03/08/2018

Evangelho e comentário


Evangelho 

Evangelho: Mt 13, 54-58

54 Tendo chegado à sua terra, ensinava os habitantes na sinagoga deles, de modo que todos se enchiam de assombro e diziam: «De onde lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres? 55 Não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56 Suas irmãs não estão todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?» 57 E estavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.» 58 E não fez ali muitos milagres, por causa da falta de fé daquela gente.

Comentário:

Que nos pode importar que quem nos ouve não nos reconheça autoridade para expor o que dizemos?

Dizemos a verdade, contamos o que é certo, baseando-nos na Palavra de Deus Nosso Senhor que é o Evangelho.

Não falamos por nós ou para nós, falamos em nome de Jesus Cristo e por Jesus Cristo

E, isto basta!

(AMA, comentário sobre Mt 13, 54-58, 01.05.2017)





Levai a carga uns dos outros


Diz o Senhor: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Nisto se conhecerá que sois meus discípulos". – E São Paulo: "Levai a carga uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo". – Eu não te digo nada. (Caminho, 385)

Olhando à nossa volta, talvez descobríssemos razões para pensar que a caridade é realmente uma virtude ilusória. Mas considerando as coisas com sentido sobrenatural, descobrirás também a raiz dessa esterilidade, que se cifra numa ausência de convívio intenso e contínuo, de tu a tu, com Nosso Senhor Jesus Cristo, e no desconhecimento da acção do Espírito Santo na alma, cujo primeiro fruto é precisamente a caridade.

Recolhendo um conselho do Apóstolo – levai uns as cargas dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo – acrescenta um Padre da Igreja: amando a Cristo, suportaremos facilmente a fraqueza dos outros, mesmo a daquele a quem ainda não amamos, porque não tem boas obras.

Por aí se eleva o caminho que nos faz crescer na caridade. Enganar-nos-íamos se imaginássemos que primeiro temos de nos exercitar em actividades humanitárias, em trabalhos de assistência, excluindo o amor do Senhor. Não descuidemos Cristo por causa do próximo que está enfermo, uma vez que devemos amar o enfermo por causa de Cristo.

Olhai constantemente para Jesus, que, sem deixar de ser Deus, se humilhou tomando a forma de servo para nos poder servir, porque só nessa mesma direcção se abrem os afãs por que vale a pena lutar. O amor procura a união, a identificação com a pessoa amada; e, ao unirmo-nos com Cristo, atrair-nos-á a ânsia de secundar a sua vida de entrega, de amor sem medida, de sacrifício até à morte. Cristo coloca-nos perante o dilema definitivo: ou consumirmos a existência de uma forma egoísta e solitária ou dedicarmo-nos com todas as forças a uma tarefa de serviço. (Amigos de Deus, 236)

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã - 21

Por si o demónio não tem poder para nos tentar além das nossas forças.

Essa força vem do Espírito Santo que constantemente nos assiste e também com a ajuda do nosso Anjo da Guarda que nos insinua a atitude a tomar.

Não estamos nunca sozinhos tenhamos isso bem presente.

No Pai Nosso não pedimos ao Senhor para que nos livre da tentação?

Foi o próprio Jesus quem no-lo ensinou e se assim fez é porque deseja que o façamos para nos garantir que as suas palavras se cumprem sempre.

(AMA, reflexões)

Doutrina – 444

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

«CREIO NA VIDA ETERNA»


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA


Pergunto:

224. O que são e quais são os sacramentos?

Respondo:

Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a Ordem e o Matrimónio.

Tratado das Virtudes


Questão 66: Da igualdade das virtudes. 03 Ago

Art. 4 — Se a justiça é a principal entre as virtudes morais.

O quarto discute-se assim. — Parece que a justiça não é a principal entre as virtudes morais.

1. — Pois, dar a alguém do seu é mais do que lhe restituir o devido. Ora, aquilo é próprio da liberalidade, isto, da justiça. Logo, parece que a liberalidade é maior virtude que a justiça.

2. Demais. — O que há num ser de mais perfeito é o que nele há também de maior. Ora, como diz a Escritura (Tg 1, 4), a paciência é perfeita nas suas obras. Logo, é maior que a justiça.

3. Demais. — A magnanimidade obra o que é grande, em todas as virtudes, como se disse [2]. Logo, ela engrandece a própria justiça e portanto é maior que esta.

