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25/04/2020

SÃO MARCOS EVANGELISTA



A Igreja celebra hoje a festa de São Marcos Evangelista.

São Marcos: foste discípulo de Jesus. Eras muito jovem por isso ficou bem gravada em ti a figura inconfundível do Mestre. Nunca terás esquecido a cena de Getzemani onde deixaste nas mãos dos captores o lençol que te cobria e fugiste nu. Que eu retenha esta lição: que para fugir do inimigo, da tentação, não convém muita roupagem mas, sim, o desprendimento total dos bens, das coisas, tudo por onde possa ser "agarrado".
«Ide e ensinai o Evangelho a todas as gentes». Senhor, que eu tenha presente este mandato que estabeleces-Te como "obrigação" e dever de todos os baptizados no Teu Nome. Que eu saiba sempre, com ânimo, dedicação e entrega, fazer o que me compete, obedecendo às instruções que me são dadas, sempre consciente que é em Teu Nome e não por mim, que o devo fazer.


A tradição antiga, que remonta ao séc. II, atribui o texto deste Evangelho a Marcos, identificado com João Marcos, filho de Maria, em cuja casa os cristãos se reuniam para orar. (Act 12,12) Com Barnabé, seu primo, Marcos acompanha Paulo durante algum tempo na primeira viagem missionária (Act 13,5.13; 15,37.39) e, depois, aparece com ele, prisioneiro em Roma. (Cl 4,10) Mas liga-se mais a Pedro, que o trata por “meu filho” na saudação final da sua Primeira Carta. (1 Pe 5,13) Marcos terá escrito o Evangelho pouco antes da destruição de Jerusalém, que aconteceu no ano 70.

O LIVRO
O Evangelho de Marcos reflecte a catequese que Pedro, testemunha presencial dos acontecimentos, espontâneo e atento, ministrava à sua comunidade de Roma. É o mais breve dos quatro e situa-se no Cânon entre os dois mais extensos, Mateus e Lucas, e a seguir a Mateus, o de maior uso na Igreja. Até ao séc. XIX, Marcos foi pouco estudado e comentado, para não dizer praticamente esquecido. Santo Agostinho considerava-o como um resumo de Mateus.
A investigação mais aprofundada desde o século passado, à volta da origem dos Evangelhos, trouxe Marcos à luz da ribalta; hoje, é geralmente considerado o mais antigo dos quatro. Na verdade, supõe uma fase mais primitiva da reflexão da Igreja acerca do Acontecimento Cristo, que lhe deu origem; e só ele conserva o esquema da mais antiga pregação apostólica, sintetizada em Actos 1,22: começa com o baptismo de João (1,4) e termina com a Ascensão do Senhor. (16,19)
É comum afirmar-se que todos os outros Evangelhos, sobretudo os Sinópticos, supõem e utilizaram mais ou menos o texto de Marcos, assim como o seu esquema histórico-geográfico da vida pública de Jesus: Galileia, Viagem para Jerusalém, Jerusalém.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Revelando certa pobreza de vocabulário e uma sintaxe menos cuidada, Marcos é parco em discursos; apresenta apenas dois: o capítulo das parábolas (cap. 4) e o discurso escatológico. (cap. 13) Mas tem muitas narrações. É exímio na arte de contar: fá-lo com realismo e sentido do concreto, enriquece os relatos de pormenores e dá-lhes vida e cor. A este propósito, são típicos os casos do possesso de Gerasa, da mulher com fluxo de sangue e da filha de Jairo, no cap. 5. Presta uma atenção especial às palavras textuais de Jesus em aramaico, por ex. «Talitha qûm» (5,42) e «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni». (15,34) É de referir também o dia-tipo da actividade de Jesus, descrito na assim chamada “jornada de Cafarnaúm”. (1,21-34)
Dentre as perícopes e simples incisos próprios de Marcos, menciona-se o único texto bíblico em que Jesus aparece como «o Filho de Maria», (6,3) ao contrário dos outros que falam de Maria, Mãe de Jesus.

