Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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31/10/2020
SACRAMENTOS
Uma consideração pessoal do autor de NUNC COEPI
Permita-se-me pôr-me assim, a nu, o que me traz ocupado nesta situação de Pandemia em que o tempo "sobra" para fazer algo com significado útil: Enviar a amigos - e não só - notas, links, mensagens, declarações... que tenho alguma presunção poderem ser de utilidade.
“Que
sou um chato, incómodo, repetitivo...”
Bom...
talvez mas se considero que ao fazê-lo
posso estar não só a prestar um "serviço" a outros como a mim próprio
porque meditei no assunto?...
(AMA,
2020)
Não basta seres bom; tens de parecê-lo
Não
basta seres bom; tens de parecê-lo. Que dirias tu de uma roseira que não
produzisse senão espinhos? (Sulco, 735)
Compreendeste
o sentido da amizade quando te sentiste como pastor de um pequeno rebanho, que
tinhas abandonado, e que procuras agora reunir novamente, disposto a servir
cada um. (Sulco, 730)
Não
podes ser um elemento passivo. Tens de converter-te em verdadeiro amigo dos
teus amigos: ajudá-los! Primeiro, com o exemplo da tua conduta. E, depois, com
o teu conselho e com o ascendente que a intimidade dá. (Sulco, 731)
Pensa
bem nisto, e age em conformidade: essas pessoas, que te acham antipático,
deixarão de pensar assim quando repararem que as amas deveras. Depende de ti. (Sulco, 734)
Consideras-te
amigo porque não dizes uma palavra má. É verdade; mas também não vejo em ti uma
obra boa de exemplo, de serviço...
–
Estes são os piores amigos. (Sulco, 740)
Leitura espiritual Outubro 31
Cartas de São Paulo
Carta
aos Hebreus 7
Cristo é Superior aos Sacerdotes Levitas -
1 Este Melquisedec, rei de Salém, sacerdote
do Deus Altíssimo, foi ao encontro de Abraão quando ele voltava da derrota
infligida aos reis e abençoou-o; 2 Abraão concedeu-lhe o dízimo de todas as
coisas; o seu nome significa, em primeiro lugar, rei de justiça, e depois, «rei
de Salém», que quer dizer «rei de paz». 3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem
princípio de dias nem fim de vida, assemelha-se ao Filho de Deus e permanece
sacerdote para sempre. 4 Considerai, portanto, como é grande aquele a quem o
patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos. 5 Na verdade, também os filhos de
Levi que recebem o sacerdócio, têm ordem, segundo a Lei, para cobrar o dízimo
ao povo, isto é, aos seus irmãos, embora eles sejam também descendentes de
Abraão. 6 Mas aquele, que não era da sua descendência, cobrou o dízimo de
Abraão e abençoou o detentor das promessas. 7 Ora, sem dúvida, é o inferior que
é abençoado pelo superior. 8 Num caso, os que cobram o dízimo são homens
mortais, mas no outro, é alguém que se afirma estar vivo. 9 E, por assim dizer,
Levi, que recebe o dízimo, pagava o dízimo, na pessoa de Abraão, 10pois ele
ainda estava nas entranhas do seu antepassado quando Melquisedec veio ao seu
encontro.
Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec –
11 Ora, se a perfeição tivesse sido realizada
pelo sacerdócio levítico - sob ele o povo recebeu a Lei - que necessidade havia
de que surgisse um outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não
segundo a ordem de Aarão? 12 De facto, quando muda o sacerdócio, dá-se também,
necessariamente, a mudança da Lei. 13 Aquele de quem isto se diz pertence a
outra tribo, da qual nenhum membro fez o serviço do altar. 14 É claro que Nosso
Senhor procede de Judá, tribo acerca da qual Moisés nada disse a propósito dos
sacerdotes. 15 E isto é ainda mais evidente, quando aparece outro sacerdote à
semelhança de Melquisedec, 16 instituído, não segundo o mandamento de uma lei humana,
mas segundo o poder de uma vida indestrutível. 17 Na verdade, dele se
testemunha: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec. 18 Assim,
dá-se, por um lado, a abolição do mandamento precedente, devido à sua fraqueza
e inutilidade 19 - pois a Lei nada levou à perfeição - e, por outro, a
introdução de uma esperança melhor, mediante a qual nos aproximamos de Deus. 20
E isso não foi feito sem juramento. Os outros tornavam-se sacerdotes sem
juramento, 21 mas este com um juramento daquele que lhe disse: O Senhor jurou e
não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre. 22 Por isso mesmo, Jesus se
tornou o garante de uma aliança superior. 23 Além disso, aqueles sacerdotes
eram numerosos porque a morte os impedia de continuar, 24 mas este, porque
permanece eternamente, possui um sacerdócio que não acaba. 25 Sendo assim, Ele
pode salvar de um modo definitivo, os que por meio dele se aproximam de Deus,
pois Ele está vivo para sempre, a fim de interceder por eles. 26 Tal é, com
efeito, o Sumo Sacerdote que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado
dos pecadores e elevado acima dos céus, 27 que não tem necessidade, como os
outros sacerdotes, de oferecer vítimas todos os dias, primeiro pelos seus
próprios pecados e depois pelos do povo, porque Ele o fez uma vez por todas,
oferecendo-se a si mesmo. 28 A Lei, com efeito, constitui sumos sacerdotes a
homens sujeitos à debilidade; mas a palavra do juramento, posterior à Lei,
constitui o Filho perfeito para sempre.
Cristo que passa
107
Contemplação
da vida de Cristo
É
esse amor de Cristo que cada um de nós deve se esforçar por realizar na sua
vida.
Mas
para ser ipse Christus é preciso mirar-se Nele. Não basta ter-se uma
ideia geral do espírito que Jesus viveu; é preciso aprender com Ele pormenores
e atitudes.
É
preciso contemplar a Sua vida, sobretudo para daí tirar força, luz, serenidade,
paz.
Quando
se ama alguém, deseja-se conhecer toda a sua vida, o seu carácter, para nos
identificarmos com essa pessoa.
Por isso
temos de meditar na vida de Jesus, desde o Seu nascimento num presépio até à
Sua morte e à Sua Ressurreição.
Nos
primeiros anos do meu labor sacerdotal costumava oferecer exemplares do
Evangelho ou livros onde se narra a vida de Jesus, porque é necessário que a
conheçamos bem, que a tenhamos inteira na mente e no coração, de modo que, em
qualquer momento, sem necessidade de nenhum livro, cerrando os olhos, possamos
contemplá-la como um filme; de forma que, nas mais diversas situações da nossa
vida, acudam à memória as palavras e os actos do Senhor.
Sentir-nos-emos
assim metidos na sua vida.
Na
verdade, não se trata apenas de pensar em Jesus e de imaginar aqueles
episódios; temos de meter-nos em cheio neles, como actores; temos de seguir
Cristo tão de perto como Santa Maria, sua Mãe; como os primeiros Doze; como as
santas mulheres; como aquelas multidões que se apertavam ao Seu redor.
Se
fizermos assim, se não criarmos obstáculos, as palavras de Cristo penetrarão
até ao fundo da nossa alma e transformar-nos-ão. Porque a palavra de Deus é
viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes; introduz-se até à
divisão da alma e do espírito, até às junturas e medulas; e discerne os
pensamentos e intenções do coração.
Se
queremos levar os outros homens ao Senhor, é necessário abrir o Evangelho e
contemplar o amor de Cristo.
Podíamos
fixar as cenas-cume da Paixão, porque, como Ele mesmo disse, ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Mas também podemos
considerar o resto da sua vida, o seu modo habitual de tratar com quem se
cruzava com Ele.
Cristo,
perfeito Deus e perfeito Homem, procedeu de um modo humano e divino para fazer
chegar aos homens a Sua doutrina de salvação e para lhes manifestar o amor de
Deus.
