Em seguida deve tratar-se da sensualidade, sobre a qual três artigos se discutem:
Art. 1 ― Se a sensualidade é somente apetitiva.
Art.
2 — Se o apetite sensitivo se divide em irascível e concupiscível, como
potências diversas.
Art.
3 — Se o irascível e o concupiscível obedecem à razão.
Art. 1 ― Se a sensualidade é somente apetitiva.
(II Sent., Dist. XXIV, q. 2, a. 1; De
Verit., q. 25, a. 1).
O primeiro discute-se
assim. ― Parece que a sensualidade não somente é apetitiva mas também
cognitiva.
1. ― Pois, Agostinho
diz, que o movimento sensual da alma, que se exerce pelos sentidos do corpo, nos
é comum com os animais. Ora, os sentidos do corpo estão contidos na virtude
cognitiva. Logo, a sensualidade é virtude cognitiva.
2. Demais. ― Coisas
que entram na mesma divisão pertencem ao mesmo género. Ora, Agostinho divide a
sensualidade por oposição com a razão superior e a inferior, que pertencem ao
conhecimento. Logo, também a sensualidade é uma virtude cognitiva.
3. Demais. ― Na
tentação do homem, a sensualidade está no lugar da serpente. Ora, a tentação
dos nossos primeiros pais, desempenhou-se como anunciante e proponente do
pecado, o que pertence à virtude cognitiva. Logo, a sensualidade é uma virtude
cognitiva.
Mas, em contrário, a sensualidade se define: o
apetite das coisas que pertencem ao corpo.
Sensualidade é palavra tirada do
movimento sensual, de que fala Agostinho; assim, como do acto se tira o nome da
potência, como da visão a vista. Ora, o movimento sensual é o apetite consequente
à apreensão sensível; pois, o acto da virtude apreensiva não se chama
propriamente movimento, como a ação do apetite. Porque, a operação da virtude
apreensiva se completa estando as coisas apreendidas no apreendido; ao passo
que a operação da virtude apetitiva se completa pelo inclinar-se do apetente
para a coisa apetecida. Donde, a operação da virtude apreensiva é assimilada ao
repouso; ao passo que a da virtude apetitiva mais se assimila ao movimento. Por
isso, por movimento sensual se entende a operação da virtude apetitiva. Assim,
a sensualidade é o nome do apetite sensitivo.
DONDE A
RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ― O dito de Agostinho,
que o movimento sensual da alma se exerce pelos sentidos do corpo, não quer
dizer que os sentidos do corpo estejam compreendidos na sensualidade; mas
antes, que o movimento desta é uma como que inclinação para os sentidos do
corpo, enquanto apetecemos as coisas apreendidas por eles. E assim, estes são
como que os preâmbulos da sensualidade.
RESPOSTA À SEGUNDA. ― A sensualidade divide-se por oposição
com a razão superior e a inferior, enquanto estas têm de comum o acto da moção.
Pois, a virtude cognitiva, à qual pertencem a razão superior e a inferior, é
motiva; como também a virtude apetitiva, à qual pertence a sensualidade.
RESPOSTA À TERCEIRA. ― A serpente não só mostrou e propôs o
pecado, mas também inclinou para o afecto deste; e por isto é que a
sensualidade é representada pela serpente.
Nota:
Revisão da tradução para português por ama
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