Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
Páginas
▼
10/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
233
Uma
das suas primeiras manifestações concretiza-se em iniciar a alma nos caminhos
da humildade.
Quando
sinceramente nos consideramos nada; quando compreendemos que, se não
tivéssemos o auxílio divino, a mais débil e fraca das criaturas seria melhor do
que nós; quando nos vemos capazes de todos os erros e de todos os horrores;
quando nos reconhecemos pecadores, embora lutemos com empenho por nos
afastarmos de tantas infidelidades, como havemos de pensar mal dos outros?
Como
se poderá alimentar no coração o fanatismo, a intolerância, o orgulho?
A
humildade leva-nos pela mão a tratar o próximo da melhor forma: compreender a
todos, conviver com todos, desculpar a todos; não criar divisões nem barreiras;
comportarmo-nos - sempre! - como instrumentos de unidade.
Não
é em vão que existe no fundo do homem uma forte aspiração à paz, à união com os
seus semelhantes e ao respeito mútuo pelos direitos da pessoa, de modo que tal
aspiração se transforme em fraternidade.
Isto
reflecte uma nota característica do que há de mais valioso na condição humana:
se todos somos filhos de Deus, a fraternidade nem se reduz a uma figura de
retórica, nem consiste num ideal ilusório, pois surge como meta difícil, mas
real.
Perante
os cínicos, os cépticos, os insensíveis, os que fizeram da sua cobardia um modo
de pensar, nós, os cristãos, havemos de demonstrar que esse carinho é possível.
Existem
talvez muitas dificuldades para nos comportarmos deste modo, pois o homem foi
criado livre e tem a possibilidade de se levantar inútil e amargamente contra
Deus; mas esse caminho é possível e é real, porque tal conduta nasce
necessariamente como consequência do amor de Deus e do amor a Deus.
Se
tu e eu quisermos, Jesus Cristo também o quer.
Então
compreenderemos, em toda a sua profundidade e com toda a sua fecundidade, a
dor, o sacrifício, a entrega desinteressada na convivência diária com os
outros.
234
O exercício da caridade
Pecaria
por ingenuidade quem imaginasse que as exigências da caridade cristã se
cumprem facilmente.
É
bem diferente o que nos diz a experiência, quer no âmbito das ocupações
habituais dos homens, quer, por desgraça, no âmbito da Igreja.
Se
o amor não nos obrigasse a calar, cada um de nós teria muito que contar de
divisões, de ataques, de injustiças, de murmurações e de insídias.
Temos
de o admitir com simplicidade, para tratar de aplicar, pela parte que nos
corresponde, o remédio oportuno, que se há-de traduzir num esforço pessoal por
não ferir, por não maltratar, por corrigir sem deixar ninguém esmagado.
Não
são problemas de hoje.
Poucos
anos depois da Ascensão de Cristo aos céus, quando ainda andavam de um lugar
para outro todos os Apóstolos e era geral um admirável fervor de fé e de
esperança, já muitos, no entanto, começavam a desencaminhar-se e a não viver a
caridade do Mestre.
Havendo
entre vós rivalidades e discórdias - escreve S. Paulo aos de Corinto - não é
notório que sois carnais e procedeis como homens? Porque, quando um diz: eu sou
de Paulo, e outro: eu sou de Apolo, não estais a mostrar que ainda sois homens
carnais que não compreendem que Cristo veio para superar todas essas divisões?
Quem
é Apolo?
Quem
é Paulo?
Ministros
daquele em quem vós crestes e isso segundo a medida que o Senhor concedeu a
cada um.
O
Apóstolo não rejeita a diversidade: cada um tem de Deus o seu próprio dom; um
de um modo e outro de outro.
Mas
essas diferenças têm de estar ao serviço do bem da Igreja.
Sinto-me
inclinado agora a pedir ao Senhor - se quiserdes unir-vos a esta minha oração -
que não permita que na sua Igreja a falta de amor semeie joio nas almas.
A
caridade é o sal do apostolado dos cristãos; se perde o sabor, como poderemos
apresentar-nos ao mundo e explicar, de cabeça erguida, que aqui está Cristo?
235
Portanto,
repito-vos com S. Paulo: ainda que eu falasse as línguas dos homens e a
linguagem dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa ou
como o címbalo que tine.
E
ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e
possuísse toda a ciência, e tivesse toda a fé, de modo a mover montanhas, se
não tiver caridade, não sou nada.
E
ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres e entregasse
o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, nada me aproveita .
Perante
estas palavras do Apóstolo dos gentios, não faltam os que se assemelham àqueles
discípulos de Cristo, que, ao anunciar-lhes Nosso Senhor o Sacramento da sua
Carne e do seu Sangue, comentaram:
-
É dura esta doutrina; quem a pode escutar?
É dura, sim. Porque a caridade que o Apóstolo
descreve não se limita à filantropia, ao humanitarismo ou à natural comiseração
pelo sofrimento alheio; exige a prática da virtude teologal do amor a Deus e do
amor, por Deus, aos outros.
