Questão 58: Do modo do conhecimento
angélico.

Em
seguida, devemos tratar do modo do conhecimento angélico. E, sobre este ponto,
sete artigos se discutem;
Art.
1 — Se o intelecto angélico às vezes está em potência.
Art.
2 — Se o anjo pode inteligir simultaneamente muitas coisas.
Art.
3 — Se o anjo conhece discorrendo.
Art.
4 — Se os anjos inteligem compondo e dividindo.
Art.
5 — Se no intelecto do anjo pode haver falsidade.
Art.
6 — Se nos anjos há conhecimento vespertino e matutino.
Art.
7 — Se o conhecimento vespertino é o mesmo que o matutino.
Art. 1 — Se o
intelecto angélico às vezes está em potência.
(Ia IIae, q. 50, a. 6; II Cont. Gent., cap. XCVII,
XCVIII, CI; De Malo, q. 16, a. 56)
O primeiro discute-se assim. – Parece que o intelecto
angélico às vezes está em potência.
1. — Pois o movimento é o ato do existente em potência,
como diz Aristóteles 1. Ora, as
mentes angélicas, inteligindo, movem-se, como diz Dionísio 2. Logo, às vezes, estão em potência.
2. Demais. — Como o desejo busca o que não se tem mas
que se pode ter, quem deseja inteligir alguma coisa está em potência em relação
a ela. Mas a Escritura diz (1 Pd 1, 12): Ao qual os mesmos anjos
desejam ver. Logo, a inteligência angélica, às vezes, está em potência.
3. Demais. — No livro Das causas 3 se diz que a inteligência intelige ao modo
da sua substância. Mas a substância angélica tem, de mistura, algo de
potencial. Logo, às vezes, intelige em potência.
Mas, em contrário, diz Agostinho que os anjos, desde que
foram criados, gozam, por uma santa e pia contemplação, da própria eternidade
do Verbo 4. Ora, o intelecto que
contempla não está em potência, mas em ato. Logo, o intelecto angélico não é
potencial.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O movimento, na
expressão citada, não se entende como o acto do imperfeito, isto é, do que
existe em potência, mas como o acto do perfeito, ou seja, do que existe em acto.
E assim, o inteligir e o sentir chamam-se movimentos, como diz Aristóteles 7
RESPOSTA À SEGUNDA. — Esse desejo dos anjos não exclui
a coisa desejada mas o tédio que dela pudessem ter. — Ou se diz, que desejam a
visão de Deus, em respeito a novas revelações que dele recebem, conforme o
oportuno às suas atividades.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Na substância do anjo não há
nenhuma potência desprovida do acto. E semelhantemente, nem o intelecto
angélico está em potência de modo a ficar desprovido do acto.
S. tomás de aquino, Suma Teológica.
(Nota:
Revisão da tradução para português por ama)
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Notas:
1.
III Physic. (lect. II).
2.
De div. nom., cap. IV (lect. VII).
3.
Prop. 8.
4.
II Super Genes. ad litt. (cap. VIII).
5.
III de anima (lect. VIII); VIII Phys. (lect. VIII).
6.
I Ethic. (lect. XII).
7.
III De anima (lect. XII).
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