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07/11/2020

Novíssimos

 


CÉU

 

1. O que há depois da morte? Deus julga cada pessoa pela sua vida?

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina que «a morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo» «Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através de uma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre».

 

Neste sentido São João da Cruz fala do juízo particular de cada um dizendo que «ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor».

 

Pensamentos diários

 



O Senhor, para nos alertar, concede-nos muitas graças e nós pensamos que podemos tocar o Céu com um dedo.

No entanto, não sabemos que, para crescer, precisamos de passar por provações: as nossas cruzes, as humilhações, as provas, as contradições.

 

(365 dias com o Santo Pio de Peltrecina, O Grande Amor de Deus)

Vida de Maria

 


Os anos de Nazaré

 

Em Nazaré o Senhor passou vários anos de vida tranquila e normal. Foram anos de trabalho, oração e vida em família com Maria e José. Assim o relata o décimo terceiro artigo sobre a Vida de Maria.

 

Depois de ter narrado o encontro do Menino Jesus entre os doutores do Templo, o Evangelho continua: «desceu com eles e foi para Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua Mãe guardava todas estas coisas no seu coração. Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 51-52).

 

Em dois versículos do Evangelho resumem-se dezoito anos da vida de Jesus e de Maria. Anos em que a Sagrada Família leva uma existência como a dos outros habitantes de Nazaré, mas repleta de amor. Anos decisivos na epopeia da Redenção, que o Verbo encarnado estava já a levar a cabo por meio da obediência e do trabalho, no contexto de uma vida normal.

 

Depressa ficou para trás aquele acontecimento do Templo, mas as palavras que Jesus lhes disse nessa altura ofereceram a José e a Maria constante tema de meditação. Perceberam, com uma luz nova, o sentido da vida de Jesus na terra, toda voltada para o cumprimento da missão que O Pai celestial Lhe tinha confiado. E, embora deva ter deixado uma profunda marca nas suas almas, a vida em Nazaré prosseguiu como habitualmente.

 

Cada dia tinha as suas próprias ocupações. As tarefas de Maria eram as próprias de uma dona de casa: caminhadas à única fonte da aldeia para encher o cântaro de água fresca; amassar a farinha e levá-la ao forno para fazer o pão da semana; manter a casa limpa e agradável, servindo-se talvez também de flores simples que dessem  cor e aroma ao ambiente; fiar a lã macia e o linho suave e tecer depois os panos necessários; ocupar-se das compras imprescindíveis quando chegava à aldeia um vendedor ambulante apregoando as suas mercadorias... Mil tarefas domésticas que Maria realizava como as outras mulheres da aldeia, mas com um imenso amor.

 

Quando o Menino era ainda pequeno, acompanharia a Sua Mãe nas tarefas caseiras ou nas suas deslocações pela aldeia. À medida que foi crescendo, passaria mais tempo com José. Durante os anos que agora nos ocupam, começaria a ajudá-lo no seu trabalho, que era abundante. A oficina de José era como as outras existentes naquele tempo na Palestina. Talvez fosse a única de Nazaré, uma aldeia pequena. Cheirava a madeira e a limpo. Os trabalhos que se realizavam eram os próprios do ofício de artesão, como o designa o Evangelho, em que se fazia um pouco de tudo: fazer uma viga, fabricar um armário simples, arranjar uma mesa ou um telhado, passar a plaina numa porta que não encaixava bem... Jesus, primeiro adolescente e depois jovem, aprendeu de José a trabalhar bem, com cuidado nos detalhes, com um sorriso acolhedor para o cliente, cobrando o justo, embora concedendo facilidades de pagamento a quem estivesse a passar uma temporada de apuros económicos.

 

A VIDA DE MARIA NÃO CHAMAVA A ATENÇÃO DOS PARENTES E VIZINHOS. NEM SEQUER A SUA DOÇURA E A SUA DELICADEZA, QUE A TODOS ATRAÍA. PORQUE ERA COMO O ORVALHO, QUE DÁ FRESCURA E COR AOS CAMPOS E MAL SE CHEGA A VER.

Um dia José morreu. Jesus tinha crescido, já se podia encarregar da casa e cuidar da Sua Mãe. Maria e Jesus devem ter chorado ao enfrentar esse transe, enquanto o Santo Patriarca, acompanhado muito de perto pelos seus dois grandes amores, expirava em paz. Tinha cumprido a sua missão.

