21/03/2012

Leitura Espiritual para 21 Mar 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 10, 38-42; 11, 1-13

38 Indo em viagem, entrou numa aldeia, e uma mulher, chamada Marta, recebeu-O em sua casa. 39 Esta tinha uma irmã, chamada Maria que, sentada aos pés do Senhor, ouvia a Sua palavra. 40 Marta, porém, afadigava-se muito na contínua lida da casa. Aproximando-se, disse: «Senhor, não Te importas que a minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude». 41 O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas 42 quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
11 1 Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos Seus discípulos disse-Lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos». 2 Ele respondeu-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino.3 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação». 5 Disse-lhes mais: «Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães ,6 porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar; 7 e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados; não me posso levantar para tos dar; 8 digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. 9 Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá. 11 «Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem».


CARTA APOSTÓLICA DE SUA SANTIDADE JOÃO PAULO II

«DIVINI AMORIS SCIENTIA»

Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é proclamada Doutora da Igreja


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Nos escritos de Teresa de Lisieux não encontramos talvez, como noutros Doutores, uma apresentação cientificamente elaborada das coisas de Deus, mas podemos vislumbrar um esclarecido testemunho da fé que, enquanto acolhe com amor confiante a condescendência misericordiosa de Deus e a salvação em Cristo, revela o mistério e a santidade da Igreja.

Com razão, portanto, pode-se reconhecer na Santa de Lisieux o carisma de Doutora da Igreja, quer pelo dom do Espírito Santo que ela recebeu para viver e exprimir a sua experiência de fé, quer pela particular inteligência do mistério de Cristo. Nela convergem os dons da lei nova, isto é, a graça do Espírito Santo que Se manifesta na fé viva operante por meio da caridade [1].

Podemos aplicar a Teresa de Lisieux, quanto teve ocasião de dizer o meu Predecessor Paulo VI a respeito de outra jovem Santa, Doutora da Igreja, Catarina de Sena: «O que mais impressiona na Santa é a sabedoria infusa, isto é, a lúcida, profunda e inebriante assimilação das verdades divinas e dos mistérios da fé [...]: uma assimilação favorecida, sim, por dotes naturais singularíssimos, mas evidentemente prodigiosa, devida a um carisma de sabedoria do Espírito Santo» [2].

8. Com a sua peculiar doutrina e o seu estilo inconfundível, Teresa aparece como uma autêntica mestra da fé e da vida cristã. Através dos seus escritos, como através das afirmações dos Santos Padres, passa aquela linfa vivificante da tradição católica cujas riquezas, como afirma ainda o Vaticano II, «entram na prática e na vida da Igreja crente e orante» [3].

A doutrina de Teresa de Lisieux, se aceite no seu género literário, correspondente à sua educação e à sua cultura, e se medida com as particulares circunstâncias da sua época, aparece numa providencial unidade com a mais genuína tradição da Igreja, quer pela confissão da fé católica quer pela promoção da mais autêntica vida espiritual, proposta a todos os fiéis numa linguagem viva e acessível.

Ela fez resplandecer no nosso tempo o fascínio do Evangelho; teve a missão de fazer conhecer e amar a Igreja, Corpo místico de Cristo; ajudou a curar as almas dos rigores e dos temores da doutrina jansenista, inclinada a sublinhar mais a justiça de Deus do que a sua misericórdia divina. Contemplou e adorou na misericórdia de Deus todas as perfeições divinas, porque «até mesmo a justiça de Deus (e talvez mais do que qualquer outra perfeição) me parece revestida de amor». [4] Deste modo, tornou-se um ícone vivo daquele Deus que, segundo a oração da Igreja, «mostra o Seu poder sobretudo no perdão e na misericórdia». [5]

Ainda que Teresa não apresente um verdadeiro e próprio corpo doutrinal, contudo particulares fulgores de doutrina derivam dos seus escritos que, como por um carisma do Espírito Santo, captam o centro mesmo da mensagem da revelação numa visão original e inédita, apresentando um ensinamento qualitativamente eminente.

O núcleo da sua mensagem, com efeito, é o próprio mistério de Deus Amor, de Deus Trindade, infinitamente perfeito em Si mesmo. Se a genuína experiência espiritual cristã deve coincidir com as verdades reveladas, nas quais Deus Se comunica a Si mesmo e dá a conhecer o mistério da Sua vontade, [6] é necessário afirmar que Teresa fez experiência da revelação divina, chegando a contemplar as realidades fundamentais da nossa fé, unidas no mistério da vida trinitária. No ápice, como fonte e termo, o amor misericordioso das três Pessoas divinas, como ela o exprime, especialmente no seu Acto de oferta ao Amor misericordioso. Na base, da parte do sujeito, está a experiência de ser filho adoptivo do Pai em Jesus: esse é o sentido mais autêntico da infância espiritual, isto é, a experiência da filiação divina sob a moção do Espírito Santo. Na base ainda e diante de nós, está o próximo, os outros, para cuja salvação devemos colaborar com e em Jesus, com o Seu mesmo amor misericordioso.

