Art. 8 — Se a esperança
coadjuva, ou antes, impede a nossa actividade.
O
oitavo discute-se assim. — Parece que a esperança não coadjuva, mas antes
impede a nossa actividade.
2.
Demais — A tristeza nos impede a actividade, como já se disse 1.
Ora, a esperança às vezes causa a tristeza, conforme a Escritura (Pr 13, 12): A
esperança que se retarda aflige a alma. Logo, ela impede a nossa actividade.
3.
Demais — O desespero contraria a esperança, como já foi dito 2. Ora,
aquele, sobretudo na guerra, coadjuva a actividade, pois, diz a Escritura (2 Rs
2, 26), que é coisa perigosa a desesperação. Logo, a esperança produz um efeito
contrário, impedindo-nos a actividade.
Mas,
em contrário, diz a Escritura (1 Cor 9, 10): o que lavra deve lavrar com
esperança de perceber os frutos. E o mesmo se dá em todos os demais casos.
A esperança, em si mesma, pode coadjuvar a nossa actividade, tornando-a mais
intensa. — Primeiro, em razão do seu objecto, o bem árduo possível. Pois, a consideração
do árduo excita a atenção, e por outro lado, a consideração do possível não
retarda o esforço. Donde se conclui que o homem age intensamente levado da
esperança. — Segundo, em razão do seu efeito. Pois, a esperança, como já
dissemos 3, causa o prazer, que nos coadjuva a actividade, conforme
também já dissemos 4, e por isso mesmo a coadjuva.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A esperança respeita o bem que devemos
alcançar, ao passo que a segurança, o mal que devemos evitar. Por onde, esta
mais se opõe ao temor do que se relaciona com a esperança. — E contudo a
segurança não causa a negligência, senão enquanto diminui o exame do que é
árduo, o que também faz diminuir a esperança. Pois, o que o homem alcança sem
temer nenhum impedimento quase não é reputado por árduo.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — A esperança por si causa o prazer, mas, por acidente, causa a
tristeza, como já dissemos 5.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — O desespero, na guerra, torna-se perigoso, por causa de uma certa
esperança conjunta. Pois, os desesperados da fuga enfraquecem-se fugindo, mas
esperam vingar a morte própria. E por isso pugnam mais valentemente, fundados
nessa esperança, donde vem o tornarem-se perigosos aos inimigos.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 37, a. 3.
2. q. 40, a. 4.
3. Q. 32, a. 3.
4. Q. 33, a. 4.
5. Q. 32, a. 3, ad 2.
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