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31/10/2020

SACRAMENTOS

 




Eucaristia

…/11

2.3. Significado e conteúdo do mandato do Senhor

O preceito explícito de Jesus: «fazei isto em memória de mim» como meu memorial [13], evidencia o carácter propriamente institucional da Última Ceia.

Com este mandato, pede-nos que correspondamos ao seu dom e que o representemos sacramentalmente (que o voltemos a realizar, que reiteremos a sua presença: a presença do seu Corpo entregue e do seu Sangue derramado, ou seja, do seu sacrifício em remissão dos nossos pecados).

- «Fazei isto».

Deste modo designou aqueles que poderiam celebrar a Eucaristia (os Apóstolos e os seus sucessores no sacerdócio), confiou-lhes a potestade de a celebrar e determinou os elementos fundamentais do rito: os mesmos que Ele empregou.

Assim, na celebração da Eucaristia é necessária a presença do pão e do vinho, da oração de acção de graças e de bênção, da consagração dos dons no Corpo e Sangue do Senhor, da distribuição e comunhão deste Santíssimo Sacramento.

- «Em memória de mim» como meu memorial.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Notas:

[13] Lc 22, 19; 1Cor 11, 24-25

Uma consideração pessoal do autor de NUNC COEPI

 


Permita-se-me pôr-me assim, a nu, o que me traz ocupado nesta situação de Pandemia em que o tempo "sobra" para fazer algo com significado útil: Enviar a amigos - e não só - notas, links, mensagens, declarações... que tenho alguma presunção poderem ser de utilidade.

 

“Que sou um chato, incómodo, repetitivo...”

 

Bom... talvez  mas se considero que ao fazê-lo posso estar não só a prestar um "serviço" a outros como a mim próprio porque meditei no assunto?...

 

(AMA, 2020)

Não basta seres bom; tens de parecê-lo

 



Não basta seres bom; tens de parecê-lo. Que dirias tu de uma roseira que não produzisse senão espinhos? (Sulco, 735)

 

Compreendeste o sentido da amizade quando te sentiste como pastor de um pequeno rebanho, que tinhas abandonado, e que procuras agora reunir novamente, disposto a servir cada um. (Sulco, 730)

 

Não podes ser um elemento passivo. Tens de converter-te em verdadeiro amigo dos teus amigos: ajudá-los! Primeiro, com o exemplo da tua conduta. E, depois, com o teu conselho e com o ascendente que a intimidade dá. (Sulco, 731)

 

Pensa bem nisto, e age em conformidade: essas pessoas, que te acham antipático, deixarão de pensar assim quando repararem que as amas deveras. Depende de ti. (Sulco, 734)

 

Consideras-te amigo porque não dizes uma palavra má. É verdade; mas também não vejo em ti uma obra boa de exemplo, de serviço...

– Estes são os piores amigos. (Sulco, 740)

Leitura espiritual Outubro 31

       
 

Cartas de São Paulo

 

Carta aos Hebreus 7

 

Cristo é Superior aos Sacerdotes Levitas  -

1 Este Melquisedec, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, foi ao encontro de Abraão quando ele voltava da derrota infligida aos reis e abençoou-o; 2 Abraão concedeu-lhe o dízimo de todas as coisas; o seu nome significa, em primeiro lugar, rei de justiça, e depois, «rei de Salém», que quer dizer «rei de paz». 3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, assemelha-se ao Filho de Deus e permanece sacerdote para sempre. 4 Considerai, portanto, como é grande aquele a quem o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos. 5 Na verdade, também os filhos de Levi que recebem o sacerdócio, têm ordem, segundo a Lei, para cobrar o dízimo ao povo, isto é, aos seus irmãos, embora eles sejam também descendentes de Abraão. 6 Mas aquele, que não era da sua descendência, cobrou o dízimo de Abraão e abençoou o detentor das promessas. 7 Ora, sem dúvida, é o inferior que é abençoado pelo superior. 8 Num caso, os que cobram o dízimo são homens mortais, mas no outro, é alguém que se afirma estar vivo. 9 E, por assim dizer, Levi, que recebe o dízimo, pagava o dízimo, na pessoa de Abraão, 10pois ele ainda estava nas entranhas do seu antepassado quando Melquisedec veio ao seu encontro.

