Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 13, 6-30
6 Dizia também esta parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi buscar fruto e não o encontrou. 7 Então disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho buscar fruto a esta figueira e não o encontro; corta-a; para que está ela inutilmente a ocupar terreno? 8 Ele, porém, respondeu-lhe: Senhor, deixa-a ainda este ano, enquanto eu a cavo em volta e lhe deito estrume; 9 se com isto der fruto, bem está; senão, cortá-la-ás depois». 10 Jesus estava a ensinar numa sinagoga em dia de sábado. 11 Estava lá uma mulher possessa de um espírito que a tinha doente havia dezoito anos; andava encurvada, e não podia levantar a cabeça. 12 Jesus, vendo-a, chamou-a, e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua doença». 13 Impôs-lhe as mãos e imediatamente ficou direita e glorificava a Deus. 14 Mas, tomando a palavra o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus tivesse curado em dia de sábado, disse ao povo: «Há seis dias para trabalhar; vinde, pois, nestes e sede curados, mas não em dia de sábado». 15 O Senhor disse-lhe: «Hipócritas, qualquer um de vós não solta aos sábados o seu boi ou o seu jumento da manjedoura para os levar a beber? 16 E esta filha de Abraão, que Satanás tinha presa há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão ao sábado?». 17 Dizendo estas coisas, todos os Seus adversários envergonhavam-se e alegrava-se todo o povo com todas as maravilhas que Ele realizava. 18 Dizia também: «A que é semelhante o reino de Deus; a que o compararei? 19 É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta; cresceu, tornou-se uma árvore, e as aves do céu repousaram nos seus ramos». 20 Disse outra vez: «A que direi que o reino de Deus é semelhante? 21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até que tudo ficasse levedado». 22 Ia pelas cidades e aldeias ensinando, e caminhando para Jerusalém. 23 Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu-lhes: 24 «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão. 25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, vós, estando fora, começareis a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos. Ele vos responderá: Não sei donde sois. 26 Então começareis a dizer: Comemos e bebemos em tua presença, tu ensinaste nas nossas praças. 27 Ele vos dirá: Não sei donde sois; “afastai-vos de mim vós todos os que praticais a iniquidade”. 28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob, e todos os profetas no reino de Deus, e vós serdes expulsos para fora. 29 Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa do reino de Deus. 30 Então haverá últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos».
TERTIO MILLENNIO ADVENIENTE
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AO EPISCOPADO
AO CLERO E AOS FIÉIS
SOBRE A PREPARAÇÃO
PARA O JUBILEU DO ANO 2000
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O pontificado actual aumentou ainda mais tal programa, começando do México por ocasião da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Puebla no ano 1979. Em seguida e naquele mesmo ano, deu-se a peregrinação à Polónia durante o jubileu do IX centenário da morte de Santo Estanislau, bispo e mártir.
As sucessivas etapas deste peregrinar são conhecidas. As peregrinações tornaram-se sistemáticas, atingindo as Igrejas particulares em todos os continentes, com uma atenta solicitude pelo progresso das relações ecuménicas com os cristãos das diversas confissões. Sob este último perfil, revestem-se de um relevo particular as visitas à Turquia (1979), Alemanha (1980), Inglaterra com as regiões de Gales e Escócia (1982), Suíça (1984), Países Escandinavos (1989), e, ultimamente, aos Países Bálticos (1993).
Entre as metas de peregrinação vivamente desejadas no momento presente, conta-se, além de Sarajevo na Bósnia-Herzegovina, o Médio Oriente: o Líbano, Jerusalém e a Terra Santa. Seria muito expressivo se, por ocasião do Ano 2000, fosse possível visitar todos aqueles lugares que se encontram no caminho seguido pelo Povo de Deus da Antiga Aliança, a partir dos lugares de Abraão e de Moisés, passando pelo Egipto e o Monte Sinai, até Damasco, cidade que foi testemunha da conversão de S. Paulo.
