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27/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 27

Evangelho

 

Mc III 13- 35

 

Escolha dos Apóstolos

13 Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. 14 Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, 15 com o poder de expulsar demónios. 16 Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro; 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, 19 e Judas Iscariotes, que o entregou. 20 Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam comer. 21 E quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!»

 

Blasfémia dos escribas

22 E os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.» 23 Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? 24 Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; 25 e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir. 26 Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido e não poderá subsistir; é o seu fim. 27 Ninguém consegue entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá saquear-lhe a casa. 28 Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; 29 mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de pecado eterno.» 30 Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito maligno.»

 

Os parentes de Jesus

31 Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam chamar. 32 A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram.» 33 Ele respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?» 34 E, percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele, disse: «Aí estão minha mãe e meus irmãos. 35 Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»

 


Deveres e obrigações (cont)

  A Fé não é qualquer coisa que se adquira por vontade própria mas um dom dado directamente por Deus.

  Remetendo para escrito anterior [1] não se alongará mais este tema além da consideração formal de que o que está realmente certo é: «A César o que é de César, a Deus o que é de Deus

  E, para sustentar esta afirmação, vemos o que acontece quando se confundem as duas coisas que levam às chamadas “guerras da religião” que, no fim e ao cabo, pretendem que César e Deus são uma mesma coisa e não se admite e persegue-se, castiga-se, guerreia-se e atenta-se contra quem assim não procede. [2]

  Bom, e o que é que, de facto, temos de dar a Deus?

A resposta poder-se-ia resumir com uma célebre frase:

  “Tendes que dar forçosamente a César a moeda que tem impressa a sua imagem; mas vós entregai com gosto todo o vosso ser a Deus, porque está impressa em nós a Sua imagem e não a de César.” [3]

  Parece claro, ou não?

  A imagem de Deus no homem é a sua alma porque é espírito criado directamente por Deus na altura da concepção.

  Deus é Criador permanente, cria a alma logo que se dá a concepção do ser humano. Uma alma específica para cada ser que começa a sua existência.

Não dispõe de uma espécie de armazém de almas que vai atribuindo adrede consoante se forma o ser humano.

  E essa alma, o espírito que é a vida, é a imagem do próprio Criador, de Deus, porque a vida, a verdadeira vida só lhe pertence a Ele, só Ele a pode dar e dele depende a sua duração.

  Daí que cada ser humano seja uma entidade diferente e específica e não haja dois iguais, o que não acontece quanto à forma meramente corporal em que, de facto, pode haver pessoas idênticas em características e detalhes que, não poucas vezes, confundem quem os vê e se cruza com eles.

Isto que parece simples e compreensível para quem acredita num Deus Criador, soberanamente capaz e sapiente, já não será tão evidente para quem olha para a vida, o ser humano como um produto da união de gâmetas, de espermatozoides e óvulos, daí que, seja possível, para estas pessoas, admitir a manipulação do processo original de criação do ser humano.

  Não se duvida que tal seja possível – no campo meramente teórico, entendamo-nos – ou seja, criar um homem ou uma mulher a partir de processos científicos, complexos mas cada vez mais comuns.

Mas, a pergunta permanece: são estas “criações” da ciência, seres humanos?

É evidente que não e a razão está na base de toda a concepção da criação tal como querida por Deus.

  Parece claro que a Vontade de Deus ao criar um homem e uma mulher, distintos e com características próprias tenha sido a compulsão de amor que, ao constatar a obra da Sua Criação, verificando que tudo era bom [4], quis dar ao ser humano uma tarefa transcende que, em sumo grau, era de colaborar com Ele na reprodução da raça humana e na proliferação de seres humanos que preenchessem o seu desejo de Amor.

  Com o poder que detém Deus poderia ter criado imediatamente milhares de milhões de homens e mulheres atribuindo a cada um papel particular na sociedade humana.