 

Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec –

11 Ora, se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico - sob ele o povo recebeu a Lei - que necessidade havia de que surgisse um outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? 12 De facto, quando muda o sacerdócio, dá-se também, necessariamente, a mudança da Lei. 13 Aquele de quem isto se diz pertence a outra tribo, da qual nenhum membro fez o serviço do altar. 14 É claro que Nosso Senhor procede de Judá, tribo acerca da qual Moisés nada disse a propósito dos sacerdotes. 15 E isto é ainda mais evidente, quando aparece outro sacerdote à semelhança de Melquisedec, 16 instituído, não segundo o mandamento de uma lei humana, mas segundo o poder de uma vida indestrutível. 17 Na verdade, dele se testemunha: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec. 18 Assim, dá-se, por um lado, a abolição do mandamento precedente, devido à sua fraqueza e inutilidade 19 - pois a Lei nada levou à perfeição - e, por outro, a introdução de uma esperança melhor, mediante a qual nos aproximamos de Deus. 20 E isso não foi feito sem juramento. Os outros tornavam-se sacerdotes sem juramento, 21 mas este com um juramento daquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre. 22 Por isso mesmo, Jesus se tornou o garante de uma aliança superior. 23 Além disso, aqueles sacerdotes eram numerosos porque a morte os impedia de continuar, 24 mas este, porque permanece eternamente, possui um sacerdócio que não acaba. 25 Sendo assim, Ele pode salvar de um modo definitivo, os que por meio dele se aproximam de Deus, pois Ele está vivo para sempre, a fim de interceder por eles. 26 Tal é, com efeito, o Sumo Sacerdote que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, 27 que não tem necessidade, como os outros sacerdotes, de oferecer vítimas todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos do povo, porque Ele o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo. 28 A Lei, com efeito, constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à debilidade; mas a palavra do juramento, posterior à Lei, constitui o Filho perfeito para sempre.

 

      
 

Cristo que passa

 

107 

       

Contemplação da vida de Cristo

 

É esse amor de Cristo que cada um de nós deve se esforçar por realizar na sua vida.

Mas para ser ipse Christus é preciso mirar-se Nele. Não basta ter-se uma ideia geral do espírito que Jesus viveu; é preciso aprender com Ele pormenores e atitudes.

É preciso contemplar a Sua vida, sobretudo para daí tirar força, luz, serenidade, paz.

 

Quando se ama alguém, deseja-se conhecer toda a sua vida, o seu carácter, para nos identificarmos com essa pessoa.

Por isso temos de meditar na vida de Jesus, desde o Seu nascimento num presépio até à Sua morte e à Sua Ressurreição.

Nos primeiros anos do meu labor sacerdotal costumava oferecer exemplares do Evangelho ou livros onde se narra a vida de Jesus, porque é necessário que a conheçamos bem, que a tenhamos inteira na mente e no coração, de modo que, em qualquer momento, sem necessidade de nenhum livro, cerrando os olhos, possamos contemplá-la como um filme; de forma que, nas mais diversas situações da nossa vida, acudam à memória as palavras e os actos do Senhor.

 

Sentir-nos-emos assim metidos na sua vida.

Na verdade, não se trata apenas de pensar em Jesus e de imaginar aqueles episódios; temos de meter-nos em cheio neles, como actores; temos de seguir Cristo tão de perto como Santa Maria, sua Mãe; como os primeiros Doze; como as santas mulheres; como aquelas multidões que se apertavam ao Seu redor.

Se fizermos assim, se não criarmos obstáculos, as palavras de Cristo penetrarão até ao fundo da nossa alma e transformar-nos-ão. Porque a palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes; introduz-se até à divisão da alma e do espírito, até às junturas e medulas; e discerne os pensamentos e intenções do coração.

 

Se queremos levar os outros homens ao Senhor, é necessário abrir o Evangelho e contemplar o amor de Cristo.

Podíamos fixar as cenas-cume da Paixão, porque, como Ele mesmo disse, ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Mas também podemos considerar o resto da sua vida, o seu modo habitual de tratar com quem se cruzava com Ele.

 

Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, procedeu de um modo humano e divino para fazer chegar aos homens a Sua doutrina de salvação e para lhes manifestar o amor de Deus.

Deus condescende com o homem, assume a nossa natureza sem reservas, excepto no pecado.

 

Dá-me uma grande alegria considerar que Cristo quis ser plenamente homem, com carne como a nossa.

Emociona-me contemplar a maravilha de um Deus que ama com coração de homem.

 

108

         

Entre tantas cenas narradas pelos Evangelistas, detenhamo-nos a considerar algumas, começando pelos relatos do convívio de Jesus com os Doze.

O Apóstolo João, que verte no seu Evangelho a experiência de uma vida inteira, narra a primeira conversa com o encanto daquilo que nunca mais se pode esquecer: «Mestre, onde moras»?

Disse-lhe Jesus: «Vinde e vede. Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele aquele dia».

