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03/10/2020

Leitura espiritual Outubro 03


Cartas de São Paulo

Filipenses 2

Ter os mesmos sentimentos em Cristo Jesus –
1 Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afectuoso, ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afecto e compaixão, 2 então fazei com que seja completa a minha alegria: procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento; 3 nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, 4 não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros. 5 Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: 6 Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; 7 no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, 8 rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome, 10 para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra; 11 e toda a língua proclame: «Jesus Cristo é o Senhor!», para glória de Deus Pai.

Prisioneiro de Cristo –
12 Por isso, meus caríssimos, na mesma medida em que sempre fostes obedientes - não só como aconteceu na minha presença, mas agora com muito mais razão na minha ausência - trabalhai com temor e tremor pela vossa salvação. 13 Pois é Deus quem, segundo o seu desígnio, opera em vós o querer e o agir. 14 Fazei tudo sem murmurações nem discussões, 15 para serdes irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem mancha, no meio de uma geração perversa e corrompida; nela brilhais como astros no mundo.16 Conservai a palavra da vida. Para mim será um motivo de glória para o dia de Cristo, por não ter corrido em vão nem me ter esforçado em vão. 17 Mas alegro-me até mesmo se o meu sangue tiver de ser derramado em sacrifício e oferta pela vossa fé; sim, com todos vós me alegro. 18 Do mesmo modo, alegrai-vos também vós; sim, alegrai-vos comigo.

III. SOLICITUDE PELA COMUNIDADE

Desejo de enviar Timóteo –
19 Espero, no Senhor Jesus, enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu fique bem disposto, ao saber da vossa vida. 20 É que não tenho ninguém com igual disposição, que tão sinceramente se preocupe pela vossa vida. 21 De facto, todos os demais procuram os próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo. 22 Mas as provas dadas por ele, vós as conheceis: como um filho para com o pai, entregou-se comigo a servir o Evangelho. 23 É a ele, pois, que espero enviar-vos, logo que veja com clareza a minha situação. 24 Mas estou confiante no Senhor de que também eu próprio irei em breve.

Envio e recomendação de Epafrodito –
25 Entretanto, acho necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, colaborador e companheiro de luta e vosso enviado para me servir nas minhas necessidades. 26 É que ele tem sentido saudades de todos vós e tem-se preocupado, por terdes ouvido dizer que esteve doente. 27 E é verdade: esteve doente, à beira da morte. Mas Deus compadeceu-se dele; não dele apenas, mas também de mim, para que não tenha tristeza sobre tristeza. 28 Por isso, mais depressa o envio, para que, ao vê-lo, de novo vos alegreis e eu fique menos triste. 29 Recebei-o, portanto, no Senhor, com toda a estima e estimai homens como ele; 30 pois foi por causa da obra de Cristo que esteve perto da morte, arriscando a vida, para vos substituir nos serviços que vos era impossível prestar-me.


Amigos de Deus

291

O ano litúrgico aparece engalanado de festas em honra de Santa Maria.
O fundamento deste culto é a Maternidade divina de Nossa Senhora, origem da plenitude dos dons naturais e da graça com que a Santíssima Trindade a adornou.
Demonstraria escassa formação cristã - e muito pouco amor de filho - quem temesse que o culto da Santíssima Virgem pudesse diminuir a adoração que se deve a Deus.
A Nossa Mãe, modelo de humildade, cantou: «chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas aquele que é Todo-poderoso, cujo nome é santo e cuja misericórdia se estende de geração em geração, a todos os que o temem».

Nas festas de Nossa Senhora não regateemos as demonstrações de carinho; elevemos com mais frequência o coração pedindo-lhe aquilo de que necessitamos, agradecendo-lhe a sua solicitude maternal e constante, encomendando-lhe as pessoas que estimamos.
Mas, se pretendemos comportar-nos como filhos, todos os dias serão ocasiões propícias de amor a Maria, como o são para os que se querem deveras.

292

Talvez agora algum de vós possa pensar que o dia ordinário, o habitual ir e vir da nossa vida, não se presta muito a manter o coração numa criatura tão pura como Nossa Senhora.
Convidar-vos-ia a reflectir um pouco.
Que procuramos sempre, mesmo sem especial atenção, em tudo o que fazemos?
Quando nos move o amor de Deus e trabalhamos com rectidão de in­tenção, procuramos o que é bom, o que é limpo, o que dá paz à consciência e felicidade à alma.

Também cometemos muitos erros?
Sim, mas precisamente reconhecer esses erros é descobrir com maior clareza que a nossa meta é esta: uma felicidade que não passe, profunda, serena, humana e sobrenatural.

Existe uma criatura que conseguiu nesta terra essa felicidade, porque é a obra-prima de Deus: a Nossa Mãe Santíssima, Maria.
Ela vive e protege-nos; está junto do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em corpo e alma.
É Aquela mesma que nasceu na Palestina, que se entregou ao Senhor desde menina, que recebeu a anunciação do Arcanjo Gabriel, que deu à luz o Nosso Salvador, que esteve junto d'Ele ao pé da Cruz.