Mas, em contrário, diz o Filósofo, que a justiça é a preclaríssima das virtudes [3].


SOLUÇÃO. — Uma virtude pode ser considerada, na sua espécie, maior ou menor, absoluta ou relativamente falando. É absolutamente maior aquela em que esplende um maior bem racional, como já dissemos [4]. E a esta luz, a justiça tem preexcelência sobre todas as virtudes morais, como sendo mais próxima da razão; o que claramente se manifesta tanto pelo seu sujeito como pelo seu objecto. Pois, o sujeito da justiça é a vontade, que é o apetite racional, segundo já foi claramente estabelecido [5]. O objecto ou matéria da justiça são os actos pelos quais o homem tem relação, não só consigo mesmo, mas também com outrem. Por onde, a justiça é a preclaríssima das virtudes, como se disse [6].

E quanto às outras virtudes morais, que versam sobre as paixões, tanto mais esplenderá em cada uma o bem da razão, quanto mais importantes forem os objectos relativamente aos quais o movimento apetitivo se sujeitar à razão. Ora, o maior bem do homem, de que dependem todos os outros, é a vida. E portanto, a fortaleza, que sujeita à razão o movimento apetitivo, no relativo à morte e à vida, ocupa o primeiro lugar entre as virtudes morais que versam sobre as paixões; contudo, ela se subordina à justiça. E por isso o Filósofo diz, que, necessariamente, as máximas virtudes são as mais honradas pelos outros, pois a virtude é uma potência benéfica. É por isto que se honram principalmente, os fortes e os justos, porque, a fortaleza é útil na guerra, e a justiça, na guerra e na paz. Depois da fortaleza vem à temperança, que sujeita o apetite à razão no atinente ao que se ordena imediatamente à vida, quer isso se considere individualmente, quer especificamente, como no caso dos alimentos e das relações sexuais. E assim, essas três virtudes, simultaneamente com a prudência, consideram-se principais, mesmo em dignidade.

Relativamente porém, dizemos que uma virtude é maior, por acrescentar à virtude principal um adminículo ou ornato. Assim também a substância é, absolutamente falando, mais digna que o acidente; o que não impede seja, relativamente falando, um acidente mais digno, por aperfeiçoar a substância por algum ser acidental.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O acto de liberalidade há-de fundar-se sobre o da justiça, pois, o dom não seria liberal se não o fizéssemos com o que é nosso, como se disse [7]. Donde, sem a justiça, que discerne o nosso, do alheio, não pode haver liberalidade; mas aquela pode existir sem esta. Portanto, absolutamente falando, a justiça é maior que a liberalidade, por ser mais geral e lhe servir de fundamento. Mas, relativamente, a liberalidade é maior, por ser um como ornato da justiça, e seu suplemento.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Diz-se que a paciência é perfeita nas suas obras, no que respeita ao sofrimento dos males, em relação aos quais ela não só exclui a injusta vingança, que a justiça também exclui; nem só o ódio, como o faz a caridade; nem só a ira, como o faz a mansidão; mas também a tristeza desordenada, raiz de todos os males que acabamos de enumerar. E por isso, é mais perfeita e maior, porque, na matéria em questão, extirpa a raiz. Mas não é, absolutamente falando, mais perfeita que as outras virtudes, porque a fortaleza não somente suporta os sofrimentos sem se perturbar, o que também faz a paciência, mas também os enfrenta, quando necessário. Donde, quem é forte é paciente, mas não, vice-versa. Pois, a paciência é parte da fortaleza.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Não pode haver magnanimidade sem a preexistência das outras virtudes, como se disse [8]. Por isso ela é como o ornato das outras. E portanto, é maior que todas as outras, relativa e não absolutamente.

(Revisão da versão portuguesa por AMA)



[1] (Supra, a. 1 ; IIª. lIae, q. 58, a. 12; q. 123, a. 12; q. 141, a. 8; IV Sent., dist. XXXIII, q. 3, a. 3; De Virtut., q. 5, a. 3).
[2] IV Ethic. (lect. VIII).
[3] III Ethic. (lect. I).
[4] Q. 66, a. 1.
[5] Q. 8, a. 1.
[6] V Ethic. (loc. sup. Cit.).
[7] II Polit. (lect. IV).
[8] IV Ethic. (lect. XIII).

