03/11/2020

Novíssimos

 


Morte

 

Vamos todos caminhando pela vida e, segundo passam os anos, são cada vez mais numerosos os entes queridos que nos aguardam "do outro lado" da barreira da morte.

Esta converte-se em algo menos temeroso, inclusive em algo alegre, quando vamos sendo capazes de advertir que é a porta da nossa verdadeira "casa" no qual nos aguardam já os "que nos precederam no sinal da fé".

A nossa "casa" comum não é a tumba fria; mas o seio de Deus.  

(C. López-Pardo, Sobre la vida y la muerte, Rialp, Madrid, 1973, nr. 358, trad AMA)

Leitura espiritual Novembro 03

 

Evangelho 

 Jo VI, 52 -71

A Sua carne é comida e o Seu sangue é bebida

52 Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» 53 Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, 55 porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. 56 Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. 57 Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. 58 Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.» 59 Isto foi o que Ele disse em Cafarnaúm, ao ensinar na sinagoga. 60 Depois de o ouvirem, muitos dos seus discípulos disseram: «Que palavras insuportáveis! Quem pode entender isto?» 61 Mas Jesus, sabendo no seu íntimo que os seus discípulos murmuravam a respeito disto, disse-lhes: «Isto escandaliza-vos? 62 E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? 63 É o Espírito quem dá a vida; a carne não serve de nada: as palavras que vos disse são espírito e são vida. 64 Mas há alguns de vós que não crêem.» De facto, Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam e também quem era aquele que o havia de entregar. 65 E dizia: «Por isso é que Eu vos declarei que ninguém pode vir a mim, se isso não lhe for concedido pelo Pai.» 66 A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele.

 

Acto de fé de Pedro

67 Então, Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» 68 Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! 69 Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus.» 70 Disse-lhes Jesus: «Não vos escolhi Eu a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo.» 71 Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes, pois esse é que viria a entregá-lo, sendo embora um dos Doze.

 


Cristo que passa

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A vida futura

 

A tarefa apostólica que Cristo atribuiu a todos os Seus discípulos produz, portanto, resultados concretos no âmbito social.

Não é admissível pensar que, para se ser cristão, seja preciso voltar as costas ao mundo, ser um derrotista da natureza humana. Tudo, até o mais pequeno dos acontecimentos honestos, encerra um sentido humano e divino.

Cristo, perfeito homem, não veio destruir o que é humano, mas enobrecê-lo, assumindo a nossa natureza humana, excepto o pecado. Veio compartilhar todos os anseios do homem, menos a triste aventura do mal.

O cristão deve encontrar-se sempre disposto a santificar a sociedade a partir de dentro, estando plenamente no mundo, mas não sendo do mundo naquilo que ele tem - não por característica real, mas por defeito voluntário, pelo pecado - de negação de Deus, de oposição à Sua amável Vontade salvífica.

 

A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: o Cristo que nos anima a esta tarefa no mundo espera-nos no Céu. Por outras palavras: a vida na terra, que amamos, não é a definitiva: porque não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura cidade imutável.

 

Procuremos, no entanto, não interpretar a Palavra de Deus nos limites de horizontes estreitos.

O Senhor não nos impele a sermos infelizes enquanto caminhamos, esperando só a consolação no além. Deus quer-nos felizes também aqui, embora anelando o cumprimento definitivo dessa outra felicidade, que só Ele pode preencher completa e abundantemente.

 

Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a acção da graça nas nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, supõem já uma antecipação do Céu, um começo destinado a crescer dia a dia.

Nós, cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, na qual se fundamentam e compenetram todas ás nossas acções.

 

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Cristo espera-nos.

Vivemos já como cidadãos do céu sendo plenamente cidadãos da Terra, no meio de dificuldades, de injustiças, de incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade que dá saber-se filho amado de Deus.

Perseveremos no serviço do nosso Deus e veremos como aumenta em número e em santidade este exército cristão de paz, este povo de corredenção.

 

Sejamos almas contemplativas, com um diálogo constante, convivendo com o Senhor a toda a hora: desde o primeiro pensamento do dia ao último da noite, pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo Senhor Nosso, chegando até junto d'Ele por intermédio da Nossa Mãe Santa Maria e, por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.

 

Se, apesar de tudo, a subida de Jesus aos Céus nos deixa na alma um amargo rasto de tristeza, acudamos a sua Mãe como fizeram os apóstolos: então, voltaram a Jerusalém... e oravam unanimemente... com Maria, a Mãe de Jesus.

 

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Os Actos dos Apóstolos, ao narrarem-nos os acontecimentos daquele dia de Pentecostes em que o Espírito Santo desceu em forma de línguas de fogo sobre os discípulos de Nosso Senhor, levam-nos a assistir à grande manifestação do poder de Deus com que a Igreja iniciou a sua caminhada por entre as nações.

