04/04/2012

Leitura Espiritual para 04 Abr 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 18, 18-43

18 Então certo homem de posição fez-lhe esta pergunta: «Bom Mestre, que devo fazer para obter a vida eterna?». 19 Jesus respondeu-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. 20 Tu conheces os mandamentos: “Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe”. 21 Ele disse: «Tenho observado tudo isso desde a minha juventude». 22 Tendo Jesus ouvido isto; disse-lhe: «Uma coisa te falta ainda: Vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-Me». 23 Mas ele, ouvindo isto, entristeceu-se, porque era muito rico. 24 Jesus, vendo esta tristeza, disse: «Como é difícil que aqueles que têm riquezas entrem no reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus». 26 Os que O ouviam disseram: «Quem pode então salvar-se?». 27 Jesus respondeu-lhes: «O que é impossível aos homens é possível a Deus». 28 Então disse Pedro: «Eis que nós deixámos tudo para Te seguir». 29 Ele disse-lhe: «Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado a casa, a mulher, os irmãos, os pais ou os filhos por causa do reino de Deus, 30 que não receba muito mais já neste mundo e, no tempo futuro, a vida eterna». 31 Em seguida tomou Jesus à parte os doze, e disse-lhes: «Eis que vamos subir a Jerusalém, e será cumprido tudo o que está escrito pelos profetas relativo ao Filho do Homem. 32 Será entregue aos gentios, será escarnecido, ultrajado, cuspido; 33 e, depois de O flagelarem, O matarão, e ao terceiro dia ressuscitará». 34 Eles, porém, nada disto entenderam; este discurso era para eles obscuro, e não compreendiam coisa alguma do que lhes dizia. 35 Sucedeu que, aproximando-se eles de Jericó, estava sentado à beira da estrada um cego a pedir esmola. 36 Ouvindo a multidão que passava, perguntou que era aquilo.37 Disseram-lhe que era Jesus Nazareno que passava. 38 Então ele clamou: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!». 39 Os que iam adiante repreendiam-no para que se calasse. Porém, ele, cada vez gritava mais: «Filho de David, tem piedade de mim!». 40 Jesus, parando, mandou que Lho trouxessem. Quando ele chegou, interrogou-o: 41 «Que queres que te faça?». Ele respondeu: «Senhor, que eu veja». 42 Jesus disse-lhe: «Vê; a tua fé te salvou». 43 Imediatamente, recuperou a vista, e foi-O seguindo, glorificando a Deus. Todo o povo, vendo isto, deu louvores a Deus.

CARTA APOSTÓLICA
MULIERIS DIGNITATEM
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
SOBRE A DIGNIDADE
E A VOCAÇÃO DA MULHER
POR OCASIÃO DO ANO MARIANO
/…6

A maternidade da mulher, no período entre a concepção e o nascimento da criança, passa por um processo bio-fisiológico e psíquico que hoje é melhor conhecido do que no passado, e é objecto de muitos estudos aprofundados. A análise científica confirma plenamente o facto de que a constituição física da mulher e o seu organismo comportam em si a disposição natural para a maternidade, para a concepção, para a gestação e para o parto da criança, em consequência da união matrimonial com o homem. Ao mesmo tempo, tudo isso corresponde também à estrutura psicofísica da mulher. Tudo quanto os diversos ramos da ciência dizem sobre este assunto é importante e útil, conquanto não se limitem a uma interpretação exclusivamente bio-fisiológica da mulher e da maternidade. Uma tal imagem “reduzida” andaria de par com a concepção materialista do homem e do mundo. Nesse caso, ficaria infelizmente perdido o que é verdadeiramente essencial: a maternidade, como facto e fenómeno humanos, explica-se plenamente tendo por base a verdade sobre a pessoa. A maternidade está ligada com a estrutura pessoal do ser mulher e com a dimensão pessoal do dom: “Adquiri um homem com o favor de Deus” (Gén 4, 1). O Criador concede aos pais o dom do filho. Por parte da mulher, este facto está ligado especialmente ao “dom sincero de si mesma”. As palavras de Maria na Anunciação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, significam a disponibilidade da mulher ao dom de si e ao acolhimento da nova vida.