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Amigos de Deus


175
        
Sabeis muito bem, por o terdes ouvido e meditado frequentemente, que para todos nós, cristãos, Jesus Cristo é o modelo.
Tê-lo-eis ensinado a muitas almas, através desse apostolado - convívio humano com sentido divino - que faz já parte do vosso eu.
Tê-lo-eis recordado oportunamente, ao empregar esse meio maravilhoso da correcção fraterna, possibilitando a quem vos escutava comparar o seu procedimento com o do nosso Irmão primogénito, o Filho de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe.

Jesus é o modelo.
Ele mesmo o disse: Discite a me, aprendei de mim!
Quero hoje falar-vos de uma virtude que, sem ser a única nem a primeira, actua na vida cristã como o sal que preserva da corrupção e constitui a pedra de toque da alma apostólica: a virtude da santa pureza.

É verdade que a caridade teologal é a virtude mais alta, mas a castidade é a exigência sine qua non, condição imprescindível para chegar ao diálogo íntimo com Deus.
Quem não a guarda, se não luta, acaba por ficar cego.
Não vê nada, porque o homem animal não pode perceber as coisas que são do Espírito de Deus .

Animados pela pregação do Mestre, nós queremos ver com olhos limpos: bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

A Igreja sempre apresentou estas palavras como um convite à castidade.
Guardam um coração sadio, escreve S. João Crisóstomo, os que possuem uma consciência completamente limpa ou os que amam a castidade.
Nenhuma virtude é tão necessária como esta para ver a Deus.

176
         
O exemplo de Cristo

Jesus Cristo, Nosso Senhor, foi, ao longo da sua vida sobre a terra, coberto de impropérios e maltratado de todas as maneiras possíveis.
Lembrais-vos?
Diziam que se comportava como um revoltoso e afirmaram que estava endemoninhado.
Noutra altura, interpretaram mal as manifestações do seu Amor infinito e classificaram--no como amigo de pecadores.

Mais tarde, a Ele, que é a própria penitência e a própria temperança, lançam-lhe à cara que frequentava a mesa dos ricos.
Também lhe chamam depreciativamente fabri filius, filho do trabalhador, do carpinteiro, como se isso fosse uma injúria.
Permite que o rotulem de bebedor e comilão...
Deixa que o acusem de tudo, excepto de que não é casto.
Não os deixou dizer isso, porque quer que nós conservemos com toda a nitidez esse exemplo: um modelo maravilhoso de pureza, de limpeza, de luz, de amor que sabe queimar todo o mundo para o purificar.

Gosto de me referir à santa pureza, contemplando sempre a conduta de Nosso Senhor, porque Ele a viveu com grande delicadeza.
Reparai no que relata S. João quando, Jesus, fatigatus ex itinere, sedebat sic supra fontem, cansado no caminho se sentou à borda do poço.

Procurai recolher-vos e reviver devagar a cena: Jesus Cristo, perfectus Deus, perfectus homo, está fatigado do caminho e do trabalho apostólico, tal como algumas vezes deve ter sucedido convosco, que vos sentis arrasados por já não poderdes mais.
É comovedor observar o Mestre esgotado.
Além disso, tem fome: os discípulos tinham ido ao povoado vizinho para buscar alimentos.
E tem sede.


Mas, mais do que a fadiga do corpo, consome-o a sede de almas.
Por isso, ao chegar a samaritana, aquela mulher pecadora, o coração sacerdotal de Cristo derrama-se, diligente, para recuperar a ovelha perdida, esquecendo o cansaço, a fome e a sede.

Ocupava-se o Senhor com aquela grande obra de caridade, quando os apóstolos voltaram da cidade e mirabantur quia cum muliere loquebatur, ficaram surpreendidos por estar a falar a sós com uma mulher.
Como era cuidadoso!
Que amor à virtude encantadora da santa pureza, que nos ajuda a ser mais fortes, mais rijos, mais fecundos, mais capazes de trabalhar por Deus, mais capazes de tudo o que é grande!

177
         
Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação... que cada um saiba usar o seu corpo santa e honestamente, não se abandonando às paixões, como fazem os pagãos que não conhecem a Deus.
Pertencemos totalmente a Deus, com a alma e com o corpo, com a carne e com os ossos, com os sentidos e com as potências.
Pedi-lhe com confiança: Jesus, guarda o nosso coração! Faz com que o meu coração seja grande, forte e terno, afectuoso e delicado, transbordante de caridade para Ti, para servir todas as almas.