PLANO
Pode dizer-se, porventura de uma forma demasiado simples, que Marcos se faz espectador com os seus leitores. Como eles, acompanha e vive o drama de Jesus de Nazaré, desenrolado em dois actos, coincidentes com as duas partes deste Evangelho. Ao longo do primeiro, vai-se perguntando: Quem é Ele? Pedro responderá por si e pelos outros, de forma directa e categórica: «Tu és o Messias!». (8,29) O segundo acto pode esquematizar-se com pergunta-resposta: De que maneira se realiza Ele, como Messias? Morrendo e ressuscitando. (8,31; 9,31; 10,33-34)
O Evangelho de Marcos apresenta-nos, assim, uma Cristologia simples e acessível: Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Messias que, com a sua Morte e Ressurreição, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de Deus (15,39) que a todos possibilita a salvação. «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos». (10,45)
Este plano é desenvolvido ao longo das 5 secções em que podemos dividir o Evangelho de Marcos:
I. Preparação do ministério de Jesus: (1,1-13);
II. Ministério na Galileia: (1,14-7,23);
III. Viagens por Tiro, Sídon e a Decápole: (7,24-10,52);
IV. Ministério em Jerusalém: (11,1-13,37);
V. Paixão e Ressurreição de Jesus: (14,1-16,20).

TEOLOGIA
Tal como os outros evangelistas, Marcos apresenta-nos a pessoa de Jesus e o grupo dos discípulos como primeiro modelo da Igreja.
O Jesus de Marcos. Mais do que em qualquer outro Evangelho, Jesus, «Filho de Deus» (1,1.11; 9,7; 15,39), revela-se profundamente humano, de contrastes por vezes desconcertantes: é acessível (8,1-3) e distante; (4,38-39) acarinha; (10,16) e repele (8,12-13) impõe “segredo” acerca da sua pessoa e do bem que faz e manda apregoar o benefício recebido; manifesta limitações e até aparenta ignorância. (13,22) É verdadeiramente o «Filho do Homem», título da sua preferência. Deste modo, a pessoa de Jesus torna-se misteriosa: porque encerra em si, conjuntamente, um homem verdadeiro e um Deus verdadeiro. Vai residir aqui a dificuldade da sua aceitação por parte das multidões que o seguem e mesmo por parte dos discípulos.
Na primeira parte deste Evangelho, (1,14-8,30) Jesus mostra-Se mais preocupado com o acolhimento do povo, atende às suas necessidades e ensina; na segunda parte (8,31-13,36) volta-Se especialmente para os Apóstolos que escolheu, (3,13-19) com sábia pedagogia, vai-os formando, revelando-lhes progressivamente o plano da salvação (10,29-30.42-45) e introduzindo-os na intimidade do Pai. (11,22-26)

