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18/02/2017

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

IV. PAULO PRISIONEIRO DE CRISTO [i]

Capítulo 23

Paulo perante o Sinédrio

1Paulo fitou os membros do Sinédrio e disse: «Irmãos, tenho procedido para com Deus, até hoje, com absoluta rectidão de consciência.»
2Mas o Sumo Sacerdote Ananias ordenou aos seus assistentes que lhe batessem na boca. 3Então, Paulo disse-lhe: «Deus te baterá, a ti, parede branqueada! Tu sentas-te para me julgares de acordo com a lei, e mandas bater-me, violando a lei?» 4Os assistentes disseram-lhe: «Tu insultas o Sumo Sacerdote de Deus?» 5Paulo respondeu: «Não sabia, irmãos, que era o Sumo Sacerdote. Realmente está escrito: ‘Não dirás mal do chefe do teu povo.’» 6Sabendo que havia dois partidos no Sinédrio, o dos saduceus e o dos fariseus, Paulo bradou diante deles:
«Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus, e é pela nossa esperança, a ressurreição dos mortos, que estou a ser julgado.» 7Estas palavras desencadearam um conflito entre fariseus e saduceus e a assembleia dividiu-se, 8porque os saduceus negam a ressurreição, assim como a existência dos anjos e dos espíritos, enquanto os fariseus ensinam publicamente o contrário. 9Estabeleceu-se enorme gritaria, e alguns escribas do partido dos fariseus ergueram-se e começaram a protestar com energia, dizendo: «Não encontramos nada de mau neste homem. E se um espírito lhe tivesse falado ou mesmo um anjo?»
10A discussão redobrou de violência, a tal ponto que o tribuno, receando que Paulo fosse despedaçado por eles, mandou descer a tropa para o arrancar das mãos deles e reconduzi-lo à fortaleza.
11Na noite seguinte, o Senhor apresentou-se diante dele e disse-lhe: «Coragem! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim é necessário que o dês também em Roma.»

Conjura dos judeus contra Paulo

12Logo que amanheceu, os judeus reuniram-se e juraram, sob pena de anátema, não comer nem beber enquanto não matassem Paulo. 13Eram mais de quarenta os que tinham feito essa conjura. 14Foram ter com os sumos sacerdotes e com os Anciãos e disseram-lhes: «Jurámos, sob pena de anátema, não comer nada enquanto não matarmos Paulo. 15Agora, de acordo com o Sinédrio, ide solicitar ao tribuno que o mande comparecer diante de vós, sob pretexto de examinardes o seu caso mais profundamente. E nós estamos prontos a suprimi-lo durante o trajecto.»
16Mas o filho da irmã de Paulo teve conhecimento da cilada. Correu à fortaleza, entrou e preveniu Paulo. 17Paulo chamou um dos centuriões e disse-lhe: «Leva este rapaz ao tribuno, porque tem uma coisa a comunicar-lhe.» 18O centurião tomou-o, pois, consigo, levou-o ao tribuno e disse: «O preso Paulo chamou-me e pediu-me que te trouxesse este rapaz, pois tem uma coisa a dizer-te.»
19O tribuno tomou o rapaz pela mão e, retirando-se à parte, perguntou-lhe: «Que tens a comunicar-me?» 20Ele respondeu: «Os judeus combinaram pedir-te que mandes comparecer Paulo, amanhã, diante do Sinédrio, sob pretexto de uma averiguação mais completa do seu caso. 21Não acredites em nada disso, pois mais de quarenta deles preparam-lhe uma cilada e juraram, sob pena de anátema, não comer nem beber, enquanto o não matarem. Agora, estão preparados e aguardam apenas a tua autorização.» 22Então, o tribuno despediu o rapaz, recomendando-lhe: «Não digas a ninguém que me revelaste estas coisas.»

Paulo conduzido a Cesareia

23Depois, mandou chamar dois centuriões e disse-lhes: «Tende preparados, desde as nove horas da noite, duzentos soldados, setenta cavaleiros e duzentos lanceiros, para irem a Cesareia. 24Preparai, igualmente, montadas para Paulo, a fim de ser conduzido são e salvo ao governador Félix.» 25E escreveu uma carta nestes termos:
26«Cláudio Lísias, ao Excelentíssimo Governador Félix, saudações! 27Este homem foi preso pelos judeus, e pretendiam matá-lo, quando apareci com a tropa e o libertei, por saber que era cidadão romano. 28Querendo inteirar-me do que o acusavam, mandei-o comparecer diante do Sinédrio. 29Verifiquei que o incriminavam a propósito de questões relativas à lei deles, mas não havia qualquer delito que merecesse a morte ou os grilhões. 30Tendo sido avisado de que planeavam uma conspiração, cujo fim seria assassiná-lo, enviei-to imediatamente e notifiquei aos seus acusadores que deviam ir declarar, na tua presença, as queixas contra ele. Adeus.»
31De acordo com as ordens recebidas, os soldados tomaram Paulo consigo, conduziram-no, de noite, a Antipátrides. 32No dia seguinte, deixaram os cavaleiros seguir com ele e regressaram à fortaleza. 33Ao chegarem a Cesareia, os cavaleiros entregaram a carta ao governador e apresentaram-lhe também Paulo. 34O governador leu a carta e informou-se de que província era ele. Ouvindo que era da Cilícia, 35declarou: «Ouvir-te-ei, quando chegarem os teus acusadores.» E ordenou que o guardassem no pretório de Herodes.



[i] (21,27-28,31)

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