Art.
2 — Se o Filho de Deus assumiu a alma mediante o espírito.
O segundo discute-se assim. — Parece
que o Filho de Deus não assumiu a alma mediante o espírito.
1. — Pois, uma mesma coisa não pode
ser meio entre ela própria e outra. Ora, o espírito ou o entendimento não
difere, na essência, da alma em si mesma, como se estabeleceu na Primeira
Parte. Logo, o Filho de Deus não assumiu a alma, mediante o espírito ou entendimento.
2. Demais. — O que se fez mediante a
assunção parece ser o mais apto para ela. Ora, o espírito ou mente não é mais
apto para ser assumido, que a alma, o que claramente resulta de não serem assumíveis
os espíritos angélicos, como se disse. Logo, parece que o Filho de Deus não
assumiu a alma mediante o espírito.
3. Demais. — Na assunção, ao primeiro
princípio se une o elemento posterior mediante intermediário, que tem
prioridade sobre este. Ora, a alma designa a essência em si mesma, naturalmente
com prioridade sobre a sua potência, que é o entendimento. Logo, parece que o
Filho de Deus não assumiu a alma mediante o espírito ou entendimento.
Mas, em contrário, diz Agostinho: A
invisível e incomutável verdade recebeu a alma, pelo espírito, e, pela alma, o
corpo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Embora o intelecto não difira da alma pela essência, distingue-se porém das
outras partes da alma, em virtude da potência. E por aí, compete-lhe o papel de
meio.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Ao espírito
angélico não lhe falece a conveniência para ser assumido, por falta de
dignidade, mas pela irreparabilidade da queda. O que não pode ser dito do
espírito humano, como se colige do que foi estabelecido na Primeira Parte.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A alma, entre a
qual e o Verbo de Deus é meio o intelecto, não é tomada pela sua essência, que
é comum a todas as potências, mas é-o pelas potências inferiores, que são
comuns a todas as almas.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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