25. Na preparação do ano 2000, têm um papel próprio a desempenhar as diversas Igrejas locais, que, com os seus jubileus, celebram etapas significativas na história da salvação dos vários povos. Entre esses jubileus locais ou regionais, constituíram eventos de suma grandeza o milénio do Baptismo da Rússia em 1988, [i] com também os quinhentos anos do início da evangelização no continente americano (1492). Ao lado de acontecimentos de tão vasta incidência, sem chegarem todavia a ter alcance universal, há que recordar outros não menos significativos: por exemplo, o milénio do Baptismo da Polónia em 1966 e do Baptismo da Hungria em 1968, e ainda os 600 anos do Baptismo da Lituânia em 1987. Além disso, ocorrerão proximamente os 1500 anos do Baptismo de Clóvis, rei dos Francos (496), e os 1400 anos da chegada de Santo Agostinho a Cantuária (597), início da evangelização do mundo anglo-saxónico.
No que respeita à Ásia, o Jubileu trará ao pensamento o apóstolo Tomé, que já ao início da era cristã, segundo a tradição, levou o anúncio evangélico à Índia, onde depois, por volta do ano 1500, chegariam de Portugal os missionários. Ocorre este ano o VII centenário da evangelização da China (1294), e preparamo-nos para comemorar a difusão da obra missionária nas Filipinas com a constituição da sede metropolita de Manila (1595), bem como o IV centenário dos primeiros mártires no Japão (1597).
Em África, onde também o primeiro anúncio remonta à época apostólica, juntamente com os 1650 anos da consagração episcopal do primeiro Bispo dos Etíopes, S. Frumêncio (c. 340), e os quinhentos anos do início da evangelização de Angola no antigo Reino do Congo (1491), nações como os Camarões, a Costa do Marfim, a República Centro Africana, o Burundi, o Burkina-Faso estão a celebrar os respectivos centenários da chegada dos primeiros missionários aos seus territórios. Outras nações africanas celebraram-no há pouco.
Como não mencionar ainda as Igrejas do Oriente, cujos antigos Patriarcas se apelam, tão de perto, à herança apostólica e cujas venerandas tradições teológicas, litúrgicas e espirituais constituem uma enorme riqueza, que é património comum de toda a cristandade? As múltiplas ocorrências jubilares destas Igrejas e das Comunidades, que nelas reconhecem a origem da sua apostolicidade, evocam o caminho de Cristo ao longo dos séculos e desembocam elas também no grande Jubileu do fim do segundo milénio.
Vista sob esta luz, toda a história cristã nos aparece como um único rio, onde muitos afluentes lançam as suas águas. O Ano 2000 convida a encontrarmo-nos, com renovada fidelidade e mais profunda comunhão, sobre as margens deste grande rio: o rio da Revelação, do Cristianismo e da Igreja, que corre através da história da humanidade a partir do sucedido em Nazaré e depois em Belém, há dois mil anos. É verdadeiramente aquele” rio”que com os seus” braços”, segundo a expressão do Salmo,” alegra a cidade de Deus” (4546, 5).
26. Na perspectiva da preparação do ano 2000, situam-se também os Anos Santos do último quartel deste século. Ainda vivo na memória está o Ano Santo que o Papa Paulo VI proclamou em 1975; na mesma linha, foi celebrado sucessivamente o ano 1983 como Ano da Redenção. Eco talvez ainda maior teve o Ano Mariano de 1987/88, muito ansiado e profundamente vivido nas diversas Igrejas locais, especialmente nos santuários marianos do mundo inteiro. A Encíclica Redemptoris mater, então publicada, pôs em evidência o ensinamento conciliar sobre a presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja: há dois mil anos, o Filho de Deus fez-se homem por obra do Espírito Santo e nasceu da Imaculada Virgem Maria. O Ano Mariano foi quase uma antecipação do Jubileu, contendo em si muito de quanto se deverá exprimir plenamente no ano 2000.