 

Diálogo divino e humano, que transformou a vida de João e de André, de Pedro, de Tiago e de tantos outros; que preparou os seus corações para escutarem a palavra imperiosa que Jesus lhes dirigiu junto ao mar da Galileia: «Caminhando Jesus junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, lançando as redes ao mar, porque eram pescadores.

E disse-lhes: Segui-Me, e Eu farei de vós pescadores de homens. Deixando as redes, imediatamente O seguiram».

 

Nos três anos seguintes Jesus convive com os Seus discípulos, conhece-os, responde às suas perguntas, resolve as suas dúvidas.

Sim, é o Rabi, o Mestre que fala com autoridade, o Messias enviado por Deus; mas, ao mesmo tempo, é acessível, próximo.

Um dia Jesus retira-se para orar.

Os discípulos estavam perto, olhando talvez para Ele e tentando adivinhar as suas palavras.

Quando regressa, um deles roga-Lhe: «Domine, doce nos orare, sicut docuit et Ioannes discipulos suos; ensina-nos a orar, como João ensinou aos seus discípulos».

E Jesus responde-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome...»

 

Também com autoridade de Deus e com carinho humano recebe o Senhor os Apóstolos, quando, assombrados pelos frutos da sua primeira missão, Lhe comentavam as primícias do seu apostolado: «Vinde, retiremo-nos a um lugar deserto e repousai um pouco».

 

Uma cena muito similar se repete quase no final da vida de Jesus na Terra, pouco antes da Ascensão: «Ao surgir a manhã, apresentou-Se Jesus na praia, mas os discípulos não sabiam que era Ele.

Disse-lhes então Jesus: Rapazes, tendes alguma coisa de comer? Aquele que tinha perguntado como homem, fala depois como Deus: Lançai a rede à direita do barco e encontrareis.

Lançaram-na, pois, e mal a podiam arrastar., devido à grande quantidade de peixe.

Então o discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: É o Senhor».

 

E Deus espera-os na margem: «Logo que saltaram para terra viram ali umas brasas com peixe em cima, e pão.

Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que apanhastes agora. Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixe; e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes, Jesus: Vinde comer.

E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: Quem és Tu?, sabendo que era o Senhor.

Então Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe».

 

Esta delicadeza e carinho, manifesta-os Jesus, não só com um pequeno grupo de discípulos, mas com todos: com as santas mulheres, com representantes do Sinédrio, com Nicodemos e com publicamos, como Zaqueu, com doentes e com sãos, com doutores da Lei e com pagãos, com pessoas, individualmente, e com multidões inteiras.

 

Narram-nos os Evangelhos que Jesus «não tinha onde reclinar a cabeça», mas contam-nos também que tinha amigos queridos e de confiança, ansiosos por recebê-Lo em sua casa.

E falam-nos da Sua compaixão pelos enfermos, da Sua mágoa pelos que ignoram e erram, da Sua indignação perante a hipocrisia.

Jesus chora pela morte de Lázaro, ira-Se com os mercadores que profanam o Templo, deixa que se enterneça o Seu coração com a dor da viúva de Naim.

 

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Cada um destes gestos humanos é gesto de Deus.

Em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente.

Cristo é Deus feito homem; homem perfeito; homem cabal.

E, na Sua humanidade, dá-nos a conhecer a divindade.

 

Ao recordarmos esta delicadeza humana de Cristo, que gasta a Sua vida em serviço dos outros, fazemos muito mais do que descrever um modo possível de nos comportarmos: estamos a descobrir Deus. Toda a actuação de Cristo tem um valor transcendente; dá-nos a conhecer o modo de ser de Deus; convida-nos a crer no amor de Deus, que nos criou e que quer levar-nos até à Sua intimidade.

«Manifestei o teu nome aos homens que, do mundo, me deste.

Eram teus e Tu deste-mos, e eles guardaram a tua palavra. Agora sabem que tudo quanto me deste vem de Ti», exclamou Jesus na longa oração que o Evangelista João nos conserva.

 

Portanto, o convívio de Jesus com os homens não fica em meras palavras nem em atitudes superficiais; Jesus toma a sério o homem e quer dar-lhe a conhecer o sentido divino da sua vida.

Jesus sabe exigir, colocar os homens perante os seus deveres, arrancar do comodismo e do conformismo os que O escutam, para levá-los a conhecer O Deus três vezes santo.

A fome e a dor comovem Jesus, mas sobretudo comove-O a ignorância: «Viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-Se deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou então a ensiná-los demoradamente».

