25/12/2010

Textos de Reflexão para 25 de Dezembro

Dia de Natal Sábado 25 de Dezembro

Evangelho: Lc 2, 1-14

1 Naqueles dias, saiu um édito de César Augusto, prescrevendo o recenseamento de toda a terra. 2 Este recenseamento foi anterior ao que se realizou quando Quirino era governador da Síria. 3 Iam todos recensear-se, cada um à sua cidade. 4 José foi também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, que se chamava Belém, porque era da casa e família de David, 5 para se recensear juntamente com Maria, sua esposa, que estava grávida.6 Ora, estando ali, aconteceu completarem-se os dias em que devia dar à luz, 7 e deu à luz o seu filho primogénito, e O enfaixou, e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. 8 Naquela mesma região, havia uns pastores que velavam e faziam de noite a guarda ao seu rebanho. 9 Apareceu-lhes um anjo do Senhor e a glória do Senhor os envolveu com a sua luz e tiveram grande temor. 10 Porém, o anjo disse-lhes: «Não temais, porque vos anuncio uma boa nova, que será de grande alegria para todo o povo: 11 Nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador, que é o Cristo, o Senhor. 12 Eis o que vos servirá de sinal: Encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura». 13 E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celeste louvando a Deus e dizendo: 14 «Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens, objecto da boa vontade de Deus».
MENSAGEM   DO PAPA JOÃO PAULO II
 PARA O NATAL DE 1978 ([1])
BÊNÇÃO URBI ET ORBI

1. Esta mensagem, quero dirigi-la a todos os homens e a cada um; ao homem, na sua humanidade. Natal é a festa do homem. Nasce o Homem; um dos milhares de milhões de homens que nasceram, nascem e nascerão sobre a terra. Um homem, um elemento componente da grande estatística. Não foi por acaso que Jesus veio ao mundo no período do recenseamento; quando um imperador romano quis saber quantos súbditos tinha o seu país. O homem feito objecto do cálculo, considerado sob a categoria da quantidade, um entre os milhares de milhões. E, ao mesmo tempo, um, único e singular. Se nós celebramos assim tão solenemente o Nascimento de Jesus, fazemo-lo para testemunhar que todo e qualquer homem é alguém, único e que não se pode repetir. Se as nossas estatísticas humanas, as catalogações humanas, os humanos sistemas políticos, económicos e sociais, as simples humanas possibilidades não conseguem assegurar ao homem que este possa nascer, existir e operar como um único e singular, então assegura-lho Deus. Para Ele e perante Ele, o homem é sempre único e singular; alguém que foi eternamente ideado e designado com o seu próprio nome.
Assim como sucedeu com o primeiro homem, Adão; e assim como sucede com este novo Adão, que nasce da Virgem Maria na gruta de Belém: dar-lhe-ás o nome de Jesus (Lc. 1, 31)
2. Esta mensagem, pois, é dirigida a todos os homens e a cada um, exactamente enquanto homem, à sua humanidade. É a humanidade, de facto, que é elevada com o nascimento terreno de Deus. A humanidade, "a natureza" humana foi assumida na unidade da Divina Pessoa do Filho, na unidade do Eterno Verbo, em que Deus Se exprime eternamente a Si mesmo; esta Divindade Deus a exprime em Deus: Deus verdadeiro; o Pai no Filho e de ambos o Espírito Santo.
Na solenidade do dia de hoje nós elevamo-nos também no sentido deste mistério inescrutável, deste Nascimento Divino.
Ao mesmo tempo, o Nascimento de Jesus em Belém testemunha que Deus exprimiu esta Palavra eterna no tempo, na história. Desta "expressão" Ele fez e continua a fazer a estrutura da história do homem. O Nascimento do Verbo Encarnado é o início de uma nova força da mesma humanidade; a força que está ao alcance de todos os homens, segundo as palavras de São João: deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo. 1, 12). É em nome deste singular valor de todos e cada um dos homens, em nome desta força que é trazida para todos e cada um dos homens pelo Filho de Deus ao tornar-se homem, que eu me dirijo nesta mensagem sobretudo ao homem:
A todos os homens e a cada um: onde quer que trabalhe, crie, sofra, lute, peque, ame, odeie e duvide; onde quer que viva e morra; a ele eu me dirijo, hoje, com toda a verdade do Nascimento de Deus; com a Sua mensagem.