Por
isso, a caridade nunca deixará de existir, ao passo que as profecias
terminarão, as línguas cessarão e a ciência acabará...
Agora
permanecem estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade; mas, das três,
a caridade é a mais excelente.
236
O único caminho
Já
nos convencemos de que a caridade nada tem a ver com essa caricatura que às
vezes se tem pretendido traçar da virtude central da vida cristã.
Mas
perguntamos agora: porque se exige pregá-la constantemente? Será uma espécie de
tema obrigatório, mas com poucas possibilidades de se manifestar em factos
concretos?
Olhando
à nossa volta, talvez descobríssemos razões para pensar que a caridade é
realmente uma virtude ilusória.
Mas
considerando as coisas com sentido sobrenatural, descobrirás também a raiz
dessa esterilidade, que se cifra numa ausência de convívio intenso e contínuo,
de tu a tu, com Nosso Senhor Jesus Cristo, e no desconhecimento da acção do
Espírito Santo na alma, cujo primeiro fruto é precisamente a caridade.
Recolhendo
um conselho do Apóstolo - levai uns as cargas dos outros e assim cumprireis a
lei de Cristo - acrescenta um Padre da Igreja: amando a Cristo, suportaremos
facilmente a fraqueza dos outros, mesmo a daquele a quem ainda não amamos,
porque não tem boas obras.
Por
aí se eleva o caminho que nos faz crescer na caridade.
Enganar-nos-íamos
se imaginássemos que primeiro temos de nos exercitar em actividades
humanitárias, em trabalhos de assistência, excluindo o amor do Senhor.
Não
descuidemos Cristo por causa do próximo que está enfermo, uma vez que devemos
amar o enfermo por causa de Cristo.
Olhai
constantemente para Jesus, que, sem deixar de ser Deus, se humilhou tomando a
forma de servo para nos poder servir, porque só nessa mesma direcção se abrem
os afãs por que vale a pena lutar.
O
amor procura a união, a identificação com a pessoa amada; e, ao unirmo-nos com
Cristo, atrair-nos-á a ânsia de secundar a sua vida de entrega, de amor sem
medida, de sacrifício até à morte.
Cristo
coloca-nos perante o dilema definitivo: ou consumirmos a existência de uma
forma egoísta e solitária ou dedicarmo-nos com todas as forças a uma tarefa de
serviço.
237
Vamos
pedir agora ao Senhor, para terminar este tempo de conversa com Ele, que nos
conceda poder repetir com S. Paulo que triunfamos por virtude daquele que nos
amou.
Pelo
qual estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o
que há de mais alto, nem de mais profundo, nem qualquer outra criatura poderá
jamais separar-nos do amor de Deus que está em Jesus Cristo Nosso Senhor.
Este
amor também a Escritura o canta com palavras inflamadas: as águas copiosas não
puderam extinguir a caridade, nem os rios afogá-la.
Este
amor encheu sempre o Coração de Santa Maria, ao ponto de enriquecê-la com
entranhas de Mãe para toda a humanidade.
Em
Nossa Senhora o amor a Deus confunde-se com a solicitude por todos os seus
filhos.
O
seu Coração dulcíssimo teve de sofrer muito, atento aos mínimos pormenores -
não têm vinho - ao presenciar aquela crueldade colectiva, aquele encarniçamento
dos verdugos, que foi a Paixão e Morte de Jesus.
Mas
Maria não fala.
Como
o seu Filho, ama, cala e perdoa. Essa é a força do amor.
238
Sempre
que sentimos no nosso coração desejos de melhorar, de responder mais
generosamente ao Senhor, e procuramos um guia, um norte claro para a nossa
existência cristã, o Espírito Santo traz à nossa memória as palavras do
Evangelho: importa orar sempre e não cessar de o fazer.
A
oração é o fundamento de todo o trabalho sobrenatural; com a oração somos
omnipotentes; se prescindíssemos deste recurso, nada conseguiríamos.
Eu
gostaria que hoje, na nossa meditação, nos persuadíssemos definitivamente da
necessidade de nos dispormos a ser almas contemplativas no meio do mundo e do
trabalho, com uma conversa contínua com o nosso Deus, a qual não deve esmorecer
ao longo do dia. Se pretendemos seguir lealmente os passos do Mestre, este é o
único caminho.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Evangelho e comentário
Evangelho: Lc 6, 12-19
Naqueles dias, Jesus subiu ao monte
para rezar e passou a noite em oração a Deus. Quando amanheceu, chamou os
discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos: Simão, a
quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e
Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota;
Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. Depois
desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos
e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de
Tiro e de Sidónia. Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças.
Os que eram atormentados por espíritos impuros também ficavam curados. Toda a
multidão procurava tocar Jesus, porque saía d’Ele uma força que a todos sarava.
Comentário:
Antes
de tomar uma decisão tão importante como era a escolha dos Apóstolos, o Senhor
embrenha-se na oração.