Deus
condescende com o homem, assume a nossa natureza sem reservas, excepto no
pecado.
Dá-me
uma grande alegria considerar que Cristo quis ser plenamente homem, com carne
como a nossa.
Emociona-me
contemplar a maravilha de um Deus que ama com coração de homem.
108
Entre
tantas cenas narradas pelos Evangelistas, detenhamo-nos a considerar algumas,
começando pelos relatos do convívio de Jesus com os Doze.
O
Apóstolo João, que verte no seu Evangelho a experiência de uma vida inteira,
narra a primeira conversa com o encanto daquilo que nunca mais se pode
esquecer: «Mestre, onde moras»?
Disse-lhe
Jesus: «Vinde e vede. Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele
aquele dia».
Diálogo
divino e humano, que transformou a vida de João e de André, de Pedro, de Tiago
e de tantos outros; que preparou os seus corações para escutarem a palavra
imperiosa que Jesus lhes dirigiu junto ao mar da Galileia: «Caminhando Jesus
junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu
irmão, lançando as redes ao mar, porque eram pescadores.
E
disse-lhes: Segui-Me, e Eu farei de vós pescadores de homens. Deixando as
redes, imediatamente O seguiram».
Nos
três anos seguintes Jesus convive com os Seus discípulos, conhece-os, responde
às suas perguntas, resolve as suas dúvidas.
Sim,
é o Rabi, o Mestre que fala com autoridade, o Messias enviado por Deus; mas, ao
mesmo tempo, é acessível, próximo.
Um
dia Jesus retira-se para orar.
Os
discípulos estavam perto, olhando talvez para Ele e tentando adivinhar as suas
palavras.
Quando
regressa, um deles roga-Lhe: «Domine, doce nos orare, sicut docuit et
Ioannes discipulos suos; ensina-nos a orar, como João ensinou aos seus
discípulos».
E
Jesus responde-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu
nome...»
Também
com autoridade de Deus e com carinho humano recebe o Senhor os Apóstolos,
quando, assombrados pelos frutos da sua primeira missão, Lhe comentavam as
primícias do seu apostolado: «Vinde, retiremo-nos a um lugar deserto e
repousai um pouco».
Uma
cena muito similar se repete quase no final da vida de Jesus na Terra, pouco
antes da Ascensão: «Ao surgir a manhã, apresentou-Se Jesus na praia, mas os
discípulos não sabiam que era Ele.
Disse-lhes
então Jesus: Rapazes, tendes alguma coisa de comer? Aquele que tinha perguntado
como homem, fala depois como Deus: Lançai a rede à direita do barco e
encontrareis.
Lançaram-na,
pois, e mal a podiam arrastar., devido à grande quantidade de peixe.
Então
o discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: É o Senhor».
E
Deus espera-os na margem: «Logo que saltaram para terra viram ali umas
brasas com peixe em cima, e pão.
Disse-lhes
Jesus: Trazei dos peixes que apanhastes agora. Simão Pedro subiu à barca e
puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixe; e,
sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes, Jesus: Vinde comer.
E
nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: Quem és Tu?, sabendo que era
o Senhor.
Então
Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe».
Esta
delicadeza e carinho, manifesta-os Jesus, não só com um pequeno grupo de
discípulos, mas com todos: com as santas mulheres, com representantes do
Sinédrio, com Nicodemos e com publicamos, como Zaqueu, com doentes e com sãos,
com doutores da Lei e com pagãos, com pessoas, individualmente, e com multidões
inteiras.
Narram-nos
os Evangelhos que Jesus «não tinha onde reclinar a cabeça», mas
contam-nos também que tinha amigos queridos e de confiança, ansiosos por
recebê-Lo em sua casa.
E
falam-nos da Sua compaixão pelos enfermos, da Sua mágoa pelos que ignoram e
erram, da Sua indignação perante a hipocrisia.
