Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 13, 18-38
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Evangelho: Jo 13, 18-38
18 «Não falo de todos vós;
sei os que escolhi; porém, é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: “O
que come o pão comigo levantará o seu calcanhar contra mim”. 19 Desde agora
vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, acrediteis que “Eu
sou”. 20 Em verdade, em verdade vos digo que, quem recebe aquele que Eu enviar,
a Mim recebe, e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou». 21 Tendo Jesus
dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em
verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam,
pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um
dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de
Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25
Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe:
«Quem é, Senhor?».26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou
molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27
Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a
fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por
que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que
Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa»,
ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu
imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é
glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi
glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem
demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim
como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora.
34 «Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros. Assim como Eu vos
amei, amai-vos também uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros». 36 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, para onde
vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, não podes tu agora seguir-Me,
mas seguir-Me-ás mais tarde». 37 Pedro disse-lhe: «Porque não posso eu
seguir-Te agora? Darei a minha vida por Ti». 38 Jesus respondeu-lhe: «Darás a
tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que Me
tenhas negado três vezes.
Ioannes
Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre
o Espírito Santo
na
Vida da Igreja e do Mundo
/…8
3. O Espírito Santo no conflito
interior do homem: a carne tem desejos contrários aos do espírito e o espírito
desejos contrários aos da carne.
55.
Da história da salvação resulta, infelizmente, que essa proximidade e presença
de Deus ao homem e ao mundo, essa admirável «condescendência» do Espírito,
depara, na nossa realidade humana, com resistência e oposição. Como são
eloquentes, sob este ponto de vista as palavras proféticas daquele ancião,
chamado Simeão, que, «movido pelo Espírito», veio ao Templo de Jerusalém, para
anunciar, diante do recém-nascido de Belém, que «Ele é destinado a ser ocasião
de queda e de ressurgimento para muitos em Israel, a ser sinal de contradição».
232 A oposição a Deus, que é
Espírito invisível, nasce já, em certa medida, no plano da radical diversidade
do mundo em relação a Ele; ou seja, da «visibilidade» e «materialidade» do
mundo em confronto com Ele, que é «invisível» e «Espírito, no sentido
absoluto»; da sua essencial e inevitável imperfeição em confronto com Ele, Ser
perfeitíssimo. Mas a oposição torna-se conflito, rebelião no campo ético, por
causa do pecado que se apodera do coração humano, no qual «a carne... tem
desejos contrários aos do espírito e o espírito desejos contrários aos da
carne». 233 O Espírito Santo deve
«convencer o mundo» quanto a este pecado, como dissemos.
É
São Paulo quem descreve, de modo particularmente eloquente, a tensão e a luta,
que agitam o coração humano. «Eu digo-vos — lemos na Epístola aos Gálatas —:
Procedei segundo o Espírito e não dareis satisfações aos desejos da carne. Pois
a carne tem desejos contrários aos do espírito, e o espírito, desejos
contrários aos da carne; há oposição radical entre eles; é por isso que não
fazeis o que quereríeis». 234 No
homem, porque é um ser composto, espírito e corpo, já existe uma certa tensão,
trava-se uma certa luta de tendências entre o «espírito» e a «carne». Mas esta
luta, de facto, faz parte da herança do pecado, é uma consequência do mesmo
pecado e, simultaneamente, uma sua confirmação. É algo que faz parte da
experiência quotidiana. Assim escreve o Apóstolo: «Ora, as obras da carne são
bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem... embriaguez, orgias e
coisas semelhantes a estas». São os pecados que se poderiam qualificar como
«carnais». Mas o Apóstolo ainda acrescenta outros: «inimizades, discórdias,
ciúmes, disputas, divisões, facciosismos, invejas». 235 Tudo isto constitui «as obras da carne».