Mediante a infância espiritual experimenta-se que tudo vem de Deus, a Ele retorna e n'Ele permanece, para a salvação de todos, num mistério de amor misericordioso. Essa é a mensagem doutrinal ensinada e vivida por esta Santa.

Assim como para os Santos da Igreja de todos os tempos, também para ela, na sua experiência espiritual, centro e plenitude da revelação é Cristo. Teresa conheceu a Jesus, amou-O e fez com que fosse amado com a paixão de uma esposa. Ela penetrou nos mistérios da Sua infância, nas palavras do seu Evangelho, na paixão do Servo sofredor, esculpida no seu Rosto santo, no esplendor da Sua existência gloriosa, na Sua presença eucarística. Cantou todas as expressões da divina caridade de Cristo, como são propostas pelo Evangelho. [7]

Teresa foi iluminada de maneira particular sobre a realidade do Corpo místico de Cristo, sobre a variedade dos seus carismas, dons do Espírito Santo, sobre a força eminente da caridade, que é como que o próprio coração da Igreja, na qual ela encontrou a sua vocação de contemplativa e de missionária (cf. Manuscrito B, 2 r - 3 v).

Finalmente, entre os capítulos mais originais da sua ciência espiritual devese recordar a sábia exploração, que Teresa desenvolveu, do mistério e do caminho da Virgem Maria, chegando a resultados muito próximos da doutrina do Concílio Vaticano II no cap. VIII da Constituição Lumen gentium e de quanto eu mesmo propus na minha Encíclica Redemptoris Mater, de 25 de Março de 1987.

9. A principal fonte da sua experiência espiritual e do seu ensinamento é a Palavra de Deus, no Antigo e no Novo Testamento. Ela mesma o confessa de modo especial, pondo em relevo o seu apaixonado amor pelo Evangelho. [8] Nos seus escritos contam-se mais de mil citações bíblicas: mais de quatrocentas do Antigo e mais de seiscentas do Novo Testamento.

Apesar da preparação inadequada e da falta de instrumentos para o estudo e a interpretação dos livros sagrados, Teresa imergiu-se na meditação da Palavra de Deus com uma fé e uma vivacidade singulares. Sob o influxo do Espírito conseguiu, para si e para os outros, um profundo conhecimento da revelação.

Com a sua concentração amorosa na Escritura - teria querido conhecer até o hebraico e o grego para compreender melhor o espírito e a letra dos livros sagrados - fez ver a importância que as fontes bíblicas têm na vida espiritual, pôs em evidência a originalidade e o vigor do Evangelho, cultivou com sobriedade a exegese espiritual da Palavra de Deus, tanto do Antigo como do Novo Testamento. Descobriu assim tesouros escondidos, apropriando-se de palavras e episódios, às vezes não sem audácia sobrenatural como quando, ao ler os textos de Paulo, [9] intuiu a sua vocação ao amor. [10] Iluminada pela Palavra revelada, Teresa escreveu páginas geniais sobre a unidade entre o amor de Deus e o amor do próximo [11] e identificou-se com a oração de Jesus na Última Ceia, como expressão da sua intercessão para a salvação de todos. [12]

A sua doutrina coincide, como já se disse, com o ensinamento da Igreja.

Desde quando era criança, foi educada pelos familiares para a participação na oração e no culto litúrgico. Em preparação para a sua primeira confissão, para a primeira Comunhão e para o sacramento da Confirmação, demonstrou um amor extraordinário pelas verdades da fé, e aprendeu o Catecismo quase palavra por palavra. [13] No fim da sua vida escreveu com o próprio sangue o Símbolo dos Apóstolos, como expressão da sua união de espírito, sem reservas, à profissão de fé.

Além de com palavras da Escritura e com a doutrina da Igreja, Teresa nutriuse desde quando jovem com o ensinamento da Imitação de Cristo que, como ela mesma confessa, sabia quase de cor. [14] Foram determinantes para a realização da sua vocação carmelitana os textos espirituais da Madre Fundadora, Teresa de Jesus, especialmente os que expõem o sentido contemplativo e eclesial do carisma do Carmelo teresiano. [15] Mas de modo muito especial Teresa nutriu-se com a doutrina mística de São João da Cruz, que foi o seu verdadeiro mestre espiritual. [16] Portanto, não é para maravilhar se na escola destes dois Santos, posteriormente declarados Doutores da Igreja, também ela, óptima discípula, se tenha tornado Mestra de vida espiritual.

