31/08/2015

NUNC COEPI o que pode ver em 31 Ago

O que pode ver em NUNC COEPI em Ago 31

São Josemaria – Textos

AMA - Reflectindo - A realidade

Bento XVI - Pensamentos espirituais

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 4 16-30, São Josemaria - Leitura espiritual (Cristo que passa)

Agenda Segunda-Feira

Evangelho, comentário, L. Espiritual


Tempo comum XXII Semana

Evangelho: Lc 4, 16-30

16 Foi a Nazaré, onde Se tinha criado, entrou na sinagoga, segundo o Seu costume, em dia de sábado, e levantou-Se para fazer a leitura. 17 Foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías. Quando desenrolou o livro, encontrou o lugar onde estava escrito: 18 “O Espírito do Senhor repousou sobre Mim; pelo que Me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; Me enviou para anunciar a redenção aos cativos, e a recuperação da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, 19 a pregar um ano de graça da parte do Senhor”. 20 Tendo enrolado o livro, deu-o ao encarregado, e sentou-Se. Os olhos de todos os que se encontravam na sinagoga estavam fixos n'Ele. 21 Começou a dizer-lhes: «Hoje cumpriu-se este passo da Escritura que acabais de ouvir». 22 E todos davam testemunho em Seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam da Sua boca, e diziam: «Não é este o filho de José?». 23 Então disse-lhes: «Sem dúvida que vós Me aplicareis este provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo”. Todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, fá-las também aqui na Tua terra». 24 Depois acrescentou: «Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra. 25 Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por toda a terra; 26 e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia. 27 Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado, senão o sírio Naaman». 28 Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira. 29 Levantaram-se, lançaram-n'O fora da cidade, e conduziram-n'O até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem. 30 Mas, passando no meio deles, retirou-Se.

Comentário:

Quantos acusam Jesus de falar por enigmas ou de não revelar completamente Quem É e ao que vem ficaram aqui definitivamente esclarecidos. O Mestre não poderia ter sido mais claro: Esclarece Quem É e qual é a Sua missão.
Mas em lugar de ouvir e entender e, entendendo, acolher Jesus, preferem suspeitar, duvidar e, com raciocínios preconceituosos, definitivamente repudiar Quem assim lhes fala.
Como o coração do Senhor deve ter-se sentido apertado numa pena enorme por ver que, precisamente os Seus conterrâneos, são aqueles que mais veementemente o repudiam!

(ama, Comentário sobre Lc 4, 16-2, Fev. 2009)


Leitura espiritual



CRISTO QUE PASSA

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Direito à intimidade

Voltemos à cena da cura do cego.
Jesus Cristo replicou aos seus discípulos que aquela desgraça não era consequência do pecado, mas uma ocasião para que se manifestasse o poder de Deus.
E, com maravilhosa simplicidade, decide que o cego veja.

Começa então, a par da felicidade, o tormento daquele homem. Não o deixarão em paz.
Primeiro são os vizinhos e os que antes o tinham visto a pedir esmola.
O Evangelho não nos diz que se tivessem alegrado, mas que não acreditavam nele, apesar de o cego insistir que esse, que dantes não via e depois já via, era ele mesmo.
Em vez de o deixarem gozar serenamente aquela graça, levam-no aos fariseus, que lhe perguntam de novo como foi.
E ele responde, pela segunda vez: pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.

A partir de então, os fariseus querem demonstrar que aquilo que aconteceu, uma boa coisa e um grande milagre, não aconteceu. Alguns deles recorrem a raciocínios mesquinhos, hipócritas, muito pouco equânimes: curou num sábado e, como trabalhar ao sábado está proibido, negam o prodígio.
Outros começam o que hoje se chamaria um inquérito.
Vão ter com os pais do cego: É este o vosso filho, que vós dizeis que nasceu cego? Como vê, pois, agora?
O medo aos poderosos leva a que os pais respondam com uma frase que reúne todas as garantias do método científico: sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como ele agora vê e também não sabemos quem lhe abriu os olhos; perguntai-o a ele mesmo; tem idade, ele mesmo fale de si.

