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Espírito de mortificação e penitência

 

O espírito de mortificação, mais do que manifestação de Amor, brota como uma das suas consequências. Se falhas nessas pequenas provas, reconhece-o, fraqueja o teu amor ao Amor. (Sulco, 981)

Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão de dirigir ou de educar é corrigir quando é necessário fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita dessa ajuda, superando subjectivismos néscios e sentimentais.

O espírito de penitência leva a não nos apegarmos desordenadamente a esse esboço monumental dos projectos futuros, no qual já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos renunciar aos nossos gatafunhos e pinceladas, e permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e cores que mais lhe agradam! (Amigos de Deus, 138)

Leitura Espiritual

 


Novo Testamento [1]

 

Evangelho

 

Mc XIII, 14-37

 

Destruição de Jerusalém

14 «Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar - entenda quem lê! - então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; 15 quem estiver no terraço não desça nem entre a tomar coisa alguma da sua casa. 16 E quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a capa. 17 Ai das que estiverem grávidas e das que andarem a amamentar nesses dias! 18 Orai para que isto não suceda no Inverno, 19 pois nesses dias a angústia será tal, como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem voltará a haver. 20 E se o Senhor não abreviasse esses dias, nenhuma criatura se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou esses dias.»

 

Sinais do fim do mundo

21 «Então, se alguém vos disser: ‘Aqui está o Messias’ ou: ‘Ei-lo ali’, não acrediteis; 22 pois surgirão falsos messias e falsos profetas que farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os eleitos. 23 Portanto, ficai atentos; de tudo vos preveni.» 24 «Mas nesses dias, depois daquela aflição, o Sol vai escurecer-se e a Lua não dará a sua claridade, 25 as estrelas cairão do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. 26 Então, verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu.» 28 «Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando já os seus ramos estão tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. 29 Assim, também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

 

Exortação à vigilância

32 Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai.» 33 «Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento. 34 É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse. 35 Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha; 36 não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. 37 O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai!»

Texto:



 

Família

 

  Uma criança, para aprender, terá, preferencialmente, de frequentar a escola já que, será ali que preencherão as lacunas do seu conhecimento e onde encontrará a ajuda necessária para construir o edifício da sua personalidade.

Na praça pública, na rua, na discoteca, não alcançará o que pretende.

  Cada coisa o seu lugar.

  Por isso é tão importante, talvez crucial, a eleição da escola para os filhos.

  O que alguns pais parecem considerar: quanto mais caro o colégio mais garantida estará a educação, é uma falsa premissa porque a bondade da educação não tem a ver com o seu preço mas sim pela capacidade e qualificação dos professores.

De facto, é uma comodidade muito grande entregar o menino aos cuidados de um estabelecimento de ensino que o transporta de casa para o colégio e daqui para casa, fornece um bom almoço e lanche, tem actividades desportivas que bastem, passeios, excursões, visitas guiadas a museus e monumentos, um bom plano de estudos... enfim... um descanso para os pais que têm meios económicos mas não têm tempo para se ocuparem, eles próprios, da educação do filho, limitando a sua acção à maçada de ler os relatórios que periodicamente o colégio lhes envia.

  A desculpa costumada de que “hoje os tempos são outros” não passa de um subterfúgio para fugir ao papel de educadores que, preferencialmente, os pais devem ter.

  Com o tempo, conseguidas as qualificações necessárias, o filho ruma o estrangeiro, uma escola de prestígio cuja frequência e graduação garantem só por si um óptimo emprego.

  E... pronto... missão cumprida!

  Mas esta história tão real como frequente, tem muito pouco a ver com pais e filhos e, muito menos, com família.

  Isto é uma organização da sociedade humana como outra qualquer, em que o pragmatismo e as conveniências ocupam o lugar do amor, do carinho, da vida familiar vivida em conjunto, onde pais e filhos têm um lugar próprio, interdependente e solidário.

Talvez, nos outros casos, se possa falar de modernismo, e neste, que, indubitavelmente preferimos, sejamos levados a invocar paternalismo, mas isso, no fundo, não interessa para a verdadeira questão que é a vida familiar.

  Sem cair nos extremos em que pais e filhos se tratam como colegas e quase não existe privacidade entre uns e outros ou, por outro lado, se mantém uma distância mais ou menos cerimoniosa, num caso e noutro, esquecendo que a familiaridade não é, não deve, ser incompatível com o respeito que se devem mutuamente.

Não há justificação alguma que um pai possa invocar para desrespeitar um filho, fazendo tábua rasa das suas opções, gostos e desejos.

  O filho, é, antes de mais, uma pessoa e como tal deve ser respeitada.

  O que o pai pode - e deve - fazer, é orientar, aconselhar e, sobretudo, acompanhar o seu filho.

Um pai ausente tem muito pouca autoridade natural, ao contrário daquele que, acompanhando, ao máximo possível, a vida do filho, lhe proporciona o exemplo donde, naturalmente, emerge uma autoridade que não carece de imposição para ser aceite.

  Há que considerar a gravidade de que se pode revestir a imposição ao filho da escolha de uma carreira profissional o que, naturalmente, não quer dizer que não se oriente ou ajude na escolha.

  Os filhos não são pertença dos pais nem estes têm o direito de lhes exigir que se comportem como tal e a verdade é que, também os pais têm bastante a aprender dos filhos.

  É comum ouvir-se dizer: ‘Quero proporcionar ao meu filho tudo aquilo que eu não tive.’

  Isto, revela, antes de mais uma profunda injustiça contra os próprios progenitores que, seguramente, fizeram o que puderam e, depois, porque, ao filho, deve bastar o necessário para a sua vida, dentro dos parâmetros normais para a sua idade, sem coisas supérfluas que não necessita e o podem distinguir - num mau sentido - dos seus companheiros e amigos.

  Um filho não é amigo do pai conforme a resposta que obtém a um pedido.

 Um sim ou um não usados como moeda para obter amizade é um erro gravíssimo, sobretudo porque perverte o princípio sagrado da família que se exprime em - ser-se amado pelo que se é e não pelo que se tem -, princípio este que é, realmente, exclusivo da família.

  A família é a única comunidade na qual todo o homem ‘é amado por si mesmo’, pelo que é e não pelo que tem. [2]

  Por isso mesmo se insiste que antes de qualquer outro sentimento, talvez mesmo o amor, o mais importante é sem dúvida o respeito, já que, de certo modo, todos estão na sua dependência.

 

 



[1] Sequencial todos os dias do ano

[2] Btº. joão paulo ii, Homília na Missa para as Famílias, Madrid, 1982.11.02

Reflexão

 

Particularmente no dia de hoje em que o calendário litúrgico celebra Quarta-Feira de Cinzas, tento entrozar a realidade que é a temporalidade da minha existência e, sobretudo, compreender e aceitar que se vivo é porque Deus assim o quer.

Não me cabe saber o porquê, mas ter a confiança e certeza absolutas que, sendo a Sua Vontade, é o que mais me convém.

17.02.2021

VIRTUDES

Prudência 1

Definição

A prudência é a virtude que dispõe o espírito a discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os meios para o realizar [1]. Assim, são actos de prudência a avaliação para ver qual será a acção mais adequada para alcançar o bem, e o mandato para a realizar. A prudência baseia-se na memória do passado, no conhecimento do presente e, tanto quanto nos é possível, na previsão das consequências das nossas decisões. Indica a medida justa das outras virtudes, entre o excesso e o defeito, entre o exagero e a carência, ou a mediocridade.



[1] 1 Cf. Ángel Rodríguez Luño, Scelti in Cristo per esssere santi. III. Morale speciale, EDUSC, Roma 2008, pp. 284 e 289.

 

Quarta-feira de cinzas

 

SANTA MISSA NA BASÍLICA DO VATICANO

 

Homilia de São PAULO VI

 

Queridos filhos e filhas:

  Hoje é a "Quarta-feira de Cinzas", o primeiro dia da Quaresma. A lição austera que a liturgia nos dá hoje. Lição incorporada em um rito de eficácia plástica. A imposição da cinza implica em si um significado tão claro que todo comentário é supérfluo; leva-nos a uma reflexão realista sobre a natureza precária da nossa condição humana, ligada ao controlo da morte, que reduz a cinzas precisamente este nosso corpo em cuja vitalidade, saúde, força, beleza e habilidades construímos tantos projectos todos os dias.

  O rito litúrgico com franqueza enérgica, dirige a atenção para este facto objectivo: não há nada definitivo ou estável aqui em baixo; o tempo flui inexoravelmente e um rio rápido arrastando-nos e às nossas coisas sem descanso para a saída misteriosa da morte.

  A tentação de evitar a evidência dessa observação já é antiga. Incapaz de escapar, o homem tentou esquecer ou minimizar o fenómeno da morte, despojando-o das dimensões e ressonâncias que o constituem no evento decisivo de sua existência. A máxima de Epicuro ‘Quando existimos, a morte não é, e quando a morte é, nós não existimos’, é a fórmula clássica dessa tendência sempre presente e sempre iridescente com milhares de tonalidades diferentes, desde a antiguidade até nossos dias. Mas na realidade é "um truque que o sorrir mais do que pensar"[1]. Com efeito, a morte faz parte da nossa existência e condiciona o seu desenvolvimento a partir de dentro. Santo Agostinho tinha intuído bem quando argumentou assim: ‘Se alguém começa a morrer’.[2]

  Em perfeita sintonia com a realidade, a linguagem da liturgia adverte-nos: “Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó retornarás"; são palavras que se concentram nesse problema, impossíveis de evitar no nosso afundamento lento na areia movediça do tempo; palavras que colocam com urgência dramática a "questão do significado" disso leva-nos à vida para ser fatalmente afundados novamente na sombra escura da morte. É verdade que ‘o maior enigma da vida humana é a morte’[3].

  Para este enigma, sabemos que a fé dá uma resposta que não é evasiva. É uma resposta integrada, em primeiro lugar, por uma explicação e depois por uma promessa.

A e  xplicação é dada em síntese nas famosas palavras de São Paulo:  "Assim, como o pecado entrou no mundo através de um homem, e a morte pelo pecado, e assim a morte passou para todos os homens, todos pecaram"[4].

Portanto, a morte, tal como a experimentamos hoje, é o fruto do pecado, do pecador[5].

  Esta é uma ideia difícil de aceitar e, de facto, a mentalidade profana rejeita-a unanimemente. A negação de Deus ou perda de sentido vital da sua presença levaram muitos dos nossos contemporâneos para dar ao pecado interpretações sociológicas, às vezes psicológicos, ou existencialistas, ou evolucionistas; todos eles têm em comum uma característica: a de esvaziar o pecado da sua trágica seriedade. Por outro lado, Apocalipse, não; mas apresenta-a como uma realidade assustadora, diante da qual qualquer outro mal temporário é sempre de importância secundária. Na verdade, com alguém peca quebra a "devida subordinação ao seu fim último, e toda a sua ordenação até agora como sua própria pessoa e as relações com os outros e com o resto da criação" [6].

  O pecado marca a falha radical do homem, a rebelião de Deus que é Vida, uma "extinção do Espírito"[7]; e por essa razão, a morte nada mais é do que a manifestação externa dessa frustração, a sua manifestação mais notável.

  Esta é a palavra explicativa que o Apocalipse nos oferece e que a experiência confirma com desconsoladora abundância de provas. Mas a fé não se limita a explicar o nosso drama. Também nos traz o alegre anúncio de que existe a possibilidade de um remédio. Deus não se resignou ao fracasso da sua criatura. No seu Filho encarnado, morto e ressuscitado, Deus abre o coração do homem para a esperança novamente.

  "Eles lutaram a vida e a morte em uma batalha singular - cantaremos no dia da Páscoa - e quando a morte é a morte, ela se levanta triunfalmente"[8].

  No mistério pascal, Cristo tomou para Si a morte, na medida em que tal é uma manifestação de que a nossa natureza está ferida; e ao triunfar sobre ela na ressurreição, superou na sua raiz o poder do pecado que age no mundo. De agora em diante todos os homens aderem pela fé a Cristo e esforçam-se para adaptar a sua vida a Ele, podem experimentar em si a vida - dando poder da irradiação do ressuscitado. Não é mais um escravo da morte[9], porque ele age sobre ele "o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos"[10].

  Esta é, portanto, a mensagem alegre: em Cristo Jesus podemos vencer a morte. A Igreja não se cansa de repetir especialmente no início de uma temporada forte do ano litúrgico, que é a Quaresma, que o povo cristão é convocado para se preparar para a celebração anual da Páscoa. Esta voz encontra ecos de vontade e coragem nas nossas mentes e trazer-nos para renovar o fervor da vida cristã neste tempo aceitável , de acordo com a intenção da liturgia, deve consistir de um surto de uma mola mística para o espírito, tem as suas estações também.

  Temos a certeza de que o espírito dos religiosos presentes nesta cerimónia está especialmente aberto a tal convite. Por causa do seu compromisso com uma vida perfeita e maior intimidade com Deus, assumidos com os votos, estão mais conscientes do radicalismo das exigências evangélicas; e também para ter uma percepção mais aguda da desproporção abissal entre a miséria humana e infinita santidade daquele que anseiam as suas almas e para o qual tendem, na verdade eles estão em melhor posição para sediar a proposta litúrgica do caminho quaresmal fatigante e encorajadora ao mesmo tempo. Possam eles sentir a responsabilidade de serem sentinelas nos postos avançados da vanguarda do Povo de Deus, peregrinos à sua pátria.

  Vamos todos para o caminho. Buscamos a força para os bons propósitos na oração, numa oração validada pela plena disponibilidade ao sacrifício e também pela renúncia generosa de algo próprio, a fim de termos o que pedir para ajudar os pobres. É o velho conselho daquele que foi um professor experiente de vida espiritual, Santo Agostinho: "Queres que a tua oração voe para Deus? Então coloca as duas asas do jejum e caridade"[11].

  O programa é muito claro. Que o Senhor nos conceda a generosidade necessária para permear a vida concreta de cada dia.

 

Quarta-feira de cinzas, 8 de Fevereiro de 1978

 

 © Copyright - Libreria Editrice Vaticana



[1] (M. Blondel)

[2] Do Civil. Dei, 13, 10.

[3] Gaudium et spes, 18

[4] Rm 5:12

[5] Rm 6, 23

[6] Gaudium et spes13

[7] 1 Tessalonicenses 5:19

[8] Secuencia

[9] cf. Rm 8 : 2

[10] Rm 8, 11

[11] Enarr, em Sl 42, 8

Pequena agenda do cristão

   

Quarta-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?