 

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Aplicação à nossa vida corrente

 

Percorremos algumas páginas dos Santos Evangelhos para contemplar Jesus no Seu convívio com os homens e para aprendermos a levar Cristo aos nossos irmãos, os homens, sendo nós próprios Cristo. Apliquemos esta lição à nossa vida corrente, à vida de cada um de nós.

Porque a vida corrente e ordinária, a vida de cada homem entre os seus concidadãos e seus iguais, não é coisa baixa e sem relevo; é precisamente nessas circunstâncias que o Senhor quer que se santifique a imensa maioria dos seus filhos.

 

É necessário repetir uma e mais vezes que Jesus não se dirigiu a um grupo de privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus.

Todos os homens são amados por Deus; de todos eles espera amor, de todos, quaisquer que sejam a sua condição, a sua posição social, a sua profissão ou oficio.

A vida corrente e ordinária não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da Terra podem ser uma ocasião de encontro com Cristo, que nos chama a identificar-nos com Ele, para realizarmos - no lugar onde estamos - a Sua missão divina.

 

Deus chama-nos através dos incidentes da vida de cada dia, no sofrimento e na alegria das pessoas com quem convivemos, nas preocupações dos nossos companheiros, nas pequenas coisas da vida familiar.

Deus também nos chama através dos grandes problemas, conflitos e ideais que definem cada época histórica, atraindo o esforço e o entusiasmo de grande parte da Humanidade.

 

111

        

Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar.

Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar!

Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos...

E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas - que são santas, porque vêm de Deus - tratadas como simples coisas, como números de uma estatística!

Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.

 

Todas as situações que a nossa vida atravessa nos trazem uma mensagem divina, nos pedem uma resposta de amor, de entrega aos demais.

«Quando vier o Filho do homem em toda a sua majestade, acompanhado de todos seus anjos, há-de sentar-se então no seu trono de glória. Perante Ele reunir-se-ão todas as nações e Ele apartará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas, e os cabritos à esquerda. O Rei dirá então, aos da sua direita: Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e vestistes-Me; adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo. Então os justos responder-Lhe-ão: Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou nu e Te vestimos? E quando Te vimos doente ou na prisão e fomos visitar-Te? E o Rei dir-lhes-á em resposta: Em verdade vos digo, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes».

 

É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens.

Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais.

Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade.

 

 

Filosofia, Religião, Vida Humana.

 Filosofia, Religião, Vida Humana, CV II, Liturgia,





A esperança cristã 1

A esperança cristã nasce da presença dinâmica do Espírito no coração dos crentes que, pela fé, vivem em comunhão com Cristo ressuscitado, no exercício da intimidade filial com o Pai. São vários, mas em estreita relação, os aspectos do acto da presença cristã: a espera (expectativa) da salvação futura na definitiva revelação de Cristo glorificado; a confiança na promessa de Deus; a paciência e perseverança, ou, em linguagem grega upomoné, que não cede ao desalento nas tribulações, mas se apoia na fidelidade divina; por fim, a atitude de liberdade e audácia do espírito, a parresta do cristão perante todas as instância humanas.

(A . Morão, Perspectivas teológicas sobre a libertação, BROTÈRIA, Out 1973, pg 305)

Virtudes 23

 



Virtudes –  Fidelidade 2

Uma força que conquista o tempo

«Como foste fiel no pouco, eu te confiarei muito: entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21). O final da parábola dos talentos relaciona a fidelidade com a alegria do Senhor, depois de sublinhar a importância das coisas pequenas. A fidelidade conduz do mais pequeno para o maior, do cuidado daquilo que nos está encomendado na terra até à glória eterna. A fidelidade consiste no cumprimento daquilo a que a pessoa se comprometeu; é uma virtude unida à veracidade e à fiabilidade, porque há uma coerência entre a palavra dada por uma pessoa fiel e as suas acções. Mas a fidelidade que abre as portas do Céu vai mais além dessa simples conformidade e abarca a totalidade da existência: é uma virtude que se prova no tempo, a partir da clareza da própria identidade pessoal e das relações com Deus e com os outros. A fidelidade tem, pois, um aspecto dinâmico: a existência humana está sujeita a mudanças e, a fidelidade, é como uma força que conquista o tempo, não por rigidez ou inércia, mas de um modo criativo, integrando as novas circunstâncias de cada dia no seu compromisso e dando assim continuidade, segurança e fecundidade à existência, para entrar na felicidade do Céu. Resumindo, “a fidelidade é a perfeição do amor (São Josemaria, Carta 24-III-1931, 45) e redime o tempo (Cfr. Ef 5,16).

