que
consentem intervir na fase inicial da vida do ser humano e nos próprios
processos da procriação. Fruto de ampla consulta e, em particular, de uma
atenta avaliação das declarações de episcopados, a presente Instrução não
pretende propor novamente todo o ensinamento da Igreja acerca da dignidade da
vida humana nascente e da procriação. É seu desejo oferecer, à luz da
precedente doutrina do Magistério, respostas específicas às principais
interrogações que se levantam a esse respeito.
A exposição está
organizada do seguinte modo: uma introdução recordará os princípios
fundamentais de caráter antropológico e moral necessários para uma adequada
avaliação dos problemas e para a elaboração das respostas a tais questões; a
primeira parte terá como tema o respeito pelo ser humano a partir do primeiro
momento da sua existência; a segunda parte abordará as questões morais
suscitadas pelas intervenções da técnica na procriação humana; na terceira
parte serão oferecidas algumas orientações quanto às relações que sobrevêm
entre lei moral e lei civil, a propósito do respeito devido aos embriões e
fetos humanos, 1* com relação à legitimidade das técnicas de
procriação artificial.
INTRODUÇÃO
1.
PESQUISA BIOMÉDICA E ENSINAMENTO DA IGREJA
O dom da vida que Deus Criador
e Pai confiou ao homem, exige que este tome consciência do seu valor
inestimável e assuma a responsabilidade do mesmo: este princípio fundamental
deve ser posto no centro da reflexão, a fim de esclarecer e resolver os
problemas morais suscitados pelas intervenções artificiais na vida nascente e
nos processos da procriação.
Graças ao progresso das
ciências biológicas e médicas, o homem pode dispor de recursos terapêuticos
sempre mais eficazes, mas pode adquirir também novos poderes sobre a vida humana
em seu próprio início e nos seus primeiros estágios, com consequências imprevisíveis.
Hoje, diversas técnicas permitem uma intervenção não apenas para assistir mas
também para dominar os processos da procriação. Tais técnicas podem consentir
ao homem «tomar nas mãos o próprio destino», mas expõem-no também «à tentação
de ultrapassar os limites de um domínio razoável sobre a natureza». 1
Por mais que possam constituir um progresso a serviço do homem, elas comportam
também graves riscos. Desta forma, um urgente apelo é expresso por parte de
muitos, a fim de que, nas intervenções sobre a procriação, sejam salvaguardados
os valores e os direitos da pessoa humana. Os pedidos de esclarecimento e de
orientação provêm não apenas dos fiéis, mas também da parte de todos aqueles
que, de algum modo, reconhecem que a Igreja, «perita em humanidade», 2
tem uma missão a serviço da «civilização do amor» 3 e da vida.
Não é em nome de uma
particular competência no campo das ciências experimentais que o Magistério da
Igreja intervém. Após ter levado em consideração os dados da pesquisa e da
técnica, em virtude da própria missão evangélica e do seu dever apostólico, ele
pretende propor a doutrina moral correspondente à dignidade da pessoa e à sua
vocação integral, expondo os critérios de juízo moral sobre as aplicações da
pesquisa científica e da técnica, particularmente naquilo que diz respeito à
vida humana e aos seus inícios. Tais critérios são o respeito, a defesa e a
promoção do homem, o seu «direito primário e fundamenta » à vida, 4
a sua dignidade de pessoa, dotada de uma alma espiritual, de responsabilidade
moral 5 e chamada à comunhão beatífica com Deus.
Também neste campo, a
intervenção da Igreja se inspira no amor que ela deve ao homem, ajudando-o a
reconhecer e respeitar os seus direitos e os seus deveres. Tal amor alimenta-se
nas fontes da caridade de Cristo: contemplando o mistério do Verbo Encarnado, a
Igreja conhece também o «mistério do homem»; 6 anunciando o Evangelho
da salvação, revela ao homem a sua dignidade e convida-o a descobrir plenamente
a sua verdade. Assim, a Igreja repropõe a lei divina, realizando uma obra de
verdade e de libertação.
Com efeito, é por bondade
— para indicar o caminho da vida — que Deus dá ao homem os seus mandamentos e a
graça de observá-los; como é também por bondade — para ajudá-los a perseverar
no mesmo caminho — que Deus sempre oferece a todos os homens o seu perdão.
