Art. 2 — Se o gravame do ânimo é efeito da tristeza.
O
segundo discute-se assim. — Parece que o gravame do ânimo não é efeito da
tristeza.
2.
Demais — A tristeza se opõe ao prazer. Ora, este tem como efeito a dilatação, a
que se opõe, não o gravame, mas a constrição. Logo, o gravame não deve ser
considerado efeito da tristeza.
3.
Demais — É próprio da tristeza consumir, como se vê por aquilo do Apóstolo (1
Cor 2, 7): para que não aconteça que seja consumido de demasiada tristeza quem
se acha em tais circunstâncias. Ora, o agravado não é consumido, antes, sofre
pressão de um corpo pesado, ao passo que o consumido inclui-se no que consome.
Logo, o gravame não deve ser considerado efeito da tristeza.
Mas,
em contrário, Gregório Nisseno (Nemésio) 1 e Damasceno 2
dizem que a tristeza agrava.

Se
porém a violência do mal contristante não for de molde a eliminar a esperança
de nos livrarmos dele, embora produza o gravame do ânimo, impedindo-lhe a posse
atual do que quer, contudo permanece o movimento para repelir esse mal. Se
porém a violência do mal for tão intensa de modo a tolher toda esperança de nos
livrarmos dele, então também o movimento interior do ânimo angustiado ficará
absolutamente impedido, sem poder voltar-se para nenhum lado, e às vezes também
o movimento exterior do corpo fica assim impedido, que o homem se torna
estúpido, concentrado dentro de si mesmo.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Tal soerguimento do ânimo provém da tristeza
segundo Deus, pela esperança, que traz consigo, da remissão do pecado.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — No respeitante ao movimento apetitivo, ao mesmo que se refere a
constrição refere-se também o gravame. Pois é por se tornar agravado, de modo a
não poder dirigir-se livremente para as coisas exteriores, que ele se retrai
dentro em si, quase constringido em si mesmo.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Diz-se que a tristeza nos consome quando a violência do mal contristante
afecta o ânimo de modo a excluir toda esperança de libertação. E assim, por
igual o agrava e consome. Pode porém dar-se, que coisas que vão bem juntas,
metaforicamente consideradas, venham a se repugnar, consideradas no seu sentido
próprio.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. De Nat. Hom.
2. II Orth. Fid., cap. XIV.
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