Quando se segue uma chamada de Jesus Cristo, atualiza-se também uma decisão de entrega por amor. Quando se diz que sim pela primeira vez à chamada, não se sabe tudo o que Deus vai pedir, mas a pessoa já quer dar-se de todo e para sempre”.

A Escritura mostra como o aspecto incondicional da fidelidade é uma resposta à fidelidade de Deus. A Aliança com Deus, a fidelidade de Cristo, são fundamentos e modelos da fidelidade humana. Toda a fidelidade autêntica está unida à primeira fidelidade, a de Deus, e, por sua vez, existe uma íntima relação entre a fidelidade a Deus e a fidelidade aos outros.

Deus tem um plano para cada pessoa, embora esta não o conheça nem sempre tenha consciência de que Deus premiará a fidelidade à sua vocação e missão, que faz dela um ser recreado pela graça. “Ao vencedor darei do maná escondido; dar-lhe-ei também uma pedrinha branca e escrito na pedrinha um nome novo, que ninguém conhece senão o que a recebe(Ap 2,17). Dava-se uma pedrinha branca aos vencedores dos jogos desportivos; uma pedrinha branca servia nos tribunais para absolver o acusado; uma pedra marcada servia como bilhete de entrada para as festas privadas. A minha fidelidade far-me-á vencedor e permitir-me-á entrar na festa divina, purificado pela graça: “bem-aventurados os chamados à ceia do Cordeiro(Ap 19,9). O objecto da minha fidelidade é participar na vida de Deus, com a plena instauração de um Reino que é amor.


Pequena agenda do cristão

 

SÁBADO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Outubro - Mês do Rosário



MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Décimo Mistério 

Jesus e a Lei

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição ».

Esta afirmação “categórica” de Jesus, faz, poderíamos dizer, todo o sentido.

Ele nunca poderia revogar um Lei dada por Seu Pai, directamente, a Moisés no monte Sinai.

Só que, com o passar dos séculos, esta mesma Lei - que deveria ser intocável na sua essência – foi sendo alterada pelos escribas e chefes do povo de Israel, que foram acrescentando regras e obrigações da sua lavra, num autêntico amontoado legislativo que constituía um pesado fardo para o povo.

Compreendemos que, este povo era rude e iletrado e, naqueles recuados tempos, quase bárbaro, o que, de certa forma, pode ter levado os chefes a “apertarem” o jugo que, na sua opinião, era fundamental para a unidade da nação.

Ao longo do Capítulo V do Evangelho escrito por São Mateus, Jesus Cristo vai explicando, com meridiana clareza, o verdadeiro sentido do enunciado na Lei Divina.

Podemos – claramente – perceber que a Sua intenção é centrar definitivamente a Lei dada a Moisés nos dois primeiros Mandamentos:
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

De certa forma, colocar a “intenção” de Deus Pai centrada no AMOR, AMOR, este que tinha sido esquecido, posto de lado.

Por isso mesmo acaba o Seu “discurso”  com a declaração do MANDAMENTO DO AMOR: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» o que, na verdade quer dizer: Amai como Vosso Pai e Eu vos amo.

Mandamento impossível de cumprir?

Podemos pensar que, talvez, sim… dadas as nossas limitações e fragilidades, mas, Cristo não pode – nunca o fará – pedir algo impossível de cumprir porque sabe e conhece muito melhor que nós, essas limitações e fragilidades, e, portanto, o que na verdade nos diz é que nos esforcemos com ânimo e confiança em consegui-lo.

Ânimo para perseverar, confiança nEle que nunca nos faltará com o que nos possa faltar.

Daí que, nos será muito conveniente pedir com insistência humilde mas confiada: “Senhor, ajuda-me a ser perfeito, a ser santo, a fazer quanto posso para Te seguir e levar a cabo os Teus desejos e Amabilíssima Vontade.” (AMA, Orações pessoais)

E…

Senhor: Que eu saiba ordenar bem o meu amor.
Em primeiro lugar… Tu, Senhor do Céu e da Terra, Criador de todas as coisas.
Todos os outros amores, por limpos, honestos, verdadeiros que sejam, ou possam parecer, devem ordenar-se a este.
De Ti me vem tudo, a própria vida.
Tudo, absolutamente, quanto tenho, Te pertence.
Para Ti caminho, de Ti recebo a força, a inspiração, o alento para a caminhada e ainda o perdão das minhas numerosas faltas.
Não guardando agravos, demonstras, a cada instante, a Tua Omnipotente Misericórdia.
Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o único amor que tens na terra.
Assim não notarás como é pequeno, miserável...
Serei feliz porque mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico disponível para me “encher” do Teu...” (AMA, orações diárias, 1999)

(AMA, 2020)



[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.