Satisfaria, assim, o Seu Amor incomensurável de ter à Sua disposição seres inteligentes e livres que O amassem e adorassem pelo seu próprio arbítrio e escolha.

Optou por uma outra forma, e que, em síntese, é a criação de um primeiro casal de seres humanos com características específicas e destinados a promover esse Seu desejo amoroso de uma série contínua de seres inteligentes e dotados de vontade e querer próprios.

  Quando o fez?

  Não parecendo importante a discussão, de qualquer modo pode aceitar-se que a evolução das espécies foi uma realidade e que os antepassados do homem, tal como o conhecemos hoje, estejam integrados nessa evolução.

O que não duvidamos é que, em determinado momento, Deus “inseriu” nesse ser uma alma passando, nesse preciso momento, a algo totalmente diferente: um ser humano.

O Criador decidiu não interferir na escolha de cada ser humano deixando ao seu livre arbítrio o aceitar a Sua Lei, o Seu Comando, a Sua Vontade e, até, o seu dever de sujeição, como criatura, ao Criador.

  Porquê?

  Por Amor, única e exclusivamente por amor!

  Deus não pode nunca actuar de outra forma a não ser por Amor e movido pelo Amor, já que Ele próprio é O AMOR!

  E aqui está a base e o principio de tudo o que se refere à Criação:

 

 



[1] Citação de NUNC COEPI

[2] Jihad, é um conceito essencial da religião islâmica. Pode ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário do que muitos pensam,  Jihad não significa ‘Guerra Santa’, nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média (por exemplo: Cruzadas).

A explicação quanto as duas formas de Jihad não está presente no Alcorão, mas sim nos ditos do Profeta Muhammad: Uma, a ‘Jihad Maior’, é descrita como uma luta do indivíduo consigo mesmo, pelo domínio da alma; e a outra: a ‘Jihad Menor’, é descrita como um esforço que os muçulmanos fazem para levar a mensagem do Islão aos que não têm ciência da mesma (ou seja, daqueles que não se submetem à divindade islâmica e ao seu conceito religioso de paz).

Há opiniões divergentes quanto às formas de acção que são consideradas Jihad. A Jihad só pode ser travada para defender o Islão. No entanto, alguns grupos acham que isto tem aplicação não apenas à defesa física dos muçulmanos, mas também à reclamação de terra que em tempos pertenceu a muçulmanos ou a protecção do Islão contra aquilo que eles vêem como influências que ‘corrompem’ a vida muçulmana. A interpretação feita pelo Ocidente de que a Jihad é uma guerra violenta destinada a transformar pessoas em islâmicas à força é fundada nos diversos ataques terroristas e militares sofridos pelo Ocidente em nome da religião islâmica e de suas crenças; entretanto há quem afirme que os atentados de homens-bomba ou as ameaças a meios de comunicação ocidentais que ousem fazer qualquer crítica aos pilares da crença muçulmana não seja exactamente a definição de Jihad, mas resultado de uma percepção equivocada e oportunista de alguns islâmicos. Um dos defensores desta ideia é o sociólogo sírio-alemão especialista no Islão, ele próprio um muçulmano sunita,  Bassam Tibi. Para este, o fenómeno do fundamentalismo islâmico é uma forma de oportunismo político de alguns grupos, que se aproveitam da noção de Jihad, desvirtuando o Islão para torná-lo um factor de acção política em proveito próprio.

De acordo com as formas comuns do Islão, se uma pessoa morre em Jihad, ela é enviada directamente para o paraíso, sem quaisquer punições pelos seus pecados.

Porém, não se pode esquecer que ‘Jihad’ foi o termo utilizado por Maomé (profeta do Islamismo) que significava ‘guerra sagrada’, simbolizando a luta pela conversão do maior número de pessoas para a religião.

[3] s. jerónimo, Commentarium in Evangelium secundum Marcum, ad. Loc.

[4] Gn 6, 5.

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