O nosso corpo é santo, templo de Deus, precisa S. Paulo.
Esta exclamação do Apóstolo recorda-me o chamamento à santidade, que o Mestre dirige a todos os homens: Estote perfecti sicut et Pater vester caelestis perfectus est.
O Senhor pede a todos, sem discriminação alguma, correspondência à graça.
O Senhor exige a cada um, de acordo com a sua situação pessoal, a prática das virtudes próprias dos filhos de Deus.

Por isso, ao recordar-vos que o cristão tem de guardar uma castidade perfeita, estou a referir-me a todos: aos solteiros, que devem cingir-se a uma completa continência, e aos casados, que vivem castamente, cumprindo as obrigações próprias do seu estado.



Com o espírito de Deus, a castidade, longe de ser um peso incómodo e humilhante, torna-se uma afirmação gozosa, porque o querer, o domínio e a vitória não são dados pela carne nem vêm do instinto, mas procedem da vontade, sobretudo se está unida à do Senhor.
Para ser castos e não simplesmente continentes ou honestos, temos de submeter as paixões à razão, por uma causa elevada, por um impulso de Amor.

Comparo esta virtude a umas asas que nos permitem levar os mandamentos, a doutrina de Deus por todos os ambientes da terra, sem receio de ficar enlameados.
Essas asas, tal como as da aves majestosas que sobem mais alto que as nuvens, pesam e pesam muito, mas, se faltassem, não seria possível voar.
Gravai isto na vossa mente, decididos a não ceder quando sentirdes a garra da tentação, que se insinua apresentando a pureza como uma carga insuportável.
Ânimo!
Subi até ao sol, em busca do Amor!

178
         
Com Deus nos nossos corpos

Causou-me sempre muita pena o costume de algumas pessoas - tantas! - que escolhem como nota constante dos seus ensinamentos a impureza.
Com isso, conseguem - comprovei-o em bastantes almas - exactamente o contrário do que pretendem, porque a impureza é matéria mais pegajosa que o pez e deforma as consciências com complexos ou medos, como se a pureza da alma fosse um obstáculo quase insuperável.
Nós não faremos assim!
Temos de tratar da santa pureza com pensamentos positivos e limpos, com palavras modestas e claras.

Discorrer sobre este tema, significa dialogar sobre o Amor.
Tenho de vos dizer que para esse efeito me ajuda considerar a Humanidade Santíssima de Nosso Senhor, a maravilha inefável de Deus que se humilha, até fazer-se homem.
E que não se sente aviltado por ter tomado carne igual à nossa, com todas as suas limitações e fraquezas, menos o pecado, porque nos ama com loucura!
Ele não se rebaixa com o seu aniquilamento e, em troca, levanta-nos, deificando-nos o corpo e a alma.
Responder afirmativamente ao seu Amor com um carinho claro, ardente e ordenado, isso é a virtude da castidade.

Temos de gritar a todo o mundo com a palavra e com o testemunho da nossa conduta: não empeçonhemos o coração, como se fôssemos pobres animais dominados pelos instintos mais baixos.
Um escritor cristão exprime-o assim:
Reparai que o 0coração do homem não é pequeno, pois abraça muitas coisas.
Medi essa grandeza, não pelas suas dimensões físicas, mas pelo poder do seu pensamento, capaz de alcançar o conhecimento de tantas verdades.
É possível preparar o caminho do Senhor no coração, traçar uma vereda direita, para que passem por ali o Verbo e a Sabedoria de Deus.
Preparai com uma conduta honesta e com obras irrepreensíveis o caminho do Senhor, aplanai a estrada para que o Verbo de Deus caminhe por vós sem tropeçar e vos dê o conhecimento dos seus mistérios e da sua vinda.

Revela-nos a Escritura Santa que a grandiosa obra da santificação, tarefa oculta e magnífica do Paráclito, se verifica na alma e no corpo.
Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? - clama o Apóstolo.
Tomarei eu, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma prostituta? (...)
Não sabeis, porventura, que os vossos corpos são templos do Espírito Santo, que habita em vós, o qual vos foi dado por Deus e que não pertenceis a vós mesmos, porque fostes comprados por um grande preço? Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.

(cont)