Os que fazem o inquérito não podem crer, porque não querem crer. Tornaram, pois, a chamar o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: ... nós sabemos que esse homem - Jesus Cristo - é um pecador.

Com poucas palavras, o relato de S. João exemplifica aqui um modelo de atentado tremendo contra o direito básico, que por natureza a todos corresponde, de ser tratado com respeito.

O tema continua a ser actual.
Não daria muito trabalho a assinalar, nesta época, casos dessa curiosidade agressiva que conduz a indagar morbidamente a vida privada dos outros.
Um mínimo sentido de justiça exige que, mesmo na investigação de um suposto delito, se proceda com cautela e moderação, sem tomar por certo o que apenas é uma possibilidade.
Compreende-se perfeitamente que a curiosidade malsã por desventrar aquilo que não só não é um delito, como até é possível tratar-se de uma acção honrosa, deva qualificar-se como uma perversão.

Perante os negociadores da suspeita, que dão a impressão de organizar um tráfico de intimidade, é preciso defender a dignidade de cada pessoa, o seu direito ao silêncio.
Nesta defesa costumam coincidir todos os homens honrados, sejam ou não cristãos, porque se ventila um valor comum: a legítima decisão de uma pessoa ser ela mesma, de não se exibir, de conservar em justa e íntima reserva as suas alegrias, as suas penas e dores de família e, sobretudo, de fazer o bem sem espectáculo, de ajudar os necessitados por puro amor, sem obrigação de publicar essas tarefas ao serviço dos outros e, muito menos, de pôr a descoberto a intimidade da sua alma diante dos olhares indiscretos e pouco rectos de pessoas que nada sabem nem desejam saber da vida interior, a não ser para troçar impiamente.

Mas como é difícil ver-se livre dessa agressividade intrometida!
Os métodos para não deixar um homem tranquilo têm-se multiplicado.
 Refiro-me aos meios técnicos e também a sistemas de argumentação geralmente aceites, contra os quais é difícil lutar, se se deseja conservar a reputação.
Parte-se, assim, muitas vezes da ideia de que toda a gente procede mal. Por isso, com esta forma de pensar errada, torna-se inevitável o meaculpismo, a autocrítica.
Se uma pessoa não lança sobre si uma tonelada de lama, deduzem que, além de incurável, é hipócrita e arrogante.

Noutras ocasiões age-se de modo diferente.
Quem fala ou escreve, caluniando, está disposto a admitir que eu sou um indivíduo integro, mas que outros talvez não tenham a mesma opinião, pelo que podem publicar que sou um ladrão.
Ou melhor: o senhor afirmou sempre que a sua conduta é limpa, nobre, recta.
Aborrecer-se-ia de considerá-la de novo, para comprovar se - pelo contrário - essa sua conduta não será porventura suja, desleal e retorcida?

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Não são exemplos imaginários.
Estou persuadido de que qualquer pessoa, ou qualquer instituição com um pouco de renome poderia aumentar a casuística.
Criou-se em alguns sectores a falsa mentalidade de que o público, o povo, ou como queiram chamá-lo, tem o direito de conhecer e interpretar os pormenores mais íntimos da existência dos outros.

Permiti-me algumas palavras sobre algo que está bem unido à minha alma.
Desde há mais de trinta anos que digo e escrevo de muitas maneiras que o Opus Dei não tem qualquer finalidade temporal ou política. Pretende única e exclusivamente difundir, entre pessoas de todas as raças, de todas as condições sociais, de todos os países, o conhecimento e a prática da doutrina salvadora de Cristo e contribuir para que haja mais amor de Deus na terra e, portanto, mais paz, mais justiça entre os homens, filhos de um único Pai.

Muitos milhares de pessoas - milhões -, em todo o mundo, entenderam.
Outros, ou melhor, um número muito reduzido, pelos motivos que se quiser, parece que não.
Se o meu coração está mais perto dos primeiros, honro e amo também os outros, porque em todos é estimável e respeitável a sua dignidade e todos estão chamados à glória de filhos de Deus.

Mas nunca falta uma minoria sectária que, não compreendendo o que eu e tantos outros amamos, gostaria que lho explicássemos de acordo com a sua mentalidade, exclusivamente política, de interesses e de pressões de grupo.
Se não recebem uma explicação assim, errada e amanhada ao seu gosto, continuam a pensar que há mentira, verdades ocultas, planos sinistros.

Deixai que vos diga que, nesses casos, nem me entristeço nem me preocupo.
Acrescentaria até que me divirto se se pudesse passar por alto que cometem uma ofensa ao próximo e um pecado que clama a Deus. Sou aragonês e, mesmo pelo que há de humano no meu carácter, amo a sinceridade.
Sinto uma repulsa instintiva por tudo o que signifique dissimulação. Sempre procurei responder com a verdade, sem prepotência, sem orgulho, ainda que os que caluniavam fossem mal-educados, arrogantes, hostis, sem o menor sinal de humanidade.

Veio-me com frequência à cabeça a resposta do cego de nascimento aos fariseus que perguntavam pela centésima vez como tinha sucedido o milagre: Eu já vo-lo e vós já o ouvistes; porque o quereis ouvir novamente? Quereis, porventura, fazer-vos também seus discípulos?

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Colírio nos olhos

O pecado dos fariseus não consistia em não verem Deus em Cristo, mas em encerrarem-se voluntariamente em si mesmos, em não tolerarem que Jesus, que é luz, lhes abrisse os olhos.
Este ensimesmamento tem resultados imediatos na vida de relação com os nossos semelhantes.
O fariseu que, por se considerar a si próprio como luz, não deixa que Deus lhe abra os olhos é o mesmo que trata soberba e injustamente o próximo: graças te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano, reza ele.
E ao cego de nascença, que persiste em contar a verdade da cura milagrosa, ofendem-no: Tu nasceste coberto de pecados e queres ensinar-nos? E lançaram-no fora.

Entre os que não conhecem Cristo há muitos homens honrados que, por elementar circunspecção, sabem comportar-se com delicadeza. São sinceros, cordiais, educados.
Se eles e nós não nos opusermos a que Cristo cure a cegueira que ainda existe nos nossos olhos, se permitirmos que o Senhor nos aplique esse lama que, nas suas mãos, se converte no mais eficaz colírio, compreenderemos as realidades terrenas, vislumbraremos as eternas com uma luz nova, a luz da fé, e adquiriremos um olhar limpo.

Esta é a vocação do cristão, ou seja, a plenitude dessa caridade que é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não é temerária; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.

A caridade de Cristo não é apenas um bom sentimento em relação ao próximo. Não se limita ao gosto pela filantropia.
A caridade, infundida por Deus na alma, transforma a partir de dentro a inteligência e a vontade, fundamenta sobrenaturalmente a amizade e a alegria de fazer o bem.

Contemplai a cena da cura do coxo, que os Actos dos Apóstolos nos contam.
Subiam Pedro e João ao templo e, ao passarem, encontraram um homem sentado à porta, que era coxo desde o seu nascimento.
Tudo recorda a cura do cego de que falávamos.
Mas agora os discípulos não pensam que a desgraça se deva aos pecados pessoais do doente ou às faltas dos seus pais.
E dizem-lhe: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda. Antes, manifestavam incompreensão, agora misericórdia; antes, julgavam com temeridade, agora curam milagrosamente em nome do Senhor.
Sempre Cristo, que passa!
Cristo, que continua a passar pelas ruas e pelas praças do mundo, através dos seus discípulos, os cristãos. Peço-Lhe fervorosamente que passe pela alma de alguns dos que me escutam nestes momentos.

(cont)


Reflectindo - 107

A realidade

…/4


Assim com respeito à existência de Deus.

Para proceder com absoluta honestidade há que procurar a informação segura e fidedigna que esclareça e defina de forma cabal a questão que se nos põe.