 

Com a morte do Patriarca, a Mãe e o Filho estreitaram ainda mais a sua intimidade. Quantas vezes o recordariam nas suas conversas a sós, ou com outros membros da família, nas longas veladas do inverno, ao calor da lareira! E iriam desfiando tantos detalhes do esquecimento de si próprio, do serviço aos outros, que constituíam o quadro da vida de José, o artesão.

 

Na tranquila paz daquela casa, Maria continuou as suas tarefas de sempre: cozinhar e lavar louça; moer e amassar a farinha; coser as vestes de Jesus e as suas; receber com um gesto amável as pessoas que a iam visitar... Cada vez com mais amor, pois tinha perto, muito perto, ao seu lado, Aquele que é a Fonte do Amor. No entanto, a sua vida não chamava a atenção dos parentes e vizinhos. Nem sequer a sua doçura e delicadeza, que atraía a todos e fazia com que todos se sentissem bem  ao seu lado. Porque era como o orvalho, que dá frescura e cor aos campos e mal se chega a ver.

 

E enquanto Jesus crescia e trabalhava, a Virgem «guardava todas estas coisas no seu coração» (Lc 2, 51), ponderando-as e meditando-as, fazendo de cada uma ocasião e tema do seu diálogo ininterrupto com Deus.

 

J. A. Loarte

Leitura espiritual 07 Novembro

 

         Evangelho

 

Jo 8, 1-20

 

A mulher adúltera

 

1 Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. 3 Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio 4 e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. 5 Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» 6 Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. 7 Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» 8 E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. 9 Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. 10 Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» 11 Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar»

 

Jesus É a Luz do mundo

 

12 Jesus falou-lhes novamente: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.» 13 Disseram-lhe, então, os fariseus: «Tu dás testemunho a favor de ti mesmo: o teu testemunho não é válido.» 14 Jesus respondeu-lhes: «Ainda que Eu dê testemunho a favor de mim próprio, o meu testemunho é válido, porque sei donde vim e para onde vou. Vós é que não sabeis donde venho nem para onde vou. 15 Vós julgais segundo critérios humanos; Eu não julgo ninguém. 16 Mas, mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é verdadeiro, porque não estou só, mas Eu e o Pai que me enviou. 17 Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido; 18 sou Eu a dar testemunho a favor de mim, e também dá testemunho a meu favor o Pai que me enviou.» 19 Perguntaram-lhe, então: «Onde está o teu Pai?» Jesus respondeu: «Não me conheceis a mim, nem ao meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.» 20 Jesus pronunciou estas palavras junto das caixas das ofertas, quando estava a ensinar no templo. E ninguém o prendeu, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

 


 

Cristo que passa

 

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Intimidade com Maria

 

De uma maneira espontânea, natural, surge em nós o desejo de conviver com a Mãe de Deus, que é também nossa mãe; de conviver com Ela como se convive com uma pessoa viva, porque sobre Ela não triunfou a morte; está em corpo e alma junto a Deus Pai, junto a seu Filho, junto ao Espírito Santo.

 

Para compreendermos o papel que Maria desempenha na vida cristã, para nos sentirmos atraídos por Ela, para desejar a sua amável companhia com filial afecto, não são precisas grandes especulações, embora o mistério da Maternidade divina tenha uma riqueza de conteúdo sobre a qual nunca reflectiremos bastante.

 

A fé católica soube reconhecer em Maria um sinal privilegiado do amor de Deus.

Deus chama-nos, já agora, Seus amigos; a Sua graça actua em nós, regenera-nos do pecado, dá-nos forças para que, entre as fraquezas próprias de quem é pó e miséria, possamos reflectir de algum modo o rosto de Cristo.

Não somos apenas náufragos que Deus prometeu salvar; essa salvação já actua em nós.

A nossa relação com Deus não é a de um cego que anseia pela luz mas que geme entre as angústias da obscuridade; é a de um filho que se sabe amado por seu Pai.

 

Dessa cordialidade, dessa confiança, dessa segurança, nos fala Maria. Por isso o seu nome vai tão direito aos nossos corações.

A relação de cada um de nós com a nossa própria mãe pode servir-nos de modelo e de pauta para a nossa intimidade com a Senhora do Doce Nome, Maria. Temos de amar a Deus com o mesmo coração com que amamos os nossos pais, os nossos irmãos, os outros membros da nossa família, os nossos amigos ou amigas.

Não temos outro coração. E com esse mesmo coração havemos de querer a Maria.

 

Como se comporta um filho ou uma filha normal com a sua Mãe?

De mil maneiras, mas sempre com carinho e confiança.

