Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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01/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
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Amor
humano e castidade
Para manter intimidade com o meu Senhor, já
vo-lo contei muita vez, utilizei também - não me importo que se saiba - as
canções populares que se referem, quase sempre, ao amor.
Delicio-me
a ouvi-las!
O
Senhor escolheu-me a mim e a alguns de vós para que fôssemos totalmente seus e
transformássemos em divino o amor nobre das cantigas humanas.
É
o que o Espírito Santo faz no Cântico dos Cânticos.
É
o que fizeram os místicos de todos os tempos.
Escutai estes versos da Santa de Ávila:
Se
quereis que esteja descansado
Quero,
por amor, descansar;
Se
me mandais trabalhar,
Quero
morrer trabalhando.
Dizei:
onde, como e quando?
Dizei,
dizei, doce Amor:
Como
quereis de mim dispor?
Ou aquela canção de S. João da Cruz que
começa de um modo encantador:
Sofrendo,
só, um pequeno pastor,
Alheio
ao prazer, sem contentamento,
Na
sua pastora tem o pensamento
E
o peito sangra-lhe em penas de amor.
Quando é limpo, o amor humano merece-me um
imenso respeito, uma enorme veneração.
Não
haveríamos nós de estimar o carinho nobre e santo dos nossos pais, ao qual
devemos uma grande parte da nossa amizade com Deus?
Eu
abençoo esse amor com as duas mãos e sempre que me perguntaram porquê com as
duas mãos, respondi imediatamente: porque não tenho quatro!
Bendito
seja o amor humano! Mas a mim, o Senhor pediu-me mais. A própria teologia
católica o afirma: entregar-se exclusivamente a Jesus, por amor do Reino dos
Céus e, por Jesus, a todos os homens, é mais sublime do que o amor matrimonial.
Isto
não tira que o matrimónio seja um sacramento e sacramentum magnum.
Seja como for, cada um deve esforçar-se por
viver delicadamente a castidade, no seu lugar respectivo e com a vocação que
Deus lhe infundiu na alma - solteiro, casado, viúvo, sacerdote.
A
razão é que a castidade é virtude para todos e a todos exige luta, delicadeza,
esmero, rijeza, essa finura que só se compreende, quando nos colocamos junto do
Coração apaixonado de Cristo na Cruz. Não vos preocupeis se a tentação vos
espreita: uma coisa é sentir, outra é consentir.
A
tentação pode afastar-se facilmente com a ajuda de Deus.
O
que não convém, de modo algum, é dialogar com ela.
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Meios
para vencer
Vejamos com que recursos é que, nós,
cristãos, podemos contar para vencer nesta luta por guardar a castidade, não
como anjos, mas como mulheres e homens sãos, fortes, normais!
Venero
os anjos com toda a minha alma e une-me uma grande devoção a esse exército de
Deus, mas não gosto de os comparar connosco, porque a sua natureza é diferente
e qualquer equiparação seria uma desordem.
Generalizou-se em muitos ambientes um clima
de sensualidade que, ajudado pela confusão doutrinal, leva muita gente a
justificar ou, pelo menos, a mostrar a tolerância mais indiferente para com
todo o género de costumes licenciosos.
Devemos ser o mais limpos possível em
relação ao corpo, mas sem medo, porque o sexo, é algo santo e nobre -
participação no poder criador de Deus-, foi feito para o matrimónio.
Assim,
limpos e sem medo, dareis com a vossa conduta o testemunho da viabilidade e da
formosura da santa pureza.
Antes de mais, empenhemo-nos em afinar a
consciência, aprofundando o que for preciso, até ficarmos com a segurança de
termos adquirido uma boa formação, distinguindo bem entre consciência delicada,
que é uma graça de Deus, e consciência escrupulosa que é outra coisa.
Cuidai com esmero da castidade e também das
virtudes que a acompanham e a salvaguardam: a modéstia e o pudor.
Não
olheis com ligeireza as normas, tão eficazes, que nos ajudam a conservarmo-nos
dignos do olhar de Deus: a guarda atenta dos sentidos e do coração; a valentia
de ser cobarde para fugir das tentações; a frequência dos sacramentos, especialmente
da Confissão sacramental; a sinceridade total na direcção espiritual pessoal; a
dor, a contrição e a reparação depois das faltas.
