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Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Temas para reflectir e meditar


Ser como criança - 5

Quando tinha quinze anos cheguei a casa radiante pois tinha um "presente de Natal" para o meu Pai.
Entreguei-lho orgulhoso:
'Aqui tem, Pai, a caderneta com as minhas notas deste período: terceiro classificado na classe com média de dezoito valores!

O meu Querido Pai recebeu a caderneta, conferiu e disse-me:
Muito bem!
Mas, continuou, se bem entendo, houve, pelo menos dois colegas teus que tiveram médias de dezanove e vinte e que foram os segundo e primeiro classificados!

Isto, claro, era absolutamente verdade, mas eu fiquei chocado e desiludido.
Fui para o meu quarto pensando na tremenda injustiça com que fora tratado.
Durante as férias não se falou mais no assunto.

A verdade é que chegadas as férias da Páscoa a caderneta que ofereci ao meu Pai atestava uma média de vinte valores e o Primeiro lugar na minha turma.
O meu Pai dando-me um enorme beijo só me disse:

Vês como eu tinha razão?
Tu podes e, se podes tens de alcançar!

E, claro, uma vez mais, o meu Pai tinha inteira razão.

AMA, reflexões, 29.05.2018

Evangelho e comentário


Tempo comum

Evangelho: Mc 7, 31-37

31 Tornando a sair da região de Tiro, veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. 32 Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. 33 Afastando-se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. 34 Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo: «Effathá», que quer dizer «abre-te.» 35 Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. 36 Jesus mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho recomendava, mais eles o apregoavam. 37 No auge do assombro, diziam: «Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»

Comentário:

«Effathá», abre-te! E, a estas palavras, abriram-se os ouvidos do surdo!

Muitas vezes esperamos por algo semelhante, a exclamação que nos desperte da nossa modorra, um gesto que nos urja a levantarmo-nos do nosso torpor e a seguir o caminho, enfim, algo que nos entusiasme, nos anime e faça decidir a continuar o caminho traçado.
E, algumas vezes, nada disto acontece, ou melhor, não nos damos conta que aconteça, de tal forma estamos absorvidos com os nossos próprios problemas e as soluções que procuramos para os mesmos. Entregamo-nos com ardor e pertinácia na busca dessas soluções, desses remédios e descuramos o que está mesmo à nossa frente, ao nosso alcance.

Ele que nos diz, «Effathá», não nos deixa nunca, não se afasta e, quando nos afastamos – porque somos nós que nos afastamos – espera pacientemente que retrocedamos sobre os nossos passos e nos deixemos curar pela Sua ciência de Médico Divino.

(ama, comentário sobre Mc 7, 31-37, V. Moura, 2012.09.19)



Tens de ir ao passo de Deus; não ao teu


Dizes-me que sim, que estás firmemente decidido a seguir Cristo. – Então tens de ir ao passo de Deus; não ao teu! (Forja, 531)


– Qual é o fundamento da nossa fidelidade?

– Dir-te-ia, a traços largos, que se baseia no amor de Deus, que faz vencer todos os obstáculos: o egoísmo, a soberba, o cansaço, a impaciência...

Um homem que ama calca-se a si próprio; sabe que, até amando com toda a sua alma, ainda não sabe amar bastante. (Forja, 532)


Na vida interior, como no amor humano, é preciso ser perseverante.

Sim, hás-de meditar muitas vezes os mesmos assuntos, insistindo até descobrir um novo aspecto.

– E como é que não tinha visto isto antes, assim tão claramente? – perguntar-te-ás surpreendido. – Simplesmente, porque às vezes somos como as pedras, que deixam resvalar a água, sem absorver nem uma gota.

Por isso é necessário voltar a discorrer sobre o mesmo, que não é o mesmo!, para nos embebermos das bênçãos de Deus. (Forja, 540)


Deus não se deixa ganhar em generosidade e – podes ter a certeza! – concede a fidelidade a quem se lhe rende. (Forja, 623)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Cristo que passa 

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José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior?
A vida interior não é outra coisa senão o convívio assíduo e intimo com Cristo, para nos identificarmos com Ele.
E José saberá dizer-nos muitas coisas sobre Jesus.
Por isso, não deixeis nunca de conviver com ele; ite ad Joseph, como diz a tradição cristã com uma frase tomada do Antigo Testamento.

Mestre da vida interior, trabalhador empenhado no seu trabalho, servidor fiel de Deus em relação contínua com Jesus: este é José.
Ite ad Joseph.
Com S. José o cristão aprende o que é ser Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o mundo.
Ide a José e encontrareis Jesus. Ide a José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré.

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Entramos no tempo da Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão.
Não é fácil tarefa.
O cristianismo não é um caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem.
Na nossa vida, na vida dos cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões sucessivas.
É preciso manter a alma jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão, para facilitarmos o trabalho da graça divina nessas sucessivas conversões.

