Chega-se cansado a casa. O cansaço é legítimo. O mau humor, não. Convém lembrar que o homem cansado é propenso ao mau génio, já que tem as defesas baixas e os nervos destemperados.
O cansado tende ao hermetismo. Não é comunicativo.
É preciso dar ao cansado um tempo para decantar as fadigas e preocupações de um dia de trabalho. Deve-se permitir ao guerreiro deixar suas armas, desmontar e recompor-se.
Procura desfazer-se quanto antes de sua mercadoria. Interrompe quando não deve, tem mais pressa quanto mais deve esperar. É a hora heróica dos pais.
O carinho dos filhos vale mais que o esgotamento.
Ao chegar a casa, nenhum pai pode abrir a porta e dizer: “Missão cumprida”.
Se ele acha que a casa é o lugar das compensações egoístas, um pai de família perdeu-se. A recompensa verdadeira é a de ver-se rodeado por afecto.
O carinho dos filhos não é um carinho abstracto, teórico. É tangível. Percebe-se. Toca-se.
Os olhos das crianças estão a dizer: “Seja meu pai. Tu és forte, mais forte que o cansaço”.
(Diego Ibañez Langlois, trad ama)
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