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31/10/2020

Virtudes 23

 



Virtudes –  Fidelidade 2

Uma força que conquista o tempo

«Como foste fiel no pouco, eu te confiarei muito: entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21). O final da parábola dos talentos relaciona a fidelidade com a alegria do Senhor, depois de sublinhar a importância das coisas pequenas. A fidelidade conduz do mais pequeno para o maior, do cuidado daquilo que nos está encomendado na terra até à glória eterna. A fidelidade consiste no cumprimento daquilo a que a pessoa se comprometeu; é uma virtude unida à veracidade e à fiabilidade, porque há uma coerência entre a palavra dada por uma pessoa fiel e as suas acções. Mas a fidelidade que abre as portas do Céu vai mais além dessa simples conformidade e abarca a totalidade da existência: é uma virtude que se prova no tempo, a partir da clareza da própria identidade pessoal e das relações com Deus e com os outros. A fidelidade tem, pois, um aspecto dinâmico: a existência humana está sujeita a mudanças e, a fidelidade, é como uma força que conquista o tempo, não por rigidez ou inércia, mas de um modo criativo, integrando as novas circunstâncias de cada dia no seu compromisso e dando assim continuidade, segurança e fecundidade à existência, para entrar na felicidade do Céu. Resumindo, “a fidelidade é a perfeição do amor (São Josemaria, Carta 24-III-1931, 45) e redime o tempo (Cfr. Ef 5,16).

Quando se segue uma chamada de Jesus Cristo, atualiza-se também uma decisão de entrega por amor. Quando se diz que sim pela primeira vez à chamada, não se sabe tudo o que Deus vai pedir, mas a pessoa já quer dar-se de todo e para sempre”.

A Escritura mostra como o aspecto incondicional da fidelidade é uma resposta à fidelidade de Deus. A Aliança com Deus, a fidelidade de Cristo, são fundamentos e modelos da fidelidade humana. Toda a fidelidade autêntica está unida à primeira fidelidade, a de Deus, e, por sua vez, existe uma íntima relação entre a fidelidade a Deus e a fidelidade aos outros.

Deus tem um plano para cada pessoa, embora esta não o conheça nem sempre tenha consciência de que Deus premiará a fidelidade à sua vocação e missão, que faz dela um ser recreado pela graça. “Ao vencedor darei do maná escondido; dar-lhe-ei também uma pedrinha branca e escrito na pedrinha um nome novo, que ninguém conhece senão o que a recebe(Ap 2,17). Dava-se uma pedrinha branca aos vencedores dos jogos desportivos; uma pedrinha branca servia nos tribunais para absolver o acusado; uma pedra marcada servia como bilhete de entrada para as festas privadas. A minha fidelidade far-me-á vencedor e permitir-me-á entrar na festa divina, purificado pela graça: “bem-aventurados os chamados à ceia do Cordeiro(Ap 19,9). O objecto da minha fidelidade é participar na vida de Deus, com a plena instauração de um Reino que é amor.


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