Art.
6 ― Se o pecado da deleitação morosa reside na razão.
(II Sent., dist. XXIV, q. 3, a.
1)
O sexto discute-se assim. ― Parece que
o pecado da deleitação morosa não reside na razão.
1. ― Pois, a deleitação implica
movimento da potência apetitiva, como já se disse (q. 31, a. 1). Ora, a
potência apetitiva distingue-se da razão, que é uma potência apreensiva. Logo,
a deleitação morosa não reside na razão.
2. Demais. ― Pelos objectos podemos
conhecer a que potência pertence um acto, por que potência se ordena ao seu
objecto. Ora, a deleitação morosa versa às vezes sobre os bens sensíveis e não,
sobre os racionais. Logo, o pecado da deleitação morosa não reside na razão.
3. Demais. ― Chama-se moroso ao que
tem diuturnidade temporal. Ora, esta não é a razão de um acto pertencer a uma
determinada potência. Logo, a deleitação morosa não pertence à razão.
Mas, em contrário, diz Agostinho,
consentir no pensamento sensual limitando-nos só à deleitação do pensamento,
seria como se só a mulher tivesse comido o fruto proibido 1. Ora,
por mulher entende-se a razão inferior, como ele próprio o expõe, no lugar
citado. Logo, o pecado da deleitação morosa está na razão.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
― Por certo que a deleitação tem na potência apetitiva, o seu princípio
próprio, ao passo que, na razão está como no princípio motor. Isto de acordo
com o que já dissemos (a. 1), a saber, que as acções não transitivas para a
matéria exterior estão, como no sujeito, nos seus princípios.
RESPOSTA À SEGUNDA. ― O acto próprio ilícito
da razão recai sobre o objecto próprio dela, mas a sua direcção recai sobre
todos os objectos das potências inferiores, que podem ser dirigidas pela razão.
E a esta luz, também a deleitação relativa aos objectos sensíveis pertence à
razão.
RESPOSTA À TERCEIRA. ― Chama-se morosa
à deleitação, não pela demora temporal, mas porque a razão deliberante se
demora nela, sem contudo a repelir, retendo e revolvendo deliberadamente no
pensamento aquilo que devia ser rechaçado assim que nos atingisse a alma, como
diz Agostinho 2.
Revisão da tradução portuguesa por ama
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Notas:
1. XII De Trinit., cap. XII.
2. XII De Trinit. (cap. XII).
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