26/06/2010

IN MEMORIAM

            


Quantas vezes te tenho dito claramente
Que não entendo as razões ou porquês
Da tua chamada para um viver diferente
Para voos mais altos e demorados talvez.

Do meu esvoaçar sem nexo daqui para ali
Quiseste dar-me um rumo mais seguro
Levando-me a fixar os meus olhos em ti
Com um olhar mais límpido e mais puro.

Voar alto, muito mais alto numa ânsia de subir
Para lá das planas terras e dos grandes montes
Avistar os cumes e os mais altos que hão-de vir
Beber apenas nas águas das mais puras fontes.

E eu fui e tenho ido como num sonho irreal
Sem me deter a pensar no que possa valer
A minha entrega feita de abandono total
Sabendo que se há mérito só teu pode ser.

Ah! Josemaria meu querido Padre Santo
Todos os dias me interrogo constantemente
Como me foste buscar ao meu fundo canto
Onde escondido me gastava inutilmente.

Foste tu e não eu quem se aproximou
Naquele encontro breve mas muito intenso
Em que nas palavras do teu filho Ramon
Me deixaste entrever um mundo imenso.

Este mundo onde me esforço como posso e sei
Por viver como tu queres: disponível e profundo
Tentando pôr acima de tudo Jesus como Rei
Que foi para ser Rei que Ele veio ao Mundo.

Disponível para os outros antes de mim mesmo
Profundo no sentir as coisas de Deus que são todas
Deixando de lado a vida sem destino e a esmo
Preparando-me como amigo do Esposo para as bodas.

Estar sempre pronto:
Não ficar à porta por falta de azeite
Ter um plano de vida:
Não me desviar do caminho traçado
Ser exigente e determinado:
Não me deixar levar pelo falso deleite
Ter os olhos na Cruz:
Do mais fácil ou do menos ousado.

ama, Porto, 09 de Janeiro de 2002


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