E
tudo isto ungido com uma terna devoção a Nossa Senhora, de modo que ela nos
obtenha de Deus o dom de uma vida limpa e santa.
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Se, por desgraça, se cai, é preciso
levantar-se imediatamente. Com a ajuda de Deus, que não nos faltará se usarmos
os meios adequados, chegaremos, o mais depressa possível, ao arrependimento, à
sinceridade humilde, à reparação, para que a derrota momentânea redunde numa
grande vitória de Jesus Cristo.
Habituai-vos também a travar a luta longe
das muralhas principais da fortaleza.
Não
podemos andar a fazer equilíbrios nas fronteiras do mal; temos de evitar com
firmeza o voluntário in causa.
Temos
de afastar a mais pequena falta de amor, temos de fomentar as ânsias de
apostolado cristão, contínuo e fecundo, que necessita da santa pureza como
alicerce, sendo esta, aliás, um dos seus frutos mais característicos.
Devemos,
além disso, encher o tempo com trabalho intenso e responsável, procurando a
presença de Deus, porque nunca nos podemos esquecer que fomos comprados por
alto preço e que somos templos do Espírito Santo.
Que outros conselhos vos hei-de eu sugerir,
senão os que sempre foram utilizados pelos cristãos que pretendiam, de verdade,
seguir Cristo?
Trata-se,
afinal, dos mesmos que empregaram os primeiros a escutarem o apelo de Jesus: o
encontro assíduo com o Senhor na Eucaristia, a invocação filial da Santíssima
Virgem, a humildade, a temperança, a mortificação dos sentidos - porque não convém olhar o que não é lícito
desejar, advertia S. Gregório Magno - e a penitência.
Dir-me-eis que, ao fim e ao cabo, tudo isto
é uma síntese da vida cristã.
Na
verdade, não seria correcto separar a pureza, que é amor, da essência da nossa
fé, que é a caridade, ou seja, um renovado apaixonar-se por Deus que nos criou,
nos redimiu e que nos estende continuamente a sua mão, ainda que muitas vezes
não nos apercebamos disso.
Deus
não nos pode abandonar.
Sião
dizia: Yavé abandonou-me e o Senhor
esqueceu-se de mim. Pode a mulher esquecer-se do fruto do seu ventre, não se
compadecer do fruto das suas entranhas?
Pois, ainda que ela se
esquecesse,
Eu não te esqueceria.
Não
vos causam estas palavras uma enorme alegria?
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Digo frequentemente que são três as coisas
que nos dão alegria na terra e nos alcançam a felicidade eterna do Céu: a
fidelidade firme, dedicada, alegre e indiscutida à fé, à vocação que cada um
recebeu e à pureza.
Quem
ficar agarrado às silvas do caminho - isto é, à sensualidade, à soberba...-,
há-de ficar por sua própria vontade; se não rectificar, será um desgraçado,
porque virou as costas ao Amor de Cristo.
Volto a afirmar que todos temos misérias.
Isso,
porém, não é razão para nos afastarmos do Amor de Deus.
É,
sim, estímulo para nos acolhermos a esse Amor, para nos acolhermos à protecção
da bondade divina, como os antigos guerreiros se metiam dentro da sua armadura.
Esse ecce ego, quia
vocasti me, conta comigo porque me chamaste, é a nossa defesa.
Não
devemos fugir de Deus quando descobrimos as nossas fraquezas, mas devemos
combatê-las, precisamente porque Deus confia em nós.
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Como é que conseguiremos superar estas
coisas mesquinhas? Insisto neste ponto, porque ele se reveste de importância
capital: com humildade e sinceridade na direcção espiritual e no sacramento da
Penitência.
Ide
aos que vos dirigem espiritualmente, com o coração aberto.
Não
o fecheis porque, se se mete o demónio mudo pelo meio, depois é difícil
lançá-lo fora.
Perdoai-me a insistência, mas julgo
imprescindível que fique gravado a fogo nas vossas inteligências que a
humildade e a sua consequência imediata a sinceridade, se ligam com os outros
meios de luta e fundamentam a eficácia da vitória.