Mas se pretendemos ser ainda mais simples e conclusivos teremos de afirmar que se algo não existe não é discutível.

Afirmar que Deus não existe não é, por isso mesmo, aceitável nem sequer como opinião porque, igualmente, o que não existe, ou seja, o nada, não é opinável.

Concluiremos portanto que quem afirma que Deus não existe está implicitamente a admitir a Sua existência.



(ama, Reflexões, 2015.06.01)

Bento XVI – Pensamentos espirituais 66

A felicidade segundo Deus



Feliz o homem que dá; feliz o homem que não utiliza a vida em proveito próprio, mas que dá; feliz o homem misericordioso, bom e justo; feliz o homem que vive no amor de Deus e do próximo. É assim que se vive bem e, vivendo assim, não precisamos de ter medo da morte, porque estamos na felicidade que vem de Deus e que nunca acaba.

Catequese da audiência geral, (2.Nov.05)
(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)


Mandamento novo

Com quanta insistência o Apóstolo S. João pregava o "mandatum novum"! "Amai-vos uns aos outros!". Pôr-me-ia de joelhos, sem fazer teatro – grita-mo o coração –, para vos pedir, por amor de Deus, que vos estimeis, que vos ajudeis, que vos deis a mão, que vos saibais perdoar. Portanto, vamos banir a soberba, ser compassivos, ter caridade; prestar-nos mutuamente o auxílio da oração e da amizade sincera. (Forja, 454)

Só por o filho voltar a Ele, depois de o atraiçoar, prepara um banquete. Que nos concederá, a nós, que procurámos ficar sempre ao Seu lado?

Longe da nossa conduta, portanto, a lembrança das ofensas que nos tenham feito, das humilhações que tenhamos padecido – por mais injustas, grosseiras e rudes que tenham sido – porque é impróprio de um filho de Deus ter um registo preparado para apresentar depois uma lista de ofensas. Não podemos esquecer o exemplo de Cristo. Não se muda a nossa fé cristã como quem muda um vestido: pode enfraquecer ou robustecer-se ou perder-se. Com esta vida sobrenatural revigora-se a fé e a alma aterra-se ao considerar a miserável nudez humana sem o auxílio divino. E perdoa e agradece: meu Deus, se contemplo a minha pobre vida não encontro nenhum motivo de vaidade e menos ainda de soberba; só encontro abundantes razões para viver sempre humilde e compungido. Sei bem que a melhor nobreza é servir.


Levantar-me-ei e percorrerei a cidade: pelas ruas e praças procurarei aquele que amo... E não apenas a cidade; correrei o mundo de lés a lés – por todas as nações, por todos os povos, por carreiros e atalhos – para conquistar a paz da minha alma. E descubro-a nas ocupações diárias, que não me servem de estorvo; que são – pelo contrário – o caminho e a ocasião de amar cada vez mais e de cada vez mais me unir a Deus. (Amigos de Deus, nn. 309–310)

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




30/08/2015

NUNC COEPI o que pode ver em 30 Ago

O que pode ver em NUNC COEPI em Ago 30

São Josemaria – Textos

Apostolado, Confiança em Deus, Hom (São Gregório Magno), São Gregório Magno

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 7 1-8 14-15 21-23,São Josemaria - Leitura espiritual (Cristo que passa)


Agenda Domingo

Evangelho, comentário, L. Espiritual


Tempo comum XXII Semana

Evangelho: Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23

1 Reuniram-se à volta de Jesus os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém;2 e notaram que alguns dos Seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar;3 ora os fariseus e todos os judeus aferrados à tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;4 e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de metal, e os leitos.5 Os fariseus e os escribas interrogaram-n'O: «Porque não se conformam os Teus discípulos com a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?».6 Ele respondeu-lhes: «Com razão profetizou Isaías de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.7 É vão o culto que Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos”.8 Pondo de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens.
14 Convocando novamente o povo, dizia-lhes: «Ouvi-Me todos e entendei:15 não há coisas fora do homem que, entrando nele, o possam manchar; mas as que saem do homem, essas são as que tornam o homem impuro.
21 Porque do interior, do coração do homem, é que procedem os maus pensamentos, os furtos, as fornicações, os homicídios,22 os adultérios, as avarezas, as perversidades, as fraudes, as libertinagens, a inveja, a maledicência, a soberba, a insensatez.23 Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem».

