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25/07/2020

A tentação do cansaço


Quero prevenir-te de uma dificuldade que talvez possa aparecer: a tentação do cansaço, do desalento. – Não está ainda fresca a recordação de uma vida – a tua – sem rumo, sem meta, sem graça, que a luz de Deus e a tua entrega encaminharam e encheram de alegria? Não troques disparatadamente isto por aquilo. (Forja, 286)

Se notas que não podes, seja por que motivo for, diz-lhe, abandonando-te nele: – Senhor, confio em ti, abandono-me em Ti, mas ajuda a minha debilidade!
E cheio de confiança, repete-lhe: – Olha para mim, Jesus, sou um trapo sujo; a experiência da minha vida é tão triste, não mereço ser teu filho. Di-lo...; e di-lo muitas vezes.
Não tardarás em ouvir a sua voz: "Ne timeas!". – Não temas! Ou também: "Surge et ambula!". – Levanta-te e caminha! (Forja, 287)

Comentavas-me, ainda indeciso: – Como se notam essas alturas em que Nosso Senhor me pede mais!
Só me veio à cabeça lembrar-te: – Asseguravas-me que só querias identificar-te com Ele, porque resistes então? (Forja, 288)

Oxalá saibas cumprir esse propósito que tiraste: "Cada dia morrer um pouco para mim mesmo". (Forja, 289)

Elogio de Maria


Estando Ele ainda a falar ao povo, eis que Sua mãe e os Seus irmãos se achavam fora, desejando falar-Lhe. Alguém Lhe disse: Tua mãe e os Teus irmãos estão ali fora e desejam falar-Te. Ele, porém, respondeu ao que falava: «Quem é a Minha mãe e quem são os Meus irmãos? E estendendo a mão para os Seus discípulos, disse: «Eis Minha mãe e Meus irmãos. Porque todo aquele que fizer a vontade do Meu Pai, que está nos Céus, é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe”.

Porque é que Cristo tratou, piedosamente, com indiferença a sua Mãe? Não se tratava de uma mãe qualquer, mas de uma Mãe virgem. Maria, com efeito, recebeu o dom da fecundidade sem prejuízo da sua integridade: foi virgem ao conceber, no parto e perpetuamente. No entanto, o Senhor relegou uma Mãe tão excelente para que o afecto materno não o impedisse de realizar a obra começada.

Que fazia Cristo? Evangelizava as gentes, destruía o homem velho e edificava um novo, libertava as almas, libertava os presos, iluminava as inteligências obscurecidas, realizava todo o tipo de boas obras. Todo o seu ser se abrasava em tão santa empresa. E nesse momento anunciaram-lhe o afecto da carne. Já ouvistes o que respondeu, para que o vou repetir? Estejam atentas as mães, para que com o seu carinho não dificultem as boas obras dos seus filhos. E se pretendem impedi-las ou põem obstáculos para atrasar o que não podem anular, sejam desprezadas pelos filhos. Mais ainda, atrevo-me a dizer que sejam desdenhadas, desdenhadas por piedade. Se a Virgem Maria foi assim tratada, porque há-de aborrecer-se a mulher — casada ou viúva — quando o seu filho, disposto a fazer o bem, a despreze? Dir-me-ás: então, comparas o meu filho com Cristo? E respondo-te: Não, não o comparo com Cristo, nem a ti com Maria. Cristo não condenou o afecto materno, mas mostrou com o seu exemplo sublime que se deve postergar a própria mãe para realizar a obra de Deus (...).

COMO PODEMOS INTERPRETAR QUE TAMBÉM SOMOS MÃES DE CRISTO? ATREVER-ME-EI A DIZER QUE O SOMOS?
SIM, ATREVO-ME A DIZÊ-LO

Acaso a Virgem Maria — eleita para que d’Ela nos nascesse a salvação e criada por Cristo antes que Cristo fosse n’Ela criado — não cumpria la vontade do Pai? Sem dúvida que a cumpriu, e perfeitamente. Santa Maria, que pela fé acreditou e concebeu, teve em mais ser discípula de Cristo do que Mãe de Cristo. Recebeu maiores ditas como discípula do que como Mãe.

Maria era já bem-aventurada antes de dar à luz, porque levava no seu seio o Mestre. Repara se não é verdade o que digo. Ao ver o Senhor que caminhava entre a multidão e fazia milagres, uma mulher exclamou: “bem-aventurado o ventre que Te trouxe!”. Mas o Senhor, para que não procurássemos a felicidade na carne, o que é que responde? “Antes bem-aventurados, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Depois, Maria é bem-aventurada porque ouviu a palavra de Deus e guardou-a: conservou a verdade na mente melhor do que a carne no seu seio. Cristo é Verdade, Cristo é Carne. Cristo Verdade estava na alma de Maria, Cristo Carne encerrava-se no seu seio; mas o que se encontra na alma é melhor do que o que se concebe no ventre.