27. Torna-se difícil não assinalar que o Ano Mariano antecedeu de perto os acontecimentos de 1989. São fenómenos que não podem deixar de surpreender pela sua vastidão e, especialmente, pela sua rápida evolução. Os anos oitenta foram-se sobrecarregando de um perigo crescente no contexto da” guerra fria”; ora, o ano 1989 trouxe consigo uma solução pacífica, que teve quase a forma de um desenvolvimento” orgânico”. À sua luz, é-se levado a reconhecer um significado mesmo profético à Encíclica Rerum novarum: aquilo que o Papa Leão XIII ali escreve sobre o tema do comunismo, encontra naqueles acontecimentos uma precisa confirmação, como sublinhei na Encíclica Centesimus annus. [ii] De resto, era possível vislumbrar como, na trama de tudo o sucedido, estava em acção a mão invisível da Providência, com cuidado maternal:” Esquece-se porventura uma mulher do seu menino...?” (Is 49, 15).
Porém, depois de 1989 levantaram-se novos perigos e novas ameaças. Nos países do ex-bloco de Leste, após a queda do comunismo, apareceu o grave risco dos nacionalismos, como infelizmente mostram as vicissitudes da região Balcânica e de outras áreas vizinhas. Isto obriga as nações europeias a um sério exame de consciência, com o reconhecimento de culpas e erros historicamente cometidos, no campo económico e político, no confronto de nações cujos direitos foram sistematicamente violados pelos imperialismos tanto do século passado como do actual.
28. Actualmente estamos a viver, no rasto do Ano Mariano e com idêntica perspectiva, o Ano da Família, cujo conteúdo está estritamente ligado ao mistério da Encarnação e à própria história do homem. Pode-se, pois, acalentar a esperança de que o Ano da Família, inaugurado em Nazaré, se torne, como o Ano Mariano, uma posterior etapa significativa na preparação para o Grande Jubileu.
Nesta perspectiva, dirigi uma Carta às Famílias, onde quis repropor a substância do ensinamento eclesial sobre a família, levando-o, por assim dizer, até ao seio de cada lar doméstico. No Concílio Vaticano II, a Igreja reconheceu como uma das suas tarefas a valorização da dignidade do matrimónio e da família. [iii] O Ano da Família pretende contribuir para a actuação do Concílio nesta dimensão. Por isso, é necessário que a preparação para o Grande Jubileu passe, em certo sentido, através de cada família. Não foi porventura através de uma família, a de Nazaré, que o Filho de Deus quis entrar na história do homem?
IV
A PREPARAÇÃO IMEDIATA
29. Tendo como pano de fundo este vasto panorama, surge a pergunta: pode-se pôr como hipótese um programa específico de iniciativas para a preparação imediata do Grande Jubileu? A verdade é que quanto atrás ficou dito já apresenta alguns elementos de tal programa.
Uma previsão mais detalhada de iniciativas” ad hoc”para não ser artificial nem de difícil aplicação em cada uma das Igrejas, que vivem em condições tão diversificadas, deve resultar de uma consulta alargada. Consciente disto, quis interpelar a tal propósito os Presidentes das Conferências Episcopais e, de modo particular, os Cardeais. O meu reconhecimento vai para os Venerados Membros do Colégio Cardinalício que, reunidos em Consistório Extraordinário a 13 e 14 de Junho de 1994, elaboraram numerosas propostas para o efeito e indicaram úteis orientações. Agradeço igualmente aos Irmãos no Episcopado, que não deixaram de fazer-me chegar, de vários modos, preciosas sugestões, que tive bem presente ao elaborar esta minha Carta Apostólica.
30. Uma primeira indicação, bem saliente na consulta, diz respeito aos tempos da preparação. Para o ano 2000, já poucos anos faltam: pareceu oportuno articular este período em duas fases, reservando a fase propriamente preparatória aos últimos três anos. Pensou-se, de facto, que um período mais longo teria acabado por acumular excessivos conteúdos, atenuando a tensão espiritual.