Nela se tornam realidade todos os ideais, mas não devemos concluir daí que a sua sublimidade e grandeza no-la apresentem inacessível e distante.
É a cheia de graça, a suma de todas as perfeições; e é Mãe.
Com o seu poder diante de Deus conseguirá o que lhe pedirmos; como Mãe, quer conceder-no-lo.
E, também como Mãe, entende e compreende as nossas fraquezas, anima-nos, desculpa-nos, facilita o caminho, tem sempre o remédio preparado, mesmo quando parece que já nada é possível.

293

Quanto cresceriam em nós as virtudes sobrenaturais se conseguíssemos verdadeira devoção a Maria, que é Nossa Mãe!
Não nos importemos de lhe repetir durante todo o dia - com o coração, sem necessidade de palavras - pequenas orações, jaculatórias.
A devoção cristã reuniu muitos desses elogios carinhosos na Ladainha que acompanha o Santo Rosário.
Mas cada um de nós tem a liberdade de os aumentar, dirigindo-lhe novos louvores, dizendo-lhe o que - por um santo pudor que Ela entende e aprova - não nos atreveríamos a pronunciar em voz alta.

Aconselho-te - para terminar - que faças, se o não fizeste ainda, a tua experiência particular do amor materno de Maria.
Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la deste modo, falar assim dela.
É tua Mãe e tu és seu filho; quer-te como se fosses o seu único filho neste mundo.
Trata-a de acordo com isso: conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a, ama-a.
Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o fizeres.

Asseguro-te que, se empreenderes este caminho, encontrarás imedia­tamente todo o amor de Cristo; e ver-te-ás metido na vida inefável de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Conseguirás forças para cumprir bem a Vontade de Deus, encher-te-ás de desejos de servir todos os homens.
Serás o cristão que às vezes sonhas ser: cheio de obras de caridade e de justiça, alegre e forte, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo.

Este e não outro é o carácter da nossa fé.
Recorramos a Santa Maria, que Ela nos acompanhará com um passo firme e constante.

294    

Sentimo-nos tocados, com o coração a bater com mais força, quando ouvimos com toda a atenção este brado de São Paulo: "esta é a vontade de Deus: a vossa santificação".
Hoje, mais uma vez o repito a mim mesmo e também o recordo a cada um e à Humanidade inteira: esta é a vontade de Deus, que sejamos santos.
Para pacificar as almas com uma paz autêntica, para transformar a Terra, para procurar Deus Nosso Senhor no mundo e através das coisas do mundo, é indispensável a santidade pessoal.
Nas minhas conversas com gente de tantos países e dos ambientes sociais mais diversos, perguntam-me com frequência: - Que diz aos casados?
E aos que trabalhamos no campo?
E às viúvas?
E aos jovens?

Respondo sistematicamente que tenho uma só panela.
E costumo fazer notar que Jesus Cristo Nosso Senhor pregou a Boa Nova para todos, sem qualquer distinção.
Uma só panela e um único alimento: o meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que me enviou e dar cumprimento à sua obra.
Chama cada um à santidade, pede amor a cada um: jovens e velhos, solteiros e casados, sãos e doentes, cultos e ignorantes, trabalhem onde quer que trabalhem, estejam onde quer que estejam.
Há um único modo de crescer na familiaridade e na confiança com Deus: a intimidade da oração, falar com Ele, manifestar-Lhe - de cora­ção a coração - o nosso afecto.

295         

Falar com Deus

Invocar-me-eis e Eu vos ouvirei.
E invocamo-Lo conversando, dirigindo-nos a Ele. Por isso temos de pôr em prática a exortação do Apóstolo: sine intermissione orate; rezai sempre, aconteça o que acontecer. Não apenas de coração, mas com todo o coração.
Talvez pensemos que a vida nem sempre é suportável, que não faltam dissabores, nem mágoas, nem tristezas.
Responderei também com São Paulo que nem a morte nem a vida, nem anjos, nem principados, nem virtudes; nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto, nem de mais profundo, nem nenhuma outra criatura poderá jamais separar-nos do amor de Deus, que se fundamenta em Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Nada nos pode afastar da caridade de Deus, do Amor, da relação constante com o nosso Pai.

Mas recomendar esta união contínua com Deus não será apresentar um ideal tão sublime, que se torna impraticável à maioria dos cristãos? Na verdade a meta é alta, mas não impraticável.
O caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve enraizar-se a pouco e pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa.


296

Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe.
De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora mi­nha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração...
Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono?
Que dizem aqueles que se querem, quando se encontram?
Como se comportam?
Sacrificam tudo quanto são e tudo o que possuem pela pessoa que amam.

Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço.
Vivemos então como cativos, como prisioneiros.
Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se.
Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman.
Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto.






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