Domingo 09 de Janeiro
Evangelho: Mt 3, 13-17
13 Então, foi Jesus da Galileia ao Jordão, e apresentou-Se a João, para ser baptizado por ele. 14 Mas João opunha-se-Lhe, dizendo: «Sou eu quem devo ser baptizado por Ti e Tu vens a mim?» 15 Jesus respondeu-lhe: «Deixa estar por agora, pois convém que cumpramos assim toda a justiça». Ele então concordou. 16 Logo que foi baptizado, Jesus saiu da água. E eis que se Lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descer em forma de pomba, e vir sobre Ele. 17 E eis que uma voz vinda do céu dizia: «Este é o Meu Filho amado no qual pus as Minhas complacências».
Comentário:
“Cumprir toda a justiça”, ou seja, a Vontade de Deus.
A Vontade de Deus é sempre justa e quem a cumpre pratica a justiça de uma forma total, por isso Cristo refere a João Baptista que tudo tem de ser feito conforme determinado por Deus porque essa, é a única forma de ter a certeza de estar no bom caminho. “Talvez que se pudessem apressar as coisas, ou adiá-las, ou, quem sabe, melhor seria nem sequer as fazer”… estas são lucubrações de quem pretende pôr a sua vontade à frente – ou em lugar – da vontade de Deus. Nenhum caminho humano é melhor ou mais conveniente que o Deus traçou na Sua Sabedoria Infinita e embora, por vezes, pareça que os “tempos” de Deus são demasiado longos ou tardam mais que o necessário, não se iluda quem pense que por apressar ou antecipar esses “tempos” ganha ou resolve seja o que for. O tempo de Deus é a eternidade que é a ausência de tempo, o tempo humano, é este de agora, que nunca existiu nem voltará a repetir-se. A diferença é abissal! (ama, comentário sobre Mt 3, 13-17, 2010.12.16)
Tema: Serenidade e Imaginação
Quando as situações se tornam complicadas, os problemas se avolumam e as soluções parecem tardar é muito difícil manter a serenidade.
A agitação interior é quase sempre agravada pela imaginação que envolve em lucubrações, procurando remédios para os cenários que, uns atrás dos outros, vai construindo.
Parece, assim, evidente que a serenidade tem directamente a ver com o controlo da imaginação. Este é fundamental para que aquela se estabeleça.
Há, sem dúvida, muitas fórmulas e enunciados sobre o assunto mas nenhum funciona de forma automática.
Porquê?
Porque está no cerne da questão a idiossincrasia da pessoa.
Ninguém é exactamente igual a outrem porque, como já vimos antes, o ser humano é sempre único e irrepetível. Sendo assim percebe-se que as tais formulas e enunciados têm forçosamente de sofrer uma adaptação a cada caso.
É fundamental não confundir serenidade com impassibilidade. Ambas são virtudes mas a impassibilidade é, alem disso, um Dom do Espírito Santo o que a torna, como virtude, em algo mais completo e, poder-se-ia dizer, "poderoso" na estabilidade do comportamento humano.
A serenidade será pois, alcançada com o domínio da imaginação. Tudo assume as proporções reais e factuais despidas da roupagem e adornos com que a imaginação tende a vesti-las.
A imaginação - que já foi apelidada como "a louca da casa" por Santa Teresa de Jesus -, é uma faculdade (não virtude) exclusiva do homem, das mais poderosas e das que mais influem no seu comportamento.
Esta faculdade de construir situações, cenários, esquemas é em si muito boa e pode produzir bens excelentes. Mas necessita do controlo da inteligência para que os passos que dá sejam no sentido da construção de algo positivo, possível, alcançável.
Se assim não for só produzirá fantasias e quimeras que, sempre, desviarão o homem do verdadeiro objectivo.
Vejamos, por exemplo, alguém que se dedique a escrever um livro.
Se deixar a sua imaginação à solta, enredar-se-á numa teia que acabará incompreensível e sem nexo.
Se, ao contrário, a inteligência exercer o seu controlo são estabelecidas as baias entre as quais a imaginação é obrigada a manter-se e, assim, o resultado, mesmo que possa não ter brilho ou ser desinteressante é, pelo menos, coerente.
Apetece dar um exemplo: um laureado produtor literário recentemente falecido, deixava a imaginação conduzi-lo sem qualquer controlo sendo o resultado um "tijolo" de palavras e frases arrastando-se penosamente ao longo de páginas e páginas tentando exprimir uma ideia ou, talvez, contar a história de uma ideia inicial que, até, poderia ter sido interessante ver desenvolvida de outro modo.
O que, sim, tem muito a ver com a serenidade - aliás numa ligação muito forte - é a simplicidade.
Uma pessoa simples goza de uma serenidade estável porque é dificilmente impressionável por factores estranhos ou súbitos, não habituais. (ama, considerações sobre a serenidade, 2010)
Doutrina: «RERUM NOVARUM»
A natureza não impõe somente ao pai de família o dever sagrado de alimentar e sustentar seus filhos; vai mais longe. Como os filhos reflectem a fisionomia de seu pai e são uma espécie de prolongamento da sua pessoa, a natureza inspira-lhe o cuidado do seu futuro e a criação dum património que os ajude a defender-se, na perigosa jornada da vida, contra todas as surpresas da má fortuna. Mas, esse património poderá ele criá-lo sem a aquisição e a posse de bens permanentes e produtivos que possam transmitir-lhes por via de herança?
Assim como a sociedade civil, a família, conforme atrás dissemos, é uma sociedade propriamente dita, com a sua autoridade e o seu governo paterno, é por isso que sempre indubitavelmente na esfera que lhe determina o seu fim imediato, ela goza, para a escolha e uso de tudo o que exigem a sua conservação e o exercício duma justa independência, de direitos pelo menos iguais aos da sociedade civil. Pelo menos iguais, dizemos Nós, porque a sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, de que participam necessariamente os seus direitos e os seus deveres. E se os indivíduos e as famílias, entrando na sociedade, nela achassem, em vez de apoio, um obstáculo, em vez de protecção, uma diminuição dos seus direitos, dentro em pouco a sociedade seria mais para se evitar do que para se procurar.
Festa: Baptismo do Senhor
O próprio Evangelho de hoje é o melhor texto que se pode ter como referência para esta festa tão importante. É evidente o desejo expresso de Jesus Cristo em cumprir todas as “etapas” da Sua missão salvífica tal como Deus a concebera. Por um lado era importante que o baptismo de João fosse, por assim dizer, abençoado como querido por Deus e a forma de o fazer foi o próprio Jesus Cristo submeter-se a ele. Só pode ser esta a interpretação já que o baptismo de João não acrescentou – por assim dizer – absolutamente nada à pessoa de Jesus Cristo ou teve qualquer influência. Ao santificar o baptismo de João com a Sua presença, Jesus institui, o Sacramento, tornando-o próprio, como mais tarde referirá aos Seus discípulos para baptizarem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo como condição de entrada no Reino de Deus. (ama, comentário no Baptismo do Senhor)
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