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01/01/2022

Publicações em Janeiro 1

 


No primeiro dia  de um Novo Ano, detenho-me aconsiderar que O Senhor usa a imagem do sal como um exemplo gráfico da valia, importância e indispensabilidade do papel dos cristãos na vida da sociedade.

O sal, como sabemos, é – foi sempre – um elemento essencial à vida humana de tal forma que chegou a constituir autêntica moeda de troca de grande valor e as populações percorriam enormes distâncias para conseguir tão precioso bem.

Assim os cristãos são, de facto, indispensáveis na sociedade não só porque levam com eles o “tempero” das atitudes e acções, mas, sobretudo porque condimentam com o seu exemplo de vida o desregramento e abulia de muitos.

A missão dos cristãos é, principalmente, dar exemplo. Que os outros, todos, sejam quem forem, ao dar-se conta de como vivemos e como somos alegres e felizes, mesmo em situações difíceis, desejem imitar-nos.

De pouco valerão as palavras e discursos por belas ou bem estruturados que possam ser, se os nossos actos não corresponderem. É tão difícil amar os que não nos amam ou que até nos são indiferentes! Esta é uma afirmação que faço sem receio de desmentido porque, infelizmente, corresponde cada vez mais a um sentimento generalizado de inveja, mal querer e, até mesmo desejar o mal. Grande parte do "amor" aos outros é hoje dia movido pelo interesse e, portanto, será tudo menos amor 

Ali, no cimo Gólgota, quando Jesus Cristo abriu os braços na Cruz foi a todos os homens sem qualquer distinção. Não desejo eu fazer o mesmo?

Uma das características principais de uma família é, deve ser, o amor que une todos os seus membros, sobretudo os mais próximos: os irmãos. Na família de Deus a que pertencemos, este amor deve ser mais evidente, concreto, real. Por todas as razões, mas principalmente porque se trata de uma autêntica família cujo Pai é, Ele próprio, o Amor. Depois, porque devemos ter presente que só o amor une, perdoa, pacífica, constrói.

A perfeição está, pois, no amor de Deus.

Como Deus ama todos os homens - absolutamente todos – não distinguindo entre bons e maus, amigos ou inimigos, se fizermos como Ele estamos de facto a imitá-lo. E, evidentemente, deduz-se das palavras de Cristo que imitar Deus é o caminho para a perfeição.

Os caminhos de Deus não são fáceis? Como responder?

Parece óbvio que não são e, no entanto, foi os que Jesus Cristo indicou. Sendo assim podem não ser fáceis, mas, decerto não serão impossíveis porque Ele jamais nos pediria algo que não estivesse ao nosso alcance obter: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.»

O "segredo" está ajuda da Graça de Deus, na assistência do Espírito Santo que, se solicitarmos com Fé e Confiança nos conduzirão por onde sozinhos e por nós próprios, só com as nossas forças e capacidades, não conseguiremos.

O AMOR só pode falar de amor.

Sabemos, temos a certeza que Deus é Amor! Criou-nos por Amor; Mantém-nos vivos por Amor; Fez-se homem por Amor; Deu a Sua Vida por amor; Somos Seus filhos – autênticos – por Amor! Por isso mesmo só podemos tentar retribuir este Amor, Santo, Divino, Imenso, com o nosso amor completo, sem hiatos nem condições. Ficaremos sempre muito aquém, mas, mesmo assim, o Senhor quer esse amor que temos para Lhe dar e – como Jesus disse – a forma mais concreta de O amar é amar os outros – todos os outros – homens nossos irmãos em Cristo.

Um filho não deve retribuir o amor que seu Pai lhe tem? ão é natural que assim seja? Então Jesus Cristo não nos pede nada contra a lógica do amor, porque, como já temos dito, o amor só se completa com reciprocidade plena. Ficaremos aquém? Já o sabemos mas isso em lugar de levar-nos a desistir deve “acicatar-nos” para que nos esforcemos cada vez mais.

“Faz o bem sem olhares a quem”, é um dito popular que bem pode ter a sua origem nestes ensinamentos de Cristo.

Podemos acrescentar, as palavras de São Josemaria Escrivá: afogar o mal em abundância de bem.

Será difícil por vezes não responder no mesmo tom, não devolver o insulto, conservar a calma e tranquilidade deixando o outro desarmado e sem razão. Talvez pensemos que não merecemos a forma como nos trata, mas depressa se desvanecerá esse sentimento se pensarmos: 'se realmente me conhecesse bem, tratar-me-ia muito pior’.

Na base do edifício social está a família cujo alicerce é o matrimónio e, na base deste, deve estar o amor. Por isso se pode simplificar dizendo que o sucesso ou insucesso de uma sociedade depende da qualidade e natureza do amor.   O amor não é interesseiro, não cede nem a desejos nem a luxúria. Sendo profundo e concreto não é volúvel e não se deixa arrastar por entusiasmos mais ou menos passageiros. Sim, pode dizer-se que na base das relações humanas tem de estar presente o amor. Não um amor qualquer, como, por exemplo, gosto muito de... mas um amor total, profundo, de dar sem medida, sem o intuito de receber. Se este amor não existir tudo falha e mais tarde ou mais cedo a relação corrompe-se e acaba.

A “força” das palavras de Jesus justifica-se pela Sua preocupação de que os homens percebam o valor, a importância e dignidade de que se reveste o amor conjugal. Evidentemente que não nos quer mutilados no corpo, em primeiro lugar porque não são os membros que têm culpa dos nossos erros e pecados e porque a mutilação da nossa alma pelo pecado – essa sim – precisa de reparação e vigilância. Eu penso que grande parte dos erros cometidos nos matrimónios se devem à falta de respeito de um pelo outro ou, até, de respeito por si mesmo. Não nos enganemos: não é possível o amor subsistir se não houver respeito dentro do casal.

Jesus Cristo declara sem qualquer margem para dúvidas a importância do cristão na sociedade. Uma importância que lhe vem directamente da sua Categoria de Filho de Deus em Cristo. Como do sal ou da luz muitos dependerão dele como necessidade concreta para melhor "temperarem" as suas vidas e verem com nitidez o caminho a seguir.   Luz e Sal é o que o Senhor diz que nós, os cristãos, somos.

Dois elementos fundamentais e preciosos. Sem luz anda-se nas trevas, não se vê por onde se vai, não existe horizonte, não se descortina o céu, não se encontra o caminho. Sem sal todo o alimento é insípido, desagradável, não apetece. Sejamos - todos os baptizados - luz que ilumine os outros e sal que tempere as suas vidas.

Os cristãos têm de ser diferentes dos outros homens e mulheres? Não, exactamente, mas têm que se comportar como quem sabe e acredita firmemente que é Filho de Deus. É só isto que Jesus recomenda: fazer a Vontade de Deus sempre e em qualquer circunstância. Ser sal e luz não é mais que dar exemplo de coerência e unidade de vida. Não são as palavras que convencem ou “arrastam” a menos que, acompanhadas pela prática do que se diz. O exemplo para ser credível e válido tem de ser permanente e não com “intervalos”, como se pudéssemos como que suspender essa filiação divina que nos foi conferida no Baptismo.

Neste início de um nono ano, peço-Te, Senhor, que me ajudes a ter isto bem presente.

 

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