Maria é Santíssima e Bem-aventurada. No entanto, a Igreja é mais perfeita do que a Virgem Maria. Porquê? Porque Maria é uma porção da Igreja, um membro santo, excelente, supereminente, mas afinal membro de um corpo inteiro. O Senhor é a Cabeça, e o Cristo total é Cabeça e corpo. Que direi então? A nossa Cabeça é divina: temos Deus como Cabeça.

Vós, caríssimos, também sois membros de Cristo, sois corpo de Cristo. Vede como sois o que Ele disse: “Eis Minha mãe e Meus irmãos”. Como sereis mãe de Cristo? O próprio Senhor nos responde: “Todo aquele que escuta e faz a Vontade de Meu Pai, que está nos céus, é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe”. Olhai, entendo o de irmão e o de irmã, porque única é a herança; e descubro nestas palavras a misericórdia de Cristo: sendo o Unigénito, quis que fossemos herdeiros do Pai, co-herdeiros com Ele. A sua herança é tal, que não pode diminuir ainda que participe dela uma multidão. Entendo, pois, que somos irmãos de Cristo, e que as mulheres santas e fiéis são suas irmãs. Mas como podemos interpretar que também somos mães de Cristo? Atrever-me-ei a dizer que o somos? Sim, atrevo-me a dizê-lo. Se antes afirmei que sois irmãos de Cristo, como não vou a afirmar agora que sois sua mãe? Porventura poderia negar as palavras de Cristo?

Sabemos que a Igreja é Esposa de Cristo, e também, embora seja mais difícil de entender, que é sue Mãe. A Virgem Maria adiantou-se como tipo da Igreja. Porquê — pergunto-vos — é Maria Mãe de Cristo, mas porque deu à luz os membros de Cristo? E a vós, membros de Cristo, quem vos deu à luz? Ouço a voz do vosso coração: a Madre Igreja! Semelhante a Maria, esta Mãe santa e honrada, ao mesmo tempo dá à luz e é virgem.

Vós mesmos sois prova do primeiro: nascestes d’Ela, como Cristo, de quem sois membros. Da sua virgindade não me faltarão testemunhos divinos. Adianta-te ao povo, bem-aventurado Paulo, e serve-me de testemunha. Eleva a voz para dizer o que quero afirmar: “Desposei-vos para vos apresentar como virgem pura, a um único esposo, a Cristo; mas temo que assim como a serpente seduziu Eva com a sua astúcia, assim também percam as vossas mentes a castidade que está em Cristo Jesus”[6]. Conservai, pois, a virgindade nas vossas almas, que é a integridade da fé católica. Aí onde Eva foi corrompida pela palavra da serpente, aí deve ser virgem a Igreja com a graça do Omnipotente.

Portanto, os membros de Cristo dêem à luz na mente, como Maria iluminou Cristo no seu seio, permanecendo virgem. Desse modo sereis mães de Cristo. Esse parentesco não vos deve estranhar nem repugnar: fostes filhos, sede também mães. Ao ser baptizados, nascestes como membros de Cristo, fostes filhos da Mãe. Trazei agora ao lavatório do Baptismo aqueles que possais; e assim como fostes filhos pelo vosso nascimento, podereis ser mães de Cristo conduzindo os que vão renascer.

Santo Agostinho, Sermão 72 A, 3. 7-8


Reflexão: Memórias


Temas para reflectir e meditar

Há algo interessante nas memórias:

A proeminência ou destaque para as coisas, momentos ou circunstâncias que vivemos.

Seguramente será mau sinal lembrar coisas agrestes, desagradáveis.

Se tal acontecer há que "rebobinar" o filme e regressar ao começo.


(AMA,2020)

Leitura espiritual

"Christus vivit": Exortação Apostólica aos Jovens



Capítulo VIII


A VOCAÇÃO


O amor e a família


259. Os jovens sentem fortemente a chamada ao amor e sonham encontrar a pessoa certa com quem formar uma família e construir uma vida juntos.

Sem dúvida, é uma vocação que o próprio Deus propõe através dos sentimentos, anseios, sonhos.

Debrucei-me largamente sobre este tema na Exortação Apostólica Amoris laetitia, convidando todos os jovens a lerem especialmente os capítulos IV e V.