Cristo tem compaixão de nossas fraquezas: Ele é nosso Criador e nosso Redentor.
Que o seu Espírito abra os ânimos ao dom da paz de Deus e à compreensão dos
seus preceitos.
2.
CIÊNCIA E TÉCNICA A SERVIÇO DA PESSOA HUMANA
Deus criou o homem à sua
imagem e semelhança: «homem e mulher ele os criou» (Gn 1, 27), confiando-lhes a
missão de «dominar a terra» (Gn 1, 28). Tanto a pesquisa científica de base
como a aplicada constituem uma significativa expressão deste senhorio do homem
sobre a criação. A ciência e a técnica, preciosos recursos do homem quando são
postos a seu serviço e promovem o seu desenvolvimento integral em benefício de
todos, não podem indicar sozinhos o sentido da existência e do progresso
humano. Sendo ordenadas ao homem, de quem recebem origem e incremento, é na
pessoa e em seus valores morais que vão buscar a indicação da sua finalidade e
a consciência dos seus limites.
Seria, portanto, ilusório
reivindicar a neutralidade moral da pesquisa científica e das suas aplicações;
por outro lado, não se pode deduzir os critérios de orientação somente da
eficiência técnica, da utilidade que podem trazer a alguns em prejuízo de
outros ou, pior ainda, das ideologias dominantes. A ciência e a técnica,
portanto, por seu próprio significado intrínseco, exigem o respeito
incondicionado aos critérios fundamentais da moralidade: isto é, devem estar a
serviço da pessoa humana, dos seus direitos inalienáveis e do seu bem verdadeiro
e integral, segundo o plano e a vontade de Deus. 7
O rápido desenvolvimento
das descobertas tecnológicas torna mais urgente esta exigência de respeito aos
critérios mencionados: sem a consciência, a ciência só pode conduzir à ruína do
homem. «A nossa época, mais do que nos séculos passados, precisa desta
sabedoria para que todas as novidades descobertas pelo homem se tornem mais
humanas. Realmente estará em perigo a sorte futura do mundo se não surgirem
homens mais sábios» 8
3.
ANTROPOLOGIA E INTERVENÇÕES NO CAMPO BIO-MÉDICO
Quais critérios morais
devem ser aplicados para esclarecer os problemas hoje suscitados no âmbito da
biomédica? A resposta a esta pergunta supõe uma adequada concepção da natureza
da pessoa humana na sua dimensão corpórea.
Com efeito, somente
seguindo a sua verdadeira natureza é que a pessoa humana pode realizar-se como
«totalidade unificada»: 9 ora, esta natureza é simultaneamente
corporal e espiritual. Por força da sua união substancial com uma alma
espiritual, o corpo humano não pode ser considerado apenas como um conjunto de
tecidos, órgãos e funções, nem pode ser avaliado com o mesmo critério do corpo
dos animais. Ele é parte constitutiva da pessoa que através dele se manifesta e
se exprime.
A lei moral natural
exprime e prescreve as finalidades, os direitos e os deveres que se fundamentam
na natureza corporal e espiritual da pessoa humana. Portanto, ela não pode ser
concebida como uma normatividade simplesmente biológica, mas deve ser definida
como a ordem racional segundo a qual o homem é chamado pelo Criador a dirigir e
regular a sua vida e os seus atos e, em particular, a usar do próprio corpo e a
dele dispor. 10
De tais princípios,
pode-se tirar uma primeira consequência: uma intervenção no corpo humano não
atinge apenas tecidos, órgãos e suas funções, mas envolve também, em diversos
níveis, a própria pessoa; ela comporta, pois, um significado e uma
responsabilidade morais, de modo implícito talvez, porém real. João Paulo II
reafirmava-o, com vigor, à Associação médica mundial: «Toda a pessoa humana, na
sua singularidade irrepetível, não é constituída apenas pelo espírito mas
também pelo corpo; assim, no corpo e através do corpo atinge-se a pessoa mesma,
na sua realidade concreta. Respeitar a dignidade do homem comporta, por
conseguinte, salvaguardar esta identidade do homem corpore et anima unus, como
afirmava o Concílio Vaticano II (Const. Gaudium et Spes, n. 14, 1). É sobre a
base desta visão antropológica que devem ser encontrados os critérios
fundamentais para as decisões a tomar, quando se trata de intervenções não
estritamente terapêuticas, por exemplo, aquelas que visam a melhoria da
condição biológica humana». 11
A biologia e a medicina,
em suas aplicações, concorrem para o bem integral da vida humana quando vêm em
auxílio da pessoa atingido pela doença e enfermidade, no respeito à sua
dignidade de criatura do Deus. Nenhum biólogo ou médico pode razoavelmente
pretender, por força da sua competência científica, decidir sobre a origem e o
destino dos homens. Esta doutrina deve ser aplicada, de modo particular, no
âmbito da sexualidade e da procriação, no qual o homem e a mulher atuam os
valores fundamentais do amor e da vida.
