Precisamente por isso,
percebo muito bem aquelas palavras do Bispo de Hipona (Santo Agostinho), que
soam como um cântico maravilhoso à liberdade: Deus, que te criou sem ti, não te
salvará sem ti, porque cada um de nós, tu, eu, temos sempre a possibilidade – a
triste desventura – de nos levantarmos contra Deus, de rejeitá-lo – talvez só
com a nossa conduta – ou de exclamar: não queremos que reine sobre nós. (...)
Queres pensar – pela minha
parte também farei o meu exame – se manténs imutável e firme a tua escolha da
Vida? Se, ao ouvires essa voz de Deus, amabilíssima, que te estimula à
santidade, respondes livremente que sim? Dirijamos o olhar para o nosso Jesus,
quando falava às multidões pelas cidades e campos da Palestina. Não pretende
impor-se. Se queres ser perfeito..., diz ao jovem rico. Aquele rapaz rejeitou o
convite e o Evangelho conta que abiit tristis , que se retirou entristecido.
Por isso, alguma vez lhe chamei a ave triste: perdeu a alegria, porque se negou
a entregar a liberdade a Deus. (Amigos de Deus, 23–24)
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