O DISCÍPULO DE JESUS.
Este Jesus, tão simples e humano, é também muito exigente para com os seus discípulos. Desde o início da sua pregação, (1,14) arrasta as multidões atrás de Si e alguns discípulos seguem-nO. (1,16-22) Após a escolha dos Doze, (3,13-19) começa a haver uma certa separação entre este grupo mais íntimo e as multidões. Todos seguem Jesus, mas de modos diferentes. Este seguimento exige esforço e capacidade de abertura ao divino, que se manifesta em Jesus de forma velada e indirecta através dos milagres que Ele realiza. É por meio dos milagres que o discípulo descobre no Filho do Homem a presença de Deus, vendo em Jesus de Nazaré o Filho de Deus.
Porque a pessoa de Jesus é essencialmente misteriosa, para O seguir, o discípulo precisa de uma fé a toda a prova: sente-se tentado a abandoná-Lo, vendo neLe apenas o carpinteiro de Nazaré. Por isso, Jesus é também um incompreendido: os seus familiares pensam que Ele os trocou por uma outra família; (3,20-21.31-35) os doutores da Lei e os fariseus não aceitam a Sua interpretação da; Lei (2,23-28; 3,22-30) os chefes do povo e dos sacerdotes vêem-no como um revolucionário perigoso para o seu “status quo”. (11,27-33) Daí que, desde o início deste Evangelho, se desenhe o destino de Jesus: a morte. (3,1-6; 14,1-2)
Mas, os discípulos «de dentro» não são muito melhores do que «os que estão de fora». (4,11) Também eles sentem dificuldade em compreender o mistério da pessoa de Jesus: parecem-se com os cegos. (8,22-26; 10,46-53)
A incompreensão é uma das mais negativas características no discípulo do Evangelho de Marcos. É essa a razão pela qual, ao confessar o messianismo de Jesus, (8,29) Pedro pensava num messias (termo hebraico que significa “Cristo”) mais político que religioso e que libertasse o povo dos romanos dominadores. Isso aparece claro quando Jesus desvia o assunto e anuncia pela primeira vez a Sua Paixão dolorosa; (8,31) Pedro, não gostando de tal messianismo, começa a repreender O Mestre. (8,31-33) O que ele queria era como todos os discípulos de todos os tempos um cristianismo sem esforço e sem grandes compromissos.
Apesar da incompreensão manifestada pelos discípulos em relação aos seus ensinamentos, Jesus não desanima e continua a ensiná-los. (8,31-38; 9,30-37; 10,32-45) O efeito não foi muito positivo: no fim da caminhada para Jerusalém e após Ele lhes ter recordado as dificuldades por que iria passar a sua fé (14,26-31), ao verem-no atraiçoado por um dos Doze e preso (14,42-45), «deixando-o, fugiram todos». (14,50) Este é, certamente, o Evangelho onde qualquer cristão se sentirá melhor retratado.




Temas para meditar e reflectir

Coração de Jesus

O forno arde. Ao arder, queima todo o material, seja lenha ou outra matéria facilmente combustível.

O Coração de Jesus, o Coração humano de Jesus, queima com o amor que o enche. E este é o amor ao Pai Eterno e o amor aos homens: as filhas e os filhos adoptivos.

O forno, queimando, pouco a pouco apaga-se. O Coração de Jesus, ao contrário, é forno inextinguível. Nisto parece-se com a sarça-ardente do Êxodo, em que Deus Se revelou a Moisés. A sarça ardia com o fogo, mas... não se consumia (Ex 3,2).

Efectivamente, o amor que arde no Coração de Jesus é sobretudo o Espírito Santo, no qual Deus-Filho se une eternamente ao Pai. O Coração de Jesus, o Coração humano de Deus-Homem, está abrasado pela chama viva do Amor trinitário, que jamais se extingue.

Coração de Jesus, forno ardente de caridade. O forno, enquanto arde, ilumina as trevas da noite e aquece os corpos dos viajantes inteiriçados com o frio.

Hoje queremos pedir à Mãe do Verbo Eterno, para que no horizonte da vida de cada uma e cada um de nós não cesse nunca de arder o Coração de Jesus, forno ardente de caridade. Para que Ele nos revele o amor que não se extingue nem se deteriora jamais, o Amor que é eterno. Para que ilumine as trevas da noite terrena e aqueça os corações.

Dando-Lhe as graças pelo único amor capaz de transformar o mundo e a vida humana, dirigimo-nos com a Virgem Imaculada, no momento da Anunciação ao Coração Divino que não cessa de ser forno ardente de caridade. Ardente: como a sarça que Moisés viu ao pé do monte Horeb.



(SÃO JOÃO PAULO II, Angelus, 1985.06.23)





NUNCCOEPI

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PANDEMIA


PANDEMIA - 23

MALTRATAR

O amor, justamente porque lhe quer bem, não pode maltratar o amado, seria, no mínimo, uma aberração.

O amor não maltrata”. (1 Coríntios 13, 4-7)

O AMOR É:
ENTREGA – DOAÇÃO – RESPEITO – PRUDÊNCIA – UNIVERSAL -TOTAL – SACRIFÍCIO – REFLEXO -  OBEDIÊNCIA – CONFIANÇA – PACIENTE – GENUÍNO – HUMANO – CONSAGRAÇÃO - ALEGRIA – PACIENTE – ESPERANÇA – BONDADE –

O AMOR NÃO É NEM TEM:
INVEJOSO – GLÓRIA – ORGULHO – MEDIDA – INTERESSES – IRA - MALTRATAR

Com estes predicados o AMOR não será a solução?

(AMA, 2020)

Espírito de mortificação e penitência


O espírito de mortificação, mais do que manifestação de Amor, brota como uma das suas consequências. Se falhas nessas pequenas provas, reconhece-o, fraqueja o teu amor ao Amor. (Sulco, 981)

Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão de dirigir ou de educar é corrigir quando é necessário fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita dessa ajuda, superando subjectivismos néscios e sentimentais.
O espírito de penitência leva a não nos apegarmos desordenadamente a esse esboço monumental dos projectos futuros, no qual já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos renunciar aos nossos gatafunhos e pinceladas, e permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e cores que mais lhe agradam! (Amigos de Deus, 138)

LEITURA ESPIRITUAL

COMENTANDO OS EVANGELHOS

São Mateus

Cap. XXV


1 «O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. 2 Ora, cinco delas eram insensatas e cinco prudentes. 3 As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo; 4 enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias. 5 Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram. 6 A meio da noite, ouviu-se um brado: ‘Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!’ 7 Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias. 8 As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se.’ 9 Mas as prudentes responderam: ‘Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’ 10 Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta. 11 Mais tarde, chegaram as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta!’ 12 Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço.’ 13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.» 14 «Será também como um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade; e depois partiu. 16 Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. 17 Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois. 18 Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas. 20 Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.’ 21 O senhor disse-lhe: ‘Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’ 22 Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: ‘Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.’ 23 O senhor disse-lhe: ‘Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’ 24 Veio, finalmente, o que tinha recebido um só talento: ‘Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25 Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.’ 26 O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei. 27 Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.’ 28 ‘Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. 29 Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’» 31 «Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. 32 Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. 34 O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. 35 Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, 36 estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’ 37 Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? 38 Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? 39 E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ 40 E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’ 41 Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! 42 Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, 43 era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ 44 Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ 45 Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ 46 Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.»

Comentários:

1-13 -
Prudência! Este o grande tema que o Evangelho propõe. Ser prudente significa prevenir, acautelar. Como não sabemos nem o dia nem a hora, convém estar preparado. "Quem vai para o mar avia-se em terra"! O que diz a sabedoria popular devemos aplicá-lo na nossa vida. Todos os dias, horas e minutos devem ser tempo de preparação, "aviar" o necessário para o momento que o Nosso Senhor dispôs para iniciar-mos a interminável viajem pela eternidade.
Porque é que o Senhor não me conhece? Só por ter chegado um pouco tarde ao encontro! Bom, mas, eu, estive de facto à espera, bastante tempo, tanto que se me acabou o azeite e tive de ir comprá-lo! O Senhor não tem isto em conta?Não se trata de o Senhor querer ou não querer conhecer-me. Eu é que me exclui do Seu convívio porque abandonei a “espera” e, quando Ele entrou, não estava ali para entrar com Ele. Tive um motivo para o fazer, de facto… mas, O Senhor não tem nada a ver com isso, ou tem? Ele chega, abre-se a porta e, quem está à espera, preparado, entra no gozo do seu Senhor. Que não sei nem o dia nem a hora! Pois não, por isso tenho de estar preparado SEMPRE!
O Senhor repete uma e outra vez o mesmo aviso: Estar preparado. Esta insistência vem do facto de Jesus Cristo conhecer muito bem que uma das principais "falhas" do homem é a falta de perseverança. Não nos cansemos nós também de insistir na petição: Senhor, ajuda-me a perseverar.
Parece – ao ler este trecho de São Mateus – que só podemos contar connosco próprios na hora da dificuldade. Talvez seja um pouco controverso, mas, a verdade é que temos o dever de nos preparamos para o que se espera de nós e, sabemos, não podemos faltar. Penso – por exemplo – os que deixam para a última hora uma conversão de vida, arrependimento e reconciliação contando, talvez, que alguém se encarregará de prover essa necessidade. E… se não houver ninguém? Se a morte me colher de improviso, sem possibilidade de preparação – por exemplo num acidente de viação mortal -? Mais vale estar pronto, preparado e munido de todo o “azeite” da nossa fé, do nosso amor a Deus para que não suceda que, como na parábola, não mereçamos encontrar-nos com Ele.
A prudência é inimiga da solidariedade? Pois… neste trecho de São Mateus pode concluir-se que sim? A prudência das virgens que não cederam do seu azeite às que lho pediam foi a causa da perda destas? Evidentemente que não, nem as coisas se podem apresentar assim tão linearmente. Trata-se – isso sim – de decisões do foro pessoal e das consequências que delas podem advir. Quando se trata de algo tão importante como a própria salvação temos de ter bem presente que “todo o cuidado é pouco”. ‘Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’, foi a resposta que obtiveram. Temos, forçosamente, de concordar com as virgens prudentes: pôr em risco a própria salvação – seja qual for o motivo – é algo que nunca devemos consentir.

14-30 -
Há quem muito se desculpe que os “talentos” que recebeu não são nem suficientes nem bastantes para o se lhe apresenta pela frente. Entendamo-nos: Nunca nos serão pedidas contas por algo que não possuímos, isso seria uma injustiça! Mas, a questão, reside em que poucos ou muitos, notórios ou de escassa relevância, todos os talentos que nos estão reservados são para serem utilizados e, mais, para que pelos nossos actos e desejos de bem fazer são “afinados”, melhorados”, dando-lhes melhor eficácia. Não o fazer é “enterrar o talento na terra”, não ganhamos nada, não damos nada, teremos pesadas contas a prestar. Conheço muitas crianças que se aplicam a sério nos estudos e só se sentem verdadeiramente contentes quando vêm os seus esforços coroados de êxito. Fazem-no por vaidade? Não… de modo nenhum! Fazem-no porque os seus pais lhes incutiram o dever de estudar dando o melhor de si mesmos para conseguirem os objectivos. Ah! Se todos nós fossemos como essas crianças!!!
Imaginemos que na parábola se modificavam alguns termos, por exemplo, aquele que recebeu cinco talentos foi o que os enterrou e escondeu com medo de os perder. Talvez, até, seja bastante aceitável esta "alteração" que nos permitimos imaginar já que, infelizmente, muitos dos que têm muito se comportam como se tivessem pouco para que não lhes seja pedido que repartam uma parte - mesmo pequena que seja - desse muito que escondem. E que, aquele que recebeu só um talento se empenhasse a sério em fazê-lo dar fruto e, até, repartir com liberalidade esse pouco. Sim... O que aconteceria? Pois, de acordo com o espírito da parábola este último receberia os cinco talentos do outro ficando, assim, imensamente rico. De facto, é o que acontece quando o Senhor premeia o bom uso dos talentos que a cada um atribuiu: com tal liberalidade e generosidade que o que se alcança constitui uma riqueza, uma fortuna incomensurável.
Esta parábola – conhecida como a dos “talentos”, tem merecido comentários e meditações por grandes vultos da Igreja, Teólogos e Santos. É de tal forma “complicada) – à primeira leitura, claro – que podemos ter a visão como que toldada para nos apercebermos da simplicidade e lógica de todo o texto. Eu penso que a “chave” está aqui:  Distribuiu os talentos a cada qual conforme a sua capacidade. O Senhor, sabemo-lo muito bem – não faz acepção de pessoas e, para Ele, todos os homens – absolutamente – têm o mesmo valor, a mesma dignidade, independentemente das suas capacidades pessoais. Mas nunca pedirá contas por igual, exigindo uniformemente e sem critério o mesmo retorno. Não! Pedirá contas – muito certas – conforme o que cada um fez, como fez, ou, o que não fez e deveria ter feito.
Não poucas vezes deixamos de fazer algo para o qual temos habilitações ou qualificação especiais por razão de uma falsa humildade. Sim… julgamos que “dar nas vistas”, de qualquer modo sobressair ou tornar-notado poderá encerrar vaidade pessoal. Devemos ter as coisas – o critério - claras e bem definidas. Se considerarmos que nada do que temos é verdadeiramente nosso mas sim uma graça (s) de Deus então como não podemos deixar de pôr em obra o que o Senhor legitimamente espera como fruto desses mesmos bens e graças que gratuitamente nos concedeu? Temos aptidões especiais para a oratória? Pois discursemos. Para a música? Pois façamos música. Para a pintura? Pois pintemos. Para escrever? Pois escrevamos. Sempre empenhando-nos a fundo, o melhor e mais qualificado que podermos. Porquê? Porque, de certo modo, estamos a devolver ao Senhor o que nos concedeu e, neste caso, não podemos considerar fazer senão o melhor e mais perfeito.