Jesus
chora pela morte de Lázaro, ira-Se com os mercadores que profanam o Templo,
deixa que se enterneça o Seu coração com a dor da viúva de Naim.
109
Cada
um destes gestos humanos é gesto de Deus.
Em
Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente.
Cristo
é Deus feito homem; homem perfeito; homem cabal.
E,
na Sua humanidade, dá-nos a conhecer a divindade.
Ao
recordarmos esta delicadeza humana de Cristo, que gasta a Sua vida em serviço
dos outros, fazemos muito mais do que descrever um modo possível de nos
comportarmos: estamos a descobrir Deus. Toda a actuação de Cristo tem um valor
transcendente; dá-nos a conhecer o modo de ser de Deus; convida-nos a crer no
amor de Deus, que nos criou e que quer levar-nos até à Sua intimidade.
«Manifestei
o teu nome aos homens que, do mundo, me deste.
Eram
teus e Tu deste-mos, e eles guardaram a tua palavra. Agora sabem que tudo
quanto me deste vem de Ti», exclamou Jesus na longa oração que o
Evangelista João nos conserva.
Portanto,
o convívio de Jesus com os homens não fica em meras palavras nem em atitudes
superficiais; Jesus toma a sério o homem e quer dar-lhe a conhecer o sentido
divino da sua vida.
Jesus
sabe exigir, colocar os homens perante os seus deveres, arrancar do comodismo e
do conformismo os que O escutam, para levá-los a conhecer O Deus três vezes
santo.
A
fome e a dor comovem Jesus, mas sobretudo comove-O a ignorância: «Viu Jesus
uma grande multidão e compadeceu-Se deles, porque eram como ovelhas sem pastor.
Começou então a ensiná-los demoradamente».
110
Aplicação
à nossa vida corrente
Percorremos
algumas páginas dos Santos Evangelhos para contemplar Jesus no Seu convívio com
os homens e para aprendermos a levar Cristo aos nossos irmãos, os homens, sendo
nós próprios Cristo. Apliquemos esta lição à nossa vida corrente, à vida de
cada um de nós.
Porque
a vida corrente e ordinária, a vida de cada homem entre os seus concidadãos e
seus iguais, não é coisa baixa e sem relevo; é precisamente nessas
circunstâncias que o Senhor quer que se santifique a imensa maioria dos seus
filhos.
É
necessário repetir uma e mais vezes que Jesus não se dirigiu a um grupo de
privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus.
Todos
os homens são amados por Deus; de todos eles espera amor, de todos, quaisquer
que sejam a sua condição, a sua posição social, a sua profissão ou oficio.
A
vida corrente e ordinária não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da
Terra podem ser uma ocasião de encontro com Cristo, que nos chama a
identificar-nos com Ele, para realizarmos - no lugar onde estamos - a Sua
missão divina.
Deus
chama-nos através dos incidentes da vida de cada dia, no sofrimento e na
alegria das pessoas com quem convivemos, nas preocupações dos nossos
companheiros, nas pequenas coisas da vida familiar.
Deus
também nos chama através dos grandes problemas, conflitos e ideais que definem
cada época histórica, atraindo o esforço e o entusiasmo de grande parte da
Humanidade.
111
Compreende-se
muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma
alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e
social que o coração humano é capaz de criar.
Tantos
séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta
destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações
que não querem amar!
Os
bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em
cenáculos...
E,
lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas - que são santas, porque vêm
de Deus - tratadas como simples coisas, como números de uma estatística!
Compreendo
e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua
a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.
Todas
as situações que a nossa vida atravessa nos trazem uma mensagem divina, nos
pedem uma resposta de amor, de entrega aos demais.
«Quando
vier o Filho do homem em toda a sua majestade, acompanhado de todos seus anjos,
há-de sentar-se então no seu trono de glória. Perante Ele reunir-se-ão todas as
nações e Ele apartará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas, e os cabritos à esquerda.