 A vitória que Cristo obtivera sobre a morte e sobre o pecado - com a Sua obediência, a Sua imolação na Cruz e a Sua Ressurreição - revelou-se então em todo o seu esplendor divino.

 

Os discípulos, que já tinham sido testemunhas da glória do Ressuscitado, experimentaram em si a força do Espírito Santo: as suas inteligências e os seus corações abriram-se a uma nova luz.

Tinham seguido Cristo e recebido com fé a sua doutrina; mas nem sempre conseguiam penetrar totalmente no sentido desta.

Era necessário que viesse o Espírito de Verdade para lhes fazer compreender todas as coisas.

Sabiam que só em Jesus podiam encontrar palavras de vida eterna e estavam dispostos a segui-Lo e a dar a vida por Ele; mas eram fracos e, quando chegou a hora da provação, fugiram, deixaram-nO só.

No dia de Pentecostes tudo isso passou: o Espírito Santo, que é espírito de fortaleza, tornou-os firmes, seguros, audazes.

A palavra dos Apóstolos ressoa então, forte e vibrante, pelas ruas e praças de Jerusalém.

 

Os homens e as mulheres vindos das mais diversas regiões, que naqueles dias povoam a cidade, escutam assombrados.

“Partos, medos e elamitas, e os que habitam a Mesopotâmia, a Judeia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egipto e várias partes da Líbia que é vizinha de Cirene, e os que vieram de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, todos os ouvimos falar, nas nossas próprias línguas, das maravilhas de Deus”.

Estes prodígios, que se realizam diante dos seus olhos, levam-nos a prestar atenção à pregação apostólica.

O mesmo Espírito Santo, que actua nos discípulos do Senhor, tocou-lhes também nos corações e conduziu-os à Fé.

 

Conta-nos São Lucas que, depois de São Pedro ter falado, proclamando a Ressurreição de Cristo, muitos dos que o rodeavam se aproximaram, perguntando: que havemos de fazer, irmãos?

E o Apóstolo respondeu-lhes: “Fazei penitência, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”.

E o texto sagrado termina dizendo-nos que “nesse dia se incorporaram na Igreja cerca de três mil pessoas”.

 

A vinda solene do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado.

Quase não há uma página dos Actos dos Apóstolos em que se não fale d'Ele e da acção pela qual guia, dirige e anima a vida e as obras da primitiva comunidade cristã.

É Ele que inspira a pregação de São Pedro, que confirma na fé os discípulos, que sela com a Sua presença o chamamento dirigido aos gentios e, que envia Saulo e Barnabé para terras distantes, a fim de abrirem novos caminhos à doutrina de Jesus.

Numa palavra, a Sua presença e a Sua actuação dominam tudo.

 

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O renascimento baptismal

 

Esta realidade profunda que o texto da Sagrada Escritura nos dá a conhecer não é uma simples recordação do passado, de uma espécie de idade de ouro da Igreja, perdida na História.

Por cima das misérias e dos pecados de cada um de nós, continua a ser a realidade da Igreja de hoje e da Igreja de todos os tempos.

Anunciou o Senhor aos seus discípulos: «Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco eternamente».

Jesus cumpriu as Suas promessas: ressuscitou, subiu aos Céus e, em união com o Eterno Pai, envia-nos o Espírito Santo para nos santificar e nos dar a vida.

 

A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra.

O Espírito Santo continua a assistir à Igreja de Cristo, para que ela seja - sempre e em tudo - sinal erguido diante das nações, anunciando à Humanidade a benevolência e o amor de Deus.

Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados.

A presença e a acção do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara.

 

Também nós, tal como aqueles primeiros que se aproximaram de São Pedro no dia de Pentecostes, fomos baptizados.

 No baptismo, o Nosso Pai, Deus, tomou posse das nossas vidas, incorporou-nos na vida de Cristo e enviou-nos o Espírito Santo.

Diz-nos a Sagrada Escritura: ”O Senhor, salvou-nos fazendo-nos renascer pelo baptismo, renovando-nos pelo Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós abundantemente por Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados pela Sua graça, sejamos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança”.

 

A experiência da nossa debilidade e das nossas faltas, a desedificação que pode produzir o espectáculo doloroso da pequenez ou mesmo mesquinhez de alguns que se chamam cristãos, o aparente fracasso ou a desorientação de algumas iniciativas apostólicas, tudo isso - a comprovação da realidade do pecado e das limitações humanas - pode constituir, no entanto, uma provação para a nossa fé e fazer com que se insinuem em nós a tentação e a dúvida: onde estão a força e o poder de Deus?

É o momento de reagirmos, de pormos em prática da maneira mais pura e firme a nossa esperança e, portanto, de procurarmos ser mais firme na nossa fidelidade.