Comentário:

Talvez a hipocrisia seja um dos defeitos que Jesus mais aponta aos Fariseus e Escribas. Porque ama a simplicidade, não sabe o que há-de fazer com mentes retorcidas, calculistas, preconceituosas.
Ser simples – simples como as crianças – é a virtude que Cristo mais sublinha e inúmeras vezes de forma muito radical, diria. Afirma inclusive, que se não formos simples como as crianças não teremos lugar no Reino de Deus.

Ouvi muitas vezes o meu Pai afirmar: ‘um homem deve ser igual a si mesmo’.
Em pequeno, não percebia muito bem o que isto queria dizer, mas hoje sei que, o que quer dizer, é o mesmo que Jesus afirma: Sede homens de sim, sim, não, não.

Não podemos ser outra coisa, sob pena de não ser-mos credíveis, sérios, aceites pelos outros e, sobretudo, pelo Senhor que nos quer como filhos autênticos, em quem pode e quer confiar não obstante - e apesar de – todos os nossos defeitos e imperfeições. 

(ama, comentário sobre Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23, 2009.05.09)


Leitura espiritual




CRISTO QUE PASSA

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Que estranha capacidade tem o homem de esquecer as coisas mais maravilhosas e de se acostumar ao mistério!
Reparemos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial.
Estando plenamente metido no seu trabalho habitual, entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem de estar, ao mesmo tempo, imerso totalmente em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma feliz verdade, um mistério consolador. A filiação divina enche a nossa vida espiritual, porque nos ensina a conviver intimamente com o nosso Pai do Céu, a conhecê-Lo, a amá-Lo, e assim enche de esperança a nossa luta interior e dá-nos a simplicidade confiante dos filhos pequenos.
Mais ainda: precisamente por sermos filhos de Deus, essa realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai, Criador.
E deste modo somos contemplativos no meio o mundo, amando o mundo.

Na Quaresma, a Liturgia considera as consequências do pecado de Adão na vida do homem.
Adão não quis ser um bom filho de Deus e revoltou-se.
Mas também se faz ouvir continuamente o eco dessa felix culpa - culpa feliz, ditosa - que a Igreja inteira cantará, cheia de alegria, na vigília do Domingo de Ressurreição.

Deus Pai, chegada a plenitude dos tempos, enviou ao mundo o seu Filho unigénito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertos do jugo do pecado, capazes de participar na intimidade divina da Trindade.
E assim se tomou possível a este homem novo, a esta nova enxertia dos filhos de Deus libertar a Criação inteira da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.

É tempo de penitência, pois.
Mas, como vimos, não se trata de uma tarefa negativa.
A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que vive na nossa alma.
O Senhor chama-nos para que nos acerquemos d'Ele, desejando ser como Ele: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados, colaborando humildemente, mas fervorosamente, no divino propósito de unir o que está quebrado, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de conduzir ao seu fim o que está desencaminhado, de restabelecer a divina concórdia de todas as criaturas.

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A liturgia da Quaresma toma por vezes acentos trágicos, fruto da consideração do que significa para o homem afastar-se de Deus.
Mas esta consideração não é a última palavra.
A última palavra pertence a Deus, é a palavra do seu amor salvador e misericordioso e, portanto, a palavra da nossa filiação divina.
Por isso vos repito com S. João: vede que amor teve por nós o Pai, querendo que nos chamássemos filhos de Deus e que o fôssemos na verdade! Filhos de Deus, irmãos do Verbo feito carne, d'Aquele de Quem foi dito: n'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens! Filhos da Luz, irmãos da Luz - isso é o que somos!
Portadores da única chama capaz de iluminar os corações feitos de carne!