260. Apraz-me pensar que «dois cristãos que casam reconheceram na sua história de amor a chamada do Senhor, a vocação a formar de duas pessoas, varão e mulher, uma só carne, uma só vida.

E o sacramento do Matrimónio corrobora este amor com a graça de Deus, arraigando-o no próprio Deus.

Com este dom, com a certeza desta vocação, é possível começar com segurança, sem medo de nada, para, juntos, enfrentar tudo!»[1]


261. Neste contexto, lembro que Deus nos criou sexuados.

Ele próprio «criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas criaturas»[2].


Dentro da vocação para o matrimónio, devemos reconhecer, agradecidos, que «a sexualidade, o sexo são um dom de Deus.

Sem tabus.

São um dom de Deus, um dom que o Senhor nos dá.

E fá-lo com dois propósitos: amar-se e gerar vida.

É uma paixão, é o amor apaixonado.

O verdadeiro amor é apaixonado.

O amor entre um homem e uma mulher, quando é apaixonado, leva-te a dar a vida para sempre.

Sempre.

E a dá-la com corpo e alma»[3].


262. O Sínodo destacou que «a família continua a ser o principal ponto de referência para os jovens.

Os filhos apreciam o amor e os cuidados recebidos dos pais, tomam a peito os laços familiares e esperam conseguir, por sua vez, formar uma família.

Sem dúvida, o aumento de separações, divórcios, segundas uniões e famílias monoparentais pode causar grandes sofrimentos e crises de identidade nos jovens.

Por vezes, têm de assumir responsabilidades desproporcionadas para a sua idade, forçando-os a tornar-se adultos antes do tempo.

Muitas vezes, os avós prestam uma contribuição decisiva no afecto e na educação religiosa: com a sua sabedoria, são um elo decisivo na relação entre gerações»[4].


263. Estas dificuldades, encontradas na família de origem, levam certamente muitos jovens a interrogar-se se vale a pena formar uma nova família, ser fiéis, ser generosos.

Quero dizer-vos que sim, que vale a pena apostar na família e que nela encontrareis os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar.

Não deixeis que vos roubem a possibilidade de amar a sério.

Não permitais que vos enganem quantos vos propõem uma vida desenfreada e individualista que acaba por levar ao isolamento e à pior solidão.


264. Reina hoje a cultura do provisório, que é uma ilusão. Julgar que nada pode ser definitivo é um engano e uma mentira.

Muitas vezes ouvis dizer que «hoje o casamento está “fora de moda” (…).

Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas (…).

Em vez disso, peço-vos para serdes revolucionários, peço-vos para irdes contracorrente; sim, nisto, peço que vos rebeleis: que vos rebeleis contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vós não sois capazes de assumir responsabilidades, crê que vós não sois capazes de amar de verdade»[5].


Ao contrário, eu tenho confiança em vós e, por isso, vos encorajo a optar pelo matrimónio.


265. É necessário preparar-se para o matrimónio; isto requer educar-se a si mesmo, desenvolver as melhores virtudes, sobretudo o amor, a paciência, a capacidade de diálogo e de serviço.

Implica também educar a própria sexualidade, para que seja sempre menos um instrumento para usar os outros, e cada vez mais uma capacidade de se doar plenamente a uma pessoa, de maneira exclusiva e generosa.


266. Ensinam os bispos da Colômbia que «Cristo sabe que os esposos não são perfeitos e que precisam superar a sua fragilidade e inconstância para que o seu amor possa crescer e durar no tempo.

Por isso, concede aos esposos a sua graça que é, simultaneamente, luz e força que lhes permite realizar o seu projecto de vida conjugal de acordo com o plano de Deus»[6].


267. Àqueles que não são chamados ao matrimónio nem à vida consagrada, devemos sempre lembrar-lhes que a primeira e a mais importante vocação é a baptismal.

As pessoas não casadas, mesmo que não o sejam por opção, podem tornar-se de modo particular testemunhas da vocação baptismal no seu caminho de crescimento pessoal.


O trabalho


268. Os bispos dos Estados Unidos da América deixaram claro que frequentemente a juventude, uma vez atingida a maioridade, «marca a entrada duma pessoa no mundo do trabalho.


“Que fazes para viver?” é tema constante de conversa, porque o trabalho é uma parte muito importante da sua vida.

Para os jovens adultos, esta experiência é muito fluida, porque passam dum emprego para outro e mesmo duma carreira para outra.

O trabalho pode definir o uso do tempo e determinar o que se pode fazer ou comprar.

E pode determinar também a qualidade e a quantidade de tempo livre.

