28/12/2010

BEMFEITINHO


Ouvi outro dia esta expressão que me deixou encantado. É bem conhecido o gosto dos portugueses pelos diminutivos, mas este pareceu-me particularmente saboroso. Foi numa conversa com um agricultor que tinha uma filha a estudar na Universidade. Quando louvei a carreira académica da filha, ele disse-me: não me importa o que ela venha a fazer no futuro. Até pode andar a varrer as ruas da cidade. o que interessa é que o que faça seja bemfeitinho.


        Fazer seja o que for, bemfeitinho. Esta é a verdadeira concepção da dignidade do trabalho. Como afirma João Paulo II, o trabalho tem um sentido objectivo, que depende do que se faz, mas, acima desse, tem um sentido subjectivo, que depende de quem o faz. Neste segundo sentido, todos os trabalhos têm o mesmo valor, porque todos são obra humana, e não há seres humanos de primeira e de segunda.

        Então, o que dá dignidade ao trabalho é o empenho humano que cada um põe no que faz, seja qual for o trabalho. Isso manifesta-se no fazer o trabalho bemfeitinho, com a consciência de que varrer uma rua ou investigar em Física teórica são maneiras igualmente válidas de participar da obra criadora de Deus, de auto - aperfeiçoar-se, de ser útil à Humanidade.

Víctor Costa Lima

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