31-46 -
Este trecho do Evangelho de S. Mateus põe na boca de Jesus um discurso que é o prenúncio do Mandamento Novo. Efectivamente o que nele se contém poderia ser resumido dizendo: Amai os outros! Quem anda por este mundo desinteressado do que se passa à sua volta, do que acontece aos outros, as suas carências e dificuldades, os problemas e dificuldades que enfrentam – numa palavra – quem não usa de misericórdia não tem, obviamente, que esperar misericórdia no dia em que mais precisará dela: No dia do encontro final com Cristo. Tive sede e fome, estive doente e na prisão, sofri carências e necessidades e, tu, que fizeste? Olhaste de lado? Seguiste o teu caminho se te deter um momento por breve que fosse para te inteirares de como poderias valer-me? E esperas, então, com que direito, que o Senhor se detenha ao pé de ti considerando as dificuldades que tiveste, as necessidades que ainda tens? Não! Seguramente, Ele, que é o Supremo Juiz, porá num prato da balança o que recebeste e, noutro, o que deste e ao ver o enorme desequilíbrio que pensas que fará?
Eis aqui o Segundo Mandamento da Lei de Deus: Amar o próximo como a si mesmo! Não se trata de amar no sentido lato e subjectivo, mas, sim, de amar em concreto com obras concretas e bem definidas. O Senhor enumera algumas das obras de misericórdia com que mais frequentemente nos urge o nosso amor aos outros: ajudar, ser solidário, vestir, abrigar, dar de comer e beber, amparar, apoiar. Cada um de nós cristãos, devemos considerar-nos como pequenas "empresas de carácter social", concretizando em actos o que o coração nos dita. A alegria que se sente quando praticamos qualquer destas obras - pequenas ou grandes - que expressam o nosso amor é, só por si, paga mais que suficiente para o eventual esforço ou sacrifício que foi preciso fazer, mas, a "paga" que o Senhor nos tem reservada - por um simples copo de água - é de valor tão incomensurável que não se compreende como podemos deixar de as praticar.
Este trecho de São Mateus bem poderia chamar-se o “Evangelho das obras de Misericórdia”, ou, se quisermos, “Evangelho do Segundo Mandamento”. De facto o Senhor enumera repetidamente as obrigações de solidariedade e de serviço de uns pelos outros, não só por amor ao próximo mas, também, ao próximo por amor de Deus. Quem se esquece do outro e vai pela vida solitário e como que imune às necessidades concretas do seu semelhante não pode esperar senão repúdio e desinteresse por parte do Senhor. Não poderia ser mais claro!
Muitas vezes, preocupados e pesarosos com o mal que praticámos, esquecemo-nos de confessar as faltas de omissão que foram surgindo ao longo dos dias. Não fazer o bem quando podemos – e devemos – são faltas de que, como se vê no presente Evangelho, nos serão pedidas estreitas contas. Porque o não fizemos? Poderá haver inúmeras explicações ou desculpas mas, na verdade, o que está em causa é o nosso desinteresse, a nossa falta de amor pelo próximo.
Este discurso de Jesus tem, claramente, o principal objectivo de nos elucidar sobre o Julgamento Universal que ocorrerá no Final dos Tempos. Desde logo – Universal – porque todos, vivos na Terra ou na Vida Eterna, estarão presentes e tudo, absolutamente, será revelado e, portanto, será completo e definitivo. Pelas próprias palavras de Cristo o que – em palavras humanas – será escrutinado serão as Obras de Misericórdia que praticámos ou não.

(AMA, 2018)


Pequena agenda do cristão

SÁBADO

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas: