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25/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 25

Evangelho

 

Mc II 1 – 22

 

Cura de um paralítico

1 Dias depois, tendo Jesus voltado a Cafarnaúm, ouviu-se dizer que estava em casa. 2 Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar, e anunciava-lhes a Palavra. 3 Vieram, então, trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4 Como não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico. 5 Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.» 6 Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações: 7 «Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?» 8 Jesus percebeu logo, em seu íntimo, que eles assim discorriam; e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações? 9 Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega no teu catre e anda’? 10 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, 11 Eu te ordeno - disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.» 12 Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»

 

Vocação de Levi

13 Jesus saiu de novo para a beira-mar. Toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os. 14 Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E, levantando-se, ele seguiu Jesus. 15 Depois, quando se encontrava à mesa em casa dele, muitos cobradores de impostos e pecadores também se puseram à mesma mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que o seguiam. 16 Mas os doutores da Lei do partido dos fariseus, vendo-o comer com pecadores e cobradores de impostos, disseram aos discípulos: «Porque é que Ele come com cobradores de impostos e pecadores?» 17 Jesus ouviu isto e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

 

O jejum

18 Estando os discípulos de João e os fariseus a jejuar, vieram dizer-lhe: «Porque é que os discípulos de João e os dos fariseus guardam jejum, e os teus discípulos não jejuam?» 19 Jesus respondeu: «Poderão os convidados para a boda jejuar enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. 20 Dias virão em que o esposo lhes será tirado; e então, nesses dias, hão-de jejuar.» 21 «Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, pois o pano novo puxa o tecido velho e o rasgão fica maior. 22 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho romperá os odres e perde-se o vinho, tal como os odres. Mas vinho novo, em odres novos.»

 


Humanismo

  Concepção filosófica que põe o homem e os valores humanos acima dos outros valores.

 

Humanitarismo

  Conjunto de concepções humanitárias tidas como ilusórias ou utópicas.

 

Deveres e obrigações

  A César, o que é de César, a Deus o que é de Deus. ([1])

  Mas o que é que, no homem, é devido a César, aqui representado pelo poder que rege os povos, e o que pertence a Deus?

  A fronteira não é muito nítida porque, em princípio, tudo pertence a Deus se encararmos que a realidade é que tudo, absolutamente, nos vem dele.

 Na verdade, ao cumprir as suas obrigações e deveres para com a sociedade, o Estado, a pessoa está a seguir os mandamentos de Deus que, como se sabe, são a Lei Natural.

  Por isso mesmo, tal - dar a César o que por direito lhe pertence - constitui um dever do homem que não pode deixar de o satisfazer sem ofender a Deus.

  Visto assim, parece que a tal fronteira, na realidade não existe.

  É comum, infelizmente, um certo adormecimento da consciência de muitos cristãos que encaram o não cumprimento dessas obrigações, como o pagamento de impostos, por exemplo, com ligeireza e sem preocupação.

  As justificações são várias, as mais comuns, talvez, 'que todos o fazem' ou que 'os impostos são injustos' ou que 'as verbas deles resultantes são mal aplicadas'.

  Evidentemente, tudo isto pode ser verdade mas nem por isso se exime a pessoa de cumprir a lei.

  As leis emanadas pelo poder constituído são de cumprimento obrigatório, salvo no caso de atentarem contra a dignidade, a liberdade individual de decisão, a escolha pessoal de educação dos filhos, da religião e tudo aquilo que, em suma, pertença exclusivamente ao livre arbítrio da pessoa.

  Daqui - e parece ser muito a propósito - a obrigação grave de votar nas eleições que se destinam a escolher os que devem exarar as leis e demais normas que regem uma sociedade.

Exercer esse direito reveste-se de capital importância já que, das escolhas efectuadas dependerá o futuro legislativo, leis boas, más ou, mesmo como já se tem verificado, leis iníquas.

  Participar da Vida social é um direito e uma obrigação que vem com as características da cidadania.

  Como a única forma legal - aceitável e legítima - de participar na vida pública alterando a forma de governo ou legislação é através do sufrágio, este torna-se, assim, numa obrigação inalienável.

Não cabe aqui discorrer sobre o assunto já que o mesmo se insere na esfera da política o que está fora do que estamos a tratar.

  Dar a César pode muito bem ser, também, ter a disponibilidade para aceitar responsabilidades públicas, como, por exemplo, fazendo parte dos órgãos do Estado.

É claro que, para o cristão, isto quererá dizer disponibilizar-se para servir os outros, a sociedade nos moldes em que esse serviço requeira.