Com um carinho que se manifestará em cada caso de determinadas formas, nascidas da própria vida, e que nunca são algo de frio, mas costumes muito íntimos de família, pequenos pormenores diários que o filho precisa de ter com a sua mãe e de que a mãe sente falta, se o filho alguma vez os esquece: um beijo ou uma carícia ao sair ou ao voltar a casa, uma pequena delicadeza, umas palavras expressivas...

 

Nas nossas relações com a nossa Mãe do Céu, existem também essas normas de piedade filial, que são modelo do nosso comportamento habitual com Ela.

Muitos cristãos tornam seu o antigo costume do escapulário; ou adquirem o hábito de saudar (não são precisas palavras; o pensamento basta) as imagens de Maria que há em qualquer lar cristão ou que adornam as ruas de tantas cidades; ou dão vida a essa oração maravilhosa que é o Terço, em que a alma não se cansa de dizer sempre as mesmas coisas, como não se cansam os enamorados, e em que se aprende a reviver os momentos centrais da vida do Senhor; ou então habituam-se a dedicar à Senhora um dia da semana - precisamente este em que estamos reunidos: o sábado - oferecendo-lhe alguma pequena delicadeza e meditando mais especialmente na sua maternidade...

 

Há muitas outras devoções marianas que não é necessário recordar aqui neste momento.

Nem todas têm de fazer parte da vida de cada cristão - crescer em vida sobrenatural é algo de muito diferente de ir amontoando devoções - mas devo afirmar ao mesmo tempo que não possui a plenitude da fé cristã quem não vive alguma delas, quem não manifesta de algum modo o seu amor a Maria.

 

Os que consideram ultrapassadas as devoções à Virgem Santíssima dão sinais de terem perdido o profundo sentido cristão que elas encerram e esquecido a fonte donde nascem: a fé na vontade salvífica de Deus Pai; o amor a Deus Filho, que Se fez Homem realmente e nasceu de uma mulher; a confiança em Deus Espírito Santo, que nos santifica com a Sua graça.

Foi Deus quem nos deu Maria e não temos o direito de rejeitá-la, mas devemos recorrer a Ela com amor e com alegria de filhos.

 

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Tornarmo-nos crianças no amor de Deus

 

Consideremos atentamente este ponto, porque nos pode ajudar a compreender coisas muito importantes.

O mistério de Maria faz-nos ver que, para nos aproximarmos de Deus, é preciso tornarmo-nos pequenos.

Em verdade vos digo, - exclamou o Senhor dirigindo-Se aos Seus discípulos - se não voltardes a ser como meninos, não podereis entrar no reino dos Céus.

 

Tornarmo-nos meninos...

Renunciar à soberba, à auto-suficiência; reconhecer que, sozinhos, nada podemos, porque necessitamos da graça, do poder do nosso Pai, Deus, para aprender a caminhar e para perseverar no caminho. Ser pequeno exige abandonar-se como se abandonam as crianças, crer como crêem as crianças, pedir como pedem as crianças.

 

Tudo isto aprendemos na intimidade com Maria.

A devoção à Virgem não é moleza; é consolo e júbilo que enche a alma precisamente porque exige o exercício profundo e íntegro da Fé, que nos faz sair de nós mesmos e colocar a nossa esperança no Senhor.

Iavé é o meu pastor - canta um dos salmos - e nada me faltará.

Em verdes prados me faz repousar, conduz-me junto das águas saborosas, reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, em virtude do seu nome. Ainda que eu vá por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, porque Tu estás comigo.

 

Porque Maria é Mãe, a sua devoção ensina-nos a ser filhos - a amar deveras, sem medida; a ser simples, sem as complicações que nascem do egoísmo de pensar só em nós; a estar alegres, sabendo que nada pode destruir a nossa esperança.

O princípio do caminho que leva à loucura do amor de Deus é um confiado amor a Maria Santíssima.

Assim o escrevi já há muitos anos, no prólogo a uns comentários ao Santo Rosário, e desde então muitas vezes voltei a comprovar a verdade destas palavras.

Não vou fazer aqui muitas considerações para glosar esta ideia; convido-vos, sim, a fazerdes vós a experiência, a descobrirdes isso por vós mesmos, conversando amorosamente com Maria, abrindo-lhe o vosso coração, confiando-lhe as vossas alegrias e as vossas penas, pedindo-lhe que vos ajude a conhecer e a seguir Jesus.

 

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Se procurais Maria, encontrareis Jesus.

E aprendereis a entender um pouco o que há nesse coração divino, que se aniquila, que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade, para se apresentar sob a forma de escravo.

