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Evangelho e comentário


TEMPO COMUM


Santo Agostinho – Doutor  da Igreja

Evangelho: Mt 23, 27-32

Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes a sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a podridão. Assim sois vós também: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas e ornamentais os túmulos dos justos; e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas’. Assim dais testemunho contra vós mesmos, confessando que sois os filhos daqueles que mataram os profetas. Completai então a obra dos vossos pais».

Comentário:

O Senhor não se coíbe na sua apreciação do comportamento dos fariseus.

Não serão todos evidentemente porque, como em todas as classes ou grupos sociais, há pessoas correctas e com são critério.

Mas infelizmente e sobretudo naquele tempo, o serem uma classe dominante perverteu a sua "missão" de chefes do povo preocupando-se mais com as aparências que com o exemplo que deveriam dar.

Assim, desviando a verdadeiras questões e iludindo os problemas concretos, contribuíram fortemente para que o povo anónimo fosse considerado por Cristo como «ovelhas perdidas sem pastor».


(AMA, comentário sobre MT 23, 27-32, 26.08.2015)



Temas para reflectir e meditar


Aborto

Os diagnósticos pré-natais, que não apresentam dificuldades morais se se realizam para determinar eventuais cuidados necessários à criança ainda não nascida, com muita frequência são ocasião para propor ou praticar o aborto.
É o aborto eugenésico, cuja legitimação na opinião pública procede de uma mentalidade – equivocamente considerada de acordo com as exigências da «terapêutica» - que acolhe a vida só em determinadas condições, rejeitando a limitação, a invalidez, a doença.


(são joão paulo iiEnc. Evangelium Vitae, 1995.03.25, nr. 14)



Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus

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O colírio da nossa própria fraqueza

Se vos examinardes com valentia na presença de Deus, vós, tal como eu, sentir-vos-eis diariamente carregados de muitos erros.
Quando lutamos por arrancá-los com a ajuda divina, carecem de verdadeira importância e podem ser superados, embora pareça que nunca conseguimos desarraigá-los totalmente.
Além disso, independentemente dessas fraquezas, tu contribuirás para remediar as grandes deficiências dos outros, sempre que te empenhares em corresponder à graça de Deus.
Reconhecendo-te tão fraco como eles - capaz de todos os erros e de todos os horrores - serás mais compreensivo, mais delicado e, ao mesmo tempo, mais exigente, para que todos nos decidamos a amar a Deus com o coração inteiro.

Nós, os cristãos, os filhos de Deus, temos de prestar assistência aos outros, pondo em prática honradamente o que aqueles hipócritas retorcidamente elogiavam ao Mestre: Não olhas à condição das pessoas.
Isto é, havemos de rejeitar por completo a acepção de pessoas - interessam-nos todas as almas! - embora, logicamente, devamos começar por ocupar-nos daquelas que, por esta ou aquela circunstância, e até só por motivos aparentemente humanos, Deus colocou ao nosso lado.

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Et viam Dei in veritate doces, e ensinas com verdade o caminho de Deus - continuam eles.
Ensinar, ensinar, ensinar!
Mostrar os caminhos de Deus segundo a pura verdade!
Não deves assustar-te por verem os teus defeitos; os teus e os meus; eu tenho o desejo de os tornar públicos, contando a minha luta, o meu empenho de rectificar este ou aquele ponto da minha luta por ser leal ao Senhor.

O esforço por eliminar e vencer essas misérias já será um modo de indicar os caminhos divinos: primeiro, e apesar dos nossos erros manifestos, com o testemunho da nossa vida; depois, com a doutrina, como nosso Senhor, que coepit facere et docere, começou pelas obras e mais tarde se dedicou a pregar.

Depois de vos confirmar que este sacerdote vos quer muito e que o Pai do Céu vos quer mais, porque é infinitamente bom, porque é infinitamente Pai; depois de vos dizer que não posso lançar-vos nada à cara, considero, no entanto, que tenho de ajudar-vos a amar Jesus Cristo e a Igreja, seu rebanho, porque nisto penso que não me ganhais: emulais-me, mas não me ganhais.
Quando vos aponto algum erro através da pregação ou nas conversas pessoais com cada um de vós, não é para vos fazer sofrer; move-me exclusivamente o empenho de amarmos mais o Senhor.
E ao insistir na necessidade de praticar as virtudes, não perco de vista que essa necessidade também se impõe a mim.

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Certa ocasião ouvi dizer a um superficial que a experiência das nossas quedas serve para voltar a cair cem vezes no mesmo erro.
Eu, pelo contrário, digo-vos que uma pessoa prudente aproveita esses reveses para ficar escarmentada, para aprender a fazer o bem, para renovar a decisão de ser mais santa.
Da experiência dos vossos fracassos e triunfos no serviço de Deus tirai sempre, juntamente com o aumento do amor, um empenho mais firme de prosseguir no cumprimento dos vossos direitos de cidadãos cristãos, custe o que custar; sem cobardias, sem fugir às honras nem às responsabilidades, sem nos assustarmos perante as reacções que se levantem ao nosso redor - provenientes talvez de falsos irmãos - quando procuramos leal e nobremente a glória de Deus e o bem dos outros.

Portanto, temos de ser prudentes.
Para quê?
Para sermos justos, para vivermos a caridade, para servirmos eficazmente Deus e todas as almas.
Com muita razão se chamou à prudência genitrix virtutum, mãe de todas as virtudes, e também auriga virtutum, guia de todos os bons hábitos.