O Rei dirá então, aos da sua direita: Vinde, benditos do meu Pai, recebei em
herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive
fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e
recolhestes-Me; estava nu e vestistes-Me; adoeci e visitastes-Me, estive na
prisão e fostes ter comigo. Então os justos responder-Lhe-ão: Senhor, quando é
que Te vimos com fome e Te demos de comer, com sede e Te demos de beber? Quando
é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou nu e Te vestimos? E quando Te
vimos doente ou na prisão e fomos visitar-Te? E o Rei dir-lhes-á em resposta:
Em verdade vos digo, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos mais
pequeninos, a Mim o fizestes».
É
preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens.
Nenhuma
vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais.
Nenhuma
pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus
escreve com o concurso da nossa liberdade.
Filosofia, Religião, Vida Humana.
Filosofia, Religião, Vida Humana, CV II, Liturgia,
Virtudes 23
Virtudes – Fidelidade 2
Uma força que
conquista o tempo
«Como foste fiel
no pouco, eu te confiarei muito: entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21). O final da
parábola dos talentos relaciona a fidelidade com a alegria do Senhor, depois de
sublinhar a importância das coisas pequenas. A fidelidade conduz do mais
pequeno para o maior, do cuidado daquilo que nos está encomendado na terra até
à glória eterna. A fidelidade consiste no cumprimento daquilo a que a pessoa se
comprometeu; é uma virtude unida à veracidade e à fiabilidade, porque há uma
coerência entre a palavra dada por uma pessoa fiel e as suas acções. Mas a
fidelidade que abre as portas do Céu vai mais além dessa simples conformidade e
abarca a totalidade da existência: é uma virtude que se prova no tempo, a
partir da clareza da própria identidade pessoal e das relações com Deus e com
os outros. A fidelidade tem, pois, um aspecto dinâmico: a existência humana
está sujeita a mudanças e, a fidelidade, é como uma força que conquista o
tempo, não por rigidez ou inércia, mas de um modo criativo, integrando as novas
circunstâncias de cada dia no seu compromisso e dando assim continuidade,
segurança e fecundidade à existência, para entrar na felicidade do Céu.
Resumindo, “a fidelidade é a perfeição do amor” (São Josemaria,
Carta 24-III-1931, 45) e redime o tempo (Cfr. Ef 5,16).
“Quando se segue
uma chamada de Jesus Cristo, atualiza-se também uma decisão de entrega por
amor. Quando se diz que sim pela primeira vez à chamada, não se sabe tudo o que
Deus vai pedir, mas a pessoa já quer dar-se de todo e para sempre”.
A Escritura mostra
como o aspecto incondicional da fidelidade é uma resposta à fidelidade de Deus.
A Aliança com Deus, a fidelidade de Cristo, são fundamentos e modelos da
fidelidade humana. Toda a fidelidade autêntica está unida à primeira
fidelidade, a de Deus, e, por sua vez, existe uma íntima relação entre a fidelidade
a Deus e a fidelidade aos outros.
Deus tem um plano
para cada pessoa, embora esta não o conheça nem sempre tenha consciência de que
Deus premiará a fidelidade à sua vocação e missão, que faz dela um ser recreado
pela graça. “Ao vencedor darei do maná escondido; dar-lhe-ei também uma
pedrinha branca e escrito na pedrinha um nome novo, que ninguém conhece senão o
que a recebe” (Ap 2,17). Dava-se uma pedrinha branca aos vencedores dos jogos desportivos; uma
pedrinha branca servia nos tribunais para absolver o acusado; uma pedra marcada
servia como bilhete de entrada para as festas privadas. A minha fidelidade
far-me-á vencedor e permitir-me-á entrar na festa divina, purificado pela
graça: “bem-aventurados os chamados à ceia do Cordeiro” (Ap 19,9). O objecto da
minha fidelidade é participar na vida de Deus, com a plena instauração de um
Reino que é amor.
Pequena agenda do cristão