Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 13, 31-35; 14, 1-14
31 No mesmo dia alguns dos fariseus
foram dizer-Lhe: «Sai e vai-Te daqui porque Herodes quer matar-Te». 32
Ele respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Eis que Eu expulso os demónios e
faço curas hoje e amanhã, e ao terceiro dia atinjo o Meu termo. 33
Importa, contudo, que Eu caminhe ainda hoje, amanhã e no dia seguinte; porque
não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. 34 «Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas
vezes quis juntar os teus filhos como a galinha recolhe os seus pintainhos
debaixo das asas, e tu não quiseste! 35 Eis que a vossa casa vos
será deixada deserta. Digo-vos que não Me vereis, até que venha o dia em que
digais: “Bendito O que vem em nome do Senhor”».
14 1 Entrando Jesus, um
sábado, em casa de um dos principais fariseus, para comer, eles estavam a
observá-l'O. 2 Encontrava-se diante d'Ele um homem hidrópico.3
Jesus, dirigindo a palavra aos doutores da lei e aos fariseus, disse-lhes: «É
lícito ou não fazer curas ao sábado?».4 Eles ficaram calados. Então
Jesus, pegando no homem pela mão, curou-o e mandou-o embora. 5
Dirigindo-se depois a eles, disse: «Qual de vós, se o seu filho ou seu boi cair
num poço, não o tirará imediatamente ainda que seja em dia de sábado?». 6
Eles não sabiam que replicar a isto. 7 Disse também uma parábola,
observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares à mesa: 8
«Quando fores convidado para um banquete nupcial, não te coloques no primeiro
lugar, porque pode ser que outra pessoa de mais consideração do que tu tenha
sido convidada pelo dono da casa,9 e que venha quem te convidou a ti
e a ele e te diga: Cede o lugar a este; e tu, envergonhado, vás ocupar o último
lugar. 10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar,
para que, quando vier quem te convidou, te diga: Amigo, vem mais para cima.
Então terás com isto glória na presença de todos os convidados;11
porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será
exaltado». 12 Dizia mais àquele que O tinha convidado: «Quando deres
um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os
teus parentes, nem os vizinhos ricos; para que não aconteça que também eles te
convidem e te paguem com isso. 13 Mas, quando deres algum banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; 14 e serás
bem-aventurado, porque esses não têm com que retribuir-te; mas ser-te-á isso
retribuído na ressurreição dos justos».
CARTA ENCÍCLICA DO SUMO PONTÍFICE LEÃO XIII
SOBRE A LIBERDADE HUMANA
…/3
Liberalismo do Estado.
22. Outros são um pouco mais moderados, mas sem serem mais consequentes consigo mesmos. Segundo estes, as leis divinas devem regular a vida e o modo de proceder dos particulares, mas não o dos Estados; é permitido, nas coisas públicas, desviar-se das ordens de Deus e legislar sem as ter em conta alguma. Donde nasce esta perniciosa consequência da separação da Igreja e do Estado. Mas o absurdo destas opiniões facilmente se compreende. É necessário, a própria natureza o proclama, é necessário que a sociedade dê aos cidadãos os meios e as facilidades de passarem a sua vida segundo a honestidade, isto é, segundo as leis de Deus, pois que Deus é o princípio de toda a honestidade e de toda a justiça. Repugnaria, pois, absolutamente, que o Estado pudesse desinteressar-se destas mesmas leis ou mesmo ir contra elas, fosse no que fosse.
23. Demais, aqueles que governam os povos devem certamente procurar à causa pública, pela sabedoria das suas leis, não somente as vantagens e os bens exteriores, mas também e principalmente, os bens da alma. Ora, para conseguir estes bens, nada mais eficaz pode imaginar-se do que essas leis de que Deus é o autor; e, por isso, aqueles que não querem, no governo dos Estados, ter em conta alguma as leis divinas, desviam realmente o poder político da sua instituição, e da ordem prescrita pela natureza.
Mas há uma observação ainda mais importante e que Nós mesmos temos recordado mais de uma vez em outras ocasiões: e é que o poder civil e o poder sagrado, conquanto não tenham o mesmo fim e não marchem pelos mesmos caminhos, devem contudo encontrar-se por vezes, no desempenho das suas funções. Ambos, com efeito, exercem a sua autoridade sobre os mesmos súbditos e, mais de uma vez, sobre as mesmas matérias, embora sob pontos de vista diferentes. O conflito, nesta ocorrência, seria absurdo e repugnaria inteiramente à infinita sabedoria dos conselhos divinos. Deve, portanto, necessariamente haver um meio, um processo para fazer desaparecer as causas de conflitos e lutas, e estabelecer o acordo na prática. E este acordo, não sem razão, foi comparado à união que existe entre a alma e o corpo, e isto para maior vantagem de ambos, pois a separação é particularmente funesta ao corpo, porque o priva da vida.