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A cada um o que lhe pertence

Lede com atenção o episódio evangélico para aproveitar essas estupendas lições acerca das virtudes que devem iluminar o nosso modo de proceder.
Acabado o preâmbulo hipócrita e adulador, os fariseus e os herodianos apresentam o seu problema: Que te parece? É lícito ou não pagar tributo a César?
Notai agora a sua astúcia - escreve S. João Crisóstomo - porque não lhe dizem: "explica-nos o que é bom, o que é conveniente, o que é lícito", mas "diz-nos o que te parece".
Estavam obcecados por atraiçoá-lo e torná-lo odioso ao poder político.
Mas Jesus, conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: Porque me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Eles apresentaram-lhe um denário. De quem é, perguntou, essa imagem e a inscrição? De César, responderam. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Já estais a ver que o dilema é antigo, assim como é clara e inequívoca a resposta do Mestre.
Não há, não existe nenhuma contradição entre servir a Deus e servir os outros; entre o exercício dos nossos direitos e deveres cívicos, e os religiosos; entre o empenho por construir e melhorar a cidade temporal e a convicção de que passamos por este mundo como por um caminho que nos leva à pátria celeste.

Também aqui se manifesta a unidade de vida que - não me cansarei de o repetir - é uma condição essencial para os que procuram santificar-se no meio das circunstâncias ordinárias do trabalho, das relações familiares e sociais.
Jesus não admite essa divisão: Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou há-de ter aversão a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.


A escolha exclusiva de Deus feita por um cristão quando responde plenamente ao seu chamamento, leva-o a dirigir tudo ao Senhor e, ao mesmo tempo, a dar ao próximo tudo o que em justiça lhe corresponde.

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Não é lícito escudar-se em razões aparentemente piedosas para espoliar os outros do que lhes pertence: Se alguém diz: "Eu amo a Deus" mas odeia o seu irmão, é mentiroso.
Mas também se engana a si mesmo quem regateia ao Senhor o amor e a reverência - a adoração - que lhe são devidos como Criador e nosso Pai; a quem se nega a obedecer aos seus mandamentos com a falsa desculpa de que algum deles é incompatível com o serviço dos homens claramente adverte S. João que nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: Se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
Porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.

Talvez tenhais de escutar muitos que peroram e inventam teorias com o fim de reduzirem - em nome da funcionalidade, quando não da caridade! - as manifestações de respeito e de homenagem a Deus.
Tudo o que seja para honrar o Senhor lhes parece excessivo.
Não façais caso deles; vós continuai o vosso caminho.
Essas elucubrações não passam de controvérsias que não conduzem a nada, a não ser escandalizar as almas e impedir que se cumpra o preceito de Jesus Cristo de dar a cada um o que lhe pertence, de praticar com delicada inteireza a santa virtude da justiça.

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Deveres de justiça para com Deus e com os homens

Gravemo-lo bem na nossa alma, para que depois se note na nossa conduta: primeiro, justiça para com Deus.
Essa é a pedra de toque da verdadeira fome e sede de justiça, que a distingue da gritaria dos invejosos, dos ressentidos, dos egoístas, dos cobiçosos...
Com efeito, negar ao nosso Cria dor e Redentor o reconhecimento dos abundantes e inefáveis bens que nos concede é uma atitude que encerra a mais tremenda e ingrata das injustiças.
Vós, se vos esforçardes deveras por ser justos, considerareis frequentemente a vossa dependência de Deus - pois, que tens tu que não tenhas recebido? - para vos encherdes de agradecimento e de desejos de corresponder a um Pai que nos ama loucamente.

Então avivar-se-á em vós o bom espírito de piedade filial, que vos fará tratar Deus com ternura de coração.
Quando os hipócritas levantarem ao vosso redor a dúvida de saber se o Senhor tem direito a pedir-vos tanto, não vos deixeis enganar.
Pelo contrário: ponde-vos na presença de Deus, dóceis, como a argila nas mãos do oleiro e confessai-lhe rendidamente: Deus meus et omnia! Tu és o meu Deus e o meu tudo!
E se alguma vez surgir um golpe inesperado, uma tribulação imerecida por parte dos homens, sabereis cantar com nova alegria: faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas!
Ámen.
Ámen.

(cont)


Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Não te esqueças da figueira amaldiçoada


Aproveita o tempo. Não te esqueças da figueira amaldiçoada. Já fazia alguma coisa: dar folhas. Como tu... – Não me digas que tens desculpas. De nada valeu à figueira – narra o Evangelista – não ser tempo de figos, quando o Senhor lá os foi buscar. – E estéril ficou para sempre. (Caminho, 354)

Voltemos ao Santo Evangelho e detenhamo-nos no que refere S. Mateus, no capítulo vigésimo primeiro. Conta-nos que Jesus, quando voltava para a cidade, teve fome. Vendo uma figueira junto do caminho, aproximou-se dela. Que alegria, Senhor, ver-te com fome, ver-te também sedento, junto do poço de Sicar!. (...)

Como te fazes compreender bem, Senhor! Como te fazes amar! Mostras-te igual a nós em tudo, excepto no pecado, para que sintamos que contigo poderemos vencer as nossas más inclinações e as nossas culpas. Efectivamente, não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as lágrimas... Cristo cansou-se, passou fome, teve sede, chorou. O que importa é a luta – uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso lado – para cumprir a vontade do Pai que está nos céus. (...)

Abeirou-se da figueira, mas não encontrou senão folhas. É lamentável. Não acontecerá assim também na nossa vida? Não haverá nela, infelizmente, falta de fé e de vibração de humildade, ausência de sacrifícios e de obras? Não será que apresentamos um cristianismo só de fachada e sem frutos? É terrível, porque Jesus ordena: Nunca mais nasça fruto de ti. E, imediatamente, secou a figueira. Entristece-nos esta passagem da Sagrada Escritura, ao mesmo tempo que, por outro lado, nos anima a avivar a fé, a viver conformes à fé, para que Cristo receba sempre algum lucro da nossa parte. (Amigos de Deus 201–202).