Na maternidade da mulher, unida à paternidade do homem, reflecte-se o mistério eterno do gerar que é próprio de Deus, de Deus uno e trino (cf. Ef 3, 14-15). O gerar humano é comum ao homem e à mulher. E se a mulher, guiada por amor ao marido, disser: “dei-te um filho”, as suas palavras ao mesmo tempo significam: “este é nosso filho”. Contudo, ainda que os dois juntos sejam pais do seu filho, a maternidade da mulher constitui uma “parte” especial deste comum ser progenitores, aliás a parte mais empenhada. O ser progenitores - ainda que seja comum aos dois - realiza-se muito mais na mulher, especialmente no período pré-natal. É sobre a mulher que recai directamente o “peso” deste comum gerar, que absorve literalmente as energias do seu corpo e da sua alma. É preciso, portanto, que o homem seja plenamente consciente de que contrai, neste seu comum ser progenitores, um débito especial para com a mulher. Nenhum programa de “paridade de direitos” das mulheres e dos homens é válido, se não se tem presente isto de um modo todo essencial.

A maternidade comporta uma comunhão especial com o mistério da vida, que amadurece no seio da mulher: a mãe admira este mistério, com intuição singular “compreende” o que se vai formando dentro de si. A luz do “princípio”, a mãe aceita e ama o filho que traz no seio como uma pessoa. Este modo único de contacto com o novo homem que se está formando cria, por sua vez, uma atitude tal para com o homem - não só para com o próprio filho, mas para com o homem em geral - que caracteriza profundamente toda a personalidade da mulher. Considera-se comummente que a mulher, mais do que o homem, seja capaz de atenção à pessoa concreta, e que a maternidade desenvolva ainda mais esta disposição. O homem - mesmo com toda a sua participação no ser pai - encontra-se sempre “fora” do processo da gestação e do nascimento da criança e deve, sob tantos aspectos, aprender da mãe a sua própria “paternidade”. Isto - pode-se dizer - faz parte do dinamismo humano normal do ser progenitores, também quando se trata das etapas sucessivas ao nascimento da criança, especialmente no primeiro período. A educação do filho, globalmente entendida, deveria conter em si a dúplice contribuição dos pais: a contribuição materna e paterna. Todavia, a materna é decisiva para as bases de uma nova personalidade humana.

A maternidade em relação à Aliança

19. Volta às nossas reflexões o paradigma bíblico da “mulher”, tirado do Proto-Evangelho. A “mulher”, como geratriz e como primeira educadora do homem (a educação é a dimensão espiritual do ser pais), possui uma precedência específica sobre o homem. Se, por um lado, a sua maternidade (antes de tudo no sentido biofísico) depende do homem, por outro, ela imprime uma “marca” essencial em todo o processo do fazer crescer como pessoa os novos filhos e filhas da estirpe humana. A maternidade da mulher em sentido biofísico manifesta uma aparente passividade: o processo de formação de uma nova vida “produz-se” nela, no seu organismo; todavia, produz-se, envolvendo-o em profundidade. Ao mesmo tempo, a maternidade, no sentido pessoal-ético, exprime uma criatividade muito importante da mulher, da qual depende principalmente a própria humanidade do novo ser humano. Também neste sentido a maternidade da mulher manifesta uma chamada e um desafio especiais, que se dirigem ao homem e à sua paternidade.

O paradigma bíblico da “mulher” culmina na maternidade da Mãe de Deus. As palavras do Proto-Evangelho: “Porei inimizade entre ti e a mulher”, encontram aqui uma nova confirmação. Eis que Deus, na pessoa dela, no seu “fiat” materno (“Faça-se em mim”), dá início a uma Nova Aliança com a humanidade. Esta é a Aliança eterna e definitiva em Cristo, no seu corpo e sangue, na sua cruz e ressurreição. Precisamente porque esta Aliança deve realizar-se “na carne e no sangue”, é que o seu início se dá na Geratriz. O “Filho do Altíssimo”, somente graças a ela e ao seu “fiat” virginal e materno, pode dizer ao Pai: “formaste-me um corpo. Eis-me aqui para fazer, ó Deus, a tua vontade” (cf. Hebr 10, 5. 7).

Na ordem da Aliança, que Deus realizou com o homem em Jesus Cristo, foi introduzida a maternidade da mulher. E cada vez, todas as vezes que a maternidade da mulher se repete na história humana sobre a terra, permanece sempre em relação com a Aliança que Deus estabeleceu com o Género humano, mediante a maternidade da Mãe de Deus.

Esta realidade não é talvez demonstrada pela resposta dada por Jesus ao brado da mulher que, no meio da multidão, o bendizia pela maternidade d'Aquela que o gerou: «Ditoso o seio que te trouxe e os peitos a que foste amamentado!»? Jesus responde: «Ditosos antes os que ouvem a palavra de Deus e a guardam» (Lc 11, 27-28). Jesus confirma o sentido da maternidade relativa ao corpo; ao mesmo tempo, porém, indica-lhe um sentido ainda mais profundo, ligado à ordem do espírito: a maternidade é sinal da Aliança com Deus que “é espírito” (Jo 4, 24). Tal é sobretudo a maternidade da Mãe de Deus. Também a maternidade de toda mulher, entendida à luz do Evangelho, não é só “da carne e do sangue”: nela se exprime a profunda “escuta da palavra do Deus vivo” e a disponibilidade para “guardar” esta Palavra, que é “palavra de vida eterna” (cf. Jo 6, 68). Com efeito, são os nascidos de mães terrenas, os filhos e as filhas do Género humano, que recebem do Filho de Deus o poder de se tornarem «filhos de Deus» (Jo 1, 12). A dimensão da Nova Aliança no sangue de Cristo penetra no gerar humano, tornando-o realidade e responsabilidade de “novas criaturas” (2 Cor 5, 17). A maternidade da mulher, do ponto de vista da história de todo homem, é o primeiro limiar, cuja superação condiciona também “a revelação dos filhos de Deus” (cf. Rom 8, 19).

«A mulher, quando vai dar à luz, está em tristeza, por ter chegado a sua hora. Mas depois de ter dado à luz o menino, já não se lembra da aflição por causa da alegria de ter nascido um homem no mundo» (Jo 16, 21). As palavras de Cristo referem-se, na sua primeira parte, às “dores do parto” que pertencem a herança do pecado original; ao mesmo tempo, porém, indicam a ligação da maternidade da mulher com o mistério pascal. Neste mistério, de facto, está incluída também a dor da Mãe aos pés da Cruz — da Mãe que mediante a fé participa no mistério desconcertante do “despojamento” do próprio Filho. “Isso constitui, talvez, a mais profunda "kénosis" da fé na história da humanidade”.

Contemplando esta Mãe, cujo coração foi trespassado por uma espada (cf. Lc 2, 35), o pensamento volta-se a todas as mulheres que sofrem no mundo, que sofrem no sentido tanto físico como moral. Neste sofrimento, uma parte é devida à sensibilidade própria da mulher; mesmo que ela, com frequência, saiba resistir ao sofrimento mais do que o homem. É difícil enumerar estes sofrimentos, é difícil nomeá-los todos: podem ser recordados o desvelo maternal pelos filhos, especialmente quando estão doentes ou andam por maus caminhos, a morte das pessoas mais queridas, a solidão das mães esquecidas pelos filhos adultos ou a das viúvas, os sofrimentos das mulheres que lutam sozinhas pela sobrevivência e os das mulheres que sofreram uma injustiça ou são exploradas. Existem, enfim, os sofrimentos das consciências por causa do pecado, que atingiu a dignidade humana ou materna da mulher, as feridas das consciências que não cicatrizam facilmente. Também com estes sofrimentos é preciso pôr-se aos pés da Cruz de Cristo.