Invocabit me et ego exaudiam eum, lemos na liturgia deste Domingo: Se me chamardes, Eu vos escutarei, diz o Senhor.
Reparai nesta maravilha que é o cuidado que Deus tem por nós, sempre disposto a ouvir-nos, atento em cada momento à palavra do homem.
Em qualquer altura - mas agora de modo especial, porque o nosso coração está bem disposto, decidido a purificar-se - Ele nos ouve e não deixará de atender ao que Lhe pede um coração contrito e humilhado.

O Senhor ouve-nos para intervir, para Se meter na nossa vida, para nos livrar do mal e encher-nos de bem: eripiam eum et glorificabo eum, Eu o livrarei e o glorificarei, diz do homem.
Portanto: esperança do Céu.
E aqui temos, como doutras vezes, o começo desse movimento interior que é a vida espiritual.
A esperança da glorificação acentua a nossa fé e estimula a nossa caridade. E, deste modo, as três virtudes teologais - virtudes divinas que nos assemelham ao nosso Pai, Deus - põem-se em movimento.

Haverá melhor maneira de começar a Quaresma?
Renovamos a Fé, a Esperança, a Caridade. Esta é a fonte do espírito de penitência, do desejo de purificação.
A Quaresma não é apenas uma ocasião de intensificar as nossas práticas externas de mortificação; se pensássemos que era isso apenas, escapar-nos-ia o seu sentido profundo na vida cristã, porque esses actos externos são, repito, fruto da Fé, da Esperança e do Amor.

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A arriscada segurança do Cristão

Qui habitat in adiutorio Altissimi in protectione Dei coelí commorabitur - Habitar sob a protecção de Deus, viver com Deus: eis a arriscada segurança do cristão.
É necessário convencermo-nos de que Deus nos ouve, de que está sempre solícito por nós, e assim se encherá de paz o nosso coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo.
E aproximar-se d'Ele um pouco mais significa estar disposto a uma nova rectificação, a escutar mais atentamente as suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa alma, e a pô-los em prática.

Desde a nossa primeira decisão consciente de viver integralmente a doutrina de Cristo, é certo que avançámos muito pelo caminho da fidelidade à sua Palavra.
Mas não é verdade que restam ainda tantas coisas por fazer?
Não é verdade que resta, sobretudo, tanta soberba?
É precisa, sem dúvida, uma outra mudança, uma lealdade maior, uma humildade mais profunda, de modo, que, diminuindo o nosso egoísmo, cresça em nós Cristo, pois illum oportet crescere, me autem minui, é preciso que Ele cresça e que eu diminua.

Não é possível deixar-se ficar imóvel.
É necessário avançar para a meta que S. Paulo apontava: não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim.
A ambição é alta e nobilíssima: a identificação com Cristo, a santidade. Mas não há outro caminho, se se deseja ser coerente com a vida divina que, pelo Baptismo, Deus fez nascer nas nossas almas. O avanço é o progresso na santidade; o retrocesso é negar-se ao desenvolvimento normal da vida cristã.
Porque o fogo do amor de Deus precisa de ser alimentado, de aumentar todos os dias arreigando-se na alma; e o fogo mantém-se vivo queimando novas coisas.
Por isso, se não aumenta, está a caminho de se extinguir.

Recordai as palavras de Santo Agostinho: Se disseres basta, estás perdido. Procura sempre mais, caminha sempre, progride sempre. Não permaneças no mesmo sítio, não retrocedas, não te desvies.

A Quaresma coloca-nos agora perante estas perguntas fundamentais: Avanço na minha fidelidade a Cristo?
Em desejos de santidade?
Em generosidade apostólica na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano entre os meus companheiros de profissão?

Cada um que responda a estas. perguntas, sem ruído de palavras, e verá como é necessária uma nova transformação para que Cristo viva em nós, para que a sua imagem se reflicta limpidamente na nossa conduta.

Se alguém quer vir atrás de Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-Me.
Cristo repete-o a cada um de nós, ao ouvido, intimamente: a Cruz de cada dia.
Não só - escreve S. Jerónimo - em tempo de perseguição, ou quando se apresenta a possibilidade do martírio, mas em todas as situações, em todas as actividades, em todos os pensamentos, em todas as palavras, neguemos aquilo que antes éramos e confessemos o que agora somos, visto que renascemos em Cristo.

Estas considerações não são, afinal, senão o eco das do Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Comportai-vos como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste na bondade, na justiça e na verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor.

A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida.
A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao Senhor.
Por isso, é indispensável estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa vida - a luz, o impulso da primeira conversão.
E essa é a razão pela qual havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos.
Não há outro caminho para nos convertermos de novo.

(Continua)