Nota Histórica
Filho do rei da Polónia, nasceu no ano 1458. Praticou
de modo excelente as virtudes cristãs, especialmente a castidade e a bondade
para com os pobres. Teve um grande zelo pela promoção da fé e uma singular
devoção à Sagrada Eucaristia e a Nossa Senhora. Morreu vítima de tuberculose em
1484.
Dispõe dos seus tesouros segundo os preceitos do
Altíssimo
Uma caridade quase inacreditável, não fingida mas
sincera, inflamava o coração de Casimiro no amor de Deus pela acção do Espírito
divino; e de tal modo transbordava espontaneamente no amor do próximo, que nada
era para ele alegria maior, nada lhe era mais agradável, do que dar o que lhe
pertencia e dar-se a si próprio aos pobres de Cristo, aos peregrinos, aos
doentes, aos prisioneiros e aos atribulados.
Para as viúvas, os órfãos e os oprimidos, não era
apenas tutor e defensor: era pai, filho e irmão.
E seria necessário escrever uma longa história, se
quiséssemos referir cada uma das grandes obras com que demonstrou o seu amor
para com Deus e para com os homens.
Dificilmente se pode descrever ou imaginar o seu amor
pela justiça, a sua temperança, a sua prudência, a sua constância e fortaleza
de ânimo, precisamente naquela idade mais inconsiderada em que os homens
costumam ser mais impetuosos e inclinados para o mal.
Todos os dias persuadia o pai a governar com justiça o
reino e os povos que lhe estavam submetidos. E se às vezes acontecia, ou por
inércia ou pela fraqueza humana, que alguma coisa vinha negligenciada no
governo, nunca deixava de repreender o rei com delicadeza.
Abraçava e defendia como suas as causas dos pobres e
dos infelizes, e por isso o povo lhe chamava defensor dos pobres. E, apesar de
ser filho do rei e de nobre ascendência, nunca se mostrava orgulhoso a tratar
ou conversar com qualquer pessoa, por mais humilde que fosse de condição.
Preferiu sempre ser contado entre os humildes e pobres
de espírito, dos quais é o reino dos Céus, a ser considerado entre os ilustres
e poderosos deste século. Nunca ambicionou o poder; e quando o pai lho ofereceu
não o quis aceitar, temendo que o seu ânimo fosse ferido pelo aguilhão das
riquezas, a que Nosso Senhor Jesus Cristo chamou espinhos, ou pudesse ser
manchado pelo contágio das coisas terrenas.
Todos os da sua casa, os seus camareiros e secretários,
dos quais alguns ainda vivem, homens insignes e bons que o conheciam profundamente,
asseguram e testemunham que ele viveu em virgindade até ao fim dos seus dias.
(Da
Vida de São Casimiro, escrita por um autor quase contemporâneo, Cap. 2-3. Acta
Sanctorum Martii, 1, 347-348)
(SNL)
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