A
oração é sempre conversa com Deus mas é, também, momento de reflexão interior,
talvez de exame, seguramente procura de apoio e guia para o rumo a seguir.
É
esta a principal ”lição” que podemos colher deste trecho do Evangelho Lc
6, 12-19 em ocasiões importantes – muito importantes ou, até, de escasso
relevo – devemos solicitar luz ao Espírito Santo para tomar a decisão certa e
mais adequada.
(AMA
comentário sobre Lc 6, 12-19, 25.06.2019)
Temas para reflectir e meditar
Valha-me Deus!
Parece um exercício obrigatório,
inevitável, enraizado de tal forma que não consigo fugir-lhe.
É mau?
É útil?
Não sei e não me preocupa.
Sem sonhar que seria de mim?
Ater-me ao que acontece e aceitar sem
mais que tem de ser assim! Inevitavelmente, sem poder nem vontade de influir no
que seja?
Não!
Tal seria como que desistir de
comandar a minha vida.
É assim e pronto!
Não há nada a fazer!
Acho que tal seria uma atitude
cobarde, conformada com uma inevitabilidade - destino - coisa que não admito
nem acredito.
Qual destino?
Que vem a ser isso?
Está escrito, vem no horóscopo
pessoal, é assim e acabou-se.
Não aceito por várias razões, das
quais, a mais poderosa é a certeza que tenho que só Deus comanda a vida de que
é o único Dono e Senhor.
Posto isto - que para mim não é
opinável - sinto-me inteiramente livre para sonhar.
Os sonhos não têm porque ser objectivos,
tal seria no mínimo utopia, mas ajudam a preparar para uma eventualidade que
não ambicionamos mas que poderá surgir.
Penso, pois, que sonhar pode ser útil.
Por isso sonho e acabou-se.
AMA, 20.05.2018
Descobrir a misericórdia divina
Outra
queda... e que queda!... Desesperar-te?... Não; humilhar-te e recorrer, por
Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. — Um «miserere» e coração ao
alto! — A começar de novo. (São Josemaria,
Caminho, 711).
Se
lerdes as Santas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da
misericórdia de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos,
antecede-nos, multiplica-se para nos ajudar e foi continuamente confirmada.
Deus tem-nos presente na sua misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai
amoroso. É uma misericórdia suave, agradável, como a nuvem que se desfaz em
chuva no tempo da seca.
Jesus
Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina: Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E, noutra ocasião: Sede
pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. Ficaram também
muito gravadas em nós, entre muitas outras cenas do Evangelho, a clemência com
a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, a da ovelha perdida, a do
devedor perdoado, a ressurreição do filho da viúva de Naim. Quantas razões de
justiça para explicar este grande prodígio! Era o filho único daquela pobre
viúva; era ele quem dava sentido à sua vida; só ele poderia ajudá-la na sua
velhice! Mas Cristo não faz o milagre por justiça; fá-lo por compaixão, porque
interiormente se comove perante a dor humana.
Que
segurança deve produzir-nos a comiseração do Senhor! Se ele clamar por mim,
ouvi-lo-ei, porque sou misericordioso. É um convite, uma promessa que não
deixará de cumprir. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça a fim
de alcançar misericórdia e o auxílio da graça, no tempo oportuno. Os inimigos
da nossa santificação nada poderão, porque essa misericórdia de Deus nos
defende. E se caímos por nossa culpa e da nossa fraqueza, o Senhor socorre-nos
e levanta-nos. Tinhas aprendido a afastar a negligência, a afastar de ti a
arrogância, a adquirir piedade, a não ser prisioneiro das questões mundanas, a
não preferir o caduco ao eterno. Mas, como a debilidade humana não pode manter
o passo decidido num mundo resvaladiço, o bom médico indicou-te também os
remédios contra a desorientação e o juiz misericordioso não te negou a
esperança do perdão. (Cristo que passa,
7)
Repara
que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! - Porque, nos julgamentos
humanos, castiga-se quem confessa a culpa; e, no divino, perdoa-se.
Bendito
seja o santo Sacramento da Penitência! (Caminho,
309)
-
Sim, tens razão: que profundidade a da tua miséria! Por ti, onde estarias
agora, até onde terias chegado?...
"Somente
um Amor cheio de misericórdia pode continuar a amar-me" – reconhecias.
Consola-te:
Ele não te negará nem o seu Amor nem a sua Misericórdia, se O procurares. (Forja, 897)
(...)
É preciso pedir incessantemente à Santíssima Trindade que tenha compaixão de
todos. Ao falar destas coisas fico perturbado se recorro à justiça de Deus.
Apelo para a sua misericórdia, para a sua compaixão, a fim de que não olhe para
os nossos pecados, mas para os méritos de Cristo e de sua Santa Mãe, e que é
também nossa Mãe, para os do Patriarca S. José, que Lhe serviu de Pai, para os
dos Santos. (Cristo que passa, 82)