Auto – estima
Nunca me agradou a ingenuidade e a veemência com que alguns falam da auto-estima. Mas sim estou de acordo em que se trata de um problema crescente nos nossos dias. Educar-se a si mesmo é algo parecido com educar a outro. Para educar a outro há que exigir-lhe (se não, sairá um mimado insofrido), mas também há que tratá-lo com afecto, há que vê-lo com bons olhos. Da mesma forma que, para educar-se a si mesmo também há que exigir-se, mas ào mesmo tempo há que tratar-se a si mesmo com afecto, e ver-se com bons olhos. Todavia, há demasiada gente que se maltrata a si mesma, que recrimina áspera e reiteradamente os seus próprios erros, que se julga a si mesma com demasiada dureza e se considera incapaz da superar os seus erros e defeitos.
É verdade que, os que não recordam os seus fracassos do passado, estão predispostos a repeti-los. Mas há que saber fazê-lo com equilíbrio e sensatez. Porque o fracasso pode ter um valor frutífero, tal como pode haver êxitos estéreis. Um fracasso frutífero é o que conduz a novas percepções e ideias que aumentam a experiência e o saber.
É muito famosa aquela história de Thomas Watson, o legendário fundador da IBM, que chamou ao seu gabinete um executivo da empresa que acabava de perder dez milhões de dólares numa arriscada operação. O jovem estava muito assustado e pensava que ia ser despedido de modo fulminante. Todavia, Watson disse-lhe: "Acabamos de gastar dez milhões de dólares na sua formação, esperamos que saiba aproveitá-los".
Não se pode viver obcecado pelas sombras e assustando-se com elas. Fracassos todos temos, todos os dias. O mal é quando se considera que o potro da sua vida é impossível de dominar, quando atira a toalha em vez de se fixar em quais são as verdadeiras causas dos seus cansaços e inibições. Se examinamos as coisas com cuidado, talvez concluamos que, como Alexandre, temos de tomar as rédeas daquela decisão e manter o olhar de voltado para o ideal que ilumina a nossa vida. (
Alfonso Alguilló in FLUVIUM, 23.10.2008)
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