Falando humanamente, poderíamos dizer que Deus Se excede, pois não Se limita ao que seria essencial e imprescindível para salvar-nos, mas vai mais além.

A única norma ou medida que nos permite compreender de algum modo essa maneira de actuar de Deus é reparar que não tem medida, ver que nasce de uma loucura de amor, que O leva a tomar a nossa carne e a carregar com o peso dos nossos pecados.

 

Como é possível dar-nos conta disto, advertirmos que Deus nos ama e não ficarmos também nós loucos de amor?

É necessário deixar que estas verdades da nossa fé nos vão penetrando na alma, até transformarem toda a nossa vida.

Deus ama-nos! O Omnipotente, o que fez os Céus e a Terra!

 

Deus interessa-Se pelas mais pequenas coisas das Suas criaturas - pelas vossas e pelas minhas - e chama-nos, um a um, pelo nosso próprio nome.

Esta certeza que a Fé nos dá faz-nos olhar o que nos cerca a uma luz nova e, permanecendo tudo igual, leva-nos a ver que tudo é diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.

 

A nossa vida converte-se, desse modo, numa continua oração, num bom humor e numa paz que nunca se acabam, num acto de acção de graças desfiado ao longo das horas.

Cantou a Virgem Maria: «A minha alma glorifica a Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilde condição da sua Serva. Por isso, desde agora todas as gerações me hão-de chamar bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Omnipotente, cujo nome é Santo».

 

A nossa oração pode acompanhar e imitar essa oração de Maria.

Tal como Ela, sentiremos desejo de cantar, de proclamar as maravilhas de Deus, para que a Humanidade inteira e todos os seres participem da nossa felicidade.

 

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Maria faz-nos sentir irmãos

 

Não podemos conviver filialmente com Maria e pensar apenas em nós mesmos, nos nossos problemas.

Não se pode tratar com a Virgem e ter, egoisticamente, problemas pessoais.

Maria leva a Jesus e Jesus É primogenitus in multis fratribus, primogénito entre muitos irmãos.

Conhecer Jesus, portanto, é compreendermos que a nossa vida não pode ter outro sentido senão o de entregar-nos ao serviço dos outros. Um cristão não pode reduzir-se aos seus problemas pessoais, pois tem de viver face à Igreja universal, pensando na salvação de todas as almas.

 

Deste modo, até aquelas facetas que poderiam considerar-se mais íntimas e privadas - a preocupação pelo progresso interior - não são, na realidade, individuais, visto que a santificação forma uma só coisa com o apostolado.

Havemos de esforçar-nos, na nossa vida interior e no desenvolvimento das virtudes cristãs, pensando no bem de toda a Igreja, dado que não poderíamos fazer o bem e dar a conhecer Cristo, se na nossa vida não se desse um esforço sincero por realizar os ensinamentos do Evangelho.

 

Impregnadas deste espírito, as nossas orações, ainda que comecem por temas e propósitos aparentemente pessoais, acabam sempre por ir ter ao serviço dos outros.

E, se caminharmos pela mão da Virgem Santíssima, Ela fará com que nos sintamos irmãos de todos os homens, porque todos somos Filhos desse Deus de que Ela é filha, esposa e mãe.

 

Os problemas dos outros devem ser os nossos problemas.

A fraternidade cristã deve estar bem no fundo da nossa alma, de tal modo que nenhuma pessoa nos seja indiferente.

Maria, Mãe de Jesus, que O criou, O educou e O acompanhou durante a sua vida terrena e agora está junto d'Ele nos Céus, ajudar-nos-á a reconhecer Jesus em quem passa ao nosso lado, tornado presente para nós nas necessidades dos nossos irmãos, os homens.

 

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Naquela "romaria" de que vos falava ao princípio, enquanto caminhávamos até à ermida de Sonsoles, passámos junto a uns campos de trigo.

A messe brilhava ao sol, ondulada pelo vento. Veio-me então à memória um texto do Evangelho, umas palavras que o Senhor dirigiu ao grupo dos Seus discípulos: «Não dizeis vós que dentro de quatro meses chegará o tempo da ceifa? Pois Eu vos digo: erguei os olhos e vede; os campos estão brancos para a ceifa».

Lembrei-me uma vez mais de que o Senhor queria meter nos nossos corações o mesmo empenho, o mesmo fogo que dominava o Seu.

E, de boa vontade, afastando-me um pouco do caminho, teria apanhado umas espigas que me serviriam para recordá-lo.

 

É preciso abrir os olhos, é preciso saber olhar ao nosso redor e perceber os chamamentos que Deus nos faz através daqueles que nos rodeiam.

Não podemos viver de costas para a multidão, encerrados no nosso pequeno mundo.

Não foi assim que Jesus viveu.

Os Evangelhos falam-nos muitas vezes da Sua misericórdia, da Sua capacidade de participar na dor e nas necessidades dos outros: compadece-Se da viúva de Naim, chora pela morte de Lázaro, preocupa-Se com as multidões que O seguem e não têm que comer; compadece-Se sobretudo dos pecadores, dos que caminham pelo mundo sem conhecerem a luz nem a verdade.

«Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-Se deles porque eram como ovelhas sem pastor. E começou então a ensiná-los demoradamente».

 

Quando somos verdadeiramente filhos de Maria, compreendemos essa atitude do Senhor, torna-se grande o nosso coração e ficamos penetrados de misericórdia.

Doem-nos então os sofrimentos, as misérias, os erros, a solidão, a angústia, a dor dos outros homens, nossos irmãos.

E sentimos a urgência de ajudá-los nas suas necessidades e de lhes falar de Deus para que saibam tratá-Lo como filhos e possam conhecer as delicadezas maternais de Maria.

 

 

Senhor, não sei fazer oração!

 


Escreveste-me: "Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho, 91)

 

Como fazer oração? Atrevo-me a assegurar, sem temor de me enganar, que há muitas, infinitas maneiras de orar. Mas eu preferia para todos nós a autêntica oração dos filhos de Deus, não o palavreado dos hipócritas que hão-de ouvir de Jesus: nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus.

Os que são movidos pela hipocrisia podem talvez conseguir o ruído da oração – escrevia Santo Agostinho – mas não a sua voz, porque aí falta vida e há ausência de afã por cumprir a Vontade do Pai. Que o nosso clamor – Senhor! – vá unido ao desejo eficaz de converter em realidade essas moções interiores, que o Espírito Santo desperta na nossa alma. (...).

Nunca me cansei e, com a graça de Deus, nunca me cansarei de falar de oração. Por volta de 1930, quando se aproximavam de mim, sacerdote jovem, pessoas de todas as condições – universitários, operários, sãos e doentes, ricos e pobres, sacerdotes e leigos – que procuravam acompanhar mais de perto o Senhor, aconselhava-os sempre: rezai. E se algum me respondia: "não sei sequer como começar", recomendava-lhe que se pusesse na presença do Senhor e lhe manifestasse a sua inquietação, a sua dificuldade, com essa mesma queixa: "Senhor, não sei!" E muitas vezes, naquelas humildes confidências, concretizava-se a intimidade com Cristo, um convívio assíduo com Ele. (Amigos de Deus, nn. 243–244)

 

Pequena agenda do cristão

 

SÁBADO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas:

FILOSOFIA, RELIGIÃO, VIDA HUMANA

 


Pessoa e circunstância

 

Emoções - Idealismo e ralismo psicológico

 

A fonte principal das nossa angústias são os nossos desejos fracassados que ficam dentro de nós como cadáveres apodrecidos. Os nossos desejos são maus porque não se regulam pela realidade. Desejamos dos outros o que eles não podem dar, porque não têm capacidade natural para tanto e quando nós pretendemos alguma coisa de alguém, mais projectamos nesse outros a nossa ânsia pessoal de que o ajudamos a fecundar a sua própria potencialidade.

O realismo psicológico deve ser abase das relações. Hás pessoas que quando dizem o que sentem, não  dizem o que pensam. Só desabafam emoções, não expõem convicções, relações reflectidas e motivadas. Por vezes essas confidências ou expansões voltam-se contra elas na ocasião menos esperada. Ficam então desiludidas da confiança que depositaram no grupo amigo. Desta forma esvai-se a alegria da companhia, e crescem as barreiras inter-pessoais. Por vezes o melhor acto de amizade que podemos ter para com  as pessoas que escutamos, é esquecer o que elas nos disseram.

(E. de Vasconcelos, Pessoa e Circunstância, Brotéria, Julho 1969, pg. 31)

Reflexão

 


Mérito

Podemos ter a sensação, perante mensagens, telefonemas, mails, que "é demais, não tenho paciência para isto) e, em sequência ignorar.

 

Talvez que a solução possa ser:

 

Bom... aqui está uma ocasião de "ganhar" algum mérito, e... responder: obrigado.

 

(AMA, 2020)