C) CONSEQUÊNCIAS DO LIBERALISMO.
Liberdade de culto nos particulares.
24. Mas, para evidenciar melhor estas verdades, é mister consideremos separadamente as diversas espécies de liberdades que se dão como conquistas da nossa época. E primeiramente, a propósito dos indivíduos, examinemos esta liberdade tão contrária à virtude da religião, a liberdade de culto, como lhe chamam, liberdade que se baseia no princípio de que é lícito a cada qual professar a religião que mais lhe agrade, ou mesmo não professar nenhuma. Mas, precisamente ao contrário, sem dúvida alguma, entre todos os deveres do homem, o maior e o mais santo é aquele que ordena ao homem que renda a Deus um culto de piedade e de religião. E este dever não é senão uma consequência do facto de nós existirmos pela vontade e providencia de Deus, e de que, saídos dele, devemos voltar a Ele.
25. Deve acrescentar-se que nenhuma virtude digna deste nome pode existir sem a religião, pois a virtude moral é aquela cujos actos têm por objeto tudo o que conduz a Deus considerado como supremo e soberano bem do homem; e por isso é que a religião, que pratica os actos tendo por fim direto e imediato a honra divina? (S. Th. 2-2, q. 81, a 6), é a rainha e ao mesmo tempo a regra de todas as virtudes. E se se pergunta qual, entre todas essas religiões opostas que têm curso, se deve seguir com exclusão das outras, a razão e a natureza unem-se para nos responder: a que Deus prescreveu e que é fácil de distinguir, graças a certos sinais exteriores pelos quais a divina Providência a quis tornar reconhecível, pois que em coisa de tanta importância o erro acarretaria consequências muito desastrosas. É por isso que oferecer ao homem a liberdade de que falamos, é dar-lhe o poder de desvirtuar ou abandonar impunemente o mais santo dos deveres, afastando-se do bem imutável, a fim de se voltar para o mal. Isto, já o dissemos, não é liberdade, mas uma depravação da liberdade, e uma escravidão da alma na abjeção do pecado.
Liberdade de culto no Estado.
26. Encarada sob o ponto de vista social, esta mesma liberdade quer que o Estado não renda nenhum culto a Deus, ou que não autorize nenhum culto público; que nenhuma religião seja preferida a outra, que todas sejam consideradas como tendo os mesmos direitos, sem mesmo ter atenção para com o povo, até quando esse mesmo povo faz profissão de catolicismo. Mas, para que assim fosse justo, seria necessário que realmente a comunidade civil não tivesse nenhum dever para com Deus, ou que, tendo-o, pudesse impunemente afastar-se dele: duas coisas manifestamente falsas. Com efeito, não se pode pôr em dúvida que a reunião dos homens em sociedade seja obra da vontade de Deus; e isto quer se considere nos seus membros, na sua forma que é autoridade, na sua causa, ou em número e importância das vantagens que ela procura ao homem. Foi Deus quem fez o homem para a sociedade e o uniu aos seus semelhantes, a fim de que as necessidades da sua natureza, às quais os seus esforços isolados não poderiam dar satisfação, a possam encontrar na comunidade. Eis aí porque a sociedade civil como sociedade deve necessariamente reconhecer Deus como seu princípio e seu autor, e, por conseguinte, render ao seu poder e à sua autoridade a homenagem do seu culto. Veda-o a justiça, e veda-o a razão que o Estado seja ateu, ou, o que viria a dar no ateísmo esteja animado a respeito de todas as religiões, como se diz, das mesmas disposições e conceder-lhes indistintamente os mesmos direitos.
27. Visto, pois, que é necessário professar uma religião na sociedade, deve professar-se a única que é verdadeira e que se reconhece, sem dificuldade, pelo menos nos países católicos, pelos sinais de verdade que com tão vivo fulgor ostenta em si mesma. Esta religião, os chefes de Estado devem conservá-la e protege-la, se querem, como é obrigação sua, prover prudente e utilmente aos interesses da comunidade. Pois o poder público foi estabelecido para utilidade daqueles que são governados, e conquanto ele não tenha por fim próximo senão conduzir os cidadãos à prosperidade desta vida terrestre é, contudo, para ele um dever não diminuir, mas pelo contrário aumentar, para o homem, a faculdade de atingir esse bem supremo e soberano, no qual consiste a eterna felicidade dos homens: o que se torna impossível sem a religião.