Mas as palavras do Evangelho sobre a mulher que sofre aflição, por chegar a sua hora de dar à luz o filho, logo depois exprimem a alegria: “a alegria de ter nascido um homem no mundo”. Também esta se refere ao mistério pascal, ou seja, àquela alegria que é comunicada aos apóstolos no dia da ressurreição de Cristo: «Da mesma maneira também vós estais agora na tristeza» (estas palavras foram pronunciadas no dia anterior ao da paixão); «mas eu voltarei a ver-vos; então o vosso coração alegrar-se-á e ninguém arrebatará a vossa alegria» (Jo 16, 22).

A virgindade pelo Reino

20. No ensinamento de Cristo, a maternidade anda ligada à virgindade, mas é também distinta dela. A esse respeito, permanece fundamental a frase dita por Jesus aos discípulos e inserida no colóquio sobre a indissolubilidade do matrimónio. Tendo ouvido a resposta dada aos fariseus, os discípulos dizem a Cristo: «Se tal é a condição do homem em relação à sua mulher, não convém casar-se» (Mt 19, 10). Independentemente do sentido que a expressão “não convém” tinha então na mente dos discípulos, Cristo parte da opinião errada que eles tinham, para os instruir sobre o valor do celibato: ele distingue o celibato como efeito de deficiências naturais, ainda que causadas pelo homem, do «celibato pelo reino dos céus». Cristo diz: «E há outros que se fizeram eunucos por amor do reino dos céus» (Mt 19, 12). Trata-se, pois, de um celibato livre, escolhido por causa do reino dos céus, em consideração da vocação escatológica do homem à união com Deus. Depois ele acrescenta: «Quem for capaz de compreender, compreenda», e estas palavras retomam o que havia dito no início do discurso sobre o celibato (cf. Mt 19, 11). Portanto, o celibato por amor do Reino dos céus é fruto não só de uma escolha livre da parte do homem, mas também de uma graça especial da parte de Deus, que chama determinada pessoa para viver o celibato. Se este é um sinal especial do Reino de Deus que deve vir, ao mesmo tempo serve também para dedicar de modo exclusivo todas as energias da alma e do corpo, durante a vida temporal, ao reino escatológico.
As palavras de Jesus são a resposta à pergunta dos discípulos. Elas são dirigidas directamente àqueles que faziam a pergunta: neste caso eram homens. Contudo, a resposta de Cristo, em si mesma, tem valor tanto para os homens como para as mulheres. Neste contexto, ela indica o ideal evangélico da virgindade, ideal que constitui uma clara “novidade” em relação à tradição do Antigo Testamento. Esta tradição certamente se ligava também, de algum modo, com a expectativa de Israel, e especialmente da mulher de Israel, pela vinda do Messias, que devia ser da “estirpe da mulher”. Efectivamente, o ideal do celibato e da virgindade para uma maior proximidade a Deus não era de todo alheio a certos ambientes judaicos, sobretudo nos tempos que precedem imediatamente a vinda de Jesus. Todavia, o celibato por causa do Reino, ou seja, a virgindade, é uma verdade inegável conexa com a Encarnação de Deus.

A partir do momento da vinda de Cristo, a espera do Povo de Deus deve voltar-se para o Reino escatológico que vem e no qual ele mesmo deve introduzir “o novo Israel”. Para uma tal reviravolta e mutação de valores é, de facto, indispensável uma nova consciência da fé. Cristo acentua isso duas vezes: «Quem for capaz de compreender, compreenda». Compreendem-no somente «aqueles aos quais foi concedido» (Mt 19, 11). Maria é a primeira pessoa em quem se manifestou esta nova consciência, pois ela pede ao Anjo: «Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?» (Lc 1, 34). Embora seja «noiva de um homem chamado José» (cf. Lc 1, 27), ela está firme no propósito da virgindade, e a maternidade que nela se realiza provém exclusivamente da «potência do Altíssimo», é fruto da vinda do Espírito Santo sobre ela (cf. Lc 1, 35). Esta maternidade divina, portanto, é a resposta totalmente imprevisível à expectativa humana da mulher em Israel: ela vem a Maria como dom do próprio Deus. Este dom tornou-se o início e o protótipo de uma nova expectativa de todos os homens, à medida da Aliança eterna, à medida da nova e definitiva promessa de Deus: sinal da esperança escatológica.

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