O trabalho define e influi na identidade e noção de si mesmo que tem um jovem adulto, sendo um lugar fundamental onde se desenvolvem as amizades e outras relações, porque habitualmente não se trabalha sozinho. Homens e mulheres jovens falam do trabalho como cumprimento duma função e como algo que lhes proporciona um sentido.

Aquele permite aos jovens adultos satisfazer as suas necessidades práticas e - mais importante ainda - procurar o significado e a realização dos seus sonhos e visões.

Ainda que o trabalho não ajude a alcançar os seus sonhos, resta importante para os adultos jovens poder cultivar uma visão, aprender a trabalhar de maneira realmente pessoal e satisfatória para a sua vida e continuar a discernir a chamada de Deus»[7].


269. Peço aos jovens que não esperem viver sem trabalhar, dependendo da ajuda dos outros.

Isto não faz bem, porque «o trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de amadurecimento, desenvolvimento humano e realização pessoal.

Neste sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências»[8].


Assim, «a espiritualidade cristã, a par da admiração contemplativa das criaturas que encontramos em São Francisco de Assis, desenvolveu também uma rica e sadia compreensão do trabalho, como podemos encontrar, por exemplo, na vida do Bem-Aventurado Carlos de Foucauld e seus discípulos»[9].


270. O Sínodo salientou que o mundo do trabalho é uma área onde os jovens «experimentam formas de exclusão e marginalização.

A primeira e a mais grave é o desemprego juvenil, que, nalguns países, atinge níveis exorbitantes.

Além de os empobrecer, a falta de trabalho rescinde nos jovens a capacidade de sonhar e esperar, e priva-os da possibilidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

Em muitos países, esta situação depende do facto de alguns sectores da população juvenil carecerem de competências profissionais adequadas, devido também aos deficits do sistema educacional e formativo.

Muitas vezes, a precariedade ocupacional que aflige os jovens deve-se aos interesses económicos que exploram o trabalho»[10].


271. É uma questão muito delicada que a política deve considerar como prioritária, sobretudo hoje que a velocidade dos avanços tecnológicos, aliada à obsessão de reduzir os custos laborais, pode levar rapidamente à substituição de inúmeros postos de trabalho por máquinas.

Trata-se de uma questão fundamental da sociedade, porque o trabalho, para um jovem, não é simplesmente uma actividade para ganhar dinheiro.

É expressão da dignidade humana, é caminho de amadurecimento e inserção social, é um estímulo constante para crescer em responsabilidade e criatividade, é uma protecção contra a tendência para o individualismo e a comodidade, e serve também para dar glória a Deus com o desenvolvimento das próprias capacidades.


272. Nem sempre um jovem tem a possibilidade de decidir a que vai dedicar os seus esforços, em que tarefas vai empregar as suas energias e a sua capacidade de inovação. Com efeito, aos próprios desejos e mesmo às próprias capacidades e discernimento que a pessoa pode maturar, sobrepõem-se os duros limites da realidade.

É verdade que não podes viver sem trabalhar e que, às vezes, tens de aceitar o que encontras, mas nunca renuncies aos teus sonhos, nunca enterres definitivamente uma vocação, nunca te dês por vencido.

Continua sempre a procurar, ao menos, modalidades parciais ou imperfeitas de viver aquilo que, no teu discernimento, reconheces como uma verdadeira vocação.


273. Quando alguém descobre que Deus o chama para uma coisa concreta, que está feito para isso - enfermagem, carpintaria, comunicação, engenharia, ensino, arte ou qualquer outro trabalho -, então será capaz de fazer desabrochar as suas melhores capacidades de sacrifício, generosidade e dedicação.

O facto de uma pessoa saber que não faz as coisas por fazer, mas com um significado, como resposta a uma chamada - que ressoa nas profundezas do seu ser - para contribuir com algo para o bem dos outros, isto faz com que estas actividades dêem ao próprio coração uma particular experiência de plenitude. Assim o diz o livro bíblico do Eclesiastes: «Reconheci que não há felicidade maior para o homem do que alegrar-se com as suas obras» (3, 22).


Franciscus


Revisão da versão portuguesa por AMA




Notas 




[1] Francisco, Encontro com os jovens da Úmbria (Assis 4 de Outubro de 2013): AAS 105 (2013), 921.

[2] Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Amoris laetitia (19 de Março de 2016), 150: AAS 108 (2016), 369.

[3] Francisco, Audiência a jovens da diocese de Grenoble-Viena (17 de Setembro de 2018): L’Osservatore Romano(19/IX/2018), 8.

[4] DF32.