A
estas obras, porém, que são indubitavelmente más, São Paulo contrapõe «o fruto
do Espírito», que é «caridade, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade,
fidelidade, mansidão e temperança». 236
Do contexto, resulta com clareza que, para o Apóstolo, não se trata de
discriminar e condenar o corpo que, juntamente com a alma espiritual, constitui
a natureza do homem e a sua subjectividade pessoal. Ele quis tratar sobretudo,
das obras, ou melhor, das disposições estáveis — virtudes e vícios — moralmente
boas ou más, que são fruto de submissão (no primeiro caso) ou, pelo contrário,
de resistência (no segundo caso) à acção salvífica do Espírito Santo. Por isso
o Apóstolo escreve: «Se, portanto, vivemos pelo espírito, caminhemos também
segundo o espírito». 237 E numa
outra passagem: «De facto, os que vivem segundo a carne ocupam-se das coisas da
carne; ao contrário, os que vivem segundo o espírito ocupam-se das coisas do
espírito». «Vós, porém... viveis segundo o espírito se é que o Espírito de Deus
habita em vós». 238 A
contraposição que São Paulo estabelece entre a vida «segundo o espírito» e a
vida «segundo a carne» dá origem a uma ulterior contraposição: entre a «vida» e
a «morte». «Os desejos da carne levam à morte, enquanto os desejos do Espírito
levam à vida e à paz». Daqui a advertência: «Se viverdes segundo a carne, por
certo morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo,
vivereis». 239
Se
pensarmos bem, estamos perante uma exortação a viver na verdade, ou seja,
segundo os ditames da consciência recta; e, ao mesmo tempo, trata-se de uma
profissão de fé no Espírito da verdade, Aquele que dá a vida. O corpo,
efectivamente, «está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa
da justificação»; «portanto... somos devedores, mas não para com a carne para
vivermos segundo a carne». 240
Nós somos devedores sobretudo para com Cristo, que no mistério pascal operou a
nossa justificação, obtendo-nos o Espírito Santo. «Na verdade, fomos comprados
por um alto preço». 241
Nos
textos de São Paulo sobrepõem-se e compenetram-se reciprocamente a dimensão
ontológica (a carne e o espírito), a dimensão ética (o bem e o mal moral) e a
dimensão pneumatológica (a acção do Espírito Santo na ordem da graça). As suas
palavras (especialmente nas Epístolas aos Romanos e aos Gálatas) levam-nos a
conhecer e a sentir ao vivo o vigor daquela tensão e daquela luta, que se trava
no homem, entre a abertura à acção do Espírito Santo e a resistência e oposição
a Ele, ao seu dom salvífico. Os termos ou pólos em contraposição, aqui são: da
parte do homem, as suas limitações e pecaminosidade, pontos nevrálgicos da sua
realidade psicológica e ética; e, da parte de Deus, o mistério do Dom, o
incessante doar-se da vida divina no Espírito Santo. A quem caberá a vitória? Aquele
que souber acolher o Dom.
56.
Infelizmente, a resistência ao Espírito Santo, que São Paulo sublinha, na
dimensão interior e subjectiva, como tensão, luta e rebelião que acontece no
coração humano, assume, nas várias épocas da história e, especialmente, na
época moderna, a sua dimensão exterior, concretizada no conteúdo da cultura e
da civilização, como sistema filosófico, como ideologia e como programa de
acção e de formação dos comportamentos humanos. Esta dimensão exterior encontra
a sua expressão mais importante no materialismo, tanto na sua forma teórica —
enquanto sistema de pensamento — como na sua forma prática, enquanto método de
leitura e de avaliação dos factos e, ainda, como programa dos comportamentos
correspondentes. O sistema que mais desenvolveu esta forma de pensamento, de
ideologia e de praxis, e que o levou às extremas consequências no plano da
acção foi o materialismo dialéctico e histórico, ainda hoje reconhecido como
substancia vital do marxismo.
Por
princípio e de facto, o materialismo exclui radicalmente a presença e a acção
de Deus, que é espírito, no mundo e, sobretudo, no homem, pela razão
fundamental de que não aceita a sua existência, sendo em si mesmo e no seu
programa um sistema ateu. O ateísmo é fenómeno impressionante do nosso tempo,
ao qual o Concilio Vaticano II dedicou algumas páginas significativas. 242
Embora não se possa falar do ateísmo, de modo unívoco, nem se possa reduzi-lo
exclusivamente à filosofia materialista — dado que existem várias espécies de ateísmo
e talvez se possa afirmar que, com frequência, se usa a palavra num sentido
equívoco — o certo é que um verdadeiro materialismo, no sentido próprio do
termo tem um carácter ateu, quando é entendido como teoria explicativa da
realidade e assumido como princípio chave da acção pessoal e social. O
horizonte dos valores e dos fins do agir, que o materialismo determina, está
estreitamente ligado com a interpretação de toda a realidade como «matéria».
Se, por vezes, também fala do «Espírito» e das «questões do espírito», no
campo, por exemplo da cultura ou da moral, fá-lo apenas enquanto considera
certos factos como derivados (epi-fenómenos) da matéria, a qual, segundo este
sistema é a única e exclusiva forma do ser. Daqui se segue que, segundo esta
interpretação, a religião só pode ser entendida como uma espécie de «ilusão
idealista», que deve ser combatida dos modos e com os métodos mais apropriados,
conforme os lugares e as circunstancias históricas, para eliminá-la da
sociedade e do próprio coração do homem.
Pode
dizer-se, portanto, que o materialismo é o desenvolvimento sistemático e
coerente da «resistência» e oposição, denunciadas por São Paulo quando escreve:
«A carne... tem desejos contrários aos do espírito». Esta realidade conflitual,
no entanto, é recíproca, como põe em realce o mesmo Apóstolo, na segunda parte
do seu aforismo: «o espírito tem desejos contrários aos da carne». Quem quiser
viver segundo o Espírito, na aceitação e correspondência à sua acção salvífica,
não pode deixar de rejeitar as tendências e pretensões, internas e externas, da
«carne», também na sua expressão ideológica e histórica de «materialismo»
anti-religioso. Sobre este pano de fundo, tão característico do nosso tempo,
devem ser postos em evidência os «desejos do espírito» na preparação para o
grande Jubileu, como apelos que ecoam na noite de um novo período de advento,
no termo do qual, como há dois mil anos, «todo o homem verá a salvação de
Deus». 243 Está nisto uma
possibilidade e uma esperança, que a Igreja confia aos homens de hoje. Ela sabe
que o encontro ou o choque entre os «desejos contrários ao espírito» — que
caracterizam tantos aspectos da civilização contemporânea, especialmente em
alguns dos seus ambientes - e os «desejos contrários aos da carne» — com o
facto de Deus se ter tornado próximo de nós, com a sua Incarnação e com a
comunicação sempre nova de si mesmo no Espírito Santo — podem apresentar, em
muitos casos, um carácter dramático e virem a redundar, talvez, em novas
derrotas humanas. Mas a Igreja acredita firmemente que, da parte de Deus,
haverá sempre um comunicar-se salvífico, uma vinda salvífica e, se for o caso,
um salvífico «convencer quanto ao pecado», por obra do Espírito.
57.
Na contraposição Paulina do «espírito» e da «carne» encontra-se inscrita também
a contraposição da «vida» à «morte». Trata-se de um grave problema, acerca do
qual é necessário dizer, de imediato, que o materialismo, como sistema de
pensamento, em todas as suas versões, significa a aceitação da morte como termo
definitivo da existência humana. Tudo o que é material é corruptível e, por
isso, o corpo humano (enquanto «animal») é mortal. Se o homem, na sua essência,
é simplesmente «carne», então a morte permanece para ele uma fronteira e um
termo intransponível. Compreende-se assim como se possa dizer que a vida humana
é exclusivamente um «existir para morrer».
Deve
acrescentar-se que, no horizonte da civilização contemporânea — especialmente
onde ela se apresenta mais desenvolvida, no sentido técnico-científico — os
vestígios e os sinais de morte tornaram-se particularmente presentes e
frequentes. Basta pensar na corrida aos armamentos e no perigo que ela comporta
de uma autodestruição nuclear. Por outro lado, para todos se tem tornado cada
vez mais manifesta a grave situação de vastas regiões do nosso planeta,
marcadas pela indigência e pela fome, que são portadoras de morte. Não se trata
só de problemas meramente económicos; mas também e, acima de tudo, de problemas
éticos. E no entanto, no horizonte da nossa época, adensam-se «sinais de morte»
ainda mais sombrios: difundiu-se o costume — que em algumas partes corre o
risco de se tornar como que uma instituição — de tirar a vida a seres humanos
ainda antes do seu nascimento, ou antes de atingirem o termo natural da morte.
E mais ainda: apesar de tantos esforços nobres em favor da paz, deflagraram e
prosseguem novas guerras, que privam da vida ou da saúde centenas de milhares
de seres humanos. E como não recordar os atentados à vida humana por parte do
terrorismo organizado, até mesmo em escala internacional?
E
isto, infelizmente, é só um esboço parcial e incompleto do quadro de morte que
está em vias de composição na nossa época, ao mesmo tempo que nos vamos
aproximando cada vez mais do final do segundo Milénio cristão. Mas das tintas
sombrias da civilização materialista e, em particular, dos «sinais de morte»
que se multiplicam no quadro histórico-sociológico, em que ela se desenvolveu,
não se ergue, porventura, uma nova invocação, mais ou menos consciente, ao
Espírito que dá a vida? Em todo o caso, mesmo independentemente da amplitude
das esperanças ou dos desesperos humanos, bem como das ilusões ou dos logros
derivados do desenvolvimento dos sistemas materialistas de pensamento e de
vida, permanece a certeza cristã de que o Espírito sopra onde quer, de que nós
possuímos «as primícias do Espírito» e de que, por consequência, poderemos ter
de sujeitar-nos aos sofrimentos do tempo que passa, mas «gememos em nós mesmos
aguardando... a redenção do nosso corpo». 244
Ou seja, de todo o nosso ser humano, que é corporal e espiritual. Sim, gememos,
mas numa expectativa carregada de esperança indefectível, porque Deus, que é
Espírito, se aproximou precisamente deste ser humano. Deus Pai enviou «o
próprio Filho em carne semelhante à carne pecadora e, para expiar o pecado,
condenou o pecado na carne». 245
No ponto culminante do mistério pascal, o Filho de Deus, feito homem e
crucificado pelos pecados do mundo, apresentou-se no meio dos Apóstolos, após a
Ressurreição, soprou sobre eles e disse: «Recebei o Espírito Santo». Este
«sopro» continua sempre. E assim «o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza».
246
4. O Espírito Santo no fortalecimento
do «homem interior»
58.
O mistério da Ressurreição e do Pentecostes é anunciado e vivido pela Igreja,
herdeira e continuadora do testemunho dos Apóstolos acerca da Ressurreição de
Jesus Cristo. Ela é a testemunha permanente desta vitória sobre a morte, que
revelou o poder do Espírito Santo e determinou a sua nova vinda, a sua nova
presença nos homens e no mundo. Com efeito, na Ressurreição de Cristo, o
Espírito Santo Paráclito revelou-se sobretudo como aquele que dá a vida:
«Aquele que ressuscitou Cristo dos mortos vivificará também os vossos corpos
mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vós». 247 Em nome da Ressurreição de Cristo, a
Igreja anuncia a vida, que se manifestou para além das fronteiras da morte, a
vida que é mais forte que a morte. Ao mesmo tempo, ela anuncia aquele que dá
esta vida: o Espírito vivificante; anuncia-o e coopera com ele para dar a vida.
Na verdade, «embora o... corpo esteja morto por causa do pecado.... o espírito
está vivo por causa da justificação», 248
operada por Cristo Crucificado e Ressuscitado. Em nome da Ressurreição de
Cristo, a Igreja põe-se ao serviço da vida que provém do próprio Deus, em
estreita união com o Espírito e em humilde cooperação com Ele.
Em
razão precisamente desse serviço o homem torna-se de maneira sempre nova o
«caminho da Igreja», como já tive ocasião de dizer na Encíclica sobre Cristo
Redentor 249 e repito agora nesta
sobre o Espírito Santo. A Igreja, unida ao Espírito Santo, está cônscia, mais
do que ninguém, do homem interior, dos traços que no homem são mais profundos e
essenciais, porque espirituais e incorruptíveis. É a este nível que o Espírito enxerta
a «raiz da imortalidade», 250 da
qual desponta a vida nova, ou seja, a vida do homem em Deus, que, como fruto da
divina auto-comunicação salvífica no Espírito Santo, só pode desenvolver-se e
consolidar-se sob a acção do mesmo Espírito. Por isso, o Apóstolo dirige-se a
Deus em favor dos fiéis, a quem declara: «Dobro os joelhos diante do Pai... que
Ele vos conceda... que sejais poderosamente corroborados, pelo seu Espírito, na
vitalidade do homem interior». 251
Sob
a influência do Espírito Santo, este homem interior, quer dizer «espiritual»,
amadurece e fortalece-se. Graças à comunicação divina, o espírito humano que
«conhece os segredos do homem» encontra-se com o «Espírito que perscruta as
profundezas do próprio Deus». 252
E neste Espírito, que é o Dom eterno, Deus uno e trino abre-se ao homem, ao
espírito humano. O sopro recôndito do Espírito divino faz com que o espírito
humano, por sua vez se abra, diante de Deus que se abre para ele, com desígnio
salvífico e santificante. Pelo dom da graça, que vem do Espírito Santo, o homem
entra «numa vida nova», é introduzido na realidade sobrenatural da própria vida
divina e torna-se «habitação do Espírito Santo», «templo vivo de Deus». 253 Com efeito, pelo Espírito Santo, o Pai e
o Filho vêm a ele e fazem nele a sua morada. 254
Na comunhão de graça com a Santíssima Trindade dilata-se «o espaço vital» do
homem, elevado ao nível sobrenatural da vida divina. O homem vive em Deus e de
Deus, vive «segundo o Espírito» e «ocupa-se das coisas do Espírito».
(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
____________________
Notas:
232 Lc 2, 27- 34.
233 Gál 5, 17.
234 Gál 5, 16 s.
235 Cf. Gál 5, 19-21.
236 Gál 5, 22 s.
237 Gál 5, 25.
238 Cf. Rom 8, 5. 9.
239 Rom 8, 6. 13.
240 Rom 8, 10. 12.
241 Cf. 1 Cor 6, 20.
242 Cf. Const. past. sobre a Igreja no mundo
contemporâneo Gaudium et spes, 19. 20. 21.
243 Lc 3, 6; cf. Is 40, 5.
244 Cf. Rom 8, 23.
245 Rom 8, 3.
246 Rom 8, 26.
247 Rom 8, 11.
248 Rom 8, 10.
249 Cf. Enc. Redemptor hominis (4 de Março de 1979), n.
14: AAS 71 (1979), PP. 284 S.
250 Cf. Sab 15, 3.
251 Cf. Ef 3, 14-16.
252 Cf. 1 Cor 2, 10 s.
253 Cf. Rom 8, 9; 1 Cor 6, 19.
254 Cf. Jo 14, 23; S.
IRENEU, Adversus haereses V, 6, 1: SC 153, PP. 72-80; S. HILÁRIO, De Trinitate,
VIII, 19. 21: PL 10, 250. 252; S. AMBRÓSIO, De Espiritu Sancto, I, 6, 8: PL 16,
752 s.; S. AGOSTINHO, Enarr.in Ps. XLIX, 2: CCL 38, 575 s. S. CIRILO DE ALEXANDRIA,
In Joannis Evangelium, lib. I; II: PG 73, 154-158; 246; lib. IX: PG 74, 262; S.
ATANÁSIO, Oratio III contra Arianos, 24: PG 26, 347 S.; Epist. I ad Serapionem,
24: PG 26, 586 s.- DIDIMO DE ALEXANDRIA, De Trinitate II, 6-7: PG 39, 523-530;
S. JOÃO CRISÓSTOMO, In epist. ad Romanos homilia XIII, 8: PG 60, 519; S. TOMÁS
DE AQUINO, Summa Theol. Ia, q. 43, aa. 1, 3-6.
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