Calando-me eu agora e continuando a Santa Missa, cada um de vós deve pensar no que lhe pede o Senhor; que propósitos, que decisões a acção da graça quer provocar dentro de si.
E, ao reconhecer essas exigências sobrenaturais e humanas de entrega e de luta, lembrai-vos de que o nosso modelo é Jesus Cristo, e que Jesus, sendo Deus, permitiu que O tentassem, para que assim nos enchêssemos de ânimo e ficássemos certos da vitória.
Porque Ele não perde batalhas; estando unidos a Ele, nunca seremos vencidos, mas poderemos chamar-nos e ser realmente vencedores - bons filhos de Deus.

Vivamos contentes.
Eu estou contente.
Não o deveria estar olhando para a minha vida, fazendo esse exame pessoal de consciência que este tempo litúrgico da Quaresma nos pede...
Mas sinto-me contente, porque vejo que o Senhor me procura uma vez mais, que o Senhor continua a ser meu Pai.
Sei que vós e eu, decididamente, com o resplendor e a ajuda da graça, veremos que coisas há que queimar, e queimá-las-emos; que coisas há que entregar, e entregá-las-emos!

A tarefa não é fácil.
Mas contamos com uma orientação clara, com uma realidade de que não devemos nem podemos prescindir: somos amados por Deus e deixaremos que o Espírito Santo actue em nós e nos purifique, para podermos abraçar-nos assim ao Filho de Deus na Cruz, ressuscitando depois com Ele, porque a alegria da Ressurreição está enraizada na Cruz.

Maria, nossa Mãe, auxilium christianorum, refugium peccatorum, intercede junto de teu Filho para que nos envie o Espírito Santo, que desperte em nossos corações a decisão de caminharmos com passo firme e seguro, fazendo soar no mais fundo da nossa alma o chamamento que encheu de paz o martírio de um dos primeiros cristãos: veni ad Patrem - vem, volta ao teu Pai, que te espera!

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Lemos na Santa Missa um texto do Evangelho segundo S. João, que nos relata a cena da cura milagrosa do cego de nascença. Suponho que todos nos comovemos uma vez mais perante o poder e a misericórdia de Deus, que não olha com indiferença para a desgraça humana.
Mas preferia agora centrar-me sobre outros aspectos, para que vejamos, em concreto, que quando há amor de Deus, o cristão não pode ficar indiferente perante a sorte dos outros homens e deve tratar toda a gente com respeito; e que, além disso, que quando esse amor diminui, surge o perigo de se invadir, fanática e impiedosamente, a consciência alheia.

E, passando Jesus, - diz o Santo Evangelho - viu um homem cego de nascença. Jesus, que passa...
Entusiasma-me com frequência esta forma simples de narrar a clemência divina. Jesus passa e apercebe-se imediatamente da dor. Reparai, em contrapartida, como eram diferentes os pensamentos dos discípulos.
Perguntam-lhe: Mestre, quem pecou: este ou os seus pais, para que nascesse cego?

Os falsos juízos

Não deve causar estranheza que muitas pessoas, mesmo das que se têm por cristãs, se comportem de forma semelhante.
Antes de mais nada, pensam mal dos outros.
Sem prova alguma, partem desse princípio.
E não só o pensam, como até se atrevem a exprimi-lo em juízos temerários diante de toda a gente.

Com um pouco de benevolência, a conduta dos discípulos poderia considerar-se leviana.
Naquela sociedade, como hoje - nisto pouco se mudou - havia outros, os fariseus, que faziam dessa atitude uma norma.
Recordai como Jesus os denuncia: Veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Ele tem demónio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis um glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicamos, e dos pecadores.