[5] Francisco, Encontro com os voluntários da XXVIII Jornada Mundial da Juventude (Rio de Janeiro 28 de Julho de 2013): Insegnamenti, I,2 (2013), 125.

[6] Conferência Episcopal da Colômbia, Mensagem cristã sobre o Matrimónio (14 de maio de 1981).

[7] Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos , Filhos e filhas da luz: Um plano pastoral para o ministério com jovens adultos (12 de Novembro de 1996), I, 3.

[8] Francisco, Carta enc. Laudato si’ (24 de Maio de 2015), 128: AAS 107 (2015), 898.

[9] Ibid., 125: o. c., 897.

[10] DF40.

Filosofia e religão


Teologia do Sacrosanctum Concilium 3

3 – O mistério pascal

Depois de ter esboçado a história da salvação, o Concílio Vaticano II diz em sua constituição sobre a liturgia: “Esta obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas operadas no povo do antigo testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão.
Por este mistério, Cristo, ‘morrendo, destruiu a nossa morte e ressuscitando, recuperou a nossa vida’ [i]. Pois do lado de Cristo dormindo na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja. Portanto, assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o evangelho a toda criatura, (…) mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do sacrifício e dos sacramentos, sobra os quais gira toda a vida litúrgica. (…) Nunca, depois (…) a Igreja deixou de se reunir para celebrar o mistério pascal: lendo «tudo quanto a ele se referia em todas as escrituras» [ii], celebrando a eucaristia, na qual se torna presente a vitória e o triunfo de sua morte [iii] e, ao mesmo tempo, dando graças ‘a Deus pelo dom inefável’ [iv] em Jesus Cristo, ‘para louvor de sua glória’ [v], pela força do Espírito Santo” [vi].

O mistério pascal é, portanto, a páscoa de Jesus que Ele viveu, há quase dois mil anos, sua paixão, morte, ressurreição e ascensão. Esta páscoa, no entanto, é o ponto culminante de. toda a vida e obra pascal de Jesus. E devemos abrir o horizonte ainda mais: Ela tinha seus prelúdios no antigo testamento e se completará no fim dos tempos. Ela é realmente o centro de toda a história da salvação.
No entanto, desde que Jesus, que se tinha tornado um de nós pela encarnação, nos uniu a si pelo dom do Espírito Santo, que é o fruto da sua páscoa, somos um com ele e ele connosco como membros do seu corpo místico, como filhos e filhas do Pai do céu. Assim também nossa vida e história são vida e história de Cristo glorioso. Os bispos latino-americanas reunidos em Medellin, no ano de 1968, disseram claramente que Cristo está “activamente presente em nossa história” e que “não podemos deixar de sentir seu passo que salva quando se dá o verdadeiro desenvolvimento” (Docum. de Medellin, introdução n. 5-6). Portanto, nosso sofrer e vencer são participação da morte e ressurreição de Cristo, da sua páscoa. A páscoa de Cristo continua na páscoa do povo.
Ora, é esta páscoa de Cristo e do povo que celebramos quando na liturgia anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição, até que ele venha. É como também os bispos em Medellin constataram: “A presença do mistério da salvação, enquanto a humanidade peregrina até sua plena realização na parusia do Senhor, culmina na celebração da liturgia eclesial” (Cap. 9,2).

Ainda uma outra dimensão do mistério pascal e de sua celebração foi destacada em Medellin, quando os bispos ai reunidos declararam: “O gesto litúrgico não é autêntico se não implica um compromisso de caridade, um esforço sempre renovado para ter os sentimentos de Jesus Cristo e uma continua conversão” (Cap. 9,3). Logo em seguida lemos no documento de Medellin: “Na hora actual de nossa América Latina, como em todos os tempos, celebração litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade humana (…) precisamente porque toda a criação está inserida no desígnio salvador” (Cap. 9,4).

Desta maneira Medellin explicitou e acentuou uma constatação que o Concílio Vaticano II já tinha feito, dizendo que “a liturgia é o cume para o qual tende a acção da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10). Embora o Concílio tenha falado da liturgia como cume e fonte da acção da Igreja, é evidente que a liturgia, na qual celebramos o mistério pascal, é o ponto culminante também de toda a vida da Igreja, e não apenas da Igreja, e sim de toda a humanidade e de sua história.


(P. Gregório Lutz, CSSp)



[i] Prefácio da páscoa
[ii] Lc 24,27
[iii] Conc. de Trento
[iv] 2 Cor 9,15
[v] Et 1,12
[vi] SC 5s

Pequena agenda do cristão


SÁBADO

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas: