Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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17/09/2018
Solidão
Tem um valor? De facto?
Para
quem? O próprio ou outros?
Não
sei como responder porque a solidão é um estado de espírito – não um estado de
alma – que não é nem constante nem cíclico.
Daí
que seja tão difícil de prevenir e, consequentemente, evitar.
Mas…
e a pergunta? Quanto vale?
Pode
não valer nada absolutamente se se reserva como uma inevitabilidade que há que
sofrer.
Pode
valer muito se levarmos em conta que sendo algo que custa e traz sofrimento
(interior pelo menos) se o oferecermos como quem “devolve” ao Senhor da Vida
algo que consente nos venha por à prova, Ele, o Grande Solitário do Gólgota,
sabe muito bem o que fazer com isso e, normalmente, devolve a paz de espírito.
Connosco,
solidário e, portanto, solitário, está o nosso Anjo da Guarda.
Deixe-mos
nos seus ombros robustos habituados a carregar com o peso das nossas fraquezas,
a solução.
Muito
melhor que nós e, seguramente, muito mais eficaz, ele resolve a situação.
Tenho
a certeza do que digo porque o constato vezes sem conta.
AMA,
Reflexões, Set 2018 (publicado em 16.09.2018)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.
Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.
Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.
Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.
Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para reflectir e meditar
Já se disse
algumas vezes, mas nunca é demais repetir, que o ser humano foi criado por amor
e para o amor.
Ignorar esta
realidade é colocar-se ao nível de um irracional.
Podemos
perguntar se, no amor, é mais importante dar ou receber.
Creio que o
mais importante é dar porque depende inteiramente de nós próprios, ao
passo que recebemos amor, mesmo sem o pedir, como é, por exemplo, o amor de
Deus pela criatura.
Logo, quando
eu amo, estou de certa forma a repartir o amor que Deus tem por mim.
Por isso
mesmo, o amor só faz sentido se houver correspondência, ou melhor, se for por
retribuição.
Evangelho e comentário
São
Roberto Belarmino – Doutor da Igreja
Evangelho: Lc 7, 1-10
1
Quando acabou de dizer todas as suas palavras ao povo, Jesus entrou em
Cafarnaúm. 2 Ora um centurião tinha um servo a quem dedicava muita afeição e
que estava doente, quase a morrer. 3 Ouvindo falar de Jesus, enviou-lhe alguns
judeus de relevo para lhe pedir que viesse salvar-lhe o servo. 4 Chegados junto
de Jesus, suplicaram-lhe insistentemente: «Ele merece que lhe faças isso, 5pois
ama o nosso povo e foi ele quem nos construiu a sinagoga.» 6 Jesus
acompanhou-os. Não estavam já longe da casa, quando o centurião lhe mandou
dizer por uns amigos: «Não te incomodes, Senhor, pois não sou digno de que
entres debaixo do meu tecto, pelo que 7 nem me julguei digno de ir ter contigo.
Mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. 8 Porque também eu tenho os
meus superiores a quem devo obediência e soldados sob as minhas ordens, e digo
a um: ‘Vai’, e ele vai; e a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’,
e ele faz.» 9 Ouvindo estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e disse à
multidão que o seguia: «Digo-vos: nem em Israel encontrei tão grande fé.» 10 E,
de regresso a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.
Comentário:
Não pode deixar de nos
impressionar este episódio relatado por São Lucas.
E por várias razões; a
primeira das quais será a da fé do centurião, que, aliás, o Senhor não deixa de
referir.
Não há maior amor que o
amor pela vida do nosso semelhante só que, aqui, trata-se de alguém de elevada
categoria social que sente esse amor e preocupação por um servo seu.
Não há, no amor
verdadeiro, distinção nem de pessoas nem de classes, e, este centurião dá-nos
um exemplo extraordinário do que deve ser esse amor.
Que interessa que seja um
servo, um chefe, um superior?
As pessoas merecem amor
pelo que são e não pelo cargo ou posição social que ocupam.
Para termos isto bem
claro, basta pensarmos o que seria de nós se só fossemos amados pelos nossos
iguais.
Talvez, quem sabe, nos faltasse
amor…
(AMA,
comentário sobre Lc 7,1-10, 18.09.2017)
Se disseram, se vão pensar...
Quanto mais alta se eleva a estátua,
tanto mais dura e perigosa é depois a pancada na queda. (Sulco, 269)
Ouvimos falar de soberba e talvez
pensemos numa atitude despótica e avassaladora, com grande barulho de vozes que
aclamam o triunfador que passa, como um imperador romano, debaixo dos altos
arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua fronte gloriosa toque o alvo
mármore...
Sejamos realistas. Este tipo de soberba
só tem lugar numa fantasia louca. Temos de lutar contra outras formas mais
subtis, mais frequentes: o orgulho de preferir a própria excelência à do
próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos e nos gestos; uma
susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com palavras ou acções
que não são de forma alguma um agravo... Tudo isto, sim, pode ser, é uma
tentação corrente. O homem considera-se a si mesmo como o sol e o centro dos
que estão ao seu redor. Tudo deve girar em torno dele. Por isso, não raramente
acontece que ele recorre, com o seu afã mórbido, à própria simulação da dor, da
tristeza e da doença: para que os outros se preocupem com ele e o mimem.
(...) A sua amargura é contínua e
procura desassossegar os outros, porque não sabe ser humilde, porque não
aprendeu a esquecer-se de si mesmo para se entregar, generosamente, ao serviço
dos outros por amor de Deus. (Amigos de Deus, 101)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo que passa 86 a 89
86
Toda a Trindade está
presente no sacrifício do Altar.
Por vontade do Pai, com a
cooperação do Espírito Santo, o Filho oferece-Se em oblação redentora.
Aprendamos a conhecer e a relacionar-nos
com a Santíssima Trindade, Deus Uno e Trino, três pessoas divinas na unidade da
sua substância, do seu amor e da sua acção eficaz e santificadora.
Logo a seguir ao lavabo, o
sacerdote invoca: Recebei, ó Santíssima Trindade, esta oblação que Vos
oferecemos em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
E, no final da Santa
Missa, há outra oração de inflamada reverência ao Deus Uno e Trino: Placeat tibi, Sancta Trinitas, obsequium
servitutis meae... agradável Vos, seja, ó Trindade Santíssima, o obséquio
da minha vassalagem: fazei que por misericórdia este Sacrifício oferecido por
mim, posto que indigno aos olhos da vossa Majestade, Vos seja aceitável, e que
para mim e para todos aqueles por quem o ofereci, seja um sacrifício de perdão.
A Santa Missa - insisto -
é acção divina, trinitária, não humana.
O sacerdote que celebra
serve o desígnio divino do Senhor pondo à sua disposição o seu corpo e a sua
voz.
Não age, porém, em nome
próprio, mas in persona et in nomine Christi,
na Pessoa de Cristo e em nome de Cristo.
O amor da Trindade pelos
homens faz com que, da presença de Cristo na Eucaristia, nasçam para a Igreja e
para a humanidade todas as graças.
Este é o sacrifício que
profetizou Malaquias: desde o nascer do sol até ao poente, o meu nome é grande
entre as nações, e em todo o lugar se sacrifica e se oferece ao meu nome uma
oblação pura.
É o Sacrifício de Cristo,
oferecido ao Pai com a cooperação do Espírito Santo, oblação de valor infinito,
que eterniza em nós a Redenção, que os sacrifícios da Antiga Lei não conseguiam
alcançar.
87
A Santa Missa na vida do
cristão
A Santa Missa situa-nos
deste modo perante os mistérios primordiais da fé, porque se trata da própria
doação da Trindade à Igreja.
Compreende-se assim que a
Missa seja o Centro e a raiz da vida espiritual do cristão.
É o fim de todos os
sacramentos. Na Santa Missa, a vida da graça encaminha-se para a sua plenitude,
que foi depositada em nós pelo Baptismo, e que cresce, fortalecida pela
Confirmação.
Quando participamos na
Eucaristia, escreve S. Cirilo de Jerusalém, experimentamos a espiritualízação
deificante do Espírito Santo, que além de nos configurar com Cristo, como
sucede no Baptismo, nos cristifica integralmente, associando-nos à plenitude de
Cristo Jesus.
A efusão do Espírito
Santo, na medida em que nos cristifica, leva-nos a reconhecer como filhos de
Deus.
O Paráclito, que é
caridade, ensina-nos a fundir com essa virtude toda a vida.
Por isso, feitos uma só
coisa com Cristo, consummati in unum,
podemos ser entre os homens o que Santo Agostinho afirma da Eucaristia: sinal
de unidade, vínculo de Amor.
Creio que não vou dizer
nada de novo, se afirmar que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa
Missa e que ela é para muitos um mero rito exterior, quando não um
convencionalismo social.
Isto acontece, porque os
nossos corações, de si tão mesquinhos, são capazes de viver com rotina a maior
doação de Deus aos homens. Na Santa Missa, nesta Missa que agora celebramos,
intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima.
Para corresponder a tanto
amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma,
pois vamos ouvir Deus, falar com Ele, vê-Lo, saboreá-Lo.
E se as palavras não forem
suficientes, poderemos cantar, incitando a nossa língua - Pange, lingua! - a que proclame, na presença de toda a Humanidade,
as grandezas do Senhor.