Ataque sistemático à fama, denegrição de condutas irrepreensíveis. Esta crítica mordaz, cruel, sofreu-a Jesus Cristo e não é raro que alguns reservem o mesmo tratamento para aqueles que, conscientes das suas lógicas e naturais misérias e dos seus erros pessoais, pequenos e inevitáveis - acrescentaria - dada a fraqueza humana, desejam seguir o Mestre.
Mas a verificação dessas realidades não deve levar-nos a justificar tais pecados e delitos - ou "tagarelices", como se lhes chama com suspeita compreensão - contra o bom nome de quem quer seja. Jesus anuncia que, se apodaram ao pai de família de Belzebu, não é de esperar que tratem melhor com os da sua casa; mas esclarece também que o que chamar louco ao seu irmão, será condenado ao fogo da geena.

Como nascerá esta apreciação injusta dos outros?
Dir-se-ia que algumas pessoas usam continuamente uma espécie de lentes que lhes altera a visão.
Não acreditam, por princípio, que seja possível a rectidão ou, pelo menos, a luta constante por se portar bem.
Tudo recebem, como reza o antigo adágio filosófico, de acordo com o recipiente: com a sua própria deformação.
Para eles, até o que há de mais recto reflecte, apesar de tudo, uma intenção retorcida que procura hipocritamente uma aparência de bondade.
Quando descobrem claramente o bem, escreve S. Gregório, esquadrinham tudo para examinar se há, para além disso, algum mal oculto.

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É difícil fazer compreender a essas pessoas, em quem a deformação se torna quase uma segunda natureza, que é mais humano e mais verídico pensar bem dos outros.
Santo Agostinho dá o seguinte conselho: procurar viver as virtudes que, segundo julgais, faltam aos vossos irmãos e já não vereis os seus defeitos, porque não os tereis vós. Para alguns, este modo de proceder é uma ingenuidade. Eles são mais realistas, mais razoáveis.

Erigindo como norma de critério o preconceito, ofenderão qualquer pessoa sem ouvir razões.
Depois, objectivamente, bondosamente, talvez concedam ao injuriado a possibilidade de se defender.
Ora isto vai contra todo o direito e toda a moral, porque em lugar de serem eles a produzir a prova da pretensa falta, concedem ao inocente o privilégio de demonstrar a sua inocência.

Não seria sincero se não vos confessasse que as anteriores considerações são algo mais do que um simples respigar de tratados de direito e de moral.
Fundamentam-se numa experiência que têm sentido muitos na sua própria carne, por terem sido, com frequência e durante longos anos, o alvo de exercícios de tiro da murmuração, da difamação, da calúnia.
A graça de Deus e um feitio nada rancoroso fizeram com que nada disso tenha deixado neles o menor rasto de amargura.
Mihi pro minimo est, ut a vobis iudicer, pouco me importa ser julgado por vós, poderiam dizer com S. Paulo.
Às vezes, empregando palavras mais correntes, terão acrescentado que tudo lhes saiu sempre por uma frioleira.
Essa é a verdade.

Por outro lado, contudo, não posso negar que a mim me causa tristeza a alma daquele que ataca injustamente a honra alheia, porque o agressor injusto arruina-se a si mesmo.
E sofro também por tantos que, diante das acusações arbitrárias e desaforadas, não sabem onde pôr os olhos, ficando aterrados, não as crendo possíveis e pensando se não será tudo um pesadelo.

Há alguns dias líamos na Epístola da Santa Missa o relato de Susana, aquela mulher casta, falsamente incriminada de desonestidade por dois velhos corruptos.
Susana gemeu e disse: De todas as partes me vejo cercada de angústias; porque, se eu fizer o que vós desejais, incorro na morte, e, se não o fizer, não escaparei das vossas, mãos.
Quantas e quantas vezes a insídia dos invejosos ou dos intriguistas não coloca muitas pessoas honestas na mesma situação!
Oferece-se-lhes esta alternativa: ofender o Senhor ou ver denegrida a sua honra.
A única solução nobre e digna é, ao mesmo tempo, extremamente dolorosa e têm de resolver: melhor é para mim cair entre as vossas mãos sem cometer o mal, do que pecar na presença do Senhor.

(cont)