10. A doutrina espiritual de Teresa de Lisieux contribuiu para a difusão do Reino de Deus. Com o seu exemplo de santidade, de perfeita fidelidade à Mãe Igreja, em plena comunhão com a Sé de Pedro, assim como com as particulares graças por ela suplicadas para muitos irmãos e irmãs missionários, prestou um particular serviço à renovada proclamação e experiência do Evangelho de Cristo e à extensão da fé católica em todas as nações da terra.

Não é preciso que nos detenhamos muito sobre a universalidade da doutrina teresiana e sobre o amplo acolhimento da sua mensagem durante o século que nos separa da sua morte: isto está bem documentado nos estudos feitos em vista da atribuição do título de Doutora da Igreja a esta Santa.

Importância particular, a respeito disso, reveste o facto que o próprio Magistério da Igreja não só reconheceu a santidade de Teresa, mas pôs também em evidência a sua sabedoria e a sua doutrina. Já Pio X disse a respeito dela que era «a maior Santa dos tempos modernos». Acolhendo com alegria a primeira edição italiana da História de uma alma, ele exaltou os frutos que se colhem da espiritualidade teresiana. Bento XV, por ocasião da proclamação da heroicidade das virtudes da Serva de Deus, ilustrou o caminho da infância espiritual e louvou a ciência das realidades divinas, concedida por Deus a Teresa, para ensinar aos outros as vias da salvação. [17] Pio XI, por ocasião tanto da sua beatificação como da canonização, quis expor e recomendar a doutrina da Santa, ressaltando a particular iluminação divina [18] e qualificando-a como mestra de vida. [19] Pio XII, quando foi consagrada a Basílica de Lisieux em 1954, afirmou entre outras coisas que Teresa tinha penetrado, com a sua doutrina, no coração mesmo do Evangelho. [20] O Cardeal Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, visitou diversas vezes Lisieux, especialmente quando era Núncio em Paris. Durante o seu pontificado manifestou em várias circunstâncias a sua devoção pela Santa e ilustrou as relações entre a doutrina da Santa de Ávila e da sua filha, Teresa de Lisieux. [21] Várias vezes, durante a celebração do Concílio Vaticano II, os Padres evocaram o seu exemplo e a sua doutrina. Paulo VI, no centenário do nascimento da Santa, enviava no dia 2 de Janeiro de 1973 uma Carta ao Bispo de Bayeux e Lisieux, na qual exaltava o exemplo de Teresa na busca de Deus, a propunha como mestra da oração e da esperança teologal, modelo de comunhão com a Igreja, indicando o estudo da sua doutrina aos mestres, aos educadores, aos pastores e aos próprios teólogos. [22]

Eu mesmo, em várias circunstâncias, tive a alegria de me referir à figura e à doutrina da Santa, de modo especial por ocasião da inesquecível visita a Lisieux, a 2 de Junho de 1980, quando quis recordar a todos: «De Teresa de Lisieux, pode-se dizer com convicção que o Espírito de Deus permitiu ao seu coração revelar directamente, aos homens do nosso tempo, o mistério fundamental, a realidade do Evangelho [...]. O “pequeno caminho" é o caminho da “santa infância". Neste caminho, há alguma coisa de único, um génio de Santa Teresa de Lisieux. Há ao mesmo tempo a confirmação e a renovação da verdade mais fundamental e a mais universal. Que verdade da mensagem evangélica é, com efeito, mais fundamental e mais universal do que esta: Deus é nosso Pai e nós somos Seus filhos?». [23]

Estas simples referências a uma ininterrupta série de testemunhos dos Papas deste século sobre a santidade e a doutrina de Santa Teresa do Menino Jesus e sobre a difusão universal da sua mensagem, exprimem claramente quanto a Igreja acolheu, nos seus pastores e nos seus fiéis, a doutrina espiritual desta jovem Santa.

Sinal de acolhimento eclesial do ensinamento da Santa é o recurso à sua doutrina em muitos documentos do Magistério ordinário da Igreja, de modo especial quando se fala da vocação contemplativa e missionária, da confiança em Deus justo e misericordioso, da alegria cristã, da vocação à santidade. É testemunho disto a presença da sua doutrina no recente Catecismo da Igreja Católica. [24] Aquela que tanto gostou de aprender no catecismo as verdades da fé, mereceu ser incluída entre as testemunhas autorizadas da doutrina católica.

Teresa possui uma universalidade singular. A sua pessoa e a mensagem evangélica da «pequena via» da confiança e da infância espiritual encontraram e continuam a encontrar um acolhimento surpreendente, que transpôs todos os confins.

A influência da sua mensagem compreende, antes de tudo, homens e mulheres cuja santidade ou heroicidade das virtudes a própria Igreja reconheceu, pastores da Igreja, cultores da teologia e da espiritualidade, sacerdotes e seminaristas, religiosos e religiosas, movimentos eclesiais e comunidades novas, homens e mulheres de todas as condições e de todos os continentes. A todos Teresa traz a sua confirmação pessoal que o mistério cristão, do qual ela se tornou testemunha e apóstola fazendo-se na oração, como ela se exprime com audácia, «apóstola dos apóstolos», [25] deve ser tomado à letra, com o maior realismo possível, porque tem um valor universal no tempo e no espaço. A força da sua mensagem está na ilustração concreta de como todas as promessas de Jesus encontram plena actuação no crente, que sabe acolher com confiança na própria vida a presença salvífica do Redentor.

11. Todas estas razões são testemunho claro da actualidade da doutrina da Santa de Lisieux e da particular incidência da sua mensagem sobre os homens e as mulheres do nosso século.

Concorrem, além disso, algumas circunstâncias que tornam ainda mais significativa a sua designação como Mestra para a Igreja no nosso tempo.

Antes de tudo, Teresa é uma mulher que, ao aproximar-se do Evangelho, soube colher riquezas escondidas com aquela consistência e profunda ressonância vital e sapiencial, que é própria do génio feminino. Ela emerge, pela sua universalidade, na plêiade das mulheres santas que resplandecem pela sabedoria do Evangelho.

Teresa é, depois, uma contemplativa.

No recolhimento do seu Carmelo viveu a grande aventura da experiência cristã, até conhecer a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo. [26] Deus quis que não permanecessem escondidos os Seus segredos, mas habilitou Teresa a proclamar os segredos do Rei. [27] Com a sua vida, Teresa oferece um testemunho e uma ilustração teológica da beleza da vida contemplativa, como total dedicação a Cristo, Esposo da Igreja, e como afirmação viva da primazia de Deus sobre todas as coisas. A sua é uma vida escondida, que possui uma arcana fecundidade para a dilatação do Evangelho e impregna a Igreja e o mundo com o bom odor de Cristo. [28]

Teresa de Lisieux, por fim, é uma jovem. Atingiu a maturidade da santidade em plena juventude. [29] Desse modo, ela propõe-se como Mestra de vida evangélica, particularmente eficaz ao iluminar os caminhos dos jovens, aos quais compete ser protagonistas e testemunhas do Evangelho junto das novas gerações.

Teresa do Menino Jesus é não só a mais jovem Doutora da Igreja, mas também a mais próxima de nós no tempo, como que a sublinhar a continuidade com que o Espírito do Senhor envia à Igreja os seus mensageiros, homens e mulheres, como mestres e testemunhas da fé. Com efeito, quaisquer que sejam as variações, que se possam constatar no curso da história e não obstante as repercussões que elas costumam ter na vida e no pensamento das pessoas de cada época, não devemos perder de vista a continuidade que une entre si os Doutores da Igreja: eles continuam, em qualquer contexto histórico, testemunhas do Evangelho que não muda e, com a luz e a força que lhes vêm do Espírito, tornam-se seus mensageiros voltando a anunciá-lo na sua pureza aos contemporâneos. Teresa é Mestra para o nosso tempo, sedento de palavras vivas e essenciais, de testemunhos heróicos e críveis. Por isso ela é amada e acolhida também por irmãos e irmãs das outras Comunidades cristãs e até por quem nem sequer é cristão.

12. Neste ano, em que se celebra o Centenário da gloriosa morte de Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, enquanto nos preparamos para a celebração do Grande Jubileu do Ano 2000, depois de ter recebido numerosos e autorizados pedidos, especialmente da parte de muitas Conferências Episcopais do mundo inteiro, e depois de ter acolhido o pedido oficial, ou Supplex Libellus, que me foi dirigido em data de 8 de Março de 1997 pelo Bispo de Bayeux e Lisieux, assim como da parte do Prepósito-Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e da parte do Postulador-Geral da mesma Ordem, decidi confiar à Congregação para as Causas dos Santos, competente na matéria, «praehabito voto Congregationis de Doctrina Fidei ad eminentem doctrinam quod attinet», [30] o peculiar estudo da causa para a atribuição do Doutoramento a esta Santa.

Recolhida a necessária documentação, as duas mencionadas Congregações enfrentaram a questão nas respectivas Consultas: a da Congregação para a Doutrina da Fé, a 5 de Maio de 1997, no que se refere à «eminente doutrina», e a da Congregação para as Causas dos Santos, a 29 de Maio do mesmo ano, para examinar a especial «Positio». No dia 17 de Junho sucessivo, os Cardeais e os Bispos membros dessas Congregações, seguindo um modo de proceder por mim aprovado para a ocasião, reuniram-se numa Sessão Interdicasterial plenária e discutiram a Causa, exprimindo unanimemente um parecer favorável à concessão do título de Doutora da Igreja universal a Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. Esse parecer foi-me notificado pessoalmente pelo Senhor Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e pelo Pró-Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, D. Alberto Bovone, Arcebispo Titular de Cesarea in Numidia.

Em consideração disto, no dia 24 de Agosto passado, no momento da oração do «Angelus», na presença de centenas de Bispos e diante de uma imensa multidão de jovens do mundo inteiro, reunida em Paris para a XII Jornada Mundial da Juventude, eu quis pessoalmente anunciar a intenção de proclamar Teresa do Menino Jesus e da Santa Face Doutora da Igreja universal, por ocasião da celebração do Dia Mundial das Missões (em Roma).

Hoje, 19 de Outubro de 1997, na Praça de São Pedro, repleta de fiéis provenientes de todas as partes do mundo, estando presentes numerosos Cardeais, Arcebispos e Bispos, durante a solene celebração eucarística proclamei Doutora da Igreja universal Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, com estas palavras: Vindo ao encontro dos desejos de um grande número de Irmãos no Episcopado e de muitíssimos fiéis do mundo inteiro, ouvido o parecer da Congregação para as Causas dos Santos e obtido o voto da Congregação para a Doutrina da Fé naquilo que concerne à eminente doutrina, com conhecimento certo e ponderada deliberação, em virtude da plena autoridade apostólica, declaramos Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, virgem, Doutora da Igreja universal. No nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Tendo realizado isto no modo devido, estabelecemos que esta Carta Apostólica seja religiosamente acolhida e tenha pleno efeito, tanto agora como no futuro: além disso, seja considerado como julgado e definido legitimamente, e seja nulo e sem fundamento quanto de diverso a respeito disto possa ser atentado por alguém, qualquer que seja a autoridade, de modo consciente ou por ignorância.

Dado em Roma, junto de São Pedro, sob o sigilo do anel do Pescador, no dia 19 do mês de Outubro do ano do Senhor 1997, vigésimo de Pontificado.

joão paulo ii
 

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[1] Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theol. I-II, q. 106, art. 1; q. 108, art. 1
[2] AAS 62 [1970], pág. 675
[3] Dei Verbum, 8
[4] Manuscrito A, 83 v
[5] cf. Missal Romano, Oração do XXVI Domingo do Tempo Comum
[6] cf. Dei Verbum, 2
[7] cf. PN 24, Jésus, mon Bien-Aimé, rappelle-toi!
[8] cf.Manuscrito A, 83 v
[9] cf. 1 Cor 12, 13
[10] cf. Manuscrito B, 3 r - 3 v
[11] cf. Manuscrito C, 11 v - 19 r
[12] cf. Manuscrito C, 34 r - 35 r
[13] cf. Manuscrito A, 37 r - 37 v
[14] cf. Manuscrito A, 47 r
[15] cf. Manuscrito C, 33 v
[16] cf. Manuscrito A, 83 r
[17] cf. AAS 13 [1921] 449-452
[18] Discorsi di Pio XI, vol. I, Turim 1959, pág. 91
[19] cf.AAS 17 [1925] pp. 211-214
[20] cf. AAS 46 [1954] pp. 404408
[21] Discorsi, Messaggi, Colloqui, vol. II [19591960] pp. 771-772
[22] cf. AAS 65 [1973] pp. 12-15
[23] L'Osserv. Rom., ed. port. de 15 de Junho de 1980, pág. 16
[24] nn. 127, 826, 956, 1011, 2011, 2558
[25] Manuscrito A, 56 r
[26] cf. Ef 3, 18-19
[27] cf. Manuscrito C, 2 v
[28] cf. Letras 169, 2 v
[29] cf. Manuscrito C, 4 r
[30] Const. Apost. Pastor bonus, 73

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