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Viver a Santa Missa é
manter-se em oração contínua, convencermo-nos de que, para cada um de nós, este
é um encontro pessoal com Deus, em que O adoramos, O louvamos, Lhe pedimos, Lhe
damos graças, reparamos os nossos pecados, nos purificamos e nos sentimos uma
só coisa em Cristo com todos os cristãos.
Por vezes, talvez nos
perguntemos como será possível corresponder a tanto amor de Deus e até
desejaríamos, para o conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos
nossos olhos um programa de vida cristã.
A solução é fácil e está
ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente na Santa Missa, aprender
a conviver e a ganhar intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se
encerra tudo aquilo que o Senhor quer de nós.
Permiti que aqui vos
recorde o desenrolar das cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e
tantas ocasiões.
Seguindo-as passo a passo
é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em que pontos devemos
melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de ser o nosso
convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.
O sacerdote dirige-se para
o altar de Deus, do Deus que alegra a nossa juventude.
A Santa Missa inicia-se
com um cântico de alegria, porque Deus está presente.
É esta alegria que,
juntamente com o reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na
mesa do altar, símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e
santificado, porque nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita.
O Confiteor põe-nos diante da nossa indignidade.
Não é a recordação
abstracta da culpa, mas a presença, tão concreta, dos nossos pecados e das
nossas faltas.
Kyrie
eleison, Christe eleyson, Senhor, tende piedade de nós;
Cristo, tende piedade de nós.
Se o perdão que
necessitamos se pusesse em relação com os nossos méritos, nasceria na nossa
alma, neste momento, uma amarga tristeza.
Mas, graças à bondade
divina, o perdão é-nos dado pela misericórdia de Deus, a Quem já louvamos
entoando - Glória! - porque só Vós, sois o Santo; só Vós o Senhor, só Vós o
Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai.
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Ouvimos agora a palavra da
Escritura, a Epístola e o Evangelho, que são luzes do Paráclito, que fala com
voz humana para que a nossa inteligência saiba e contemple, para que a vontade
se robusteça e a acção se cumpra, porque somos um único povo que confessa uma
única fé, um Credo, um povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do,
Espírito Santo.
Segue-se o ofertório: o
pão e o vinho dos homens.
Não é muito, mas a oração
acompanha-os: sejamos, Senhor, por Vós recebidos em espírito de humildade e
coração contrito; e assim se faça hoje, ó Deus e Senhor Nosso, este nosso
sacrifício na Vossa presença, de modo que Vos seja agradável.
Irrompe de novo a
recordação da nossa miséria e o desejo de que tudo aquilo que se destina ao
Senhor esteja limpo e purificado: lavarei as minhas mãos, amo o decoro da tua
casa.
Há instantes, antes do
lavabo, invocámos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que abençoasse o Sacrifício
oferecido ao Seu Santo Nome.
Terminada a purificação,
dirigimo-nos à Trindade - Suscipe, Sancta
Trinitas -, para que receba o que apresentamos em memória da Vida, da
Paixão, da Ressurreição e da Ascensão de Cristo, em honra de Maria, sempre
Virgem, e em honra de todos os santos.
A oblação deve redundar em
benefício de todos - Orate, fratres,
reza o sacerdote -, porque este sacrifício é meu e vosso, de toda a Igreja
Santa.
Orai, irmãos, mesmo que
sejam poucos os que se encontram reunidos, mesmo que se encontre materialmente
presente apenas um cristão ou até só o celebrante, porque uma Missa é sempre o
holocausto universal, o resgate de todas as tribos e línguas e povos e nações!
Todos os cristãos, pela
comunhão dos Santos, recebem as graças de cada Missa, quer se celebre diante de
milhares de pessoas, quer haja apenas como único assistente um menino,
possivelmente distraído, a ajudar o sacerdote.
Tanto num caso como
noutro, a Terra e o Céu unem-se para entoar com os Anjos do Senhor: Sanctus, Sanctus, Sanctus...
Eu aplaudo e louvo com os
anjos.
Não me é difícil, porque
sei que me encontro rodeado por eles quando celebro a Santa Missa.
Estão a adorar a Trindade.
E sei também que, de algum
modo, intervém a Santíssima Virgem, pela íntima união que tem com a Santíssima
Trindade, porque é Mãe de Cristo, da sua Carne e do seu Sangue, Mãe de Jesus
Cristo, perfeito Deus e perfeito homem.
Jesus Cristo, ao ser
concebido nas entranhas de Maria Santíssima sem intervenção de varão, mas
unicamente pelo poder do Espírito Santo, tem o mesmo sangue de sua Mãe.
E é esse Sangue o que se
oferece no sacrifício redentor, no Calvário e na Santa Missa.
(cont)