Deus, que é amor e vida, inscreveu
no homem e na mulher a vocação a uma participação especial no seu mistério de
comunhão pessoa e na sua obra de Criador e Pai. 12 Por isso o
matrimónio possui bens e valores específicos de união e de procriação que não
se podem compara com os que existem nas formas inferiores de vida. Tais valores
e significados de ordem pessoal determinam, do ponto de vista moral, o sentido
e os limites das intervenções artificiais na procriação e na origem da vida
humana. Estas intervenções não devem ser recusadas pelo fato de serem
artificiais. Como tais, elas demonstram as possibilidades da arte médica. Sob o
aspecto moral, porém, devem ser avaliadas com referência à dignidade da pessoa
humana, chamada a realizar a vocação divina ao dom do amor e ao dom da vida.
(cont.)
_________________________________________
Notas:
1*
Os termos «zigoto», «pre-embrião», «embrião» e « eto» podem indicar, na
terminologia da biologia, estágios sucessivos do desenvolvimento de um ser
humano. A presente Instrução usa livremente estes termos, atribuindo-lhes uma
idêntica relevância ética, para indicar o fruto, visível ou não, da geração
humana, desde o primeiro momento da sua existência até o nascimento. A razão de
tal uso será esclarecida no texto (cf. I, 1).
1
João Paulo II, Discurso aos participantes do 81. Congresso da Sociedade
Italiana de Medicina Interna e do 82. Congresso da Sociedade Italiana de
Cirurgia Geral, 27 de outubro de 1980: AAS 72 (1980) 1126.
2
Paulo VI, Discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, 4 de outubro de 1965:
AAS 57 (1965) 878; Encicl. Populorum Progressio, 13: AAS 59 (1967) 263.
3
Paulo VI, Homilia durante a Missa de encerramento do Ano Santo, 25 de dezembro
de 1975: AAS 68 (1976) 145; João Paulo II, Encicl. Dives in Misericordia, 30:
AAS 72 (1980) 1224.
4
João Paulo II, Discurso aos participantes da 35ª Assembleia Geral da Associação
Médica Mundial, 29 de outubro de 1983: AAS 76 (1984) 390.
5
Cf. Declar. Dignitatis Humanae, 2.
6
Const. past. Gaudium et Spes, 22; João Paulo II, Encicl. Redemptor Hominis, 8:
AAS 71 (1979) 270-272.
7
Cf. Const. past. Gaudium et Spes, 35.
8
Const. past. Gaudium et Spes, 15; cf. também Paulo VI, Encicl. Populorum
Progressio, 20: AAS 59 (1967) 267; João Paulo II, Encicl. Redemptor Hominis,
15: AAS 71 (1979) 286-289; Exort. Apost. Familiaris Consortio, 8: AAS 74 (1982)
89.
9 João Paulo II, Exort. Apost. Familiaris
Consortio, 11: AAS 74 (1982) 92.
10
Cf. Paulo VI, Encicl. Humanae Vitae, 10: AAS 60 (1968) 487-488.
11
João Paulo II, Discurso aos participantes da 35ª Assembleia Geral da Associação
Médica Mundial, 29 de outubro de 1983: AAS 76 (1984) 393.
12
Cf. João Paulo II, Exort. Apost. Familiaris Consortio, 11: AAS 74 (1982) 91-92
cf. também Const. Past. Gaudium et Spes, 50.
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