Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Mc 8, 10-26
10 Entrando logo na barca com os discípulos, passou ao território de Dalmanuta. 11 Apareceram os fariseus, e começaram a discutir com Ele, pedindo-Lhe, para O tentarem, um sinal do céu. 12 Porém, Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum». 13 Depois, deixando-os, entrou novamente na barca e passou à outra margem. 14 Ora os discípulos esqueceram-se de levar pães; e não tinham consigo na barca mais do que um. 15 Jesus advertia-os dizendo: «Evitai com cuidado o fermento dos fariseus e o fermento de Herodes». 16 E eles comentavam entre si: «É que não temos pão». 17 Conhecendo isto, Jesus disse-lhes: «Porque estais a discutir que não tendes pão? Ainda não reflectistes nem entendestes? Ainda tendes a vossa inteligência obscurecida? 18 Tendes olhos e não vedes, e tendes ouvidos e não ouvis? Já não vos lembrais? 19 Quando parti os cinco pães para cinco mil homens, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?». Eles responderam: «Doze». 20 «E quando parti sete pães para quatro mil, quantos cestos de pedaços recolhestes?». Responderam: «Sete». 21 E dizia-lhes: «Como é que ainda não entendeis?». 22 Chegaram a Betsaida. Trouxeram-Lhe um cego e suplicavam-Lhe que o tocasse. 23 Tomando o cego pela mão, conduziu-o para fora da aldeia, pôs-lhe saliva sobre os olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?». 24 Ele, levantando os olhos, disse: «Vejo os homens que me parecem árvores que andam». 25 Depois, Jesus impôs-lhe novamente as mãos sobre os olhos e ele começou a ver claramente. Ficou curado e distinguia tudo, nitidamente, de longe. 26 Então Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Não entres na aldeia».
Talita Kum - Levanta-te
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Portanto, temos a certeza que Jesus não desprezava as coisas do mundo, as aparências em si mesmas, ou seja, aqueles actos exteriores que de alguma forma devem ser reflexo dos sentimentos e disposições internas dos homens. Convém, portanto, termos as coisas muito claras e não nos deixarmos levar por escrúpulos ou falsas premissas.
Os ensinamentos de Jesus são iniludíveis a este respeito: «Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a põe em sítio oculto ou debaixo do alqueire, mas no candelabro, para que vejam a claridade aqueles que entram» [1]
O aparato, ou declarada intenção, de dar nas vistas, são ridículos e até condenáveis - as múltiplas rezas e benzeduras, o orar a todos os santinhos de uma Igreja percorrendo os diversos altares, o assistir e comungar em várias Missas por dia -, são falsas manifestações de piedade que Deus não deseja. O contrário: a postura correcta numa Missa, ajoelhando-nos quando está indicado que o façamos, uma genuflexão bem-feita diante do Sacrário, o recitar as orações comuns, são atitudes que agradam a Deus porque demonstram os nossos sentimentos de respeito, veneração e adoração que devemos ao Nosso Senhor e Criador e que, também, atestam perante os outros, a nossa pública manifestação desses mesmos sentimentos, servindo-lhes de exemplo a imitar.
Muitos têm a tentação de ler com olhos estreitos os ensinamentos do Evangelho. Para não participarem em manifestações religiosas - Santa Missa, a recitação do Terço, uma procissão etc. - dizem que Jesus disse que: «Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta à chave e ora a teu Pai que está em lugar secreto» [2]. À primeira vista até parece contraditório com a instrução antes dada sobre a luz que se deve pôr onde ilumine todos. De facto não é. Jesus não se contradiz, antes pelo contrário, reforça a Sua doutrina. [3]
Com efeito, devemos procurar participar nas cerimónias e manifestações religiosas públicas, conduzidas pela Igreja, porque a ela pertencemos e fazemos parte do Povo de Deus, mas, não devemos ficar-nos por aqui. É preciso, também, procurar aquela conversa íntima com o Senhor, aquilo a que chamamos oração mental, que é aquela oração que fazemos recolhidos, num contacto íntimo com Deus.
Recolhidos, entenda-se, não necessariamente no nosso quarto - que apenas é uma expressão - mas no nosso coração, no nosso íntimo.
«Quem tem ouvidos para ouvir, oiça», diz-nos Jesus neste trecho do Evangelho que estamos a meditar, como de resto no-lo repete por várias vezes. O Senhor, faz um apelo muito sério à recta intenção que devemos ter em todos os nossos actos, nomeadamente, naqueles que de alguma forma estão relacionados com Deus. Seria um disparate, e um gravíssimo erro, tentar enganar Deus ou, de qualquer maneira, pressioná-lo, com práticas ou atitudes que não traduzam um são e correcto sentimento interior.
Tirar o chapéu, ou benzer-se, quando se passa em frente de uma Igreja, pode ser um acto de ofensa a Deus se for feito apenas mecanicamente, ou, pior ainda, para que alguém veja como somos respeitosos, porque revelará ou indiferença ou vaidade.
Pelo contrário, quem passe em frente de uma Igreja sem se descobrir ou benzer, mas no seu coração eleve um pensamento, uma saudação, ao Senhor ali presente na Sagrada Eucaristia, terá, com certeza, agradado muito a Deus. Porque, o importante não é descobrir-se ou benzer-se, embora seja verdade que será muito meritório, se for feito correspondendo a um verdadeiro desejo interior de saudar respeitosamente o Senhor ali presente, o importante é, sim, a atitude interior que nos brota do coração. [4]
Às vezes não posso deixar de reparar em algumas pessoas que, durante a Santa Missa, parecem estar a rezar o Terço. É como se fossem ao cinema e, durante a projecção do filme, tentassem ler um livro. Evidentemente que não conseguem nenhuma das duas coisas: nem vêm o filme nem conseguem ler o livro. Isto resulta numa perda de tempo, uma despesa inútil, um disparate. Na realidade, não fazem mal a ninguém, excepto a si mesmos por terem gasto dinheiro inutilmente, e não aproveitaram a projecção do filme.
Na Santa Missa oiçamos, participemos com a maior atenção e devoção.
Na recitação do Terço, sozinhos ou com outras pessoas, recitemos o Terço.
Tenhamos, pois, claro que, as nossas atitudes exteriores devem, sempre, reflectir a nossa disposição interior. Só assim podemos ser coerentes.
Não há forma de agradar a Deus sem coerência.
Peçamos à Santíssima Virgem que nos ajude a ter sempre sãs e correctas disposições na nossa alma e no nosso coração e que elas se reflictam nos nossos actos externos» [5].
[6]…/
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