28. Mas, tudo isso, já Nós o dissemos detalhadamente noutra parte. A única observação, que agora queremos fazer, é que uma liberdade deste género é muito prejudicial à liberdade verdadeira, quer dos governantes quer dos governados. A religião, pelo contrário, é-lhe maravilhosamente útil, porque faz remontar ao próprio Deus a origem primária do poder; porque impõe com gravíssima autoridade aos príncipes a obrigação de não esquecerem os seus deveres, e de conduzirem os povos com bondade e quase com um amor paternal.
Por outro lado, ela recomenda aos cidadãos a submissão do poder legítimo como aos representantes de Deus; une-os ao Chefe do Estado pelos laços, não sómente de obediência, mas do respeito e do amor, proibindo-lhes a revolta e todas as empresas que possam perturbar a ordem e a tranquilidade do Estado, e que, em resumo, dão ocasião de reprimir com restrições mais fortes a liberdade dos cidadãos. Não dizemos nada dos serviços prestados pela religião aos bons costumes, e pelos bons costumes à própria liberdade. Pois a razão prova-o e a história confirma-o: a liberdade, a prosperidade e o poder duma nação aumentam na proporção da sua moralidade.
Liberdade da palavra e da imprensa.
29. E agora continuemos estas considerações a respeito da liberdade de exprimir pela palavra ou pela imprensa tudo o que se quiser. Se esta liberdade não for justamente temperada, se ultrapassar os devidos limites e medidas, desnecessário é dizer que tal liberdade não é seguramente um direito. Pois o direito é uma faculdade moral, e, como dissemos e como se não pode deixar de repetir, seria absurdo crer que esta faculdade cabe naturalmente, e sem distinção nem discernimento à verdade e à mentira, ao bem e ao mal. Há o direito de propagar a verdade e o bem no Estado com liberdade prudente, a fim de que possam aproveitar o maior número; mas as doutrinas mentirosas, que são para o espírito a peste mais fatal, assim como os vícios que corrompem o coração e os costumes, é justo que a autoridade pública empregue toda a sua solicitude para os reprimir, a fim de impedir que o mal alastre para ruína da sociedade.
30. Os extravios de um espírito licencioso que, para a multidão ignorante, se convertem facilmente em verdadeira opressão, devem justamente ser punidos pela autoridade das leis, não menos que os atentados da violência cometidos contra os fracos. E esta repressão é tanto mais necessária, quanto é impossível ou dificílimo à parte, sem dúvida, mais numerosa da população, precaver-se contra os artifícios de estilo e as sutilezas de dialética, principalmente quando tudo isso lisonjeia as paixões. Concedei a todos a liberdade de falar e escrever, e nada será poupado, nem mesmo as verdades primárias, esses grandes princípios naturais que se devem considerar como um nobre património comum a toda a humanidade. Assim, a verdade é, pouco e pouco, invadida pelas trevas e, o que muitas vezes sucede, estabelece-se com facilidade a dominação dos erros mais perniciosos e mais diversos. Tudo o que a licença então ganha, perde a liberdade; pois ver-se-á sempre a liberdade crescer e consolidar-se à medida que a licença seja mais refreada.
31. Mas se se trata de matérias livres, que Deus deixou entregues às discussões dos homens, é permitido a todos emitir sobre elas a sua opinião e exprimi-la livremente. A natureza não se opõe a isto, porque com esta liberdade os homens não são levados a oprimir a verdade, antes ela é muitas vezes ocasião de a procurar e faze-la conhecer.
Falsa liberdade de ensino.
32. Quanto ao que chamam liberdade de ensino, também não é preciso julgá-la de modo diverso. Só a verdade deve penetrar nas almas, pois que é só nela que as naturezas inteligentes encontram o seu bem, o seu fim, a sua perfeição. Por isso, o ensino só deve ter por objecto coisas verdadeiras, e isto quer se dirija aos ignorantes quer aos sábios, a fim de levar a uns o conhecimento da verdade, e aos outros a fortaleça. Por este motivo, o dever de todo aquele que se dedica ao ensino é, sem contradição, extirpar o erro dos espíritos e opor fortes barreiras à invasão das falsas opiniões. É, pois, evidente que a liberdade de que estamos tratando, arrogando-se o direito de tudo ensinar a seu modo, está em contradição flagrante com a razão e nasceu para produzir um transtorno completo nos espíritos. O poder público não pode consentir tal licença na sociedade senão com desprezo do seu dever. Tal é tanto mais verdade, que todos sabem de quanto peso é para os ouvintes a autoridade do professor, e quão raro é que um discípulo possa julgar por si mesmo da verdade do ensino do mestre.
Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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