Como serviço nunca poderá ser sacrifício - porque o trabalho nunca o deve ser - mas o desempenho de um trabalho dedicadamente e nele empenhando todas as capacidades e potências que se possuem.

  Engana-se gravemente quem aceitar um encargo para o qual não esteja apto ou possua as qualificações que o mesmo requeira.

Mais grave porém será - se o fizer - as consequências que daí podem advir para o bem da sociedade, para César.

  Como se um pianista principiante aceitasse ser cabeça de cartaz na execução de uma peça musical de relevância excepcional.

Enganaria as justas expectativas dos que acorressem ao evento, defraudaria os promotores da iniciativa, ridiculizaria o autor da obra e, sobretudo, enganar-se-ia a si próprio ao pretender executar algo para o qual sabe não ter nem capacidade nem qualificação bastante.

  Assim os que assumem cargos públicos para os quais não têm aptidão, mais não fazem que fazer de péssimos actores de uma peça da qual não conhecem nem o argumento e, muito menos, a mensagem que, se espera, têm de transmitir aos espectadores.

  Ora, a vida real, concreta, comum, não é uma peça de teatro que, normalmente, traduz situações inventadas num determinado contexto, mas sim, uma realidade concreta feita de inúmeras e diversificadas facetas, de coisas pequenas e grandes, de actos de coragem e fugas cobardes, atitudes mesquinhas e, outras, grandiosas em que seres humanos muito ou pouco diferentes entre si, têm objectivos, esperanças, ambições e propósitos, por vezes díspares e antagónicos.

Servir nestas condições é, sem dúvida, um acto de coragem que, para ser verdadeiro, necessita de reflexão e séria ponderação.

  ‘Aceito e, depois… logo se vê…’

Parece ser, cada vez mais atitude frequente.

E, o ‘logo se vê’ traduz-se inevitavelmente numa sucessão de disparates, erros, por vezes graves e com consequências tremendas.

  Mas, isto tudo, de facto, não é de César que não espera, não pode querer nada semelhante.

  Não convém, portanto, dar-lho porque, mais tarde ou mais cedo, César rejeitá-lo-á e, muito provavelmente, exigirá ser ressarcido do engano.

Ao contrário de Deus, César não perdoa sem castigar, ou seja: O seu perdão tem sempre um preço proporcional.

  Voltando à questão: Mas o que é que, no homem é devido a César…?

  Parece fácil a resposta.

O que, em princípio se deve a César é o que de César se recebeu.

  Podemos destacar, pelo menos, dois:

  A educação recebida pondo ao serviço de César os conhecimentos adquiridos que a mesma nos proporcionou; (veremos este ponto mais adiante)

O exercício de uma actividade que garanta o sustento próprio e dos que de nós dependem.

  Os bens que a actividade que o Estado, nos permitiu ter e desenvolver têm necessariamente de lhe ser restituídos, ou melhor, distribuídos por outros, principalmente aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades;

  A esta acção de restituição ou serviço costuma chamar-se solidariedade.

A solidariedade, exigência da fraternidade humana e cristã, manifesta-se, em primeiro lugar, na justa repartição dos bens, équa na remuneração do trabalho e no esforço por uma ordem social mais justa. A virtude da solidariedade pratica também a repartição dos bens espirituais da fé, ainda mais importantes que os materiais. [2]

  Como já vimos noutros locais [3], o ser humano é social por natureza, vive em sociedades organizadas segundo um esquema de leis e princípios cujo fim básico deve ser o dar a todos, sem qualquer distinção, oportunidades iguais em todos os aspectos da vida comum e, também, a liberdade de eleição do próprio estilo de vida, de opções pessoais que, naturalmente, se enquadrem nesse conjunto de leis e princípios.

Não tem, pois, o homem alternativa que viver em sociedade, naquela que escolher livremente por vontade própria.

Cada vez mais a ideia de um mundo global onde cada um possa escolher onde deseja viver ganha uma inusitada força e importância e, na verdade, parece ser o melhor que o homem pode aspirar.

Nascer neste ou naquele país pode não passar de um acidente no percurso da sua vida e nada, nem ninguém, deve ter o poder de o obrigar a permanecer ali ou impedir a desenvolver a sua vida, actividade, vocação onde muito bem lhe aprouver.

Os primeiros passos estão a ser dados nalgumas regiões do mundo, como por exemplo, a moeda única para extensas áreas englobando vários países raças e culturas.

Sem pretender fazer futurismo parece mais que provável que este é o caminho para o qual tende a humanidade e, talvez o sonho de uma sociedade justa e equitativa.

 

 



[1] Cfr. Mt. 22, 15-22

[2] CIC 1939 – 1942; 1948

[3] Citação de NUNC COEPI

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