Julgou-se, por isso, conveniente aproximar-se da histórica data com uma primeira fase de sensibilização dos fiéis sobre temáticas mais gerais, para depois concentrar a preparação directa e imediata numa segunda fase, precisamente a do triénio, inteiramente orientada para a celebração do mistério de Cristo Salvador.
a) Primeira fase
31. A primeira fase terá, pois, carácter ante-preparatório: deverá servir para reavivar no povo cristão a consciência do valor e significado que o Jubileu do ano 2000 reveste na história humana. Trazendo consigo a recordação do nascimento de Cristo, está intrinsecamente marcado por uma conotação cristológica.
Dada a articulação da fé cristã em palavra e sacramento, pareceu importante unir conjuntamente, também nesta singular ocorrência, a estrutura do memorial com a da celebração, não se limitando a recordar o acontecimento apenas conceptualmente, mas tornando presente o seu valor salvífico mediante a actualização sacramental. A efeméride jubilar deverá confirmar, nos cristãos de hoje, a fé no Deus que se revelou em Cristo, sustentar a sua esperança projectada na expectativa da vida eterna, reavivar a sua caridade, operosamente empenhada no serviço dos irmãos.
No decorrer da primeira fase (de 1994 a 1996), a Santa Sé, graças inclusivamente à criação de uma específica Comissão, não deixará de sugerir algumas linhas de reflexão e acção a nível universal, enquanto um análogo empenho de sensibilização será realizado, de maneira mais capilar, por idênticas Comissões nas Igrejas locais. De algum modo, trata-se de continuar aquilo que foi realizado na preparação remota e, ao mesmo tempo, aprofundar os aspectos mais característicos do evento jubilar.
32. O jubileu é sempre um tempo particular de graça, ”um dia abençoado pelo Senhor”: como tal — foi já assinalado — tem um carácter jubiloso. O Jubileu do ano 2000 pretende ser uma grande oração de louvor e agradecimento sobretudo pelo dom da Encarnação do Filho de Deus e da Redenção por Ele operada. No ano jubilar, os cristãos colocar-se-ão, com renovado enlevo de fé, diante do amor do Pai, que deu o seu Filho,” para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Além disso, elevarão com íntima participação o seu agradecimento pelo dom da Igreja, fundada por Cristo como ”o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano”. [iv]
Por último, a sua gratidão alargar-se-á aos frutos de santidade, amadurecidos na vida de tantos homens e mulheres, que, em cada geração e época da história, souberam acolher sem reservas o dom da Redenção.
Todavia, a alegria de cada jubileu é de modo particular uma alegria pela remissão das culpas, a alegria da conversão. Por isso, parece oportuno colocar de novo em primeiro plano aquilo que constituiu o tema do Sínodo dos Bispos de 1984, ou seja, a penitência e a reconciliação. [v] Na verdade, ele constituiu um acontecimento extremamente significativo na história da Igreja pós-conciliar. Retomou a questão sempre actual da conversão —”metanóia”— que é a condição preliminar para a reconciliação com Deus tanto dos indivíduos como das comunidades.
33. Assim, quando o segundo milénio já se encaminha para o seu termo, é justo que a Igreja assuma com maior consciência o peso do pecado dos seus filhos, recordando todas aquelas circunstâncias em que, no arco da história, eles se afastaram do espírito de Cristo e do seu Evangelho, oferecendo ao mundo, em vez do testemunho de uma vida inspirada nos valores da fé, o espectáculo de modos de pensar e agir que eram verdadeiras formas de anti-testemunho e de escândalo.
Embora sendo santa pela sua incorporação em Cristo, a Igreja não se cansa de fazer penitência: ela reconhece sempre como próprios, diante de Deus e dos homens, os filhos pecadores. Sobre isto, afirma a Constituição conciliar Lumen gentium:” a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação”. [vi]
A Porta Santa do Jubileu do 2000 deverá ser, simbolicamente, mais ampla do que nos jubileus precedentes, porque a humanidade, chegada àquela meta, deixará atrás de si não apenas um século, mas um milénio. Será bom que a Igreja entre por essa passagem com a consciência clara daquilo que viveu ao longo dos últimos dez séculos. Ela não pode transpor o limiar do novo milénio sem impelir os seus filhos a purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos. Reconhecer as cedências de ontem é acto de lealdade e coragem que ajuda a reforçar a nossa fé, tornando-nos atentos e prontos para enfrentar as tentações e as dificuldades de hoje.
34. Entre os pecados que requerem maior empenho de penitência e conversão, devem certamente ser incluídos os que prejudicaram a unidade querida por Deus para o seu Povo. Ao longo dos mil anos que estão para se concluir, mais ainda do que no primeiro milénio, a comunhão eclesial,” algumas vezes não sem culpa dos homens dum e doutro lado”, [vii] conheceu dolorosas lacerações que contradizem abertamente a vontade de Cristo e são escândalo para o mundo. [viii] Tais pecados do passado fazem sentir ainda, infelizmente, o seu peso e permanecem como tentações igualmente no presente. É necessário emendar-se, invocando intensamente o perdão de Cristo.
Neste crepúsculo do milénio, a Igreja deve dirigir-se com prece mais instante ao Espírito Santo, implorando-Lhe a graça da unidade dos cristãos. Este é um problema crucial para o testemunho evangélico no mundo. Sobretudo depois do Concílio Vaticano II, muitas foram as iniciativas ecuménicas empreendidas com generosidade e solicitude: pode-se dizer que toda a actividade das Igreja locais e da Sé Apostólica assumiu nestes anos uma dimensão ecuménica. O Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos Cristãos tornou-se um dos principais centros propulsores do processo para a plena unidade.
Mas todos estamos conscientes de que a obtenção desta meta não pode ser fruto apenas de esforços humanos, embora indispensáveis. A unidade é, em última análise, dom do Espírito Santo. A nós, é-nos pedido para secundar este dom, sem cairmos em abdicações nem reticências no testemunho da verdade, mas pondo generosamente em acção as directrizes traçadas pelo Concílio e sucessivos documentos da Santa Sé, que mereceram o apreço inclusive de muitos dos cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica.
Eis, portanto, uma das tarefas dos cristãos a caminho do ano 2000. A aproximação do fim do segundo milénio incita todos a um exame de consciência e a oportunas iniciativas ecuménicas, de tal modo que possamos apresentar-nos ao Grande Jubileu, se não totalmente unidos, pelo menos muito mais perto de superar as divisões do segundo milénio. Para tal, é necessário — está à vista de todos — um esforço enorme. Impõe-se prosseguir com o diálogo ecuménico, mas sobretudo empenhar-se mais na oração ecuménica.
Esta muito se intensificou depois do Concílio, mas deve crescer ainda metendo os cristãos cada vez mais em sintonia com a grande invocação de Cristo, antes da Paixão:” Pai... que também eles sejam em Nós um só” (Jo 17, 21).
[ix]…/
Btº joão paulo ii, Cart. Apost. Tertio millennio adveniente
[i] Cf. Carta Ap. Euntes in mundum (25 de Janeiro de 1988): AAS 80 (1988), 935-956.
[ii] Cf. Carta Enc. Centesimus annus (1 de Maio de 1991), 12: AAS 83 (1991), 807-809.
[iii] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium t spes, 47-52.
[iv] Conc.. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 1.
[v] Cf. Exort. Ap. Reconciliatio et paenitentia (2 de Dezembro de 1984): AAS 77 (1985), 185-275.
[vi] N. 8.
[vii] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, 3.
[viii] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, 1.
[ix] © Copyright 1994 - Libreria Editrice Vaticana
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