3. O homem vive, trabalha, cria sofre, luta, ama, odeia, duvida, cai e levanta-se em comunhão com os outros homens.
Portanto, dirijo-me a todas as vã rias comunidades. Aos Povos, às Nações, aos Regimes, aos Sistemas políticos, económicos, sociais e culturais e digo-lhes:

— Aceitai a grande verdade sobre o homem;
        — Aceitai a verdade plena acerca do homem, que foi pronunciada na Noite de Natal;
— Aceitai esta dimensão do homem, que se patenteou a todos os homens naquela Santa
    Noite!
— Aceitai o mistério, no qual todos os homens e cada um vive desde quando Cristo nasceu.
 — Permiti a este mistério agir em todos e cada um dos homens!
 — Permiti-lhe que ele se desenvolva nas condições exteriores do seu ser terreno.

Neste mistério se encerra a força da humanidade. A força que irradia sobre tudo aquilo que é humano. Não torneis difícil uma tal irradiação. Não a destruais. Tudo aquilo que é humano cresce a partir desta força; sem ela debilita-se; sem ela arruina-se.
E por isso, agradeço-vos a todos vós — Famílias, Nações, Estados, Sistemas políticos, económicos, sociais e culturais — por tudo aquilo que fazeis para que a vida dos homens se possa tornar nos seus diversos aspectos cada vez mais humana, isto é mais digna do homem. Auspicio de todo o coração e suplico-vos que não vos canseis nunca em tal esforço, em tal aplicação.

4. Glória a Deus com mais alto dos céus! (Lc. 2, 14).
Deus aproximou-se, Deus está no meio de nós. É Homem. Nasceu em Belém. Está deitado numa manjedoura porque não havia lugar para Ele na hospedaria (Cfr. Lc. 2. 7).
O seu nome: Jesus! A sua missão: Cristo!
É Mensageiro de grande Conselho, Conselheiro admirável (Is. 9. 5); e nós, com tanta frequência, ficamos irresolutos, e os nossos conselhos não produzem os frutos desejados.
É Pai perpétuo (Ibidem) — "Pater futuri saeculi, Princeps pacis"; e, apesar de nos separarem dois mil anos do Seu nascimento, Ele está sempre diante de nós e sempre nos precede. Devemos "correr atrás d'Ele" e procurar alcançá-lo.
É a nossa Paz! A Paz dos homens! A Paz dos homens que Ele ama (Lc. 2, 14). Deus agradou-se do homem por Cristo. Assim, este homem, não se pode destruí-lo; não se pode aviltá-lo; não é permitido odiá-lo!
Paz aos homens de boa vontade! A todos eu dirijo o convite instante a orarem, juntamente com o Papa, pela Paz, em particular hoje e daqui a oito dias, data em que celebraremos o "Dia da Paz".

5. Feliz Natal a todos os homens e a cada um dos homens!
O meu pensamento — com os meus votos cheios de afecto cordial e de sincero respeito — vai para vós, Irmãs e Irmãos, que vos encontrais presentes aqui nesta Praça; vai para todos vós, os que, através dos meios de comunicação social, tendes a possibilidade de vos pordes em sintonia com esta breve cerimónia; vai para vós todos, os que procurais sinceramente a verdade, os que tendes tome e sede de justiça, os que anelais pela bondade e pela alegria; vai para vós, pais e mães de família; para vós trabalhadores e profissionais; para vós, jovens; para vós adolescentes; para vós crianças; vai para vós, pobres; para vós, doentes; para vós, anciãos; para vós, encarcerados; e para todos vós, enfim, os que vos achais na impossibilidade de passar o Santo Natal em família, na companhia dos vossos entes queridos.

FELIZ NATAL!   
PAPA JOÃO PAULO II

© Copyright 1978 - Libreria Editrice Vaticana




[1] Primeira Homília de Natal de João Paulo II



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