 

Temas doutrinais

 


A ALMA

 

5. As pessoas sem uso de razão não têm alma:

 

Os bebés, alguns loucos, os que dormem o estão em coma têm alma pois vivem e são humanos. Mas, no seu caso específico, a espiritualidade da alma não se manifesta.

Meter Cristo entre os pobres

 


Pelo "caminho do justo descontentamento" têm ido e estão a ir-se embora as massas. Dói... Quantos ressentidos temos fabricado entre os que estão espiritual ou materialmente necessitados! É preciso voltar a meter Cristo entre os pobres e entre os humildes: precisamente entre esses é que Ele se sente melhor. (Sulco, 228).

 

"Os pobres - dizia aquele amigo nosso - são o meu melhor livro espiritual e o motivo principal das minhas orações. Dói-me a sua dor, e dói-me o sofrimento de Cristo neles. E, porque me dói, compreendo que O amo e que os amo". (Sulco, 827).

 

Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus.

Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar.

- Procura comportar-te como Nosso Senhor. (Forja, 558).

 

- Não ficas contente por sentir tão de perto a pobreza de Jesus?... Que bonito carecer até do necessário! Mas como Ele: oculta e silenciosamente. (Forja, 732)

Reflexão

 


Vigilância

 

A vigilância que o Senhor pede, dirige-se a todas as partes do homem:

 

Ao corpo, para que esteja prevenido contra a sonolência; e à alma, para que rejeite a pusinamilidade e a tibieza.

 

(Santo. Efrem, Comentário sobre o Diatessaron, XVIII, 17)

Pequena agenda do cristão

 




TeRÇa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

Salmo II

Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient. 
Quare fremerunt gentes et populi meditati sunt inania?
Astiterum reges terrae et principes convenerunt in unum adversus Dominum et adversus christum eius.
Dirumpamus vincula eorum et proiciamos a nobis iugum ipsorum.
Qui habitabit in caelis, irridebit eos, Dominus subsanabit eos.
Ego autem constitui regem meum super sion montem sanctum meum.
Praedicabo decretum eius Dominus dixit ad me: filius meus es tu; ego hodie genui te.
Postula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et possessionem tuam terminos terrae.
Reges eos in virga ferrea et tamquam vas figuli confringes eos.
Et nunc, reges, intelegite, erudimini, qui indicatis terram.
Servite Domino in timore et exultate ei cum tremore.
Apprehendite disciplinam ne quando irascatur et pereatis via, cum exarcerit in brevi ira eius.
Beati omnes qui confident in eo.
Gloria Patri...
Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient.
Oremus:
Omnipotens et sempiterne Deus qui in dilecto Filio Tuo universorum rege omnia instaurare voluisti concede propitius ut cunctae familiae gentium pecati vulnere disgregatae eius suavissimo subdantur imperio: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum.

Exame Pessoal

Sabes Senhor, qual é, talvez a minha maior fraqueza? É pensar em demasiado mim, nos meus problemas, nas minhas tristezas, naquilo que me acontece e no que gostaria me acontecesse. Nas voltas e reviravoltas que dou sobre mim mesmo, sobre a minha vida.
E os outros? Sim, os outros que rezam por mim, que se interessam por mim, que têm paciência para comigo, que me desculpam as minhas faltas e as minhas fraquezas, que estão sempre prontos a ouvir-me a atender-me, que não se importam de esperar que eu os compense pelo bem que me fazem, que não me pressionam para que pague o que me emprestam, que não me criticam nem julgam com a severidade que mereço.
Ajuda-me Senhor, a ser, pelo menos reconhecido e a devolver o bem que recebo e, além disso a não julgar, a não emitir opinião, critica ou conceito, vendo nos outros, a maior parte das vezes, os defeitos e fraquezas que eu próprio possuo.

Senhor, ajuda-me a pensar nos outros em vez de estar aqui, mergulhado nos meus problemas, girando à volta de mim mesmo, concentrado apenas no que me diz respeito. Os outros! Todos os outros. Os que conheço, de quem sou amigo ou familiar e aqueles que me são desconhecidos. São Teus filhos como eu, logo, todos são meus irmãos. Se somos irmãos somos também herdeiros, convém, portanto que me preocupe com aqueles que vão partilhar a herança comigo.

Noverim me

Oh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me, Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade.
Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu Pai e Senhor, do Anjo da Minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.
   
Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afaste de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxime de Ti
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a ti.
Eu sei que podeis tudo e que, para Vós, nenhum projecto é impossível.
Faz-me santo, meu Deus, ainda que seja à força.

Nada te perturbe / nada te atemorize Tudo passa / Deus não muda A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem Nada falta / só Deus basta. (Santa Teresa de Jesus)