Se
a tentação de esconder alguma coisa se infiltra na alma, deita tudo a perder;
se, pelo contrário, é vencida imediatamente, tudo corre bem, somos felizes e a
vida caminha rectamente.
Sejamos
sempre selvaticamente sinceros, embora com modos prudentemente educados.
Quero dizer-vos com toda a clareza que me
preocupa muito mais a soberba do que o coração e a carne.
Sede
humildes!
Sempre
que estiverdes convencidos de que tendes toda a razão, é porque não tendes
nenhuma.
Ide
à direcção espiritual com a alma aberta.
Não
a fecheis, porque então intromete-se o demónio mudo e é muito difícil
expulsá-lo.
Lembrai-vos do pobre endemoninhado que os
discípulos não conseguiram libertar.
Só
o Senhor o pôde fazer com oração e jejum. Naquela altura o Mestre realizou três
milagres.
O
primeiro foi fazê-lo ouvir, porque quando o demónio mudo nos domina, a alma
fica surda; o segundo foi fazê-lo falar; e o terceiro foi expulsar o diabo.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Lembrar-me:
Cultivar a Fé
São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Evangelho e comentário
Evangelho: Lc 14, 1. 7-14
Naquele tempo, Jesus entrou, num
sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O
observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes
esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o
primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante
do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o
lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último
lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e
quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás
então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e
quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado:
«Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os
teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles
por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles
não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.
Comentário:
Como
sempre, Jesus Cristo aproveita os episódios da vida corrente para doutrinar os
que O ouvem.
Trata-se
de uma doutrina que é facilmente compreensível porque, na verdade, ela versa
sobre o comportamento correcto e adequado a ter nas diferentes ocasiões e
circunstâncias.
Pode
ver-se que o comportamento humano terá de ser contido e discreto, com uma total
ausência desejos de proeminência ou destaque, como que atribuindo-se a si mesmo
uma categoria ou um estatuto que ele próprio define.
Claro
que, no fim e ao cabo, tudo tem a ver com o orgulho pessoal e a falta de modéstia.
E,
é bem verdade, que estes comportamentos sendo desagradáveis para os outros não
podem granjear nem simpatia nem amizades.
(AMA,
comentário sobre Lc 14, 1. 7-14, 19.06.2019)
Temas para reflectir e meditar
A primeira de todas as fidelidades é o amor à verdade.
Não se pode ser fiel sem conhecer a verdade, essa verdade que é a
concordância do juízo com o ser das coisas determinado em si mesmo, não “o que
me parece” ou “o que me interessa”.
(javier abad gómez, Fidelidade,
Quadrante, 1991 pg. 26)
A família: santificar o lar dia a dia
“Cada
lar cristão – disse S. Josemaria numa homilia pronunciada em 1970 – deveria ser
um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas
contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros,
fruto de uma fé real e vivida.". (Cristo
que passa, 22, 4)
É
verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza
trata os seus filhos. Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de
Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família
cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia,
escola de santidade. Os pais são cooperadores de Deus. Daí nasce o amável dever
de veneração, que corresponde aos filhos. Com razão, o quarto mandamento pode
chamar-se – escrevi-o há tantos anos – o dulcíssimo preceito do Decálogo. Se se
vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz,
luminoso e alegre. (Cristo que passa,
78, 6)
Famílias
que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades
cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais
aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que
contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os
primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de
paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30, 5)
Comove-me
que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como «sacramentum magnum», sacramento grande. Também daqui deduzo que o
trabalho dos pais de família é importantíssimo.
–
Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre
e bom: uma alegria do coração, à qual Nosso Senhor, na sua providência amorosa,
quer que outros livremente renunciemos.
Cada
filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina: não tenhais medo aos
filhos! (Forja, 691)
Ao
pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o
da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus
no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de
Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos
amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem
Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas
vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir
animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de
serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias,
um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e
vivida. (Cristo que passa, 22, 4)
Santificar
o lar no dia-a-dia, criar, com carinho, um autêntico ambiente de família: é
disso precisamente que se trata. Para santificar cada um dos dias, é necessário
exercitar muitas virtudes cristãs; em primeiro lugar, as teologais e, depois,
todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, o
trabalho, a alegria... (Cristo que passa,
23, 4)