SENTIMENTOS E EDUCAÇÃO MORAL
A educação deve prestar uma atenção muito particular à educação moral e não pode ficar apenas em questões como o desenvolvimento intelectual, a força de vontade ou a estabilidade emocional. Uma boa educação sentimental há-de ajudar, entre outras coisas, a aprender, dentro do possível, a desfrutar fazendo o bem e sentir desgosto fazendo o mal. Trata-se, portanto, de aprender a amar o que verdadeiramente merece ser amado.
No nosso interior há sentimentos que nos impulsionam a agir bem, e, junto a eles, pululam também outros que ameaçam a nossa vida moral. Por isso devemos procurar modelar os nossos sentimentos para que nos ajudem o mais possível a sentirmo-nos bem com aquilo que nos ajuda a construir uma vida pessoal harmónica, plena, conseguida; e a sentirmo-nos mal em caso contrário. Porque a educação moral ajuda-nos — entre outras coisas — a sentirmo-nos optimamente.
Para os primeiros cristãos, o sentido positivo da afectividade humana era algo conatural e muito próximo. Prova disso é o conselho de São Paulo: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que teve Cristo Jesus” [1]. O Catecismo da Igreja Católica fala também da importância de envolver a vida afectiva na santidade: «A perfeição moral consiste em que o homem não seja movido ao bem apenas pela sua vontade, mas também pelo seu apetite sensível segundo estas palavras do salmo: ‘O meu coração e a minha carne gritam de alegria pelo Deus vivo’ (Sal 84,3)» [2].
É verdade que por vezes fazer o bem não será atractivo. Por isso os sentimentos nem sempre são um guia moral seguro. É necessário não desprezar a sua força e influência, e compreender que convém educá-los para que ajudem o mais possível à vida moral. Se uma pessoa, por exemplo, sente desagrado ao mentir e satisfação quando é sincera, isso sem dúvida ser-lhe-á de grande ajuda. E se se sente incomodada quando é desleal, ou egoísta, ou preguiçosa, ou injusta, esses sentimentos afastá-la-ão desses erros e, por vezes, com bastante mais força do que outros argumentos.
a. aguiló
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